Atenção!! Olá caro(a) leitor(a), este capítulo contém descrição gráfica de violência, depressão e suicídio, por favor, prossiga com cuidado ou pule o capitulo caso o afete. Enfim, boa leitura.
– Segura isso pra mim… – Laura praticamente mandou.
Hellen, a moça que a acompanhava, sequer teve tempo de negar, ou responder, pois, logo, as bolsas e livros estavam sendo jogados em seus braços.
– Deveríamos passar o fim de semana na costa… – Laura resmungou, entretida enquanto editava uma foto para o i*******m. – Você não está planejando furar com a gente de novo, não?
– Com certeza vai passar o fim de semana com aquela ficante que nem conhecemos… – Allen juntou-se à amiga na reclamação, seu tom era de puro deboche. – Poderia ao menos mostrar uma foto dela pra gente.
Javier ouvia a reclamação dos amigos dando pouca importância, e teria permanecido assim se não tivesse percebido um estranho silêncio ao seu redor. Olhou em volta, seguindo os olhares dos outros estudantes e então percebeu o que tanto chamava a atenção: um rapaz estava no telhado ameaçando se jogar.
– Mas que mer... – Allen começou a murmurar quando viu a cena, mas não conseguiu terminar a frase quando percebeu o que estava prestes a acontecer.
Laura gritou derrubando o celular enquanto cobria o rosto com as mãos, apertando os olhos com força, evitando ver o corpo caindo, sendo imitada por uma Hellen igualmente horrorizada.
Já Javier, este permaneceu impassível - ao menos, aos olhos dos outros -, imóvel, como se seu corpo tivesse endurecido. E por um momento, houve total silêncio, mesmo que as pessoas corressem gritando ao seu redor. Encarou o rapaz caído no chão, percebendo seu semblante agonizante e trêmulo, o peito ainda se movendo fracamente, subindo e descendo, expelindo sangue pela boca.
Há muito tempo, o avô de Javier havia contado que todas as pessoas que tentavam terminar suas vidas se jogando de prédios acabavam por se arrepender devido à forte dor, e havia acabado de confirmar aquelas palavras com seus próprios olhos.
Não era plácido como nos filmes.
Num gesto mecânico, pescou o celular no bolso e discou o número da emergência, informando em poucas palavras o que havia acontecido, mas antes que a atendente pudesse perguntar mais alguma coisa, encerrou a ligação.
Desviou seus olhos do corpo e tornou a observar o terraço, confirmando seus pensamentos ao ver o vulto de uma segunda pessoa lá em cima. Sem dizer nada, começou a caminhar naquela direção, passou pelos professores que dividiram-se em prestar socorro ao estudante e ligar para a emergência, e seguiu pelos corredores quase vazios - todos estavam lá embaixo -, subiu os seis lances de escada. Seria tempo suficiente para se acalmar, mas não foi o que aconteceu.
“Pelo visto, você conseguiu o que queria…” Pensou consigo mesmo enquanto empurrava a porta de metal. Aquele era um local onde os estudantes costumavam se esconder para fumar, mas naquele momento, era uma cena de crime.
- Satisfeito? Questionou quando seus olhos se encontraram aos do outro rapaz. - Falei pra parar com essa merd*, Matteo.
- E-eu não achei que ele realmente fosse se jogar… - O rapaz gaguejou esboçando um sorriso dclaramente de desespero. - Porr, meu pai vai me matar.
- Deveria… - Javier disse num tom baixo, quase um sussurro.
- Que? Matteo engasgou enquanto questionava. - Qual é cara, todo mundo comete erros…
- Erro? Javier repetiu erguendo uma sobrancelha, esperava ouvir algo que o fizesse acreditar no ex-amigo, mas apenas estava vendo-o se afundar ainda mais a cada palavra dita. - Fala como se tivesse perdido dinheiro num caça-níquel.
- Olha cara, relaxa, meu pai vai resolver isso! Matteo exclamou rindo nervoso, mais para si do que para o outro.
- Esse é o problema. - Javier retrucou enquanto afrouxava a gravata e arregaçava as mangas da camisa. - Alguém precisa te dar uma lição no lugar dele, não?
E não esperou por uma resposta. Sem aviso algum, o golpeou com um soco certeiro no estômago, tão forte que o derrubou imediatamente. Ergueu a cabeça, encarando o céu por alguns segundos, então, fechou os olhos enquanto soltava o ar pela boca.
Depois de alguns minutos, tornou a encarar o outro.
- Reze para que ele sobreviva! Exclamou num sussurro, em tom de ameaça.
Quando estava prestes a chutá-lo, ouviu passos às suas costas, olhou para trás e notou os outros amigos que se aproximavam às pressas, olhos arregalados como se temessem presenciar algum crime.
Allen se aproximou, encarando-o como se pedisse permissão, e como não foi impedido, agachou-se ao lado de amigo machucado, ajudando-o a levantar, e ambos caminharam para longe a passos trôpegos.
Laura os observou indo embora, então voltou-se a Javier:
- Vamos… você deveria tomar algo e se acalmar… - Sugeriu, seu tom soando com alguma insegurança, pois não estava certa de que ele a ouviria.
Contudo, estranhamente ele o fez. Desceram as escadarias novamente, em completo silêncio e somente dentro da cafeteria, já com os cafés em mãos, foi que enfim, a moça puxou assunto.
- Achei que não se importasse… - Laura comentou enquanto retirava a gravata do amigo, que havia rasgado com o puxão violento.
- Não me importo! Ele respondeu seco enquanto bebia seu americano. - Matteo andava conosco, suja a imagem de quem o cerca com aquele comportamento estúpido.
Laura sentiu um arrepio ao ouvir isso. Conhecia Javier há anos, mas às vezes, tinha medo dele. Mas antes que pudesse dizer algo, ambos receberam uma mensagem no grupo departamental do colégio, avisando de uma reunião emergencial, por motivos óbvios.
Quando voltaram, o estudante já havia sido socorrido, restando apenas as manchas de sangue no chão, e alguns policiais que começavam a perícia. Encontraram Allen no pátio, sozinho, e ficaram ainda algum tempo observando as filas diminuíram para entrar no auditório.
- Matteo está bem? Laura perguntou baixinho, como se temesse ser repreendida.
- Tomou remédios… - Allen sussurrou de volta.
Ela, a todo tempo, evitava olhar o local do acidente, mas assim que seus olhos pousaram sobre ele, a cena horrenda repassou por sua mente, deixando-a enjoada.
- Acha que ele vai sobreviver? Perguntou baixinho.
- Dessa altura? Allen retrucou, fazendo uma negativa com a cabeça. – É surpreendente ter sido socorrido ainda.
Percebendo que havia deixado a amiga angustiada, ele ainda tentou amenizar suas palavras, mas arregalou os olhos engolindo em seco quando viu uma dupla de policiais se aproximando.
- Achei que não haveria policiais já que foi suicídio… - Murmurou assustado, chegava a gaguejar. - Se for investigado, saberão que estivemos lá encima.
Estava tão nervoso que teria saído correndo se Javier não tivesse o segurado pelo braço. Encarando-o como se dissesse: não seja estupido, só vai parecer mais suspeito.
Atenção!! Olá caro(a) leitor(a), este capítulo contém descrição gráfica de violência, depressão e suicídio, por favor, prossiga com cuidado ou pule o capitulo caso o afete. Enfim, boa leitura. Eliot caminhou desviando da pequena multidão que o cercava, curiosos, mas mais interessados em seguir com suas próprias vidas. Parou em frente à cena coberta por fitas amarelas e colocou as mãos dentro dos bolsos, observando a perícia trabalhar. – O que temos aqui? Questionou observando as manchas de sangue ainda no chão. – Rapaz, 16 anos, se jogou do terraço há uma hora… – A detetive, Marien, explicou lendo o que estava descrito na ocorrência. – Houve denúncias de bullying. – E o corpo? O homem inquiriu calculando a altura daquele edifício. – Não morreu, mas está em estado crítico… – Ela disse enquanto mostrava as fotos tiradas no momento do resgate. Eliot concordou maneando com a cabeça, então, ergueu seus olhos, ficando atento a um pequeno grupo de estudantes que os observava de lon
Como já era de se esperar, nada foi comentado pela família sobre o que aconteceu no colégio de Javier, e Caroline só acabou descobrindo por causa dos cochichos das empregadas. Contudo, o que de fato povoava seus pensamentos era algo mais urgente: iria conhecer a família de Viktor, e eles estavam preparando a cerimônia do casamento. A viagem de avião foi longa e era meio da noite quando, enfim, chegaram a Moscou, e assim, que colocou seus pés no solo russo, o vento frio deu as boas vindas a Caroline enquanto descia do avião segurando no braço do noivo. E mesmo com os flocos de neve cobrindo seus ombros, ele não demonstrava nenhum sinal de estar sentindo frio. Seus olhos cristalinos fitaram a futura companheira e então, como se lesse seus pensamentos, retirou o próprio casaco e colocou nela. Seguiram por uma longa estrada coberta por neve, rodeada de bosques escuros e árvores sombrias, que os faróis iluminavam parcialmente, e a única coisa que podia ouvir era o outro carro que vinha a
Supersticiosa como era, Caroline não conseguia ignorar o mau pressentimento que incomodava suas entranhas. Quis sugerir que mudassem a rota ou o destino, mas não conseguiu o fazer pois, ainda não se sentia tão à vontade com o noivo para falar de algo que considerava bobo. Porém, suas suspeitas de que algo estava errado foram confirmadas quando percebeu que Viktor também observava os outros transeuntes, e os seguranças ficavam mais próximos, com as mãos sobre o paletó, claramente prontos para pegar seus revólveres caso precisassem.Entraram no restaurante e sentaram-se num local reservado, que tinha vista privilegiada através de uma grande janela de vidro, mas que aparentava ser reservado. Parecendo tentar distraí-la, Viktor pediu um vinho para saborearem enquanto esperavam o prato principal. Trocaram algumas poucas palavras, coisas simples sobre a arrumação do casamento, jantaram e então, continuaram a viagem. Enquanto saiam do local, Viktor fez questão de que andassem de braços dad
Caroline observou a vista que tinha dos alpes, a beleza do lugar escolhido para a lua de mel era de tirar o fôlego. Seus olhos recaíram sobre a aliança no dedo anelar e lembrou da cerimônia ocorrida pouco tempo antes: luxuosa, deslumbrante e rápida - as famílias pareciam apressadas em casá-los -, talvez por conta do incidente.A Catedral de São Basílio era ainda mais imponente de perto, deixando-a toda arrepiada, caminhou pelo tapete coberto por pétalas vermelhas, acompanhada pelo pai e quando finalmente se viu diante do homem que a aguardava no altar, seu coração acelerou e seus joelhos tremeram.Não queria admitir, mas já havia se apaixonado por ele.Seus olhos verdes recaíram sobre a mão que lhe era estendida, ficou hesitante por um momento, mas quando finalmente a tocou, sentiu o aperto firme que foi capaz de sustentá-la. Deu um passo à frente, e aos poucos um sorriso se desenhou em seus lábios enquanto trocavam um olhar significativo.Ele poderia não amá-la, mas havia sido cativa
Sexta-feira e Manoela se via atarefada até o pescoço. Andava apressada pelo corredor, braços ocupados com roupas para passar, quando, de repente, sentiu seu corpo sendo agarrado e erguido do chão, soltou um gritinho com os susto, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, o homem que a segurava, a carregou para seu quarto.– Que susto… não faça isso! Ela murmurou quando ele finalmente a colocou no chão. – Alguém vai acabar nos vendo…O perigo daquela situação a deixava animada, mas o medo das consequências a mantinha sempre atenta.– Fod*-se! Ele resmungou dando de ombros enquanto roubava-lhe um selinho que logo, se transformou em beijos pelo pescoço.Javier sentiu o cheiro da pele da jovem por um tempo e quando, enfim, a encarou, havia um sorriso satisfeito em seu rosto.– Está usando o perfume que te dei? Questionou, sua voz rouca soando sedutora. – Gostei disso… – Bem, sim… – Ela confirmou sentindo o rosto esquentar, mesmo que não estivesse gostando muito de como aquilo parecia.
Manoela enrolou e acabou não contando a verdade. Mas não esperava que a resposta de Javier fosse um tratamento de gelo, o rapaz simplesmente passou a agir como se não a conhecesse - ela não sabia, mas era a forma que ele havia encontrado para não surtar com a situação - no fim, ambos não sabiam como se comunicar. Um comportamento bobo que logo gerou um mal-entendido. A moça não podia estar mais deprimida, as coisas pareciam estar indo de mal a pior nos últimos dias. Não demorou muito para começar a se questionar sobre o relacionamento deles: Era somente mais uma? Ele havia se cansado? Para completar a tragédia, aquele dia estava especialmente difícil. A família estava preparando um jantar de aniversário do filho mais velho, e isso resultava em trabalho dobrado. Além disso, Rachel, a governanta, parecia especialmente interessada em retirar seu suor. Quando enfim, terminou de passar as roupas, seus cabelos grudavam no rosto de tanto calor, tentou prendê-los, mas o elástico arrebe
Eliot caminhou pelo salão cheio de pessoas, sorriu de canto enquanto observava o sobrinho que ainda ensaiava alguns golpes no ar, era como um mini lutador que, agora, ostentava uma pequena medalha que balançava em seu pescoço. Saiu de seus devaneios quando ouviu o cunhado resmungando: – Você trabalha demais, precisa relaxar um pouco… – Maxwell explicava gesticulando animadamente com as mãos. – Aliás, obrigada por vir comigo ver a luta do meu filho. – Não perderia a luta do meu único sobrinho… – Eliot respondeu com um sorriso gentil, bagunçando os cabelos do menino, mas logo seus olhos se voltaram ao cunhado novamente. – Mas, afinal, porque você colocou ele numa academia de muay thai? – Foi sugerido pela escola, disseram que ajudaria no controle da raiva. – O outro homem respondeu dando de ombros, para ele não era algo tão relevante. – E ele leva jeito… A conversa dos adultos foi interrompida quando Thomas, a criança, sorriu puxando o casaco do pai, pedindo para ver a luta dos pa
Caroline mal retornou da lua de mel e já estava precisando posar para a celebração da sociedade novaiorquina. Caminhou pelo enorme salão decorado e luxuoso, deslizando a ponta dos pelos pelas paredes, queria tomar um pouco de ar sozinha depois de tanta atenção.Contudo, seus planos foram frustrados quando ouviu uma voz feminina soando às suas costas, virou-se e viu uma dupla de mulheres usando vestidos de mesmo tom cor de rosa. Loiras e sorridentes, legítimas patricinhas.– Excelente escolha de vestido, a seda realmente combina com você! Uma delas disse apontando com o indicar, séria, como se tivesse certeza do que falava.– Verdade… - A outra concordou balançando a cabeça, então, um sorriso provocativo surgiu em seu rosto enquanto se aproximava. – Diga-me, ele é ciumento? O tamanho dessa aliança diz muito… Caroline sorriu de canto, bebericou mais um pouco de seu champanhe e deu uma leve piscadela como resposta. Se perguntava em que contexto Meredith havia se aproximado de tamanhas f