Após dias tensos, em que tudo girava em torno de Verbena ou de minha mãe, eu tive um dia para descansar de tudo e esquecer o que aconteceu no passado e o que poderia acontecer. Não aguentava mais viver em estado de alerta com as coisas que eu não poderia controlar. Da mesma forma que aconteceu quando fui sequestrada, estávamos tomando todos os cuidados possíveis; colocamos seguranças em todos os lados da alcateia e, mesmo assim, Verbena conseguiu passar por todos os seguranças e me levar com ela. Por esse motivo, não iria mais me prender e ficar com medo de algo incerto. Foi pensando em recuperar parte da liberdade que tinha antes de tudo acontecer que comecei a planejar um dia de diversão. Chamei Rosana, Ravenna e Elisabeth, a companheira de Túlio.Fazia pouco tempo que eu tinha conhecido a companheira de Túlio; ela morava em outra alcateia e tinha vindo nos visitar. Ela e Túlio já tinham marcado a data da união deles e nos convidaram, a mim e a Jonathan, para sermos os padrinhos. Nã
Já tinha se passado um mês do pior dia da minha vida, o dia em que procurei por minha companheira em toda a alcateia e não a encontrei. Os dias que passei longe dela, algumas pessoas poderiam dizer que foram poucos, mas, para mim, aqueles dias foram um tormento. Pensar que algo ruim poderia estar acontecendo com minha companheira e que eu não estaria ao seu lado para protegê-la me consumia por dentro. Mas, graças à deusa Selene, ela voltou sã e salva, e eu cuidaria dela; no que dependesse de mim, ninguém mais conseguiria fazer mal à minha companheira. É claro que a companhia de Rosana e da companheira de Túlio fez com que ela ficasse mais leve. Todos os dias, elas se reuniam com minha mãe e inventavam algo para passar o tempo.— Quando tivermos que ir embora, eu vou sentir muita falta de tudo aqui — disse ela, com lágrimas nos olhos.— Vamos voltar, meu amor. Aproveitaremos todos os recessos que você tiver da faculdade e voltaremos para perto de quem amamos.— Nem acredito que a Rosan
Achei que voltar para meu apartamento seria uma das melhores coisas que aconteceria após um bom tempo longe dele, mas, com o passar dos dias, comecei a sentir falta de tudo na alcateia. Não imaginava que veria aquele lugar que deixei para trás, que jurei nunca mais voltar a considerar como minha casa. Entretanto, após minhas férias, reconectei-me com as pessoas que eram importantes para mim. Aproximar-me do meu pai e dos meus sogros foi essencial para minha decisão de voltar a morar na alcateia; percebi que eles já estavam na idade de se cuidarem e de deixar a alcateia nas mãos dos mais novos.Jonathan até tentou me convencer de que não era preciso mudar antes do fim do meu curso; porém, os dias que passamos lá me fizeram ver que era necessário ter um alfa presente cuidando do seu povo. Apesar de meu sogro fazer um ótimo serviço, aquela não era mais a função dele, e eu também via que Jonathan sentia falta de estar entre nós. Era muito para ele, pois vivia dividido entre estar ao meu l
Tínhamos seis meses para aproveitar a companhia um do outro antes que voltássemos para a alcateia. Aproveitamos cada dia dos seis meses que passamos juntos, embora metade deles tenha sido com a cara de Tamara enfiada no vaso. Ela teve muito enjoo; a pessoinha dentro dela estava dando muito trabalho à mãezinha dela. Quando Tamara me revelou que estava grávida, dentro de mim explodiu a barreira do meu equilíbrio. Tudo que eu fiz após ver o teste positivo foi guiado apenas pela emoção. Liguei para todos que achava importantes, que tinha certeza de que ficariam felizes com a notícia de que eu seria pai; porém, foi na minha última ligação que percebi que deixei de comemorar com a pessoa que era a mais importante, a única que era importante naquele momento.No momento em que olhei para Tamara e vi que seus olhos estavam presos em mim, pude perceber que sua mente se encontrava revirada por um turbilhão de sentimentos. Ela me disse que tinha medo de ser uma mãe igual à mãe que teve, só que nu
Os hormônios de Tamara estavam todos à flor da pele. No dia em que voltamos para a alcateia, ela chorou o caminho todo. O choro não era por conta da mudança, e sim porque ela viu um pombo morto em frente ao nosso carro. Foi a primeira vez que vi Tamara perder o controle daquela forma. Se eu não a tivesse segurado, ela teria se sentado ao lado do pombo e chorado até ele sair voando novamente. Eu tive que pegar o pombo e jogá-lo em uma lixeira próxima a nós; porém, Tamara achava que eu o tinha levado para a floresta e o enterrado. Após entrar no carro, ela passou os dez primeiros minutos chorando.— Ele era tão bonitinho. — Escutei-a soluçando.— Meu amor, você tem certeza de que está bem?— Estou sim, só que hoje acordei um pouco sensível.— Nossa, meu bem, eu nem percebi. — Tamara me deu um olhar mortal. — Estou brincando, meu amor, são os hormônios. Daqui a uns minutos você estará bem; tente cochilar um pouco quando chegarmos em casa, será só alegria.— Verdade, vou dormir um pouco.
A gravidez de Tamara já estava quase no fim, e a nossa decisão de vir para a alcateia foi a melhor que poderíamos ter tomado. Podemos ficar mais próximos da nossa família, e eles puderam acompanhar o crescimento da barriga de Tamara. Tínhamos decidido não saber o sexo até o nascimento, pois não importava se fosse um garotinho ou uma garotinha; iríamos amar nosso filho ou filha da mesma forma. No entanto, pretendíamos deixar para descobrir o sexo no nascimento, mas, infelizmente, esse plano era apenas meu e de Tamara, já que todos descobriram o sexo antes de nós dois. Por um erro de cálculo, em que acharam que nós tínhamos saído de casa, quando, na verdade, nós ainda iríamos sair, foi que descobrimos que seríamos pais de uma bebezinha. Eu teria uma versão mini de Tamara.Sei que dizíamos que o sexo que viesse seria amado da mesma forma, mas quando eu realmente descobri que seria uma menina, coloquei a mão em meus cabelos e tentei raciocinar o mais rápido que pude. Clamei pela Deusa, pe
Quase não acreditei quando soube que estava à espera de uma menina, e a única coisa que passava pela minha mente era que sempre daria o melhor de mim para que ela fosse a criança mais feliz deste mundo. Após o medo de fazer tudo errado passar, comecei a fazer planos de coisas que iria fazer com ela, coisas de mãe e filha. É incrível como uma gestação mexe com os ânimos de uma família. Meus sogros e meu pai estavam curtindo cada descoberta da gravidez, vibrando e desejando que a hora chegasse logo, para que eles tivessem a nossa Maitê em seus braços. Não conseguia nem escrever sobre o brilho que via nos olhos do meu pai toda vez que ele tocava minha barriga.— A Deusa Selene me deu Maitê de presente para alegrar minha vida, após a morte de Talita e logo depois que você foi embora para a cidade dos humanos. Meu coração foi partido ao meio. Mas agora ela me deu a chance de ter você de volta, e você ainda veio com uma bênção dentro de você.— Fico feliz em ver o senhor bem depois de tudo
Todos podem me considerar a vilã, mas o que ninguém nunca vai entender é o que eu passei para chegar até onde estou. Eu vivi uma vida infeliz, fui obrigada a um casamento fatídico, e a única coisa boa que consegui com esse casamento foi minha menina, Ravenna. Ver minha menina tão cheia de si, dando ordens aos lobos para saberem o momento certo de lutar, mexeu muito com meu coração. Ver aquela cena me deixou dividida; uma parte de mim ficou feliz por ver que, mesmo sem me ter em sua vida, minha menina conseguiu se tornar uma mulher poderosa. O outro pedaço de mim ficou triste por não ter o poder dela ao meu lado. Com o passar do tempo, meu poder foi enfraquecendo. Acho que meu lado vampira estava ficando mais forte do que meu lado de bruxa. Não sei bem se essa era a forma certa de falar, só sei que, com o passar dos dias e como eu não praticava mais a bruxaria, fui ficando mais fraca. Só que isso não era suficiente para me impedir de elaborar um plano e, nem que eu tivesse que usar meu