CariocaEu tava um pouco cansado, mas feliz demais, liberdade não tem preço, estar com a família então? Sem explicação.Assim que minha mãe foi embora, fui dormir um pouco e depois iria me arrumar pro baile, cara, que saudade dos bailes. Quando deu 21:30, parti com a nave que o Japah comprou pra mim, já falei que meu irmão é fod@? Pois é, ele é e sabe tudo que eu gosto, o carro que ele comprou pra mim é top.Dirigi voando com os vidros abertos, que falta eu senti dessa adrenalina do vento batendo no rosto enquanto viro as curvas adoidado. Estacionei próximo a uma entrada estratégica, o lance era surpreender a comunidade toda com o meu retorno. Falei com a Jéssica por telefone que me disse que não viria pro baile, melhor assim, tô afim de mulher no meu cangote hoje não, eu quero é curtir essa noite.São 22 horas, a quadra tá lotada, eu já tô aqui no acesso ao palco bebendo o whisky mais caro e fumando um baseado da melhor qualidade, a erva comercializada no meu morro não tem concorrênc
FernandaNão era possível que após tanto tempo sem vir a um baile, eu tenha vindo justamente em um que é a volta do Felipe, eu não tô acreditando que isso está acontecendo. Ele ali, a poucos metros de mim, como vai ser? Como ele vai reagir ao saber do Gabriel? O Japah já devia estar sabendo que ele sairia, por isso não me pressionou mais para ir ao presídio, óbvio que era isso.Fico transtornada com este pensamento mas principalmente com as sensações que ele causa em mim, um turbilhão de sentimentos e lembranças me tomam por completo. Eu sabia que não seria fácil se um dia voltasse a vê-lo, mas nem de longe eu imaginei que seria assim, me fazendo perceber que o amor que havia dentro de mim e que eu pensava ter morrido, continuava ali, intacto e vivo como sempre.Assim que o vejo naquele palco, lindo, vestindo uma calça jeans escura e blusa branca, provavelmente uma camisa pólo como ele sempre usava, senti um misto de coisas: medo, raiva, incredulidade e... tesão! É surreal o que esse h
FernandaFelipe fica parado me olhando totalmente em silêncio, visivelmente chocado com o que acabou de ouvir. O seu olhar era de incredulidade e surpresa, ele parecia estar processando o que acabara de ficar sabendo, sua expressão parecia um computador com internet lenta tentando fazer d******d de um arquivo pesado.Tirei coragem, não sei de onde para falar isso a ele e obviamente eu tenho muito mais o que dizer, porém não poderia ser dito agora, afinal, meu filho está com febre e a prioridade é buscá-lo e medica-lo.Coloquei minha bolsa no ombro e fui saindo enquanto ele seguia calado sem fazer movimento algum.— Bom, eu tenho que ir! — falei pensando que ele me interromperia, mas ele não fez isso e na verdade me surpreendeu.— Vamos, eu te levo! — ele respondeu. E eu realmente não esperava ouvir isso e só consegui dizer:— Não precisa!— Como não precisa? Seu filho não tá com febre? Então te dou uma carona e você chega lá mais rápido.Olho incrédula, mas ele tinha razão e de certa f
CariocaEla não responde e fica me olhando, e eu aguardando.— A gente pode conversar sobre isso? Se você não quiser aqui, podemos ir em algum lugar PÚBLICO. — já elevei a voz na palavra público, caso se sentisse mais segura assim. Ela então abriu a porta.— Entra Felipe! Conversamos aqui, não posso sair, o Gabi está dormindo.Assim que ela virou de costas entrando, eu sorri passando a mão no rosto, era isso mesmo? Eu estava poucos metros do garoto que é meu filho?Quando entrei, ela fechou a porta atrás de mim e eu pude ver o quanto a casa dela está diferente desde a última vez que eu estive aqui, ela vive com conforto, aliás, eles vivem, e isso é notável.— Posso ver ele? — pergunto e ela arregala o olho.— Você quer conhecer ele?— Claro pô! Vim aqui pra conhecer ele ou você vai me negar isso? Mas também vim conversar com você, é claro.— Ele está dormindo agora, você espera ele acordar? — ela sinalizou para o sofá e eu fui até lá e sentei, logo ela veio também, mas sinto que ela t
CariocaEra meu filho que havia acordado e estava chamando pela mãe e eu abri o maior sorriso que minha boca pudesse dar, olho pra Fernanda que sorri também saindo da cozinha fazendo sinal com a cabeça para que eu a acompanhasse. Cheguei a sentir um frio na barriga, agora com ele acordado é que realmente eu iria conhecê-lo e ele a mim. Quem diria que eu, um b@ndido criminoso que já matou tanta gente, estaria com medo de “um mini homem”?Assim que ela entra no quarto, eles trocam algumas palavras e eu fico do lado de fora com a porta entreaberta onde não era possível ver ele, a Fernanda faz um sinal com a mão para que eu entrasse e assim eu fiz.Ele está no colo dela, de costas pra mim, apontando o pequeno dedo para alguns brinquedos na prateleira dizendo alguma coisa no dialeto dos bebês que eu não conseguia entender, mas que eu iria aprender, eu queria saber tudo sobre ele e ser um pai fod@, assim como o meu foi pro Japah e pra mim.Eu sorrio e vou me aproximando, ele sente a presenç
Fernanda— É sério, pô! — ele falou porque eu literalmente me afoguei com o que ele disse.— Felipe, você está maluco? Eu tenho minha casa, minha vida e você também.— Fernanda, o meu trabalho é fudid* pra caramba, fico o dia todo resolvendo pic@, principalmente agora que voltei. Quero chegar em casa e poder ficar com meu filho, aproveitar o tempo que perdi, lá em casa vou poder fazer isso todo dia.— Isso é loucura, Felipe!— Você não pode me negar isso! — ele diz.— Não estou negando a você sobre ficar com seu filho, mas morar na mesma casa que você, eu posso e vou negar, não tem cabimento um negócio desse.Ele começou a ficar irritado, levantou do sofá, tirou o boné, bateu na perna e colocou novamente na cabeça.— Olha só, eu sei que minha presença te incomoda, mas faz um esforço, aquela casa é enorme, a gente nem precisa se ver se você não quiser, é só a gente se organizar, lá vai ser maneiro pra ele e mais seguro.— E a sua mulher, como fica nessa história? — perguntei e ele me o
Carioca— Jéssica, você lembra que antes de ir pro privado, eu tava com uma pessoa? Que era um lance sério?Eu precisava contar mas indo com calma, sei que ela pode não entender no começo.— O que você tá querendo me dizer? — ela me olha ao perguntar e eu já percebo raiva no olhar dela.— A minha cabeça tá fervendo, uma parada muito louca aconteceu, quando avisaram que você chegou no morro, eu tava na casa dela e...Ela não me deixou terminar de falar.— O que você está me dizendo? Você estava lá na casa dela? Estava comendo aquela sonsa? Aquela vagabund@ que te encheu de chifres, que até seus comandados sabem? É isso? — ela se exaltou.— Não é nada disso car@lho, escuta pô! Agora que eu voltei eu fiquei sabendo de coisas que eu não fazia ideia, coisas que jamais fiquei sabendo.Mais uma vez ela me interrompe.— Sempre essa desgraçada no meu caminho, o que é agora? Essa mulher não cansa, não? É por causa da criança? É isso? Se você quer um filho eu te dou, eu nunca quis ser mãe, mas s
FernandaFico parada na porta sem reação alguma, aquela mulher linda, beirando seus 45/50 anos mas muito conservada, bem vestida, corpo invejável e pele bem cuidada. Saio do meu transe quando ela sorri e fala:— Não sei se você me conhece, eu sou a mãe do Felipe e do Eduardo.— Claro, conheço sim! Não pessoalmente mas por foto sim. Ai, me desculpe a falta de educação, entre, por favor dona Ângela.O que essa mulher está fazendo aqui? Era só o que eu me perguntava mentalmente.— Ah, obrigada! Mas por favor me chame só de Ângela, afinal, não sou tão velha assim. — ela riu e entrou, e eu fiquei impressionada com a elegância dela, inclusive nos movimentos.Sentamos no sofá, ela me olhou e disse:— Então Fernanda, o motivo de estar aqui hoje é meu neto!Ela é direta assim como o Felipe e é claro que o assunto seria esse.— Ele contou pra senh.. para você? — me corrigi.— Na verdade, o Felipe é um homem muito fechado, não fala da vida dele, quem me contou foi o Eduardo. — fiquei olhando par