Isabella fitou Henrique sem reação. Ela ainda estava em cima dele, mas por algum motivo não sentia vontade algum de se levantar. Ela queria continuar a olhar os belos olhos verdes dele. Os murmúrios começavam a aumentar fazendo com que os dois percebessem onde estavam. Henrique retirou as mãos das costas dela, enquanto a encarava e por algum motivo não sentiu vontade de afastá-la, mas sim de deixá-la perto de si.
–Rick? – Oliver disse ao aproximar-se do casal no chão – vocês estão bem? Belo magnetismo o de vocês, tão forte que os levou ao chão – brincou ao oferecer a mão a Isabella. Ela segurou a mão do homem a sua frente de forma desajeitada, enquanto sentia as faces queimarem. Ela não havia imaginado que algo como aquilo poderia acontecer com ela.
Ao se levantar Henrique percebeu todos os olhares sobre si e ao olhar para a mulher ao seu lado uma raiva apoderou de si. Ele segurou o braço dela com mais força que pretendia e a saiu puxando pela festa. Oliver terminou de beber o seu drink, enquanto fingia estar tudo bem, mas em seu intimo encontrava-se curioso com o que havia acontecido.
Henrique puxava Isabella consigo fazendo com que todas as pessoas abrissem espaço para eles passarem.
–Ei... Sr. Avellar poderia me soltar? – Isabella falou um pouco tremula ao vê-lo ir em direção ao banheiro – Acho que preciso me desculpar, mas não precisamos chegar ao extremo, não é mesmo? – indagou ao olhar para trás repudiando John por não tê-la seguido e a ajudado. Seu rosto ficou pálido ao ver seu suposto marido abrir a porta do banheiro masculino e a colocar dentro dele, entrando e trancando a porta em seguida. – É... Não sei o que pretende, mas... Por incrível que pareça aquilo foi um acidente, apenas um equivoco. – falou tentando sorrir – podemos apenas esquecer, não acha?
–Quem é você? – Henrique perguntou ao cruzar os braços em frente ao seu corpo tentando bloquear as lembranças do beijo dela.
–S... Sou Isabella, mas pode me chamar de Bella.
–Isabella – repetiu sério – e o seu sobrenome?
–Stuart. Mas estou sendo interrogada ou é impressão minha?
–Porque me beijou? Admito que sou um solteiro cobiçado, mas não está exagerando? Me beijar na frente de todo mundo foi um exagero. Se me queria tanto bastava me dar o seu numero – a olhou de cima a baixo, avaliando-a – admito que não faz meu tipo, mas posso abrir uma exceção.
–Não pode estar falando sério – disse incrédula – acha mesmo que eu iria querer ter algo com alguém como o senhor? É a primeira vez que vejo um homem tão narcisista e arrogante.
–Estamos empatados, pois é a primeira vez que vejo uma mulher como a senhora.
–Senhorita – o corrigiu.
–Que seja – murmurou ao encará-la – e então porque me beijou? – após alguns segundos algo lhe passou pela cabeça – Há alguns dias, soube que um boato anda rondando a cidade – ao vê-la o encarar com curiosidade prosseguiu – uma mulher anda espalhando que eu sou o seu marido, não seria a senhorita, seria?
–Hã – sorriu sem graça ao mexer em uma mecha que teimava em soltar-se de seu cabelo – eu nem lhe conhecia como poderia dizer algo tão ridículo assim? Além do mais não estou desesperada para sair mentindo por ai –“Mas na hora eu estava, não era mesmo?” pensou ao olhar para ele tentando manter-se séria.
–O engraçado é que, provavelmente, a mulher que espalhou essa mentira também não deve me conhecer, pois se me conhecesse saberia que não costumo perdoar mentiras e muito menos ser enganado.
–Então boa sorte com isso – falou ao tentar passar por ele, mas ele não se moveu, ficando parado em sua frente – eu preciso sair.
–Ainda não.
–Precisa falar algo a mais?
–Falar? Pode-se dizer que sim – andou em sua direção e ao vê-la recuar tentou não sorrir. Isabella sentiu a fria parede em suas costas e olhou em volta em busca de algo. O banheiro onde estava possuía duas cabines, uma parede com alguns mictórios, uma pia grande de mármore preto. Ela se encontrava de frente para a pia, pelo seu reflexo pode perceber suas bochechas coradas e seus olhos brilhando. Ela não tinha como esconder que havia se atraído por ele. Henrique a prendeu contra a parede, colocando uma mão em cada lado e sorriu. Um sorriso cheio de promessas e malicia.
–O... O que pensa que está fazendo? – Isabella perguntou tremula ao percebê-lo aproximar o seu rosto do dela. O seu coração começou a bater descompassado ao vê-lo fechar os olhos e selar os seus lábios sobre os dela. Isabella levou as mãos sobre o tórax dele a fim de afastá-lo, mas só conseguiu sentir os seus batimentos cardíacos. Inevitavelmente seus olhos fecharam e a sua boca abriu-se para dar passagem para a língua dele. Seus braços envolveram o pescoço de Henrique ao mesmo tempo em que ele segurava a sua cintura, a apertando contra a parede. Seus corpos apenas sentiam um ao outro. Estavam tão inebriados pela paixão que não escutaram as batidas incessantes na porta até uma voz, conhecida, chamar por Isabella.
Como se o encanto fosse quebrado, ela o afastou rapidamente e sem pensar bateu em sua face, viu o rosto dele avermelhado, mas preferiu ignorar e ir em direção a porta.
–Abra esta porta – ela disse séria para o homem que a olhava impassivelmente.
–Vou abri-la, mas antes disso não vai dizer por que me beijou?
–Não houve um motivo, foi apenas um acidente – falou cansada – além disso porque me beijou? Não me lembro de ter lhe dado permissão.
–Fiz para lhe dar uma lembrança de despedida.
–Como?
–Apenas fique feliz, mas não espere nada demais disso. – disse ao ir em direção a porta e a abri-la – foi ótimo conhecê-la, Isabella Stuart.
–Arrogante – disse ao passar por ele. Ergueu a cabeça, passou por John sem lhe dizer a palavra e foi embora o mais rápido que conseguiu. “A noite foi um desastre e para piorar me senti atraída pelo homem arrogante, narcisista e o mais sedutor que já conheci” lamentou-se ao entrar no primeiro taxi.
***
Alice estranhou ao acordar e não ver Bella feliz tomando café. Algo lhe dizia que a noite havia sido mais turbulenta do que havia imaginado. Deu de ombros ao bater na porta de Isabella e ao entrar segurou o riso ao vê-la sentada no chão coberta pelo grosso lençol rosa.
–O que houve? – perguntou ao sentar na cama – como foi ontem a noite?
–Um desastre. Vou ter que ir embora, me mudar. Nicole vai continuar me humilhando, mas desta vez com razão – lamentou-se ao lembrar de toda a cena da noite passada.
–Não pode ter sido tão ruim.
–Poderia não ser... Se eu não tivesse caído em cima de Henrique Avellar, o beijar e em seguida ser levada para dentro do banheiro masculino, onde ele me acusou, indiretamente, de estar espalhado uma mentira sobre sermos casados.
–Como conseguiu cair em cima dele? E isso foi antes ou depois de o beijar? Estou confusa – falou ao tentar imaginar a cena.
–Foi tudo junto. Não quero sair deste quarto. Nunca Mais – disse as ultimas palavras gritando ao colocar a coberta sobre a sua cabeça.
–Não seja tão dramática – Alice disse sorrindo – além do mais, Nicole nunca saberá o que aconteceu. E foi você que mentiu sobre estar casada com ele.
–Eu precisei fazer isso - defendeu-se.
–A desculpa do cego é não poder enxergar - Alice murmurou. - De qualquer forma ninguém saberá o que aconteceu nessa festa.
–Você acha? – perguntou esperançosa, mas antes que Alice pudesse falar algo o celular de Bella tocou. Ela o atendeu sem ver o identificador de chamado, arrependendo-se em seguida – Nicole, como vai?
–Bem... Estou impressionada contigo Bella – falou divertida do outro lado da linha.
–Como? – Bella indagou confusa.
–Quando me falou sobre o seu casamento, imaginei ser mentira, mas parece que estava enganada. Parabéns pelo casamento falando nisso devemos nos encontrar, os quatro, para sairmos ou jantar. Seria ótimo. A propósito sua foto na revista esta bem peculiar. Tenho que ir, adeus Bella – Nicole disse desligando deixando Isabella confusa.
–Do que ela estava falando afinal? – perguntou-se ao ver Alice sair do quarto e voltar com um sorriso no rosto e uma revista em mãos. – O que houve?
–Parabéns, Senhora Avellar – Alice disse divertida ao entregar a revista a ela – só quero saber o que pretende fazer agora.
Isabella pegou a revista sem acreditar no que estava lendo.
O Casamento secreto do notório solteiro?
Todos pensamos que Henrique Masen Avellar não seria laçado tão cedo, mas aparentemente estávamos enganados. Há alguns dias soubemos de um boato sobre ele ter se casado em segredo com uma jovem mulher, curiosamente ele foi visto aos beijos de uma forma nada discreta com uma mulher em uma festa. Quem será ela? Serão os boatos verdadeiros?
–Meu Deus – ela murmurou ao ler com um sorriso no rosto – estou salva. Estou Salva – gritou animada levantando-se. Começou a pular pelo quarto jogando a revista no chão sem perceber que Alice balançava a cabeça em reprovação.
–Só espero que esse Henrique não resolva vir atrás de você. Como consegue ficar tão feliz ao ver a sua mentira ficar tão grande? Não sei se rio ou choro diante disso – Alice falou pegando a revista, mas deu-se por vencida e sorriu ao ver a felicidade de Bella, mas algo lhe dizia que aquela historia estava apenas começando. - Como ela pode estar feliz ao ver essa foto? - Alice indagou ao ver a foto onde os dois estavam caidos no chão se beijando.
Oliver sorriu descontraído ao ver a reportagem na revista e pela primeira vez sentiu pena de seu amigo, Henrique que estava com o olhar distante e o semblante preocupado.–O que vai fazer? – Oliver perguntou ao colocar a revista em cima da mesa de Henrique – Essa hora todos devem estar comentando.–Eu sei – Henrique murmurou sem vontade ao pensar na hipótese de Regina descobrir – mas antes de fazer algo preciso saber quem começou com os rumores. Oliver, você poderia me ajudar nisso?–Como?–Investigue onde, com quem e como começou esse boato de meu casamento. Preciso saber com quem estou lidando antes de pedir uma retratação a revista.–Entendi. Considere feito, mas... A mulher da festa, o que vai acontecer com ela?–Nada – falou calmo – irei me desculpar pelo transtorno e só.Oliver as
–Se não há provas Sr Avellar, não temos como processá-la – o advogado de Henrique disse sério ao guardar alguns documentos em sua pasta – aconselho a conversar com a Srta Stuart e a partir daí entrarem em um consenso.–Entrar em um acordo com aquela mulher? Jamais – disse firme ao andar pelo escritório de seu advogado de confiança – Não há nada que eu possa fazer?–Apenas se tiver provas, mas como não existem. É inútil.–Mas ela anda espalhando que estamos casados. Isso é difamação. – falou alterado – como uma pessoa pode espalhar que esta casada com outra e não ser um crime? Isso tem alguma lógica?–Eu imagino o quanto seja frustrante, mas não posso fazer nada. Não nessas circunstancias – sorriu levemente – converse com ela. Tenho cer
–Proposta? Muito bem, estou lhe escutando – Henrique disse polido ao indicar a cadeira para Isabella sentar-se em frente a sua mesa. Assim que Henrique viu Isabella em frente a ele, sentiu que algo acabaria mal, mas resolveu ir contra os seus instintos e a convidou a entrar em sua sala.–Bem.. Sr Avellar, fico feliz por ter me recebido – enrolou com medo de falar o motivo de sua ida ao escritório dele.–Srta Stuart, espero, sinceramente, que a proposta que veio me fazer abranja disseminar a verdade. Não quero continuar sendo visto como um homem casado.–Eu entendo – murmurou respirando fundo – Sim, a proposta é sobre isso também.–Estou lhe escutando – falou ao sentar-se em sua cadeira, olhando-a friamente. Algo nela o deixava inquieto sem motivo.–Bem, antes de que dizer a minha proposta gostaria de esclarecer que não fui eu quem come&c
Henrique Avellar, um dos mais notórios homens de negocio de Los Angeles, ajeitou o seu paletó antes de entrar em um dos restaurantes mais caros da cidade. Aquela noite, nada importava. Ele não se lembrava de Isabella Stuart e muito menos de ser conhecido como um homem casado. Para ele, o que importava era fechar o negocio com os gregos.–Boa noite – Henrique disse sério ao se aproximar de uma mesa com um casal – Sou Henrique Avellar, me perdoem o atraso.–Não tem problemas – o velho homem disse simpático segurando a mão de sua esposa por cima da mesa – enquanto esteve fora podemos conversar e isso foi muito bom.–São recém-casados? – perguntou sentando-se a mesa.–Somos casados há vinte e cinco anos – o homem disse sorrindo – nunca me canso de olhar para ela. – Disse como um verdadeiro apaixonado ao olhar para
Alice olhou perplexa para Isabella, a qual sorria descontroladamente há minutos. Desde que chegou do trabalho, ela olhou para Alice e gargalhou. Gargalhou de felicidade por poder tirar da face de Nicole toda a altivez dela.–Eu Consegui, Al – Isabella disse após parar de sorrir – Jackson finalmente irá se arrepender de ter a escolhido.–Como assim? Seu plano não era contra a Nicole? E o que está havendo afinal?–É obvio que quero mostrar a Nicole que não sou uma derrotada, mas seria muito bom ver um olhar de arrependimento dele, certo?–Isso esta parecendo que quer esfregar na cara dele que conseguiu alguém. Apenas isso. Sabe que não gosto disso, certo?–Eu sei – murmurou – mas.. Não é isso que penso, de verdade. Quero apenas me livrar desse sentimento de inferioridade. Apenas isso e nada mais.–Esta bem &n
Henrique arrumou os papeis em sua mesa com precisão. Olhou para o relógio se perguntando como Regina estaria e o que estaria fazendo naquele instante. Eles já estavam longe um do outro há mais de um ano e por mais que tentasse não conseguia, e nem queria, esquecê-la. O seu dia havia começado bem e nenhum problema havia sido relatado em seus hotéis, o que era um ótimo sinal. Já estava indo ler outro relatório quando o seu secretario entrou pela porta com um sorriso no rosto.–O que deseja Bruce? – Henrique indagou confuso. Era raro ver aquele brilho de diversão em seus olhos.–Vim falar que tens uma visita.–E desde quando recebo alguém sem estar na agenda?–Imaginei que teria um tempo para sua esposa, Sr Avellar – Bruce falou sério. Henrique já estava prestes a desmenti-lo quando se lembrou do contra
Alice meneou a cabeça ao ver Isabella retirar um vestido da sacola de uma butique cara. Ela não conseguia entender ou imaginar ate aonde a mentira iria.–Não está exagerando? – Alice indagou ao ver Isabella sorrir para si mesma em frente ao espelho – não acha que deveria contar a verdade agora?–É obvio que não – disse entusiasmada. – Mostrarei a Nicole que ela nunca mais pisará em mim.–Ela não pisou em você – a lembrou.–Pisou sim. Ela sabia quanto eu amava Jackson e mesmo assim... Fez questão de tê-lo para ela.–Bella, se ele gostava de você não acha que ele teria feito algo?–Não – falou rápido – ele era tímido.–Acho que está apenas tentando se enganar.–E eu acho que você precisa conhecer alguém.
Henrique levou o copo de uísque aos lábios. Vislumbrou a noite estrelada da janela de seu apartamento pensativo. A expressão de Isabella ao beijá-lo ainda permeava em sua mente deixando-o ansioso de uma forma estranha.–Isso é ridículo – murmurou para si mesmo ao afrouxar a sua gravata – a única que eu amo é Regina. Apenas ela e ninguém mais.***Oliver entrou com um largo sorriso na sala de Henrique logo que chegou ao hotel. A sua felicidade era perceptível a milhas de distancia.–Conte-me tudo – disse entusiasmado ao se sentar na cadeira em frente a mesa de Henrique – como foi o jantar?–Começo a achar que não é meu amigo – o olhou severamente antes de dar de ombros – foi um desastre.–O que houve?–A louca se atreveu a me beijar pra impressionar a sua amiga.&n