Não foi difícil me acostumar com a rotina de Drake.
Cedo ele sempre me esperava acordar para levantar da cama, ele me abraçava e ia para seu banho enquanto eu corria para o outro banheiro para me arrumar.
O café da manha era sempre farto e sortido, as cozinheiras eram muito dedicadas e pareciam gostar do que faziam. Ele me apresentou a todos e me senti bem recebida por alguns. Não era assim sempre.
Nas primeiras reuniões em que ele me levou, sua famiglia me olhou de cima abaixo e desdenhou o meu nascimento.
Não existia uma fibra em mim que tivesse parentes na Itália e isso era uma abominação na visão deles, contudo ninguém era louco de contestar a decisão do Capo e eu não era louca de dizer a ele sobre os olhares que recebia quando ele não estava por perto.
— Não pode ficar só mais um pouquinho comigo essa manha?
Lady B.Voltei para casa angustiada, eu sabia que deveria uma explicação a eles, sabia que eles mereciam mais de mim, mas não tinha forças para aquilo. Ainda não.Eu precisava achar uma forma de casar os dois mundos e manter tanto meus pais em minha vida como Drake.Na casa o silêncio reinava, os funcionários de Drake ainda não me viam como a nova integrande da famiglia ou a mulher de sua vida, eu era apenas o novo brinquedo que eles não precisariam se preocupar.Fui até nosso quarto e joguei minha bolsa para o lado e me sentei analisando toda a situação que estava a minha frente. Eu tinha o poder de escolha, mesmo assim me sentia errada por fazê-la.Troquei de roupa e desci as escadas não vendo ninguém pelo caminho. Fui até o piano de cauda e me sentei nele alisando de um lado ao outro. Respirei fundo e levantei a t
Não sei em qual momento peguei no sono, mas quando acordei Drake estava sentando na poltrona ao lado de nossa cama me encarando.— Que horas são? — perguntei me sentando na cama.— Três horas da manhã. — olhei para as cortinas fechadas e voltei a encará-lo. — Por que não me disse que ainda não tinha contado a seus pais? — ele estava sério e com razão.— Vai me fazer voltar? — falei jogando minhas pernas para fora da cama.Drake se levantou e veio em minha direção com seu olhar felino, avaliando todos os meus movimentos. Ele parou a minha frente e se abaixou colocando as mãos no colchão uma em cada lado de minha coxa.— Não, se não quiser — seus olhos procuravam alguma coisa e meu rosto e eu não sabia dizer o que era. — Mas não quero que minta novamente para mim.
Drake fazia o possível para eu me sentir aceita, sempre me colocando em seus meios sociais e em suas atividades cotidianas, porém nem sempre eu me sentia assim.Era difícil ver os olhos das pessoas em minha direção me incriminando por amá-lo, por estar ao lado dele. Eu tentava a todo custo me fazer de forte, provar para ele que não estava sentindo a indiferença, mas quando ele dormia, nem sempre eu fazia o mesmo. Vagava pela imensa mansão pensando em tudo que estava acontecendo em minha vida.As vezes eu sentia vontade de ir embora.As vezes eu questionava a minha decisão.As vezes eu me sentia errada por amar.— Por onde você está vagando agora? — Luiza tinha chegado em casa a algum tempo. Desde que ela me levou para o estúdio de tatuagem e depois passou para Drake o meu recado, mesmo que não atendido, eu passei a vê-la co
Terminei de subir as escadas e quando entrei em meu quarto, havia um teclado no meio dele com um cartão em cima." Lady B,Para que possa fazer música por onde for,Mor"Fiquei surpresa com aquele presente, com a delicadeza do ato.As vezes eu queria ficar trancada dentro do quarto apenas dedilhando as teclas, mas como faria isso se o piano não podia ser carregado para onde eu quisesse. Não poderia me esquecer de agradece-lo por ter sido tão amável.Me sentei na banqueta e dedilhei pequenos acordes esperando que Drake voltasse logo e me tomasse como sua. Eu sentia falta do nosso tempo a sós. Parecia que a cada dia ele ficava cada vez mais afastado de mim.— Senhorita? — as batidas na porta me tiraram de meu devaneio.— Entre — me virei e vi Mor entrar pela porta.— Achei mesmo que iria querer aproveitar o presente.— É
DrakeMe sentei a frente do Dom assim que todos deixaram a sala. Era nítido o meu desconforto.Os olhos dele me evitaram por alguns minutos até que ele se resolveu o que era preciso que eu ouvisse.— Giordano, sei que você tem o livre arbítrio dentro desta máfia, nunca tive que lhe pedir nada, você sempre esteve a frente e sabia o que fazer e como fazer. Sempre foi o meu pupilo. — ele se levantou cruzando as mãos nas costas. Não me virei para ver o seu caminho. Ainda estava raciocinando sobre como deveria seguir. Betina era prioridade em minha vida, mas minha famiglia também era, não tinha como decidir por um só. — Entretanto, me admira a sua escolha de companheira. Não sei quais motivos o levaram a trazer uma bastarda para nossa família, mas a presença dela tem sido bastante discutida em minha casa.—  
DrakeVoltei para sala e Betina e Luiza não estavam mais por lá.— Pelo visto as coisas não saíram como você esperava. — Mor falou assim que pisei na sala.— Acho bom você acelerar o casamento — olhei para Mau que franziu o senho.— O que quer dizer?— Nosso chefe considera sua noiva uma boa escolha para mim. — ele empalideceu.— O que disse?— Que não, é óbvio. Quero ficar com a Betina e farei de tudo para que todos a aceitem, por bem ou por mau.— Já pensou que isso possa ser um aviso? — olhei novamente para Mor.— Aviso?— A dias estou percebendo alguns Orrorres passarem por nosso bairro, como não nos atacaram, não fizemos nenhum movimento, porém...&mda
Lady BMais um dia acordei sozinha e sem perspectiva de vê-lo. Já era um habito acordar no meio da noite para velar seu sono e averiguar se existia mais algum machucado em sua pele. Drake sempre tentava esconder qualquer coisa que me assustasse em seu mundo, tentava me iludir que aquilo não era algo perigoso. Só por Deus! Se ele ser o chefe da Máfia não era perigoso, o que seria?Me arrastei para fora da cama e fui até o banheiro e me encostei na pia observando minha imagem no espelho. Seria sempre assim? Esfreguei meu rosto com força tentando afastar a frustração que eu sentia. Eu amava Drake, mas o peso de sua vida começava a me afetar.Troquei de roupa e desci as escadas pensando em como abordar Drake hoje a noite, por que com certeza seria o único momento que eu o veria durante todo o dia. Como de costume, o café estava posto a mesa e quando digo café, é só isso mesmo. Lady Fontana continuava a me evitar e fazia questão de não estar presente nos momentos em que Drake não est
Lady B Fiquei sentada na cama esperando Drake aparecer e perto da meia noite ele o fez. — Ainda acordada? — ele não me olhou e tenho certeza que soube que ouvi sua conversa. — A quase uma semana que não conversamos — falei me arrastando até a beirada da cama. — Sei que está me evitando — ele não disse nada e não voltou para o quarto. Ouvi quando o chuveiro foi ligado e deixei que ele tivesse seu tempo. Quando voltou com a toalha na cintura vi algumas manchas roxas cobrindo seu torax e me levantei para olhar mais de perto. — É isso que você está escondendo de mim, não é? — ele evitou meus olhos e segurou minhas mãos, as beijando em seguida. — Não quero que se sinta mal com isso. — respirei fundo — É algo natural para mim. — Drake, não tem como isso ser normal — ele me soltou e se afastou — Não tem, porque ... — Betina, escuta — ele se sentou na cama e me encarou. Seus olhos estavam mais frios, mais duros. — Quando você descobriu o que eu era, eu te mostrei. Te falei sobre os per