O loiro levantou de trás de Nicolas, andou quase se borrando de medo, mas não por esta fazendo alguma coisa errada, e sim porque não queria ver seu melhor amigo encrencado. O promotor fez o juramento e se sentou no seu lugar, deixando a testemunha aos cuidados de Guilherme Santinelli.Sorrindo, Guilherme parou na frente de Rafael, o conhecia há tanto tempo e não esperava está fazendo aquilo com um grande amigo da família, quase como um irmão.— Já sabemos que foi você que levou Nicolas Santinelli até a boate onde ele viu Emelly pela primeira vez.— Nem ousaria discordar – Se ajeitou na cadeira. — Nicolas antes de conhecer sua donzela não saia do escritório para nada. Do trabalho para casa e de casa para o trabalho. Eu o fiz mudar de ares, quero dizer, eu o convidei pra sair e o arrastei para meu carro, cheguei à boate sem ele saber e só pra deixar claro, ele odiou aquilo.— Tenho certeza que sim.— Nicolas não é aquele tipo de homem que vive em farras. Tive que pedir com muito carinho
— Emelly Fernandes Parsos, por favor... – O promotor a chamou com um sorriso acalentador, o que não passou despercebido por Nicolas que cobriu os lábios para não xingar aquele homem. — Seja bem-vinda. Pode se sentar? – Ela obedeceu e ele começou o juramento, Emelly, assim como o Santinelli a sua frente, o ignorou por alguns segundos enquanto estava de mão levantada. Respirou fundo e molhou os lábios antes de encontrar o olhar dele. — Emelly Parsos, a vítima. Está com a palavra, senhorita Parsos.— Obrigada! – Guilherme parou na frente dela, e o advogado de Mario mais atrás.— Quando você viu Nicolas pela primeira vez, ele apresentou-lhe alguma ameaça?— Não. Apenas me ajudou. Muito.— Porque aceitou sair com ele? – O Advogado da sua família perguntou. Guilherme olhou para ele.— Nicolas era um homem diferente de todos os outros que me ajudou com Fernando. Eu estava interessada, e acredite ou não, meu maior desejo era me jogar nos braços dele quando o vi pela segunda vez. – Emelly nem
O tribunal ficou em silêncio, ninguém ousou falar uma palavra se quer. Nicolas a olhava sentindo seu corpo ficar mole, ele queria chorar, chorar de novo como tinha chorado nos dias anteriores, mas seu orgulho cobria qualquer vontade. Porque ele tinha se apaixonado daquele jeito? Porque justo ele, não conseguia mais pensar em nada além daqueles olhos grandes e verdes? Respirou com vontade e fechou os olhos. Emelly levantou da sua cadeira e foi embora para seu lugar, ainda calma, mantendo o silêncio.— Bom! – O promotor quebrou o silêncio, chamando a atenção de Guilherme que parecia estar sob o mesmo efeito que seu irmão — As testemunhas acabaram e, como a vítima já foi ouvida. O réu tem a palavra agora.Nicolas sentou onde anteriormente Emelly estava e, a olhou dali. O rosto vermelho e os cabelos um pouco bagunçados. Ele tinha prometido nunca a deixar chorar na sua frente, e estava falhando miseravelmente.— Tem algo a dizer? – o Advogado de Mario quem perguntou. Nicolas olhou para ele
— Você não pode simplesmente me dar às costas e fugir.— Vai embora – Nicolas falou, ainda sem abrir os olhos.— Embora? – ela começou a andar na direção dele, com passos firmes, mais nada confiantes. Parou na frente de Nicolas que nem conseguia abrir os olhos. — Quer mesmo que eu vá embora?— Vamos – Guilherme chamou por Rafael e rapidamente o loiro obedeceu, puxando Raissa junto.Nicolas, depois de muito pensar, respirou fundo e abriu seus olhos. Um choque percorreu seu corpo ao vê-la chorar. Uma pontada forte em seu coração. Ele suspirou inconformado, não podia mesmo deixá-la... Aproximou-se bem devagar e segurou o rosto que tanto amava, ela chorava. Chorava por sua causa.— Me desculpe Emelly. De verdade – Disse encarando os olhos vermelhos. — As coisas são complicadas, você sabe.— Antes não eram – Se aproximou mais, colando seus corpos, abraçou o Santinelli do jeito que queria dês que chegou naquele tribunal. Ele retribuiu o abraço, que foi recebido com amor — Eu te amo tanto.—
Sua mente não parecia nem mesmo permanecer sã. Viu o corpo daquele homem, sumir diante de seus olhos e simplesmente não aguentou aquela pressão na sua vida. Não iria suportar ter que perdê-lo. As lágrimas não pararam quando abraçou ainda mais a melhor amiga que também não parecia desistir de si, ao menos ela seguiria ao seu lado sem precisar lhe machucar.O abraço foi longo, pelo que pareceu horas até escutarem a voz dos pais de Emelly, primeiro Mario parou diante das duas e sua esposa logo atrás, estava aflita e com o coração partido por ver sua filha daquele jeito. Claro que ela queria que ela não passasse por algo assim, mas tem certas coisas na vida que nenhuma adolescente vai entender, e Emelly parecia não querer.No auge dos seus dezessete anos, se envolver com um homem mais velho, dar sua virgindade e sua vida por alguém assim não valeria a pena, mas lá na frente ela iria mudar de opinião e não podia mais voltar atrás. Emelly era uma criança, e logo, logo mudaria e esqueceria o
As noticias que saiam o tempo todo em relação a Nicolas por todo lugar, sempre davam um jeito de chegar ao quarto de Emelly que passava a maior parte do tempo deitada ali, olhando para todos os lugares que podia pelo celular que jamais deixaria de mão. Um momento ele poderia lhe ligar e ela tinha que atender. As empregadas saiam e entravam ali todas orientadas apenas a dar o que ela precisava e sair novamente sem questionar qualquer coisa. Não queria falar com muita gente e a única pessoa que vinha com todos os sorrisos que ela podia devolver era Raissa, ela vinha sempre com inúmeras novidades e passaram horas conversando.Depois de três semanas ali e um mês e meio longe de Nicolas, as coisas não pareciam ficar melhores. Raissa vinha com seus sorrisos e trazia todos os tipos de doce que podia e falava sobre sua relação com Rafael que não tinha parado. Claro que, a qualquer momento as coisas podiam vir a ficar pior. Afinal, Miguel Cabral, seu pai, poderia ficar sabendo e fazer a mesma
“O que vivemos para você não importa?”.Seria a voz dela o perturbando? Ou a perturbação o perseguia por não ouvir mais aquela doce melodia?Teorias de que apenas o coração de um pobre homem poderia responder se tivesse uma única oportunidade de colocar para fora todos os seus desejos, sentimentos e inquietações.Claro que seu dono não faria isso, pois ele aprendeu a seguir sua vida com a razão que vinha da mente, não a loucura tatuada no coração. Apenas os homens sábios faziam essa escolha, e geralmente, estes mesmos homens, acordavam, dormiam — quando conseguiam, — unicamente sozinhos em suas camas.Mas o destino poderia mudar.Porém, para Nicolas Santinelli, o homem que encarava as folhas de papel em sua frente, o destino sempre lhe pregava peças que ele não estava disposto a passar por cima. Quando as coisas vêm para nos derrubar, você tem que saber literalmente se vale a pena lutar por essas ou não.Pensamentos negativos, talvez egoístas, mas esses eram de Nicolas, e o coração nã
Ele estaria mentindo se dissesse que aquela cidade não lhe trouxe coisas boas. Claro que havia trazido era sua cidade natal, seu país, onde seus sonhos foram realizados, destruídos também, mas isso era outra coisa. Assistiu com um sorriso mínimo em seus lábios grossos, a descida do avião até a pista de desembarque. Assim que estavam no chão, Eva foi a primeira a levantar pegando sua bolsa de mão e os óculos escuros, mesmo que não tivesse ficado excitada com a idéia de que estava indo visitar a irmã mais velha.— Quem olha assim, parece até que a ansiedade lhe bateu - Nicolas comentou, retirando o cinto de segurança e fitou a mulher.— A única pessoa que pode se machucar nessa cidade é você, então não me provoque. - Jogou para Nicolas, que assentiu ficando calado. Esperaram a porta do avião se abrir, para então começarem a descer.Ao longe, avistaram um carro se aproximando devagar, e não tardou a estacionar no final da escada que fora colocada para descerem em segurança. O primeiro a