Todos podem me considerar a vilã, mas o que ninguém nunca vai entender é o que eu passei para chegar até onde estou. Eu vivi uma vida infeliz, fui obrigada a um casamento fatídico, e a única coisa boa que consegui com esse casamento foi minha menina, Ravenna. Ver minha menina tão cheia de si, dando ordens aos lobos para saberem o momento certo de lutar, mexeu muito com meu coração. Ver aquela cena me deixou dividida; uma parte de mim ficou feliz por ver que, mesmo sem me ter em sua vida, minha menina conseguiu se tornar uma mulher poderosa. O outro pedaço de mim ficou triste por não ter o poder dela ao meu lado. Com o passar do tempo, meu poder foi enfraquecendo. Acho que meu lado vampira estava ficando mais forte do que meu lado de bruxa. Não sei bem se essa era a forma certa de falar, só sei que, com o passar dos dias e como eu não praticava mais a bruxaria, fui ficando mais fraca. Só que isso não era suficiente para me impedir de elaborar um plano e, nem que eu tivesse que usar meu
Eu estava de olho em Tamara diariamente, e não é que a danadinha conseguiu esconder de todos que estava grávida? Não posso mensurar em palavras a alegria que senti quando descobri, pois faltava pouco para que meu plano fosse concluído e, em questão de meses, eu estaria ao lado do amor da minha vida. O melhor do meu plano é que não daria tempo para Tamara e Jonathan se apegarem ao filho deles; eu iria sequestrar a criança no dia do nascimento, naquele momento em que a enfermeira usa para limpar a criança após o parto. O que ninguém sabe é que a enfermeira seria eu. Estaria usando um feitiço de disfarce; seria fácil entrar e sair da alcateia. Doeria muito em mim fazer mal a um ser indefeso, mas seria para um bem maior: meu bem maior. Esse bebê me ajudaria a trazer de volta a única pessoa que deu sentido à minha vida. Dante dava um colorido à minha vida, e era aquele colorido que eu queria de volta. Com meu companheiro ao meu lado, iríamos para longe e deixar tudo que nos afastou para tr
Estávamos dormindo quando escutei Tamara chamando meu nome. Pensei que estava sonhando e continuei com os olhos fechados, mas não demorou muito para eu me levantar ao sentir um soco no estômago. Levantei-me sem fôlego. O soco que ela deu foi muito forte. Virei meu rosto para ela em busca de alguma explicação, pois eu não era nada bom em acordar sentindo o estômago se movendo de lugar. Até pensei por uns segundos que meus órgãos estavam trocando de lugar um com o outro. Tamara estava de costas para mim, com os pés no chão, a mão esquerda no quadril e a direita na barriga. Ela gemia de dor.— O que você está sentindo, meu amor? — Pulei da cama e fui em direção a ela.— Acho que chegou a hora. — Seus olhos estavam fechados e ela tentava respirar fundo. — Se eu soubesse que isso doeria tanto, não teria deixado a gente vacilar assim. — Ela cravou a unha na coxa da cama. — Isso dói muito.— Calma, meu amor, vou te levar para o hospital. Tenho certeza de que eles vão te medicar com algo para
A enfermeira colocou uma bata em Tamara e a deitou em uma maca. Minha companheira gritava muito de dor. Antes de entrar na sala com ela, a enfermeira me informou que eu tinha que higienizar minhas mãos e meus braços. Ela me deu uma bata para que eu pudesse colocar por cima da minha roupa. Fiz tudo isso em frente à sala de parto em que minha mulher estava; eu não me afastaria dela, queria que ela soubesse que eu estava ali ao seu lado. Mesmo sentindo dor, os olhos de Tamara estavam fixos na porta, me olhando pela janelinha de vidro que havia na porta. Após terminar de me higienizar, não esperei que a enfermeira permitisse minha entrada; já tinha ficado tempo demais longe de Tamara. Abri a porta e corri até a maca em que ela estava. — Cheguei, meu amor. — Beijei sua testa e peguei sua mão. — Agora que o papai chegou, vamos colocar mais força. Temos uma princesa para trazer ao mundo — disse a médica. Tamara apertou minha mão e começou a empurrar com força. Minha companheira chora
Na última reunião que tive com Jonathan e Ravenna, concordamos que deveríamos proteger Tamara, já que a vingança de Verbena era contra ela. Com muita pesquisa, descobrimos que ela queria trazer seu companheiro de volta, mas que, para isso, precisaria do filho do neto do lobo que matou seu companheiro. Fizemos uma reunião com nossos pais e pedimos que eles nos contassem tudo o que havia acontecido naqueles dias. Foi aí que descobrimos que todos tiveram uma pequena participação, mas foi o avô de Jonathan quem cortou a cabeça do vampiro que transformou a mãe de Ravenna. Eu ainda tinha dúvidas sobre os motivos pelos quais ela estaria lutando ao nosso lado. — Você pode nos contar o motivo pelo qual você está lutando contra sua mãe? — Ela me olhou ferozmente. — Eu não te devo explicações sobre meus motivos; a única pessoa a quem devo explicações é ao alfa que decidi servir, e ninguém mais. — Até a forma como ela agia era esnobe. — Como você quer que eu trabalhe com você se nem conhe
Não esperei pelo final das aulas de Tamara; achamos melhor eu ir primeiro com Ravenna e a bruxa da minha alcateia para estudarmos cada canto daquele lugar. Jonathan pediu para eu estudar o hospital da alcateia dele e, se lá não houvesse um lugar de folga, então eu teria que criar um, pois ele tinha certeza de que Ravenna esperaria o dia do parto para atacar. Ao chegar, eu tive que ir para a casa de Ravenna; não podia chamar a atenção de ninguém, pois não poderia chegar aos ouvidos de Verbena que eu estava ali. Morar com Ravenna foi o maior desafio que já tive que enfrentar em toda a minha vida. Nunca vi uma mulher tão ranzinza; parece que, quando ela não tinha um motivo para brigar comigo, ela inventava um. Até minha respiração a incomodava. Teve um dia em que ela me incomodou tanto que peguei meu celular e liguei para Jonathan, exigindo um lugar só meu, mas ele conseguiu me convencer de que não podíamos, pois isso chamaria muita atenção.— Não acredito que você ligou para o Alfa! — R
Fazia alguns meses que eu estava vivendo na alcateia da Lua Vermelha. Resolvi, em um mês, fazer a minha parte do plano; estudei todo o hospital da alcateia e todos os seus cantos. Depois de não encontrar nenhum lugar que pudesse facilitar uma fuga para Tamara, tínhamos certeza de que Verbena deixaria de atacar quando estivéssemos em um momento crítico. Ravenna deu a ideia de usarmos apenas um celular, como se fosse um bip; então, no momento certo, Jonathan só precisaria apertar o botão de emergência e chegaríamos em questão de segundos. Após não conseguir encontrar uma saída que pudéssemos usar para tirar Tamara do hospital sem chamar a atenção, fui atrás do Alfa Joel, e ele me indicou um senhor que era um médico aposentado e que poderia me informar sobre todos os pontos escondidos do hospital.Fui até ele, e o doutor aposentado me falou que o avô de Jonathan andava muito preocupado com sua família. Ele disse que o antigo alfa estava neurótico e tinha certeza de que, algum dia, sua fa
Ian pegou Tamara em seus braços, colei meus lábios aos dela e, em silêncio, pedi à Deusa Selene que os protegesse. Deixei nas mãos de Ian minhas duas razões para viver e, sem elas, minha vida não teria nenhum sentido. Mesmo contra sua vontade, Ian desceu as escadas. No momento em que eu disse que iríamos fazer uma mudança no plano e que, em vez de mim, ele iria descer e ficar com Tamara e minha filha, Ian pareceu não gostar nem um pouco da mudança. Seu rosto virou-se em direção à porta, como se ele esperasse alguém passar por ela. Não sei o que estava acontecendo entre Ravenna e Ian, mas eu tinha certeza de que ele estava sentindo algo por ela, um sentimento mais forte do que ele queria demonstrar. Pelo pouco que convivi com Ian, pude entender um pouquinho dele, e Ian não era um cara ruim; ele apenas precisava de alguém para estar ao seu lado e fazê-lo feliz. Após fechar a porta que dava para o esconderijo e puxar a cama para o lugar certo, a porta se abriu e, por ela, passou Ravenna,