O clima parecia refletir o momento pelo qual a alcateia estava passando. Todas a alcateia foi convocada, os corpos preparados pelas matriarcas com ervas cerimoniais. Emília, por não conhecer os ritos, não pode participar de todos os preparativos, como seria a função de uma Luna, enquanto Kaiser tinha todos os seus dias e noites tomados tentando dar conta de tudo sozinho, agora que ele não tinha um beta.A segurança foi reforçada, Leon recebeu a responsabilidade de manter a ordem e monitorar qualquer movimentação suspeita no momento do funeral. Aquele seria um momento importante, onde todos estariam focados em prestar seus respeitos aos irmãos caídos, um momento que os inimigos do rei alpha poderiam aproveitar para atacá-los.― Meu alpha. ― Leon se aproximou com a cabeça baixa. ― os soldados estão posicionados, o perímetro está seguro.― Vamos.Todos seguiram em suas formas lupinas, seguindo o alpha através das grandes árvores, até o coração da floresta onde as alcateias viviam antes d
A alcateia parecia normal aos olhos de Emília, todos estavam ocupados com seus afazeres, ou treinando no campo. Ainda tinha uma última coisa que a loba precisava fazer, então caminhou até a pequena porta que levava as masmorras. Assim que Emília abriu a porta, os sons da loba enlouquecida ecoaram pelas escadas, uma canção estranha e tenebrosa, ecoando o desejo de morte que a loba carregava.Assim que chegou, olhando as pequenas celas, Emília viu Nora deitada na pequena cama, magra e suja. A loba virou o rosto, a raiva assumindo o controle. Nora se atirou contra as grades, os olhos fundos tomados por uma loucura e ódio intensos, um sorriso distorcido enquanto a loba aprisionada gritava em desespero.― Sua maldita puta! Eu vou matar você, vou dilacerar esse rostinho, arrancar seus olhos e devorar sua carne podre! ― Nora gritava, mas Emília manteve a calma, sabendo que a loba jamais sairia daquela cela. Com passos firmes e olhar frio, Emília se aproximou, calando Nora, que a olhava em ch
Dois anos se passaram desde que os lobisomens venceram as bruxas e o rei alpha ainda não encontrou seus inimigos. Alguns lobos acreditavam que Cassius e Alphonse haviam desistido e fugido para terras distantes, vivendo suas vidas normalmente em algum lugar, mas Kaiser conhecia aqueles lobos melhor que qualquer outro, assim como os demais anciãos.Sem jamais permitir que seus soldados fossem pegos pelas falsas ideias de paz, tanto o rei Alpha quento seu beta, intensificaram os treinamentos, destacando jovens lobos promissores, como Leon e Otto, que agora conseguia ter uma conexão com seu lobo. Ter o jovem híbrido entre os seus, fez com que Kaiser percebe o grande potencial dele, assim como os planos doentios que Cassius tinha. Os híbridos se mostravam tento alguma característica mais desenvolvida do que os lobos, como uma audição mais potente, ou, no caso de Otto, um olfato mais apurado, podendo identificar odores de uma distância maior. Essa habilidade pareceu evoluir quando o jovem
O cheiro de Margo estava diferente, mais doce e envolvente, o que deixou o olfato de Otto confuso. A híbrida se levantou e correu na direção do rapaz, mas ele a rejeitou, erguendo sua mão de maneira defensiva e dando um passo para trás. A dor refletia no olhar da jovem, recolhendo seus braços, apertando as mãos sobre o peito. Margo só conseguia pensar na sorte que teve por encontrar Otto mais uma vez. Não passou um dia em que Margo não tivesse pensado em Otto, se o jovem estava bem, ou mesmo vivo por estar vivendo entre os lobisomens. Vê-lo saudável e ainda mais bonito do que quando eles se separaram, fez o coração da jovem disparar. Margo ainda nutria sentimentos por Otto e desejava que ele ficasse ao seu lado. Como ultima medida desesperada, a jovem foi até a cidade, tentando encontrar qualquer pista sobre Otto, mas ela jamais imaginou que seu antigo amor estivesse tão bem. ― O que você está fazendo aqui, Margo? ― Otto perguntou, olhando para os lados buscando cheiros de outros hí
A sala do trono estava caótica. Kaiser continha sua fúria enquanto os anciãos gritavam suas exigências. Emília se mantinha calada, observando tudo ao lado do Rei alpha, sua mão apoiada no ombro de seu companheiro, mostrando seu apoio a ele. Ninguém naquela sala, além do beta, tinha conhecimento dos planos de Kaiser. A porta se abriu, Otto entrou seguido por Leon. Os jovens se mantiveram em silêncio em um canto mais afastado, para não chamarem atenção. ― Kaiser. ― A voz de Emília chama a atenção do rei alpha, que se vira imediatamente para dar toda a sua atenção a sua companheira. ― Encontramos algo estranho na última caçada. Rastros humanos junto a de lobos. A sala caiu em silêncio. Todos estavam tensos com a movimentação recente dos inimigos depois de tanto tempo. Kaiser manteve a expressão neutra, assim como Emília. Olhando para os lobos diante de seu trono, o rei alpha expandiu seu poder, fazendo aqueles mais fracos caírem de imediato no chão. ― Antes eram as bruxas, agora os ma
Enquanto esperava Kaiser terminar suas reuniões, Emília decidiu escrever mais uma carta para Ava, porém, ao segurar a folha em branco em suas mãos, a loba sente um grande vazio em seu peito. Emília enviou várias cartas para Ava, mas nunca recebeu nenhuma resposta dela ou das matriarcas que estavam com sua filha. Com tudo o que estava acontecendo, a batalha preste a começar, Emília temia que Ava pudesse ser envolvida naquilo, mesmo estando longe. A mulher solta a folha sobre a mesa e vai até a janela, onde sempre observou sua filha no campo de treinamento. ― Fique segura, minha pequena. ― Emília falou em voz alta, fechando seus olhos e pensando em Ava quando ela ainda era pequena. ― Minha Luna, sua loba está agitada. ― A voz de Kaiser era profunda e penetrante. Emília se vira, sentindo sua loba se animar pela presença de seu companheiro. ― Estava pensando em Ava. Não tive nenhuma resposta das cartas que enviei para ela. ― Kaiser se aproxima, aninhando o rosto de Emília em suas mãos.
A caçada corria normalmente. Emília liderava as lobas mais habilidosas, buscando presas para alimentar a alcateia e guardar recursos para quando a guerra estourasse. Um grande cervo surgiu diante do grupo, o cheiro da floresta envolvendo as lobas enquanto elas se aproximavam, mantendo o vento a seu favor para não alertar a presa. Emília ia à frente, sentindo o cheiro fresco do animal distraído, suas patas tocando suavemente o chão frio da floresta.Algo, de repente, mudou a atmosfera daquele lugar. O cervo ergueu sua cabeça, movendo as orelhas enquanto o cheiro de medo crescia. Sons de batidas no chão, algo se aproximava em velocidade do local onde o grupo estava. As lobas assumiram uma postura defensiva enquanto o cervo corria para longe, tentando se escapar.O cheiro dos lobos aumentava, os sons de suas batas batendo contra o chão da floresta aumentando enquanto o grupo de caça de Emília era cercado. As lobas rosnavam, protegendo a Luna em um círculo, mas Emília se colocou ao lado d
Durante todo o frenesi do ataque de Cassius contra o grupo de caça, Otto sentiu o cheiro de Margo, não muito longe da sede do governo. Com medo de que outros lobos a detectasse, o jovem corre em seu encontro na parte sul da floresta. A jovem estava nervosa, andando de um lado para o outro esfregando suas mãos, atenta para qualquer som ao seu redor. Seu coração apertado com a expectativa de rever Otto e poder lhe contar que o momento havia finalmente chegado. Os sons de passos deixaram Margo em alerta, mas o perfume familiar de Otto acalmou seu coração. Correndo até o jovem, Margo esqueceu completamente da razão pela qual havia sido enviada até lá, arriscando ser descoberta pelos inimigos. Olhando para os lados preocupado, Otto afasta a jovem fêmea de seu corpo. Para a sorte de ambos, todos estavam ocupados com alguma coisa, principalmente com o bem-estar da Luna, que havia sido ferida durante o embate com Cassius e seu grupo de errantes.― Mas que merda Margo! ―Otto gritou, apertando