No meu primeiro dia de aula, eu estava extasiada. Por um momento, duvidei que daria certo, que eu chegaria à faculdade e seria tratada como era na alcateia, mas tudo aconteceu de forma diferente. Ian foi me buscar cedo para me levar até a faculdade. Ao me deixar na entrada, ele me deu um selinho, dizendo que, na hora em que minhas aulas acabassem, ele estaria lá na frente me esperando. Na noite passada, eu pedi para Jonathan dormir no meu apartamento. Aquela não foi a primeira vez que ele dormiu por lá, então decidi que seria melhor ele ficar ali, já que era muito tarde para ele sair, e o certo era ele ficar. Quando acordei, Jonathan já tinha ido embora e, por um momento, me senti vazia. Porém, eu tinha muitas coisas para resolver, então teria que deixar esse sentimento de vazio de lado. Entrei na faculdade e fui em direção à minha sala. Me sentei no meio da sala, pois não queria dar a impressão de nerd no primeiro dia de aula. Ao meu lado, sentou-se uma moça de cabelos escuros com a
Sim, eu virei professor de Tamara. Procurei todas as formas possíveis para ficar ao lado dela durante o dia e protegê-la de qualquer perigo que a rondasse. A única solução que encontrei foi me tornar professor dela. Os lobos têm instintos muito fortes; eles podem detectar outro lobo a metros de distância. Também conhecemos cada parte do corpo humano, sabemos onde fica cada órgão e todas as suas funções. Então, foi bastante fácil conseguir a vaga de professor na faculdade que Tamara iria cursar medicina. Um dia, enquanto meu pai era alfa, ele estava em uma caçada por um lobo fugitivo que estava aterrorizando quase todas as alcateias do nosso território. Ele rastreou esse lobo até uma vila perto do território humano e o encontrou no momento em que estava prestes a quebrar o pescoço de um humano com seus dentes. Foi nesse exato momento que meu pai chegou e salvou a vida do humano. O rapaz ficou muito feliz e se sentiu em dívida com meu pai. Foi com essa dívida que consegui entrar na facu
Eu não acreditava no que meus olhos estavam me mostrando. Ainda pensei, por um breve momento, que poderia ser algum tipo de ilusão de ótica, mas vi que aquilo que estava em frente aos meus olhos era a mais pura verdade. Demorei um pouco no carro de Ian; ele tinha trazido um lanche para comermos juntos antes de voltar para o hospital. No momento em que me despedi dele e entrei no prédio, vi Jonathan entrando no elevador. Na minha inocência, jurei que ele iria para meu apartamento, mas percebi que o elevador parou no andar abaixo do meu. — Com licença. — Chamei a atenção do porteiro. — O rapaz que entrou agora no elevador, ele é morador daqui? — Sim, mocinha, já tem uns dois meses que ele arrendou o apartamento três B. Ódio era a palavra certa para o que eu estava sentindo naquele momento. Eu não acreditava que Jonathan tinha me enrolado até aquele momento. Eu jurava que ele morava longe do meu apartamento, ou até mesmo longe do meu prédio, mas o que descobri é que o mentiroso morava
Nunca imaginei que veria o lado explosivo de Tamara; por pouco ela não arrancou minha cabeça. Até de perseguidor ela me chamou, então não havia mais como eu esconder a verdade dela. A única solução que me restou foi contar o motivo de eu estar ao lado dela durante o dia: expliquei que havia um alfa atrás dela por confundi-la com outra pessoa. Se bem que a forma como perguntei se ela estava envolvida com a morte de alguém foi a pior maneira que eu poderia questionar, pois Tamara entendeu que eu estava falando de Talita. Ela se alarmou e me julgou por não acreditar em sua palavra. Ficamos esses dois meses juntos, e pelo que ela falou, que me conhecia bem e sabia quando eu estava mentindo ou escondendo algo dela, era pura lorota, pois na primeira oportunidade ela jogou na minha cara todos os meus erros. Será que é preciso eu dar minha vida pela dela para que ela acredite que foi a única mulher que eu já amei em toda a minha vida? Será que é preciso eu me entregar em sacrifício pela felic
Deixei o apartamento de Jonathan muito pensativa. Em que mundo uma pessoa é julgada de assassina sem sair de casa? Eu poderia ser morta a qualquer momento e nem ao menos saberia o motivo da minha morte. O mundo é cruel demais, e as pessoas que não sabem viver nele são presas fáceis para predadores maiores. Jonathan me prometeu que não deixaria nada de ruim acontecer comigo; todavia, eu jamais permitiria que alguém colocasse sua vida em perigo por minha causa. Já basta o que aconteceu com Talita, e por mais que esse perigo que eu esteja correndo seja por um erro dela, ainda assim eu jamais conseguiria sentir raiva ou qualquer sentimento contrário ao amor que sinto por ela. Talita já pagou por seus erros no momento em que morreu por minha culpa, pois naquela noite quem deveria ter morrido era eu, apenas eu e mais ninguém. Sei que posso estar sendo vista como vítima, ou que outras pessoas possam achar que estou me vitimizando, mas no meu coração, até uns meses atrás, eu era apenas uma p
Nunca tinha percebido que o prédio em que eu morava era enorme, pois parecia que do meu apartamento até o de Jonathan eram quase mil quilômetros, e não que ele estivesse abaixo do meu. No momento em que o elevador parou no andar de Jonathan, respirei fundo e comecei a caminhar rapidamente até seu apartamento. Não deu tempo de bater à porta, pois logo ela se abriu. Jonathan saiu e me olhou, procurando resposta apenas no olhar, mas ele não teria nenhuma resposta para suas perguntas silenciosas, pois primeiro ele teria que responder as minhas. — Você está bem? Senti o cheiro de medo em você antes mesmo do elevador chegar ao meu andar. — Caminhei até ele e, no impulso dos sentimentos que estavam emaranhados, uma bagunça sem fim, acertei-lhe um tapa. — Tamara, o que houve? — Jonathan nem mesmo fez cara de dor. Eu até duvido que meu tapa o fez sentir cócegas. — Seu desgraçado, você não podia fazer isso comigo. — Comecei a socar o peito dele com toda a força que existia em mim; eu queria
Nos dias em que eu não dava aula na faculdade, era o dia em que eu ia até a minha alcateia ver como estava o andamento dos planos para proteger Tamara. Era uma viagem curta e cansativa, pois eu tinha que estar em frente ao prédio onde estava morando para ter um momento a sós com a minha deusa. Com a volta de sua loba, Tamara mudou muito; ela conseguia enfrentar qualquer um que aparecesse à sua frente, mas parecia que seu temperamento forte era reservado apenas para uma pessoa (eu). — Está com essa cara de frustrado por quê? — Estava no meu escritório na casa da alcateia quando ouvi a voz de Túlio. Levantei minha cabeça e vi ele entrando. — Como foi por lá? — Mudei de assunto. — Não vou contar até você me dizer o porquê dessa cara de quem comeu e não gostou. — Isso aqui é por culpa de um bocudo que não devia falar as coisas que não convêm. — Poxa! Mano, passamos esses dias todos sem nos ver, e na primeira oportunidade você j**a na minha cara que sou bocudo. — O miserável perguntou,
Senti o veneno correndo por minhas veias. O lobo que Rocco matou, arrancou seu pescoço e estava, de alguma forma, cheio de um veneno que é fatal para os lobos. Meu lobo estava começando a ficar tonto. Rocco não queria desistir; nós poderíamos morrer jogados no chão daquela estrada. Entretanto, Rocco não daria gosto para aqueles lobos verem o nosso fim. Meu pai já tinha me ensinado uma forma de controlar e atrasar o veneno em nosso corpo; tudo dependia da respiração, e assim conseguiríamos controlar qualquer reação que o veneno poderia ter em meu corpo. — Você tem pouco tempo de vida. — O lobinho à frente se aproximou de Rocco. — Se você entregar a lojinha assassina sem luta, podemos pensar em te dar o antídoto. — Rocco, mate esse lobo. — Ordenei ao meu lobo. — Ele conseguiu me tirar do sério. — Tínhamos que avançar no líder, pois, sem líder, os lobos não passavam de canídeos indefesos. Rocco esperou o lobo se aproximar mais alguns passos e se jogou para cima dele. O lobo foi be