Ajeitando as roupas e o cabelo antes de sair do deposito, Joana contou para Maximiliano o que aconteceu ao longo do seu dia, desde a visita inconveniente de Dalila, passando pela ameaça de Tarcísio, até chegar ao seu pedido desesperado para Margô assumir a culpa pela morte de Orlando.— Sei que quer assumir o crime, mas ela tem mais chances se sair livre após o julgamento — explicou encostando-se a uma enorme caixa próxima a porta.Ouvindo em silêncio até Joana terminar todo o relato, Maximiliano sacudiu a cabeça em negativa.— Prometi protegê-la a qualquer custo quando ela escapou do Salão — ele explicou puxando Joana para seus braços.— Incluindo sua liberdade? — Joana questionou sentindo a garganta dolorida pela frustação e medo.— Incluindo a minha liberdade — ele confirmou resoluto. — Joana, Margô faz parte da família que construí após a morte dos meus pais e do meu irmão. Não posso simplesmente abandoná-la. Preciso fazer o que acredito ser o certo.— Não vai abandoná-la — Joana
Inclinando-se para assinar o acordo, confirmando o recebimento do pagamento pelos terrenos que tinha direito em Recanto Dourado e a posse da casa em Sanmarino, Maximiliano Gonzalez sentia que sua mão era movida por seus pais e seu irmão.A longa luta contra a família Orleans em busca de justiça e pela recuperação dos bens de sua família, injustamente roubados por Kassandra Orleans, encaminhava-se em um fim vitorioso para ele.Ao seu lado, segurando a raiva pelo insucesso de impedir aquele momento, Kassandra observava o Gonzalez sendo dominada pelo antigo arrependimento de não ter se livrado dele quando não passava de um adolescente malcriado.Donato, que elaborou o documento formalizando a transferência da casa e os termos financeiros acordados, acrescentando, a pedido de Maximiliano, cláusulas que evitassem futuros desentendimentos ou disputas por parte dos Orleans, notava a tensão cercando a viúva.Durante toda a negociação nos dias anteriores ela não transpareceu nenhum sentimento,
Enquanto a comemoração no bar Crista do Mar segue, Margô observa discretamente o casal de longe, sem conseguir evitar o crescente ciúme ao testemunhar a felicidade e proximidade entre Maximiliano e Joana.Tenta disfarçar sua tristeza e inveja, sorri e conversa animadamente com os outros amigos que estão presentes, mas seu olhar persiste em voltar para Maximiliano beijando Joana, tocando-a com carinho, sorrindo e rindo.Lembra-se dos momentos especiais que compartilhou com Maximiliano no passado, que mesmo após o relacionamento sexual acabar ele continuou a trata-la com cuidado e carinho até recentemente.Tudo mudou após o episódio em que traiu a confiança dele.Tomando mais um gole de cerveja, Margô se perguntou se as coisas seriam diferentes se nunca tivesse cometido o erro de contar para Dalila informações particulares do grupo. Questiona-se se Maximiliano teria olhos apenas para ela se Joana sumisse. Esses pensamentos a invadem, criando um sentimento agridoce enquanto observa o cas
Após o término da festa no bar Crista do Mar, depois dos amigos se dispersarem e acompanhar Joana até a casa dos pais, Maximiliano voltou ao bar e tomou banho no único banheiro com chuveiro, se trocando ali mesmo antes de seguir para o quarto que ocupava.Jogando a toalha sobre o ombro, observou a jovem sentada em frente à porta, com as pernas junto ao corpo e os braços ocultando seu rosto, com irritação. Aproximou-se, agachou e a tocou no braço.— Margô!Ela ergueu o rosto. Pelo inchaço e vermelhidão dos olhos estava evidente que esteve chorando.— O que faz aqui?— Preciso falar com você. É importante.Maximiliano olha para ela com aborrecimento, mas concorda por receio que ela passasse a noite inteira ali se recusasse.— Claro! Vamos lá pra baixo.— Pode ser no seu quarto.— Lá embaixo ou nada de conversas — impôs com o semblante fechado, deixando óbvio que nem a conversa propriamente dita ele queria ter.Não vendo opção, o seguiu até o piso inferior. Não havia mais música preenche
Encontrando-se em meio a um turbilhão de emoções e conflitos familiares, Joana contava os dias para se casar e sair da casa dos pais. Amava sua mãe, mas dividir o mesmo teto que seu pai e Dalila tornava-se cada dia pior com a aproximação do casamento.A relação de seu pai com Maximiliano simplesmente azedou. Não sabia como era antes de seu noivado, mas pelas conversas com seu noivo, era melhor que a atual, em que seu pai proibia Max de passar do portão para dentro.E a relação de Iago com ela também se tornou difícil, mais do que era antes, o que por si só era preocupante. Só não discutiam porque ela, como fazia desde que começou a falar, engolia os comentários depreciativos e o respeitava, não revidando nenhum dos ataques contra seu noivado.A preferência dele por Adriano era óbvia. Todo dia ele permitia que o Orleans jantasse com eles, mesmo ela se recusando a compartilhar qualquer refeição com o primo e ex-noivo.Sua mãe tinha explicado, muito nervosa e inquieta, os motivos de seu
Sendo uma mulher de sentimentos complexos e desejos intensos, Dalila encontrava-se em uma situação delicada e cheia de conflitos. Não superava a paixão pelo noivo de sua própria irmã, Joana. Para piorar seu humor, seu quase ex-marido, Adriano, demonstrava interesse em voltar a se casar justamente com Joana. Não se importava com ele, nunca o amou, mas ver ele todo dia cercando sua irmã com flores e elogios a enfurecia. Com a aproximação do casamento de seu ex-amante com Joana, se desesperava. Seu amor por Maximiliano era arrebatador e difícil de ignorar. Necessitava dele, do desejo que ele despertava. Preferia morrer a ver Maximiliano casado com Joana. Ou o contrário. ~*~ Marcado pela rejeição de Joana e a tristeza pelo casamento fracassado, arrastado por Maximiliano para um período difícil e desafiador profissional e pessoal, sem gosto nem para olhar as plantações como fazia no passado, Adriano recorria à bebida. Com a aproximação da conclusão do divórcio com Dalila e o casamento
Sem saber que sua vida era tratada como mercadoria barata, orgulhoso Maximiliano guiava sua noiva pela casa recuperada após anos de injustiça.Andando pela residência que um dia abrigou sua família, os olhos negros analisavam cada detalhe e a voz apresentava as mudanças feitas para aumentar a segurança. Gastou caro, mas tinha certeza que ninguém invadiria seu lar sem que ele permitisse, evitando invasões como a que fez dias antes e o final trágico da truculência policial no passado.Caminhando ao lado de Maximiliano, Joana apreciava mais a euforia dele do que com a casa em si. Conhecia a bela residência, afinal tinha sido de seus parentes. Sempre mirou com admiração a estrutura de pequenos tijolos, cercada por portões de ferro cobertos por plantas, com grades altas abertas incentivando as visitas a conhecerem seu frondoso jardim. Jardim em que beijou Maximiliano pela primeira vez, recordou ao chegarem ao local florido.O sol de fim de tarde banhava o jardim com uma luz alaranjada, res
Evitando pensar e recuar, Margô correu apressada pelas ruas do porto em direção ao centro da cidade, ignorando tudo e todos. Nem mesmo a garoa fraca a impediu de chegar esbaforida ao seu alvo: a casa dos Savoia.Hesitou e quase caiu ao deslizar em uma poça ao ver o jipe de Maximiliano estacionar na frente do portão de ferro. Escondeu-se atrás de uma árvore próxima, observando a interação dos noivos ao descerem do veículo.A angústia em seu peito cresceu junto da culpa e inveja a corroendo. Não podia ouvi-los, nem era necessário para saber que estavam felizes e apaixonados. Só de observar o jeito que Maximiliano segurava o rosto de Joana, a beijava e sorria, ficava evidente que apesar dos problemas continuavam unidos.Protegida da garoa por pequenas telhas acima do portão, Joana permaneceu no mesmo lugar, enquanto Maximiliano voltava para o automóvel e partia.Encostada no tronco, com a respiração irregular e o suor frio escorrendo por sua espinha, uma batalha interna se desenrolava di