— Então... Ele voltou. - Nicolly estava de braços cruzado em frente ao peito, seu olhar percorria todo o escritório da sua amiga, em busca de alguma falha, ou um temperamento mais quente da mesma. — Porque voltou?— Minha mãe e a senhora Santinelli irão dar uma festa. Parece que Nicolas tem uma linha de tecidos pronta no Brasil que estava destinada ao exterior, mas... Meu pai também vai lançar uma coleção de joias nova, e elas decidiram fazer disso uma festa, promovendo ambos os nomes.— Mas isso é ótimo, lucro para os dois lados - Nicolly comentou e Emelly, que estava de frente para a janela de vidro, virou com brusquidão em direção à amiga — Emelly, convenhamos, é verdade, o lucro de duas empresas famosas em uma única festa provendo uma coleção de joias caríssimas e outra de tecido exportado... É do cúmulo do...— Poder Nicolly. O cúmulo do poder. - Ela voltou para sua mesa, e sentou, se jogando para trás, a fim de se acomodar na cadeira de couro branco — Como sempre, para os velhos
— Eu quero todas vocês borboletas desfilando com confiança. - Explicava Bruno ao lado das escolhidas para o desfile em dois dias — Queixo para cima, nariz empinado e carão. - Gritava para elas enquanto iam e vinham na passarela improvisada. — Vocês são maravilhosas.Ele sorriu gostando daquilo adorava comandar as modelos em seus meios desfiles, ensinava com todo carinho, como andar, sentar e falar com convidados, já que a maioria das garotas que não desfilava, ficava para recepcionar os convidados. Desceu da passarela indo até Emelly que separava os vestidos que seriam usados no desfile. A coleção de maquiagem já mandada para sua agência era nova, mas o dono era velho, um dos homens mais poderosos do mundo por sua linha intensa.Ter um evento feito por sua agência deixou Emelly com seu ego lá em cima, significava que depois de anos, estava tendo seu devido valor, e que tudo estava se encaminhando do jeito certo. Enfim, as cores para as roupas que combinariam com a maquiagem mostrada d
— Tóquio? Você ficou louca? - Nicolly gritou ao entrar na sala de Emelly que ainda não tinha tirado o sorriso do rosto — nunca pensei que fosse voltar.— Uma hora eu tinha que voltar. E não é por mim, é por elas, por essas modelos. A festa dos meus pais trará lucros, como você mesmo disse. Mais visibilidade, e muitas outras coisas, reconhecimento para minha agência, para as minhas modelos. - Bruno e Emanuel chegaram até Nicolly. — É uma forma de mostrar aos meus pais que cresci, que levo jeito para os negócios, que eu não preciso deles... Eu nunca nem precisei, é verdade.— Um evento grande assim, só nos expõe ao resto do mundo. - Bruno sorriu — A agência vai decolar.— Isso.— É mesmo pela agência? Ou pelo Nicolas? - Nicolly rogou, e a ex-dançarina sentou na cadeira, inconformada, Nicolly nunca mudaria. Jamais! — Eu não posso voltar, não vou ajudar, e Emanuel também não vai. Emelly a minha mãe é capaz de tudo. Quer ver o amor da sua vida, vai só você e-.— Nicolly - Emanuel a parou.
Os preparos para o evento de Renato Gima estavam todos concluídos, e para comemorar essa nova conquista, Bruno fez questão de convidar todas as modelos, fotógrafos e todos que ajudarem naquele grande evento, para uma pequena festinha dentro da própria agência, onde Emelly foi uma das mulheres mais aplaudidas, e a primeira a ganhar o drink mais saliente da noite toda. Depois de bebidas, algumas danças, gritos, fotos aleatórias e ouvir um desabafo gay de Bruno, Emelly subiu para sua sala em busca de silêncio e um pouco de paz.Andou por sua sala encarando os detalhes ao redor, havia algumas fotos de suas modelos em murais espalhados por todo o cômodo. Emelly tinha em torno de trinte e oito modelos femininas e vinte e um masculinos, e precisou organizar todas, por cor, idade, roupa, e o talento para a passarela. Seu trabalho não era pouco como acham por ai, não é apenas chegar escolher uma roupa, qualquer modelo e manda-la para o palco.Chegou ao final de suas roupas e encarou o terno es
— Maquiagem nisso vai arder e será pior - Bruno comentou do outro lado — o maquiador se recusou a prejudicar o rosto desta dama, ele disse que ela era muito bonita para chorar de dor. - Imitou a voz do maquiador que já não se encontrava ali e deu as costas virando com um típico rebolado. Emelly abaixou os olhos e sentou ao lado da moça que apenas lagrimava de olhos abaixados. Não podia fazer nada, pois quando tentou, foi impedida pela própria e ela não se meteria em um assunto de marido e mulher, mas quando isso incluía acabar com a droga da sua lista, da sua cronometragem do desfile, sim, era um assunto seu e que lhe custaria muito. — Eu não quero aceitar esse fato. Qualquer outro dia seria perfeito Tânia, menos hoje. — Foi um acidente. Acabou acontecendo. — Um soco no seu lábio não é um acidente, e esse homem vai matar você se você continuar calada. - Emelly passou a mão no rosto e olhou no espelho com pressa, não queria estragar a maquiagem. — Como você vai desfilar com isso? Qu
Não demoraram a chegar ao apartamento onde a nova família Farias morava. Subiram de elevador em silêncio e seguiram até a porta. Raissa abriu a mesma para deixar Nicolas entrar e entrou logo depois. O silêncio reinava dentro de casa e Raissa respirou fundo tirando a bolsa no ombro e olhou ao redor.— Tem alguma coisa errada - ela sussurrou baixinho, e saiu na sala, olhou para todos os lados procurando alguma pista de Raely e virou para Nicolas. — Espera aqui, e qualquer coisa grita.— Claro.Raissa seguiu por outro corredor e abriu a porta do quarto de Raely de uma vez, entrou no mesmo procurando pelo filho e não o encontrou. Saiu do quarto deixando a porta aberta e seguiu até o seu. Se nem Rafael estava por ali, alguma coisa muito ruim tinha acontecido. Tirou o celular do bolso da calça que usava e abriu a porta de seu quarto, deparando-se com Rafael dormindo na cama e Raely em cima dela, fazendo algum tipo de desenho.— Raely? - ela deixou o celular cair correndo até o filho, tirou
Com certeza um grande show estava sendo feito aquela noite. Quando Emelly entrou na passarela, ela nunca pensou que as luzes brilhariam a sua frente como fogos de artifícios. Todos a fitaram com emoção, bateram palmas de pé a olhando como se fosse uma deusa iluminada pela luz dos setes. Emelly abriu um sorriso mínimo ao abaixar a cabeça por um segundo antes de colocar uma das mãos na cintura e parar no final da passarela, todos a olhavam ainda, e, apesar de já ter feito aquilo antes, era como renovar suas forças para o resto dos seus dias.Olhou fixamente para a câmera em sua frente, como Nicolly havia dito, talvez Nicolas estivesse vendo, talvez Raissa, Rafael, seus pais, todo mundo que conhecia poderia está a vendo naquele momento, e não hesitou nem por um segundo sorrir, piscar, dar um tchau simpático e virar as costas para dar a vez a suas meninas que guardava no coração. Todas vinham atrás jogando seus cabelos, quadris de um lado para o outro com vestidos de classe da cor branca,
Ele já estava acordado? Ou ainda sonhava com o nada que preenchia seu peito? Ele não saberia, porque de fato, os olhos estavam abertos, mas ainda não tinha certeza que estava acordado, se já estava no mundo real em que era para realmente estar. Com um suspiro, ele encarou as janelas ao lado de sua cama, sim, ele estava acordado, mas abrir os olhos e respirar não era o suficiente para encher seu dia de alegria, ou menos o tornar feliz.Sentou na cama disposto a levantar, outra noite que passou acordado. Já era difícil dormir com todos os pensamentos passados o sondando como se fossem importantes — esses eram. Como de costume, bateu a mão no colchão abaixo, ele não devia ter voltando para seu apartamento antigo, pois as lembranças de que fora muito feliz ao lado de uma mulher o assolava drasticamente. E bastava uma piscava para lembra-se de que teria que tomar uma atitude. Seis anos longe, o encheu de duvidas, de férias que jamais poderiam ser curadas... Bom, tinha apenas um remédio, e