Tínhamos seis meses para aproveitar a companhia um do outro antes que voltássemos para a alcateia. Aproveitamos cada dia dos seis meses que passamos juntos, embora metade deles tenha sido com a cara de Tamara enfiada no vaso. Ela teve muito enjoo; a pessoinha dentro dela estava dando muito trabalho à mãezinha dela. Quando Tamara me revelou que estava grávida, dentro de mim explodiu a barreira do meu equilíbrio. Tudo que eu fiz após ver o teste positivo foi guiado apenas pela emoção. Liguei para todos que achava importantes, que tinha certeza de que ficariam felizes com a notícia de que eu seria pai; porém, foi na minha última ligação que percebi que deixei de comemorar com a pessoa que era a mais importante, a única que era importante naquele momento.No momento em que olhei para Tamara e vi que seus olhos estavam presos em mim, pude perceber que sua mente se encontrava revirada por um turbilhão de sentimentos. Ela me disse que tinha medo de ser uma mãe igual à mãe que teve, só que nu
Os hormônios de Tamara estavam todos à flor da pele. No dia em que voltamos para a alcateia, ela chorou o caminho todo. O choro não era por conta da mudança, e sim porque ela viu um pombo morto em frente ao nosso carro. Foi a primeira vez que vi Tamara perder o controle daquela forma. Se eu não a tivesse segurado, ela teria se sentado ao lado do pombo e chorado até ele sair voando novamente. Eu tive que pegar o pombo e jogá-lo em uma lixeira próxima a nós; porém, Tamara achava que eu o tinha levado para a floresta e o enterrado. Após entrar no carro, ela passou os dez primeiros minutos chorando.— Ele era tão bonitinho. — Escutei-a soluçando.— Meu amor, você tem certeza de que está bem?— Estou sim, só que hoje acordei um pouco sensível.— Nossa, meu bem, eu nem percebi. — Tamara me deu um olhar mortal. — Estou brincando, meu amor, são os hormônios. Daqui a uns minutos você estará bem; tente cochilar um pouco quando chegarmos em casa, será só alegria.— Verdade, vou dormir um pouco.
A gravidez de Tamara já estava quase no fim, e a nossa decisão de vir para a alcateia foi a melhor que poderíamos ter tomado. Podemos ficar mais próximos da nossa família, e eles puderam acompanhar o crescimento da barriga de Tamara. Tínhamos decidido não saber o sexo até o nascimento, pois não importava se fosse um garotinho ou uma garotinha; iríamos amar nosso filho ou filha da mesma forma. No entanto, pretendíamos deixar para descobrir o sexo no nascimento, mas, infelizmente, esse plano era apenas meu e de Tamara, já que todos descobriram o sexo antes de nós dois. Por um erro de cálculo, em que acharam que nós tínhamos saído de casa, quando, na verdade, nós ainda iríamos sair, foi que descobrimos que seríamos pais de uma bebezinha. Eu teria uma versão mini de Tamara.Sei que dizíamos que o sexo que viesse seria amado da mesma forma, mas quando eu realmente descobri que seria uma menina, coloquei a mão em meus cabelos e tentei raciocinar o mais rápido que pude. Clamei pela Deusa, pe
Quase não acreditei quando soube que estava à espera de uma menina, e a única coisa que passava pela minha mente era que sempre daria o melhor de mim para que ela fosse a criança mais feliz deste mundo. Após o medo de fazer tudo errado passar, comecei a fazer planos de coisas que iria fazer com ela, coisas de mãe e filha. É incrível como uma gestação mexe com os ânimos de uma família. Meus sogros e meu pai estavam curtindo cada descoberta da gravidez, vibrando e desejando que a hora chegasse logo, para que eles tivessem a nossa Maitê em seus braços. Não conseguia nem escrever sobre o brilho que via nos olhos do meu pai toda vez que ele tocava minha barriga.— A Deusa Selene me deu Maitê de presente para alegrar minha vida, após a morte de Talita e logo depois que você foi embora para a cidade dos humanos. Meu coração foi partido ao meio. Mas agora ela me deu a chance de ter você de volta, e você ainda veio com uma bênção dentro de você.— Fico feliz em ver o senhor bem depois de tudo
Todos podem me considerar a vilã, mas o que ninguém nunca vai entender é o que eu passei para chegar até onde estou. Eu vivi uma vida infeliz, fui obrigada a um casamento fatídico, e a única coisa boa que consegui com esse casamento foi minha menina, Ravenna. Ver minha menina tão cheia de si, dando ordens aos lobos para saberem o momento certo de lutar, mexeu muito com meu coração. Ver aquela cena me deixou dividida; uma parte de mim ficou feliz por ver que, mesmo sem me ter em sua vida, minha menina conseguiu se tornar uma mulher poderosa. O outro pedaço de mim ficou triste por não ter o poder dela ao meu lado. Com o passar do tempo, meu poder foi enfraquecendo. Acho que meu lado vampira estava ficando mais forte do que meu lado de bruxa. Não sei bem se essa era a forma certa de falar, só sei que, com o passar dos dias e como eu não praticava mais a bruxaria, fui ficando mais fraca. Só que isso não era suficiente para me impedir de elaborar um plano e, nem que eu tivesse que usar meu
Eu estava de olho em Tamara diariamente, e não é que a danadinha conseguiu esconder de todos que estava grávida? Não posso mensurar em palavras a alegria que senti quando descobri, pois faltava pouco para que meu plano fosse concluído e, em questão de meses, eu estaria ao lado do amor da minha vida. O melhor do meu plano é que não daria tempo para Tamara e Jonathan se apegarem ao filho deles; eu iria sequestrar a criança no dia do nascimento, naquele momento em que a enfermeira usa para limpar a criança após o parto. O que ninguém sabe é que a enfermeira seria eu. Estaria usando um feitiço de disfarce; seria fácil entrar e sair da alcateia. Doeria muito em mim fazer mal a um ser indefeso, mas seria para um bem maior: meu bem maior. Esse bebê me ajudaria a trazer de volta a única pessoa que deu sentido à minha vida. Dante dava um colorido à minha vida, e era aquele colorido que eu queria de volta. Com meu companheiro ao meu lado, iríamos para longe e deixar tudo que nos afastou para tr
Estávamos dormindo quando escutei Tamara chamando meu nome. Pensei que estava sonhando e continuei com os olhos fechados, mas não demorou muito para eu me levantar ao sentir um soco no estômago. Levantei-me sem fôlego. O soco que ela deu foi muito forte. Virei meu rosto para ela em busca de alguma explicação, pois eu não era nada bom em acordar sentindo o estômago se movendo de lugar. Até pensei por uns segundos que meus órgãos estavam trocando de lugar um com o outro. Tamara estava de costas para mim, com os pés no chão, a mão esquerda no quadril e a direita na barriga. Ela gemia de dor.— O que você está sentindo, meu amor? — Pulei da cama e fui em direção a ela.— Acho que chegou a hora. — Seus olhos estavam fechados e ela tentava respirar fundo. — Se eu soubesse que isso doeria tanto, não teria deixado a gente vacilar assim. — Ela cravou a unha na coxa da cama. — Isso dói muito.— Calma, meu amor, vou te levar para o hospital. Tenho certeza de que eles vão te medicar com algo para
A enfermeira colocou uma bata em Tamara e a deitou em uma maca. Minha companheira gritava muito de dor. Antes de entrar na sala com ela, a enfermeira me informou que eu tinha que higienizar minhas mãos e meus braços. Ela me deu uma bata para que eu pudesse colocar por cima da minha roupa. Fiz tudo isso em frente à sala de parto em que minha mulher estava; eu não me afastaria dela, queria que ela soubesse que eu estava ali ao seu lado. Mesmo sentindo dor, os olhos de Tamara estavam fixos na porta, me olhando pela janelinha de vidro que havia na porta. Após terminar de me higienizar, não esperei que a enfermeira permitisse minha entrada; já tinha ficado tempo demais longe de Tamara. Abri a porta e corri até a maca em que ela estava. — Cheguei, meu amor. — Beijei sua testa e peguei sua mão. — Agora que o papai chegou, vamos colocar mais força. Temos uma princesa para trazer ao mundo — disse a médica. Tamara apertou minha mão e começou a empurrar com força. Minha companheira chora