A sala mergulhou no silêncio. Jasmim não acreditava que Emília a trataria com tamanha frieza, mas a jovem não podia desistir. Estava claro que Emília não tiraria suas correntes, então a jovem tentou se sentar de maneira confortável. Seu corpo estava dolorido dos dias de viagem, a fome e a sede já chegando ao limite, mas ninguém ali parecia se importar com ela, todos desejavam apenas sua morte, inclusive aquela que deveria ser sua irmã mais velha.― Estou com sede. ― Jasmim gemeu baixinho. Emília a observou e então sorriu, indo buscar um copo de água e ajudando a sedenta jovem a tomá-lo.― Agora que suas vontades foram sanadas, diga o que veio fazer aqui. ― O tom de Emília não deixava brechas para conversas. ― Eu fugi da nossa mãe.― Sua mãe. ― Emília corrigiu a menina, que a olhou surpresa, mas a mulher apenas sorriu de maneira gentil e fez um gesto para que Jasmim continuasse a falar.― Eu imagino que você não confie em mim, entendo perfeitamente. Porém, eu não posso continuar com i
As mãos de Jasmim passavam por seu pescoço dolorido enquanto a jovem olhava para a porta que se fechava. Suas palavras deveriam ser medidas. A jovem compreendia que precisava ser cuidadosa, ou o rei alpha não a pouparia uma segunda vez. Com lágrimas nos olhos, Jasmim olhou para Emília, que não ficou nem um pouco tocada com a cena, apenas continuou olhando para a menina diante dela. ― Eu não sei muito, apenas o que conseguia escutar escondida por perto. ― De maneira carinhosa, Emília colocou a mão sobre o ombro de Jasmim, que a olhou surpresa. ― Está tudo bem, qualquer informação que você tiver já irá nos ajudar. ― Emília sorria de forma doce, seu tom de voz suave fez com que Jasmim se sentisse mais confiante. Um pequeno soluço escapou dos lábios da menina, que cobriu o rosto com as mãos. ― Ninguém nunca me tratou com tanta gentileza antes. As outras irmãs me viam apenas como um objeto. Quando não despertei nenhum poder, fui apenas deixada de lado, como uma servente para elas. Nem m
Na prisão, ao lado das lobas enlouquecidas, Jasmim clamava para falar com Emília, porém seus apelos não eram ouvidos. Kaiser selecionou uma humana surda para levar os alimentos dos prisioneiros, para que nenhuma delas pudesse planejar uma fuga e, mesmo assim, a humana era revistada antes e depois de entrar nas masmorras. O conselho estava agitado, exigindo coisas absurdas e tentando passar por cima da autoridade do rei alpha. Relatórios eram entregues todos os dias ao beta, com nomes de lobos que haviam fugido ou que já tinham expressado algum tipo de descontentamento. Buscando um por um pessoalmente, Ryker levou os lobos traidores para a execução diante do rei alpha. Os corpos eram separados das cabeças e expostos como um aviso claro do que os inimigos de Kaiser podiam esperar. Evitando os olhares acusadores, Emília se manteve em seu quarto, lendo os livros das bruxas e tentando localizar qualquer fraqueza que Kaiser poderia usar a seu favor. A mulher estava tão imersa em sua leit
Algumas bruxas tentaram alcançar Emília, enquanto ela corria para dentro da mansão, mas Kaiser as deteve, atravessando seus corpos e as rasgando em duas. Sempre que uma das bruxas perecia, suas irmãs sentiam a dor da alma partindo. Todas estavam conectadas, sentindo as dores e dividindo seus poderes. As bruxas tentavam se concentrar no rei alpha, mas eram facilmente interceptadas pelos lobos. As bruxas que alcançavam Kaiser eram eliminadas sem piedade.Mais bruxas aparecem, mantendo uma distância segura, elas utilizam feitiços antigos para criar figuras humanoides de barro e madeira, que utilizam para atacarem a alcateia. Kaiser dá um passo adiante, mas se detém ao lembrar do corpo de seu beta atrás dele. Mesmo que seus laços não fossem fortes, Ryker foi um bom beta, lutando ao lado de Kaiser e cumprindo seu dever, mesmo que precisasse lutar contra seus próprios desejos. O alpha então mantém sua posição, impedindo o avanço das bruxas e seus servos sem vida.― Meu Alpha, não conseguire
A fumaça proveniente dos corpos carbonizados das blusas subia aos céus, um aviso mórbido do fim daquela espécie. Kaiser olhou na direção da sacerdotisa, farejando seu medo enquanto uma figura estranha surgia diante dela. Aquele ser não tinha cheiro e nem uma forma definida, mas Karol parecia apavorada em sua presença. Os lobos se aglomeravam, em choque com o que se desenrolava diante de seus olhos.― Meu alpha. ― Um pequeno grupo de lobos se aproximou. ― O que está acontecendo? Nem mesmo o rei alpha conseguia explicar aquilo que estava bem diante de seus olhos. Não havia restado nenhuma bruxa além de Karol. A batalha contra as bruxas havia chegado ao seu fim. Kaiser, ainda em sua forma Lycan, deu alguns passos adiante, chamando a atenção de todos os lobos presentes.― Levem os feridos, cuidem deles. ― O alpha ordenou enquanto se mantinha em alerta, observando a sacerdotisa que lutava para se afastar da figura diante dela.Os lobos se afastaram, entrando na grande mansão cuja entrada
Furiosa, a entidade abandona a forma humana, se tornando um pilar de fumaça. Kaiser assume uma postura protetora, tomando Emília em um de seus braços e deixando o outro livre para defendê-los. Porém, a criatura não tinha interesse em atacá-los. Seu olhar recaiu sobre a mulher que não possuía mais nenhum sinal de poderes em seu corpo. ― Se eu desejasse levá-la, nem mesmo sua deidade poderia intervir, porém, ela não me pertence mais. O acordo foi pago. Não existem mais bruxas nesse mundo e eu restaurei o poder que me foi tirado de mim. Mas, fique avisa alpha. Essa mulher é algo que não deveria existir nesse mundo, pois é fruto de magia antiga e perigosa. ― Kaiser rosnou em resposta. ― Ela é minha Luna, seu passado não me importa. ― A entidade riu e gradativamente sua forma espectral foi desaparecendo. ― Esperarei ansioso para ver se você continuará a pensar dessa forma, lobo. Assim que a criatura desapareceu por completo, o desenho no chão que havia sido feito com o sangue de Emília
Enquanto Emília se adaptava a sua nova forma, treinando com as matriarcas para se tornar a Luna e com os soldados para combates, Kaiser tinha de lidar com as perdas em sua alcateia, principalmente a do seu beta. O sacrifício de Ryker salvou a vida de Emília e, mesmo que Kaiser soubesse do real motivo que motivou a atitude do lobo, seu beta merecia ser honrado junto aos ancestrais por suas lutas. Outros lobos também seriam honrados nos próximos dias, e o alpha ainda tinha de lidar com seu conselho e os inimigos que espreitavam.― Kaiser. ― O alpha se virou, observando sua Luna se aproximar. Emília sorria e enlaçou a cintura de Kaiser. ― Parece irritado.Ao enterrar seu rosto nos cabelos de Emília, Kaiser conseguia sentir a calma tomando seu corpo, como se tudo o caos ao seu redor apenas desaparecesse. Suas mãos se agarraram nos quadris da loba, a puxando para mais perto, colando seus corpos. Emília suspirou com o cheiro do desejo de seu Alpha por ela, sentido o seu próprio crescer junt
O clima parecia refletir o momento pelo qual a alcateia estava passando. Todas a alcateia foi convocada, os corpos preparados pelas matriarcas com ervas cerimoniais. Emília, por não conhecer os ritos, não pode participar de todos os preparativos, como seria a função de uma Luna, enquanto Kaiser tinha todos os seus dias e noites tomados tentando dar conta de tudo sozinho, agora que ele não tinha um beta.A segurança foi reforçada, Leon recebeu a responsabilidade de manter a ordem e monitorar qualquer movimentação suspeita no momento do funeral. Aquele seria um momento importante, onde todos estariam focados em prestar seus respeitos aos irmãos caídos, um momento que os inimigos do rei alpha poderiam aproveitar para atacá-los.― Meu alpha. ― Leon se aproximou com a cabeça baixa. ― os soldados estão posicionados, o perímetro está seguro.― Vamos.Todos seguiram em suas formas lupinas, seguindo o alpha através das grandes árvores, até o coração da floresta onde as alcateias viviam antes d