“O que vivemos para você não importa?”.Seria a voz dela o perturbando? Ou a perturbação o perseguia por não ouvir mais aquela doce melodia?Teorias de que apenas o coração de um pobre homem poderia responder se tivesse uma única oportunidade de colocar para fora todos os seus desejos, sentimentos e inquietações.Claro que seu dono não faria isso, pois ele aprendeu a seguir sua vida com a razão que vinha da mente, não a loucura tatuada no coração. Apenas os homens sábios faziam essa escolha, e geralmente, estes mesmos homens, acordavam, dormiam — quando conseguiam, — unicamente sozinhos em suas camas.Mas o destino poderia mudar.Porém, para Nicolas Santinelli, o homem que encarava as folhas de papel em sua frente, o destino sempre lhe pregava peças que ele não estava disposto a passar por cima. Quando as coisas vêm para nos derrubar, você tem que saber literalmente se vale a pena lutar por essas ou não.Pensamentos negativos, talvez egoístas, mas esses eram de Nicolas, e o coração nã
Ele estaria mentindo se dissesse que aquela cidade não lhe trouxe coisas boas. Claro que havia trazido era sua cidade natal, seu país, onde seus sonhos foram realizados, destruídos também, mas isso era outra coisa. Assistiu com um sorriso mínimo em seus lábios grossos, a descida do avião até a pista de desembarque. Assim que estavam no chão, Eva foi a primeira a levantar pegando sua bolsa de mão e os óculos escuros, mesmo que não tivesse ficado excitada com a idéia de que estava indo visitar a irmã mais velha.— Quem olha assim, parece até que a ansiedade lhe bateu - Nicolas comentou, retirando o cinto de segurança e fitou a mulher.— A única pessoa que pode se machucar nessa cidade é você, então não me provoque. - Jogou para Nicolas, que assentiu ficando calado. Esperaram a porta do avião se abrir, para então começarem a descer.Ao longe, avistaram um carro se aproximando devagar, e não tardou a estacionar no final da escada que fora colocada para descerem em segurança. O primeiro a
“Eu tinha planos para nós dois.".Essa era a frase que sempre a acordava todas as manhãs.O despertador gritou ao seu lado e ela soube que era o momento perfeito para levantar. Sentou em sua cama olhando em volta, enquanto tirava os fios que teimavam em cair em sua face. Encarou o despertador com um sorriso encorajador e o desligou. Esticou os braços e saiu da cama, pronta para mais um dia de trabalho. Foi até sua janela, abrindo as cortinas para que o sol invadisse o ambiente e iluminasse ainda mais seu rosto gentil e cheio de felicidade.Em uma vida como a dela, pegaria mal não sorrir para dias como aqueles, mesmo que por dentro, seu coração pedisse para ficar dentro de casa, encolhida e sofrida. No entanto, os anos tinham se passado, a vida tinha seguido, pelo menos, para alguns isso tinha que ter acontecido de um jeito ou de outro. Olhou para trás, sabendo que aquele longo dia estava começando.Saiu do quarto dando um sorriso de felicidade. Passou ao quarto ao lado e olhou para de
— Então... Ele voltou. - Nicolly estava de braços cruzado em frente ao peito, seu olhar percorria todo o escritório da sua amiga, em busca de alguma falha, ou um temperamento mais quente da mesma. — Porque voltou?— Minha mãe e a senhora Santinelli irão dar uma festa. Parece que Nicolas tem uma linha de tecidos pronta no Brasil que estava destinada ao exterior, mas... Meu pai também vai lançar uma coleção de joias nova, e elas decidiram fazer disso uma festa, promovendo ambos os nomes.— Mas isso é ótimo, lucro para os dois lados - Nicolly comentou e Emelly, que estava de frente para a janela de vidro, virou com brusquidão em direção à amiga — Emelly, convenhamos, é verdade, o lucro de duas empresas famosas em uma única festa provendo uma coleção de joias caríssimas e outra de tecido exportado... É do cúmulo do...— Poder Nicolly. O cúmulo do poder. - Ela voltou para sua mesa, e sentou, se jogando para trás, a fim de se acomodar na cadeira de couro branco — Como sempre, para os velhos
— Eu quero todas vocês borboletas desfilando com confiança. - Explicava Bruno ao lado das escolhidas para o desfile em dois dias — Queixo para cima, nariz empinado e carão. - Gritava para elas enquanto iam e vinham na passarela improvisada. — Vocês são maravilhosas.Ele sorriu gostando daquilo adorava comandar as modelos em seus meios desfiles, ensinava com todo carinho, como andar, sentar e falar com convidados, já que a maioria das garotas que não desfilava, ficava para recepcionar os convidados. Desceu da passarela indo até Emelly que separava os vestidos que seriam usados no desfile. A coleção de maquiagem já mandada para sua agência era nova, mas o dono era velho, um dos homens mais poderosos do mundo por sua linha intensa.Ter um evento feito por sua agência deixou Emelly com seu ego lá em cima, significava que depois de anos, estava tendo seu devido valor, e que tudo estava se encaminhando do jeito certo. Enfim, as cores para as roupas que combinariam com a maquiagem mostrada d
— Tóquio? Você ficou louca? - Nicolly gritou ao entrar na sala de Emelly que ainda não tinha tirado o sorriso do rosto — nunca pensei que fosse voltar.— Uma hora eu tinha que voltar. E não é por mim, é por elas, por essas modelos. A festa dos meus pais trará lucros, como você mesmo disse. Mais visibilidade, e muitas outras coisas, reconhecimento para minha agência, para as minhas modelos. - Bruno e Emanuel chegaram até Nicolly. — É uma forma de mostrar aos meus pais que cresci, que levo jeito para os negócios, que eu não preciso deles... Eu nunca nem precisei, é verdade.— Um evento grande assim, só nos expõe ao resto do mundo. - Bruno sorriu — A agência vai decolar.— Isso.— É mesmo pela agência? Ou pelo Nicolas? - Nicolly rogou, e a ex-dançarina sentou na cadeira, inconformada, Nicolly nunca mudaria. Jamais! — Eu não posso voltar, não vou ajudar, e Emanuel também não vai. Emelly a minha mãe é capaz de tudo. Quer ver o amor da sua vida, vai só você e-.— Nicolly - Emanuel a parou.
Os preparos para o evento de Renato Gima estavam todos concluídos, e para comemorar essa nova conquista, Bruno fez questão de convidar todas as modelos, fotógrafos e todos que ajudarem naquele grande evento, para uma pequena festinha dentro da própria agência, onde Emelly foi uma das mulheres mais aplaudidas, e a primeira a ganhar o drink mais saliente da noite toda. Depois de bebidas, algumas danças, gritos, fotos aleatórias e ouvir um desabafo gay de Bruno, Emelly subiu para sua sala em busca de silêncio e um pouco de paz.Andou por sua sala encarando os detalhes ao redor, havia algumas fotos de suas modelos em murais espalhados por todo o cômodo. Emelly tinha em torno de trinte e oito modelos femininas e vinte e um masculinos, e precisou organizar todas, por cor, idade, roupa, e o talento para a passarela. Seu trabalho não era pouco como acham por ai, não é apenas chegar escolher uma roupa, qualquer modelo e manda-la para o palco.Chegou ao final de suas roupas e encarou o terno es
— Maquiagem nisso vai arder e será pior - Bruno comentou do outro lado — o maquiador se recusou a prejudicar o rosto desta dama, ele disse que ela era muito bonita para chorar de dor. - Imitou a voz do maquiador que já não se encontrava ali e deu as costas virando com um típico rebolado. Emelly abaixou os olhos e sentou ao lado da moça que apenas lagrimava de olhos abaixados. Não podia fazer nada, pois quando tentou, foi impedida pela própria e ela não se meteria em um assunto de marido e mulher, mas quando isso incluía acabar com a droga da sua lista, da sua cronometragem do desfile, sim, era um assunto seu e que lhe custaria muito. — Eu não quero aceitar esse fato. Qualquer outro dia seria perfeito Tânia, menos hoje. — Foi um acidente. Acabou acontecendo. — Um soco no seu lábio não é um acidente, e esse homem vai matar você se você continuar calada. - Emelly passou a mão no rosto e olhou no espelho com pressa, não queria estragar a maquiagem. — Como você vai desfilar com isso? Qu