Prontos para participar da festa de noivado do capitão Gonzalez, junto com seu primo Baltasar e o tio de Maria, Cristiano aguardava no salão do bar o restante do grupo que seguiria com ele para Recanto Dourado. — Elas vão demorar quanto? Vamos acabar perdendo os comes e bebes — reclamou Baltasar. Olhando aborrecido para a escada que levava ao segundo piso, Baltasar apertava uma mão na outra para não mexer no cabelo e nem na roupa elegante que Maximiliano presenteou todos eles. Queria estar apresentável quando chegasse à festa lotada pelos grã-finos de Sanmarino. — Certeza que Margô está fazendo das suas para atrasar nossa partida — Cristiano presumiu segurando-se para não subir e invadir o quarto ocupado pelas duas mulheres. — Como se isso impedisse o capitão de casar com Joana — disse Baltasar com um muxoxo. — O capitão está de quatro pela noivinha. E quem não estaria? É a mulher mais linda e gentil que conheci — soltou passando o dedo pela gola da camisa. — E cozinha bem pra cara
Recepcionando a festa de noivado que foi obrigada a dar, a viúva Orleans ganhava um novo defeito: impaciência. Pura, corrosiva e em crescimento conforme os minutos passavam e o infame Gonzalez não chegava. Não o desejava em sua fazenda, mas quanto antes chegasse mais rápido terminariam aquele circo. Seu pé batia impaciente na grama, seus lábios doíam pelo esforço de mantê-los esticados e seus ombros necessitavam de uma boa massagem. Muito embora o peso sobre eles só teria uma diminuição quando ficasse bem longe do contrabandista que foi forçada a aceitar em sua família e abrir as portas de sua fazenda naquela noite. Com um leque, abanou-se aflita, embora isso pouco contribuísse para acalma-la. Quantos anos passados na segurança da fazenda do falecido marido, evitando Sanmarino e o filho sobrevivente da mulher que quase acabou com suas chances de casamento, para agora suportar respirar o mesmo ar que um Gonzalez bandido e de sangue ruim de ciganos. Pior, agora tinha de suporta-lo com
A lua brilhava no céu estrelado enquanto um suave perfume de flores se misturava no ar. O jardim exalava uma aura encantadora, adornado com lanternas suspensas, velas cintilantes e uma decoração sofisticada. Flores exuberantes em tons de rosa, branco e pêssego adornavam cada canto. Era o cenário perfeito para uma festa de noivado elegante. Os convidados chegavam em suas vestimentas formais, prontos para celebrar a união de dois corações tão distintos. No centro do jardim, uma plataforma de dança, magnificamente decorada, se destacava. Ao redor dela, mesas cobertas por toalhas brancas impecáveis exibiam arranjos florais delicados, sendo a dos noivos e seus familiares a maior e em uma posição de destaque. Garçons elegantemente vestidos circulavam, oferecendo taças de champanhe e aperitivos finamente preparados que tentavam os convidados com os sabores requintados. Melodias suaves criavam uma atmosfera romântica e aconchegante. Os convidados se reuniam em grupos, nas mesas, na platafo
Como combinado por mensagens, aproveitando que os convidados de Recanto Dourado se distraiam com a festa, Maximiliano enviou o pedido para Gabriel o encontrar no lugar combinado dias antes, e seguiu para a lateral da mansão que levava para o estábulo. A escolha do local tinha sido feita por seu espião na fazenda, após o pedido para que achasse um canto discreto em que pudesse conversar sem serem descobertos. Necessitava manter Gabriel longe de suspeitas. Seguindo as indicações na mensagem, posicionou-se junto a uma parede coberta de raízes, folhas e pequeninas flores amarelas, sentando sobre uma grande pedra, o celular na mão e os olhos negros atentos ao redor, mantendo os sentidos aguçados. Em poucos segundo a voz de Gabriel ecoou vindo do outro lado da parede verde. — As informações que consegui no computador dos Orleans estão aqui. Olhou para a mão aparecendo entre as raízes, expondo na palma um pequeno pendrive. O lugar escolhido por Gabriel tinha sido justo em um paredão com
Avisada por Beto que Maximiliano estava se encontrando com Gabriel, o informante do grupo em Recanto Dourado, Joana insistiu em ir até ele. Tanto para acabar com a desconfiança em torno do sumiço de Dalila, quanto para dar ainda mais cobertura ao encontro escuso. Ninguém pensaria que ela prejudicaria à família Orleans, da qual fazia parte por meio do sangue por parte de mãe e da união de sua irmã com o herdeiro de Kassandra. Os gritos os alcançaram antes mesmo que vissem as pessoas envolvidas ou chegassem ao local do encontro. Joana gelou ao reconhecer a voz de Dalila e compreender a acusação. O tiro que se seguiu foi o suficiente para despertá-la e arrancar um urro assustado de seus lábios. — O capitão! — Beto disse correndo apressado em direção às vozes e o tiro. Com as pernas doloridas e trêmulas de puro medo, Joana o seguiu. Seu assombro aumentou ao perceber que não eram os únicos atrás da fonte das vozes e disparo. Um pouco mais a frente dela e de Beto, estavam Iago e Adriano.
— O que disse?! — Adriano balbuciou, os braços tornando-se frouxos em volta do corpo de sua esposa. — A verdade. Aquela que todos ocultaram de você. — Ele mente! — Dalila urrou, apertando-se contra o marido, os olhos chorosos buscando os dele. — Ele tentou abusar de mim e agora coloca a culpa na vítima, como a maioria dos estupradores. Queiroz pode atestar o que digo. — Sim... — Prefiro a morte a violar ou bater em uma mulher — Maximiliano bradou cortando o oficial. — O que digo é a mais pura verdade. Dalila se ofereceu e quando a rejeitei a proposta dela de reavivar nosso passado, ela começou a se agredir, gritar e rasgar as roupas. Queiroz chegou exatamente quando me afastava do circo montado por ela. — Fugia do flagrante — Dalila bradou, esperando que sua indignação ocultasse as revelações do Gonzalez. — O que quer dizer com reavivar o passado de vocês? — Adriano questionou para Maximiliano, cada vez mais confuso com que o que ouvia. — Não o ouça, meu amor! — Dalila pediu des
Sem consideração alguma ao apoio prometido ao Gonzalez, ou a promessa feita a seu pai no leito de morte, Adriano observou Maximiliano ser levado embora de Recanto Dourado diante dos olhares curiosos dos convidados da festa de noivado do homem sendo preso. Joana, junto com os amigos de Maximiliano e Donato, tinham partido sem se despedir para soltar o Gonzalez da prisão ainda naquela noite. Ela parecia confiante na inocência dele, mesmo com o delegado afirmando ter visto o ataque e Dalila se esvaindo em lágrimas. Sua mãe se despedia dos convidados, evitando as perguntas que a visão do noivo de sua afilhada partindo escoltado pelo delegado gerou. Dalila tinha sido escoltada por Iago para dentro da mansão, a fim de se trocar antes de seguirem para fazer a ocorrência da agressão. Adriano adiava encontrar-se com a esposa. Saber que ela tinha tido um romance com Maximiliano tinha sido uma surpresa, por causa da fama do ex-contrabandista e pelas furiosas declarações de enojo ditas por Dal
Retornado ao seu quarto de casada com seu pai do lado, Dalila cobriu-se com um robe e observava Iago com desdém. Diferente dela, que tinha certeza que estava segura, seu pai andava de um lado para o outro como um bichinho encurralado. Aproveitou aquele tempo sozinhos, para dizer ao pai como deveria agir: Como um pobre pai preocupado com sua filha agredida por um criminoso. — Sua irmã ficará ao lado daquele maldito! — Iago declarou com um misto de raiva e medo. Raiva da atitude da primogênita, tomando o partido do bandido, medo de Adriano desconfiar que Dalila mentia. — Não importa! Adriano me ama e acreditará no que digo. E temos Queiroz do nosso lado — salientou. — Queiroz faz o que o beneficia. — Continuar do nosso lado o beneficiará — indicou sem um pingo de medo a caprichosa mulher. — O que preciso é que você continue a dizer que viu Maximiliano atrás de mim, não só hoje, até antes do meu compromisso com Adriano. Iago assentiu passando as mãos nervosamente entre os fios de ca