–Proposta? Muito bem, estou lhe escutando – Henrique disse polido ao indicar a cadeira para Isabella sentar-se em frente a sua mesa. Assim que Henrique viu Isabella em frente a ele, sentiu que algo acabaria mal, mas resolveu ir contra os seus instintos e a convidou a entrar em sua sala.
–Bem.. Sr Avellar, fico feliz por ter me recebido – enrolou com medo de falar o motivo de sua ida ao escritório dele.
–Srta Stuart, espero, sinceramente, que a proposta que veio me fazer abranja disseminar a verdade. Não quero continuar sendo visto como um homem casado.
–Eu entendo – murmurou respirando fundo – Sim, a proposta é sobre isso também.
–Estou lhe escutando – falou ao sentar-se em sua cadeira, olhando-a friamente. Algo nela o deixava inquieto sem motivo.
–Bem, antes de que dizer a minha proposta gostaria de esclarecer que não fui eu quem começou com essa mentira. De verdade – disse tentando sorrir – mas de alguma forma as coisas seguiram este rumo. Sinto muito. – ao vê-lo estático prosseguiu – eu gostaria de... Uma ajuda.
–Ajuda? – repetiu sem expressão – isso é alguma forma nova de pedir dinheiro?
–Oh não, não é nada disso. Só preciso que saia comigo e diga para uma pessoa que estamos casados, apenas isso. E eu prometo que falarei com quem quiser que não somos casados.
–Isso é alguma piada?
–Como?
–Vem ate mim, me propor fazer uma encenação e em troca irá acabar com a mentira que você mesmo começou? Esta louca?
–Eu não acho que entendeu, vou repetir e....
–Por favor, saia da minha sala.
–Mas..
–Apenas saia – vociferou – da próxima vez que nos vermos será em um julgamento. Nada mais e nada menos.
–Está exagerando Sr. Avellar. Eu lhe prometo que terminarei com essa mentira, basta apenas sair comigo, uma única vez.
–Sair com você? Prefiro levá-la aos tribunais. Sabe que isso soa como chantagem, não é?
–Ainda acho que está exagerando – falou sorrindo – mas vou deixar meu numero de telefone se mudar de ideia – retirou da bolsa um cartão de visitas e colocou sobre a mesa – Pode me ligar se mudar de ideia.
–Meus advogados irão entrar em contato com a senhorita. O mais breve possível.
–Pelo menos eu tentei – murmurou antes de virar as costas e sair da sala de Henrique. Ela não percebeu, mas todos no hotel estavam olhando curiosos para ela, pois para eles era a primeira vez que a esposa do grande Sr. Avellar ia lhe visitar no trabalho.
Assim que Isabella saiu da sala de Henrique, ele foi atrás de Oliver e o encontrou sorrindo para uma das recepcionistas no saguão do hotel.
–Aquela mulher vai me deixar louco – falou alto sem importar-se com os olhares curiosos que lhe eram lançados.
–Oh, Rick, o que houve? – Oliver perguntou sorrindo ao olhar para ele. Desde soube que Isabella havia ido atrás de Henrique, ele ficou preparado para escutar as lamurias de seu amigo. –é melhor sairmos daqui – Oliver disse ao olhar em volta e perceber que todos os funcionários estavam olhando para eles – não é todo dia que o frio Sr. Avellar perde a paciência. – brincou ao segurar em seu braço e levá-lo ate uma área reservada de espera. – Agora me diga o que houve – falou assim que se sentaram.
–Você não vai acreditar no que ela veio me propor – falou sem paciência ao se lembrar da cena – ela veio dizer que irá acabar com a mentira se eu sair com ela. Acredita nisso?
–É algo novo, mas não sei por que o nervosismo. Ela não será a primeira mulher a ficar afim de você. Apenas aproveite.
–Aproveitar? Está louco? Ela não faz o meu tipo e nunca sairia com alguém que precisa chantagear alguém para ter um encontro ou sabe- se lá deus o que isso seria.
–Deveria dar uma chance a ela.
–Ela está achando que pode brincar comigo. Simples assim.
–Acho que está exagerando. Porque não senta como uma pessoa normal e tenta falar com ela? Podem entrar em um acordo vantajoso para ambos.
–O único acordo que quero fazer é quando ela estiver no tribunal.
–Pela primeira vez conheci uma mulher que é capaz de lhe fazer perder a cabeça – falou sorrindo abertamente ao olhar a expressão incrédula de Henrique.
***
–Como foi? – Alice perguntou ao ver Isabella fechar a porta de casa com o semblante desesperado. – Pelo jeito não deu muito certo.
–Aquele homem é um louco. Eu fui na maior boa intenção lhe fazer uma ótima proposta, diga-se de passagem, e ele me mandou sair de sua sala. – falou ultrajada.
–Algo me diz que sua proposta não foi muito sensata.
–Claro que foi.
–E qual foi, apenas por curiosidade, é claro – Alice disse tentando segurar o riso ao ver Bela sentar-se em sua frente na poltrona na sala.
–Assim que eu cheguei lá disseram que eu era a senhora Avellar, acredita? – disse sorrindo ao lembrar-se da cena – mas então ele apareceu, sério como sempre. A minha proposta era dele sair comigo, uma única vez, e em troca eu iria desmentir qualquer coisa sobre sermos casados. Não é algo sensato?
–Eu não diria sensato, mas não foi uma má ideia – falou pensativa – e o que ele disse?
–Que irá me processar, como sempre. Acho que ele deve ter algum fetiche com isso. Nunca vi ninguém bater tanto na mesma tecla do que ele.
–Acho que o pobrezinho nunca conheceu alguém como você, Bella – Alice disse sorrindo – a vida dele deve ter sido.. Certinha demais.
–O que quer dizer com isso?
–Hum... Você é como um furacão. – ao vê-la piscar confusa continuou tentando não sorrir – antes de você aparecer tudo é calmo e tranquilo, mas apenas o seu nome já faz todos estremecerem. Quando você passa, tudo fica confuso, bagunçado, um desastre.
–Desse jeito vou achar que sou a confusão em pessoa, Lice.
–Mas você é minha amiga – sorriu abertamente – mas o que fará sobre Nicole?
–Fugirei dela como o diabo da cruz – decidiu ao pensar em Henrique – mas ele poderia ter sido mais gentil e aceitado a minha proposta. Eu só precisaria que Nicole nos visse juntos, apenas isso. – suspirou resignada e levantou-se do sofá – vou indo tomar um banho e preparar as lições para os alunos.
Alice assentiu e sorriu ao ver Bella caminhar em direção ao quarto com a cabeça baixa.
–Algo me diz que isto está longe de terminar – Alice sussurrou ao olhar para a revista onde Henrique e Isabella estavam na capa se beijando.
Henrique Avellar, um dos mais notórios homens de negocio de Los Angeles, ajeitou o seu paletó antes de entrar em um dos restaurantes mais caros da cidade. Aquela noite, nada importava. Ele não se lembrava de Isabella Stuart e muito menos de ser conhecido como um homem casado. Para ele, o que importava era fechar o negocio com os gregos.–Boa noite – Henrique disse sério ao se aproximar de uma mesa com um casal – Sou Henrique Avellar, me perdoem o atraso.–Não tem problemas – o velho homem disse simpático segurando a mão de sua esposa por cima da mesa – enquanto esteve fora podemos conversar e isso foi muito bom.–São recém-casados? – perguntou sentando-se a mesa.–Somos casados há vinte e cinco anos – o homem disse sorrindo – nunca me canso de olhar para ela. – Disse como um verdadeiro apaixonado ao olhar para
Alice olhou perplexa para Isabella, a qual sorria descontroladamente há minutos. Desde que chegou do trabalho, ela olhou para Alice e gargalhou. Gargalhou de felicidade por poder tirar da face de Nicole toda a altivez dela.–Eu Consegui, Al – Isabella disse após parar de sorrir – Jackson finalmente irá se arrepender de ter a escolhido.–Como assim? Seu plano não era contra a Nicole? E o que está havendo afinal?–É obvio que quero mostrar a Nicole que não sou uma derrotada, mas seria muito bom ver um olhar de arrependimento dele, certo?–Isso esta parecendo que quer esfregar na cara dele que conseguiu alguém. Apenas isso. Sabe que não gosto disso, certo?–Eu sei – murmurou – mas.. Não é isso que penso, de verdade. Quero apenas me livrar desse sentimento de inferioridade. Apenas isso e nada mais.–Esta bem &n
Henrique arrumou os papeis em sua mesa com precisão. Olhou para o relógio se perguntando como Regina estaria e o que estaria fazendo naquele instante. Eles já estavam longe um do outro há mais de um ano e por mais que tentasse não conseguia, e nem queria, esquecê-la. O seu dia havia começado bem e nenhum problema havia sido relatado em seus hotéis, o que era um ótimo sinal. Já estava indo ler outro relatório quando o seu secretario entrou pela porta com um sorriso no rosto.–O que deseja Bruce? – Henrique indagou confuso. Era raro ver aquele brilho de diversão em seus olhos.–Vim falar que tens uma visita.–E desde quando recebo alguém sem estar na agenda?–Imaginei que teria um tempo para sua esposa, Sr Avellar – Bruce falou sério. Henrique já estava prestes a desmenti-lo quando se lembrou do contra
Alice meneou a cabeça ao ver Isabella retirar um vestido da sacola de uma butique cara. Ela não conseguia entender ou imaginar ate aonde a mentira iria.–Não está exagerando? – Alice indagou ao ver Isabella sorrir para si mesma em frente ao espelho – não acha que deveria contar a verdade agora?–É obvio que não – disse entusiasmada. – Mostrarei a Nicole que ela nunca mais pisará em mim.–Ela não pisou em você – a lembrou.–Pisou sim. Ela sabia quanto eu amava Jackson e mesmo assim... Fez questão de tê-lo para ela.–Bella, se ele gostava de você não acha que ele teria feito algo?–Não – falou rápido – ele era tímido.–Acho que está apenas tentando se enganar.–E eu acho que você precisa conhecer alguém.
Henrique levou o copo de uísque aos lábios. Vislumbrou a noite estrelada da janela de seu apartamento pensativo. A expressão de Isabella ao beijá-lo ainda permeava em sua mente deixando-o ansioso de uma forma estranha.–Isso é ridículo – murmurou para si mesmo ao afrouxar a sua gravata – a única que eu amo é Regina. Apenas ela e ninguém mais.***Oliver entrou com um largo sorriso na sala de Henrique logo que chegou ao hotel. A sua felicidade era perceptível a milhas de distancia.–Conte-me tudo – disse entusiasmado ao se sentar na cadeira em frente a mesa de Henrique – como foi o jantar?–Começo a achar que não é meu amigo – o olhou severamente antes de dar de ombros – foi um desastre.–O que houve?–A louca se atreveu a me beijar pra impressionar a sua amiga.&n
Henrique olhou para o seu relógio com a sobrancelha franzida. Já fazia uns quarenta minutos em que sentia um mal estar. Levou a mão a sua barriga e recriminou a si mesmo por ter provado a comida de Isabella.–Maldita hora em que fui confiar nela – resmungou ao levantar-se de sua cadeira. Estava indo para o seu banheiro privativo quando seu secretario surgiu segurando uma agenda. – Depois – disse mal humorado.–Mas.. precisa ir para a reunião agora.–Reunião? Que se dane.. estou muito ocupado – a medida que andava em direção ao banheiro sentia o seu secretario o seguir – eu estou indo, droga Bruce – deu-se por vencido ao respirar profundamente. – “O que eu estou sentindo é apenas azia.. azia”repetiu inúmeras vezes ao seguir o seu secretario pelo hotel implorando aos céus para que isso fosse verdade.
Henrique olhou para o seu reflexo no espelho do banheiro e lastimou-se pelo seu estado. Seus olhos estavam sem brilho e sua face pálida. Molhou o seu rosto na água gelada da pia e suspirou implorando aos deuses que Isabella, seu pesadelo, já tivesse ido embora e lhe deixado em paz. Abriu a porta do banheiro temeroso. Saiu apreensivo e ao escutar um barulho na cozinha, segurou-se para não gritar em frustração. Caminhou em direção a cozinha encontrando Isabella de costas para ele, colocando algo no fogão.–Realmente veio terminar o serviço sujo – Henrique disse assustando Isabella, a qual virou-se segurando a colher. Olhou para ele e sorriu levemente – Esta preparando alguma comida envenenada? Deve ter esquecido de acrescentar algum ingrediente mais cedo, não é?–Me parece estar melhor – comentou mentindo ao ver a palidez em seu rosto – porque n&a
Nicole olhou para Jackson com desprezo ao vê-lo chegar em casa carregando uma pilha de papeis. O ignorou continuando a assistir o programa em sua televisão, o viu passar por trás dela tendo consciência do olhar entristecido dele, entretanto optou por fingir que nada via.–Nicole, o que tem para comer? – Jackson perguntou ao retirar a sua gravata e seu paletó após depositar os papeis em cima da mesa.–Veja na cozinha, Jack – respondeu sem olhar para ele. – Isabella teve muita sorte em casar-se com Henrique, quem iria imaginá-la tão bem de vida agora. – comentou sem olhar para o semblante de seu marido, o qual demonstrava arrependimento. Arrependimento por não ter dito a sua amada que a amava.“Pena que seja tarde”pensou ao sentar-se e começar a trabalhar tentando esquecer-se da forma que o consumia. A fome de ser amado.*