Capítulo 41

Cristina 

— VOCÊ é tão quietinha, Cristina — Perdi a conta de quantas vezes me disseram isso enquanto criança e até mesmo já adulta. Eu sou quieta? Não sei. Eu nunca parei para definir a minha personalidade. Sempre tinha quem fizesse isso por mim. Porque é isto o que acontece quando permite que alguém fale por você, você não sabe exatamente quem você é. 

Nas poucas ocasiões em que tive coragem para expressar as minhas opiniões eu estava errada. Ao menos fora isso o que minha mãe me fez acreditar. Por muito tempo eu me senti como a Macabéa, de "A Hora da Estrela", só existia por meio dos outros. A minha voz não me pertencia. Recordo-me que durante o ensino médio havia um grupo de garotas populares, do qual eu não fazia parte, que assim que iniciava o intervalo das dez da manhã, elas comiam os seus lanches em meio a discussões calorosas sobre os livros da Clarice Lispector. Eu ouvia a tudo aquilo extasiada, e o que eu mais queria na época era poder ler um livro dela
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