Alice olhou perplexa para Isabella, a qual sorria descontroladamente há minutos. Desde que chegou do trabalho, ela olhou para Alice e gargalhou. Gargalhou de felicidade por poder tirar da face de Nicole toda a altivez dela.
–Eu Consegui, Al – Isabella disse após parar de sorrir – Jackson finalmente irá se arrepender de ter a escolhido.
–Como assim? Seu plano não era contra a Nicole? E o que está havendo afinal?
–É obvio que quero mostrar a Nicole que não sou uma derrotada, mas seria muito bom ver um olhar de arrependimento dele, certo?
–Isso esta parecendo que quer esfregar na cara dele que conseguiu alguém. Apenas isso. Sabe que não gosto disso, certo?
–Eu sei – murmurou – mas.. Não é isso que penso, de verdade. Quero apenas me livrar desse sentimento de inferioridade. Apenas isso e nada mais.
–Esta bem – disse após pensar – mas.. Henrique aceitou a sua, louca, proposta?
–Por incrível que pareça sim. Não sei bem o que houve e na verdade entendo cada vez menos, mas ele veio ate mim dizendo que aceitava. Isso é maravilhoso.
Alice apenas sorriu. Ela tinha a impressão que aquela rede de mentiras não acabaria nada bem.
***
Henrique jogou-se no sofá de sua casa frustrado. Por mais que tentasse falar a si mesmo que aquela seria a melhor opção em sua situação. Não conseguia.Ele estava odiando a si mesmo por depender de uma, completa, estranha com tendências de Stalker (perseguidora) para conseguir um contrato valioso. Olhou para o teto, fechando os olhos em seguida. A primeira imagem que lhe veio a cabeça foi de Regina sendo seguida por Isabella.
–Esta mulher louca – murmurou pensativo. Ele não sabia o que aguardava, mas tinha a impressão de que não gostaria nenhum pouco.
***
A loja de café perto do colégio onde Isabella lecionava encontrava-se vazia naquela hora com exceção do homem sério trajado formalmente, o qual bebia o seu café com lentidão ao mesmo tempo em que olhava incansavelmente para o relógio em pulso. Ele odiava atrasos. Quando já estava se erguendo para ir embora avistou o seu tormento entrar pela porta da cafeteria.
Ele esperou, aparentando calma, ate ela sentar-se em sua frente com um grande sorriso nos lábios.
–Me perdoe pela demora, um dos meus alunos teve um problema – esclareceu pela metade sorrindo – obrigada por ter vindo.
–E tinha algum outro jeito? – resmungou de mau humor.
–Eu vou entender isso como algo positivo.
–Que seja – revirou os olhos demonstrando sua impaciência – o que quer afinal senhorita Stuart?
–Imaginei que deveríamos nos tratar pelos nossos nomes já que seremos casados, temporariamente – abriu a sua bolsa retirando dois papeis – aqui está – estendeu para ele – este é o seu contrato e este aqui – mostrou o dela – é o meu. Leia veja se há algum problema com os termos e em seguida, assine, por favor.
Henrique respirou profundamente ao pegar o papel da mão dela. Ele esperava algo rebuscado, repleto de parágrafos onde qualquer situação sua pudesse render-lhe algum dinheiro, surpreendendo ao ver três tópicos, simples.
1 – É terminantemente proibido trair a esposa(o) no período de quatro meses.
2 – É de extrema importância que um se disponha a ajudar o outro quando precisar.
3 – No final dos quatros meses eu, Isabella, irei dizer a verdade sobre estarmos casados.
–Estou em duvida se o autor deste contrato é uma criança do fundamental ou um adolescente – disse pasmo. Para ele, Isabella Stuart não passava de uma mulher infantil com complexo de inferioridade.
–Não precisa ser tão rabugento. Basta assinar – falou assinando o papel, entregando a Henrique – essa é a sua copia.
Ele suspirou antes de assinar o papel entregando a ela.
–Apenas isto?
–Por enquanto – sorriu.
Henrique não conseguia entender o motivo da mulher a sua frente ter inventado tamanha mentira por causa de uma amiga. Para ele, Isabella Stuart era alguém completamente sem sentido que deveria sair de sua vida o mais rápido possível.
***
Isabella caminhou animada pela livraria onde tinha se encontrado com Nicole. Agora não sentia mais medo de encontrá-la nos lugares, pelo contrario ficava ansiosa para esfregar em sua cara a sua felicidade. Caminhou pelos corredores ate parar na sessão de decoração. Ficou parada lendo algumas revistas entretida quando já estava indo embora esbarrou-se em alguém. Já ia pedir desculpas quando as palavras engasgaram em sua garganta.
–Bella... – a voz de Jackson Black soou divertida e charmosa como sempre havia sido para Isabella. Ela olhou perplexa para o homem a sua frente sem conseguir evitar um suspiro de admiração.
–Jack... Como está? E Nicole?
–Ela ficou em casa. Vim apenas comprar um livro que precisava – esclareceu olhando-a de cima a baixo com interesse – Quando vamos jantar os quatro? Estou curioso para conhecer o homem que roubou o coração da divertida Stuart.
Ela ficou parada tentando pensar em uma desculpa, mas lembrou-se em seguida que aquele havia sido um momento perfeito para esfregar a sua, suposta, felicidade.
–Que tal no sábado? Acho que Rick estará livre – falou natural tendo consciência de sua, mais nova, mentira. – “Quando acabar isso terei que me tratar. Nunca menti tanto com tamanha naturalidade antes” pensou alarmada.
–Falarei com Nicole. Eu te ligo para confirmar – disse abraçando-a afetuosamente – até mais – despediu-se sem perceber o coração acelerado da mulher a sua frente.
–Acho que sempre me sentirei assim ao seu lado – murmurou para si mesma ao vê-lo se afastar.
Henrique arrumou os papeis em sua mesa com precisão. Olhou para o relógio se perguntando como Regina estaria e o que estaria fazendo naquele instante. Eles já estavam longe um do outro há mais de um ano e por mais que tentasse não conseguia, e nem queria, esquecê-la. O seu dia havia começado bem e nenhum problema havia sido relatado em seus hotéis, o que era um ótimo sinal. Já estava indo ler outro relatório quando o seu secretario entrou pela porta com um sorriso no rosto.–O que deseja Bruce? – Henrique indagou confuso. Era raro ver aquele brilho de diversão em seus olhos.–Vim falar que tens uma visita.–E desde quando recebo alguém sem estar na agenda?–Imaginei que teria um tempo para sua esposa, Sr Avellar – Bruce falou sério. Henrique já estava prestes a desmenti-lo quando se lembrou do contra
Alice meneou a cabeça ao ver Isabella retirar um vestido da sacola de uma butique cara. Ela não conseguia entender ou imaginar ate aonde a mentira iria.–Não está exagerando? – Alice indagou ao ver Isabella sorrir para si mesma em frente ao espelho – não acha que deveria contar a verdade agora?–É obvio que não – disse entusiasmada. – Mostrarei a Nicole que ela nunca mais pisará em mim.–Ela não pisou em você – a lembrou.–Pisou sim. Ela sabia quanto eu amava Jackson e mesmo assim... Fez questão de tê-lo para ela.–Bella, se ele gostava de você não acha que ele teria feito algo?–Não – falou rápido – ele era tímido.–Acho que está apenas tentando se enganar.–E eu acho que você precisa conhecer alguém.
Henrique levou o copo de uísque aos lábios. Vislumbrou a noite estrelada da janela de seu apartamento pensativo. A expressão de Isabella ao beijá-lo ainda permeava em sua mente deixando-o ansioso de uma forma estranha.–Isso é ridículo – murmurou para si mesmo ao afrouxar a sua gravata – a única que eu amo é Regina. Apenas ela e ninguém mais.***Oliver entrou com um largo sorriso na sala de Henrique logo que chegou ao hotel. A sua felicidade era perceptível a milhas de distancia.–Conte-me tudo – disse entusiasmado ao se sentar na cadeira em frente a mesa de Henrique – como foi o jantar?–Começo a achar que não é meu amigo – o olhou severamente antes de dar de ombros – foi um desastre.–O que houve?–A louca se atreveu a me beijar pra impressionar a sua amiga.&n
Henrique olhou para o seu relógio com a sobrancelha franzida. Já fazia uns quarenta minutos em que sentia um mal estar. Levou a mão a sua barriga e recriminou a si mesmo por ter provado a comida de Isabella.–Maldita hora em que fui confiar nela – resmungou ao levantar-se de sua cadeira. Estava indo para o seu banheiro privativo quando seu secretario surgiu segurando uma agenda. – Depois – disse mal humorado.–Mas.. precisa ir para a reunião agora.–Reunião? Que se dane.. estou muito ocupado – a medida que andava em direção ao banheiro sentia o seu secretario o seguir – eu estou indo, droga Bruce – deu-se por vencido ao respirar profundamente. – “O que eu estou sentindo é apenas azia.. azia”repetiu inúmeras vezes ao seguir o seu secretario pelo hotel implorando aos céus para que isso fosse verdade.
Henrique olhou para o seu reflexo no espelho do banheiro e lastimou-se pelo seu estado. Seus olhos estavam sem brilho e sua face pálida. Molhou o seu rosto na água gelada da pia e suspirou implorando aos deuses que Isabella, seu pesadelo, já tivesse ido embora e lhe deixado em paz. Abriu a porta do banheiro temeroso. Saiu apreensivo e ao escutar um barulho na cozinha, segurou-se para não gritar em frustração. Caminhou em direção a cozinha encontrando Isabella de costas para ele, colocando algo no fogão.–Realmente veio terminar o serviço sujo – Henrique disse assustando Isabella, a qual virou-se segurando a colher. Olhou para ele e sorriu levemente – Esta preparando alguma comida envenenada? Deve ter esquecido de acrescentar algum ingrediente mais cedo, não é?–Me parece estar melhor – comentou mentindo ao ver a palidez em seu rosto – porque n&a
Nicole olhou para Jackson com desprezo ao vê-lo chegar em casa carregando uma pilha de papeis. O ignorou continuando a assistir o programa em sua televisão, o viu passar por trás dela tendo consciência do olhar entristecido dele, entretanto optou por fingir que nada via.–Nicole, o que tem para comer? – Jackson perguntou ao retirar a sua gravata e seu paletó após depositar os papeis em cima da mesa.–Veja na cozinha, Jack – respondeu sem olhar para ele. – Isabella teve muita sorte em casar-se com Henrique, quem iria imaginá-la tão bem de vida agora. – comentou sem olhar para o semblante de seu marido, o qual demonstrava arrependimento. Arrependimento por não ter dito a sua amada que a amava.“Pena que seja tarde”pensou ao sentar-se e começar a trabalhar tentando esquecer-se da forma que o consumia. A fome de ser amado.*
Isabella deixou-se cair em sua cama assim que entrou em seu quarto no final da tarde. Há dias esperava pela ligação de Henrique ou algum sinal de vida, mas recebera apenas a visita de seu amigo uma, única, vez e nunca mais tivera noticias do Avellar, a quem deveria um favor agora.–Talvez ele não precise mais de mim – ela resmungou ao fechar os olhos. –Eu nem gosto dele, então porque estou pensando nisso? Ah! Porque Nicole pode querer sair novamente comigo e meumarido– cuspiu a ultima palavra ao fazer uma careta.–Bella, esta tudo bem? – Alice perguntou ao vê-la entrar em silêncio e ir direto para o seu quarto – fiquei preocupada.–Esta tudo bem Al, apenas.. não estou com bom humor.–Problemas no colégio?–Não, meus alunos estão burros, mas bem – disse ao abrir os olhos &ndash
Henrique desligou o telefone com um péssimo pressentimento. O grego Alexander desejava encontrá-lo para jantar junto com a sua esposa aquela noite. Já fazia duas semanas desde a ultima vez que vira Pesadelo Stuart, ele já estava esquecendo-se dela e de seu problema quando a ligação o recordou.–Bruce – Henrique falou ao vê-lo entrar em sua sala segurando a sua agenda – ligue para Isabella Stuart e diga que vamos jantar hoje a noite com os gregos. Mande-a se vestir de forma elegante.–Senhor.. Porque chama a sua esposa pelo nome de solteira dela? – indagou ao segurar um sorriso.–Apenas faça isso e fique calado se quiser manter o seu emprego – respondeu sério ao voltar a sua atenção para o computador a sua frente. Por mais que não quisesse rever o pesadelo Stuart, sabia que o próximo investimento dependia disso. Ele não