Mônica

“Está curtindo suas pequenas férias, amada esposa?”

Sua voz fria, calma trava cada nervo do meu corpo, me fazendo virar praticamente uma estátua de madeira. As lágrimas que antes vinham por tristeza e incerteza, são substituídas pelas de medo e pavor. Aquele homem, que eu achava que conhecia como a palma da minha mão, cada textura do seu corpo, cada som que fazia, cada cheiro, cada humor… hoje é como se fosse um completo estranho. Sinto como se visse ele bem na minha frente, com seu copo de whisky, sentado na sua cadeira de couro do escritório, sem seu terno, somente de camisa social branca, gravata e calça social preta. Consigo ver até o meio sorriso que ele faz ao tentar não expressar todo o ódio que está sentindo neste momento.

— Ronald…

— Ahhh, pensei que não se lembraria mais que tem um marido!

— O que você quer? – Tento controlar minha voz para não parecer ser tão vulnerável.

— O que eu quero? – Ele solta uma gargalhada medonha.– Eu só acho que acabou essa palhaçada e