Dois meses, isso mesmo, dois meses que eu estava vivendo ao lado de Tamara, e eu não poderia pedir mais à deusa. Quer dizer, até que poderia pedir para ela trazer o coração de Tamara de volta para mim, mas isso seria contra a promessa que eu fiz a ela de que só me bastava ter um momento durante o dia ao seu lado. Em um belo dia em que estávamos sentados no sofá, como fazíamos diariamente durante aqueles dois meses, ela me chamou para conversar, pois tinha algo sério para dizer. Posso afirmar que meu coração tremeu naquele momento como se já suspeitasse da bomba que ela estava prestes a jogar sobre mim. — Jonathan. — Até a forma dela de falar meu nome fez eu ter certeza de que ela falaria algo de que nem eu e muito menos meu lobo se agradariam. — Tirei esses dois meses para pensar um pouco sobre o que eu quero para minha vida, e eu decidi que quero dar uma chance a ele. — Ela não falava o nome do sujeito, pois eu já tinha dito que seria melhor eu não ouvi-lo. — Não sei como ficará ess
No dia do encontro de Tamara com o doutorzinho, eu fui mais cedo à sua casa, logo pela manhã. Mesmo sem sua autorização, eu a abracei no momento em que a porta de sua casa se abriu. Nunca tinha ficado espantado ou com medo de perder alguém que fizesse parte da minha vida, mas ao imaginar que algo poderia acontecer à minha deusa ou até mesmo que alguém poderia fazer mal a ela, isso me rasgava por dentro. — Jonathan, você sabe que não podemos ter esses contatos um com o outro. — Ela tentou me afastar, porém não permiti. — Assim é a forma mais rápida de passarmos o dia bem. — Com uma mão, segurei sua nuca e, com a outra, a sua cintura. — Vamos ficar assim por trinta minutos e você ficará o dia livre de mim. — Você não vai estar à noite aqui? — Meu coração se aqueceu um pouquinho com sua pergunta. — Claro que vou estar. — Menti, pois não sabia quanto tempo iria demorar minha missão. — É que não sei a que horas o seu namorado irá te deixar aqui; vai que demora mais do que podemos su
Contei o que aconteceu ao pai de Tamara e ao seu irmão. Perguntei se, por algum motivo, Tamara já havia saído da alcateia, e eles negaram, dizendo que Tamara jamais pisou os pés para fora, que ela nunca se sentia bem em ir para fora dos portões da alcateia, e que os únicos que saíam eram Talita e Túlio. Ficamos nos perguntando de onde esse alfa conhecia Tamara, porque ele cismou que ela tinha matado sua companheira, mas faríamos de tudo para descobrir. Combinamos que Túlio e Eliot iriam investigar, e eu voltaria para o lado de Tamara e cuidaria para que nada acontecesse enquanto ela cursava sua faculdade. Com todos os planos traçados, voltei para a cidade onde minha deusa estava. Sair da alcateia era às dez da noite, e, com quase três horas de viagem, cheguei quase uma hora da madrugada. Não tinha esperanças de Tamara estar me esperando, porém tentei a sorte. Fui até seu apartamento e bati de leve em sua porta três vezes. Já ia me afastar quando ouvi passos no apartamento. Fiquei inc
No meu primeiro dia de aula, eu estava extasiada. Por um momento, duvidei que daria certo, que eu chegaria à faculdade e seria tratada como era na alcateia, mas tudo aconteceu de forma diferente. Ian foi me buscar cedo para me levar até a faculdade. Ao me deixar na entrada, ele me deu um selinho, dizendo que, na hora em que minhas aulas acabassem, ele estaria lá na frente me esperando. Na noite passada, eu pedi para Jonathan dormir no meu apartamento. Aquela não foi a primeira vez que ele dormiu por lá, então decidi que seria melhor ele ficar ali, já que era muito tarde para ele sair, e o certo era ele ficar. Quando acordei, Jonathan já tinha ido embora e, por um momento, me senti vazia. Porém, eu tinha muitas coisas para resolver, então teria que deixar esse sentimento de vazio de lado. Entrei na faculdade e fui em direção à minha sala. Me sentei no meio da sala, pois não queria dar a impressão de nerd no primeiro dia de aula. Ao meu lado, sentou-se uma moça de cabelos escuros com a
Sim, eu virei professor de Tamara. Procurei todas as formas possíveis para ficar ao lado dela durante o dia e protegê-la de qualquer perigo que a rondasse. A única solução que encontrei foi me tornar professor dela. Os lobos têm instintos muito fortes; eles podem detectar outro lobo a metros de distância. Também conhecemos cada parte do corpo humano, sabemos onde fica cada órgão e todas as suas funções. Então, foi bastante fácil conseguir a vaga de professor na faculdade que Tamara iria cursar medicina. Um dia, enquanto meu pai era alfa, ele estava em uma caçada por um lobo fugitivo que estava aterrorizando quase todas as alcateias do nosso território. Ele rastreou esse lobo até uma vila perto do território humano e o encontrou no momento em que estava prestes a quebrar o pescoço de um humano com seus dentes. Foi nesse exato momento que meu pai chegou e salvou a vida do humano. O rapaz ficou muito feliz e se sentiu em dívida com meu pai. Foi com essa dívida que consegui entrar na facu
Eu não acreditava no que meus olhos estavam me mostrando. Ainda pensei, por um breve momento, que poderia ser algum tipo de ilusão de ótica, mas vi que aquilo que estava em frente aos meus olhos era a mais pura verdade. Demorei um pouco no carro de Ian; ele tinha trazido um lanche para comermos juntos antes de voltar para o hospital. No momento em que me despedi dele e entrei no prédio, vi Jonathan entrando no elevador. Na minha inocência, jurei que ele iria para meu apartamento, mas percebi que o elevador parou no andar abaixo do meu. — Com licença. — Chamei a atenção do porteiro. — O rapaz que entrou agora no elevador, ele é morador daqui? — Sim, mocinha, já tem uns dois meses que ele arrendou o apartamento três B. Ódio era a palavra certa para o que eu estava sentindo naquele momento. Eu não acreditava que Jonathan tinha me enrolado até aquele momento. Eu jurava que ele morava longe do meu apartamento, ou até mesmo longe do meu prédio, mas o que descobri é que o mentiroso morava
Nunca imaginei que veria o lado explosivo de Tamara; por pouco ela não arrancou minha cabeça. Até de perseguidor ela me chamou, então não havia mais como eu esconder a verdade dela. A única solução que me restou foi contar o motivo de eu estar ao lado dela durante o dia: expliquei que havia um alfa atrás dela por confundi-la com outra pessoa. Se bem que a forma como perguntei se ela estava envolvida com a morte de alguém foi a pior maneira que eu poderia questionar, pois Tamara entendeu que eu estava falando de Talita. Ela se alarmou e me julgou por não acreditar em sua palavra. Ficamos esses dois meses juntos, e pelo que ela falou, que me conhecia bem e sabia quando eu estava mentindo ou escondendo algo dela, era pura lorota, pois na primeira oportunidade ela jogou na minha cara todos os meus erros. Será que é preciso eu dar minha vida pela dela para que ela acredite que foi a única mulher que eu já amei em toda a minha vida? Será que é preciso eu me entregar em sacrifício pela felic
Deixei o apartamento de Jonathan muito pensativa. Em que mundo uma pessoa é julgada de assassina sem sair de casa? Eu poderia ser morta a qualquer momento e nem ao menos saberia o motivo da minha morte. O mundo é cruel demais, e as pessoas que não sabem viver nele são presas fáceis para predadores maiores. Jonathan me prometeu que não deixaria nada de ruim acontecer comigo; todavia, eu jamais permitiria que alguém colocasse sua vida em perigo por minha causa. Já basta o que aconteceu com Talita, e por mais que esse perigo que eu esteja correndo seja por um erro dela, ainda assim eu jamais conseguiria sentir raiva ou qualquer sentimento contrário ao amor que sinto por ela. Talita já pagou por seus erros no momento em que morreu por minha culpa, pois naquela noite quem deveria ter morrido era eu, apenas eu e mais ninguém. Sei que posso estar sendo vista como vítima, ou que outras pessoas possam achar que estou me vitimizando, mas no meu coração, até uns meses atrás, eu era apenas uma p