O fim do ensino médio havia chegado. E com isso, eu precisava decidir o que queria pro meu futuro.
A decisão não era nada fácil. Por um lado, eu precisava pensar em mim mesmo, e no que eu queria pra minha vida profissional. Mas por outro, eu pensava na minha ruivinha, e no quanto a minha decisão poderia afetar o nosso relacionamento.
Adiei o máximo que pude a matrícula em uma das universidades em que fui aceito. Mas o tempo estava passando e eu não poderia mais fugir disso. Com esses pensamentos, confirmei minha matrícula em Stanford. Foi uma decisão difícil, mas eu sei que fiz a coisa certa. Marquei de fazer uma visita ao campus, e hoje era o dia.
Acordei cedo naquele dia, e contei a novidade pra minha mãe. Ela ficou surpresa com minha decisão, mas mesmo assim, me apoiou.
— Você precisa contar pra Valentina. — Ela me alerta. — Se ela acabar descobrindo sozinha, eu não quero nem imaginar.
Ela e
Aquela noite demorou a passar. Eu ainda podia ouvir claramente as palavras dela "Eu nem mesmo gosto de você" ecoarem na minha cabeça, me atormentando.Eu não pude fazer com que ela me amasse. Todos esses meses foram uma grande ilusão da minha cabeça. Quanto mais cedo eu aceitasse isso, melhor.Quando vi que já estava amanhecendo, me levantei e fui até o quarto da minha mãe. Ela ainda dormia, mas o despertador iria tocar em alguns minutos. Me enfiei nos cobertores, procurando seu apoio materno. Ela abriu os olhos sonolenta e me encarou preocupada.— Você está bem?— Não. — Respondo com a voz embargada.Ela me abraça protetoramente, e eu desabo mais uma vez. Choro em seus braços como uma criança, sem conseguir impedir os soluços que escapam de mim.
Os dias estavam se passando rápido. O dia da minha mudança estava cada vez mais próximo e isso estava me mantendo muito ocupado. Não posso reclamar. Essa ocupação era a única coisa que me distraía, assim eu não pensava tanto em Valentina.Ela me ligava pelo menos cinco vezes por dia, deixava inúmeros recados, e mensagens, mas eu ignorava todos. Quando estivesse pronto, nós conversaríamos. Se eu me sentisse pronto.Minha mãe fez questão de viajar três dias antes de mim, e decorar a nossa nova casa do jeito dela. Não protestei, afinal, ela estava muito mais animada com essa mudança do que eu.— Promete que vai me ligar e dizer como está? Não quero que você destrua nossa casa. — Ela fala séria.— Mãe, relaxa. Não vai acontecer nada. — Sorrio pra aliviar ela. — Serão só três dias.Ela concorda e se despede. Fico observando o carro se distanciar.Nem acredito que vou emb
— Acho que essa foi a última. — Digo exausto.Pensei que organizar uma mudança fosse menos cansativo. As últimas caixas com os meus pertences estavam a caminho do Canadá, e logo eu estaria lá também.Amanhã de manhã, eu entrarei em um avião e começarei uma nova vida. Longe de tudo, longe de todos. Só eu e minha mãe. Como sempre foi.— Eu vou levar isso, te vejo amanhã no aeroporto. — Connor se despede e vai.Suspiro e começo a caminhar pra dentro de casa. Por instinto, olho pra casa ao lado e confirmo minhas suspeitas: Valentina estava me observando. Ela mantém seu olhar fixo no meu por um tempo, mas eu resolvo entrar.Isso não precisa ser mais doloroso do que já está sendo.....
Acordo mais cedo do que o normal. Me levanto já desperto e sigo pro banheiro. Tomo um banho rápido e visto minha roupa formal de empresário. Odeio usar terno e gravata, mas fazer o que, né? É a vida.Ao descer, encontro Jane, minha cozinheira/empregada, terminando de arrumar a cozinha. O cheiro de café fresco me faz sorrir.— Bom dia, Jane. — Cumprimento ela.— Bom dia, Sr. Ferraz. — Ela responde educadamente. — Vai querer seu café?— Por favor. — Faço uma careta. — Hoje meu dia será longo.Ela sorri e me entrega meu café em uma garrafa térmica. Pego uma maçã e saio pra mais um dia de trabalho.Nos últimos sete anos, minha vida deu muitas voltas. Quando cheguei aqui, eu era um jovem sem experiência, disposto a aprender. E foi isso o que fiz. Me empenhei na faculdade, e consegui me formar em menos de dois anos.Claro, eu tive ajuda. Connor ficou ao meu lado, me ap
Eu não precisava ser um gênio pra saber que Connor ficaria uma fera ao saber da minha viagem repentina. Ele ficou furioso por eu ter contado em cima da hora, sem aviso prévio.— Não se esqueça que o dono dessa empresa sou eu. — Digo com sarcasmo. — Eu saio a hora que eu quiser, você não pode me impedir.— Você tem responsabilidades a cumprir. — Ele diz mais calmo.— Mas também tenho negócios em Nova Iorque. Você mesmo me disse que estava interessado em aumentar nossas filiais. — Rebato. — Vou cuidar de tudo, não se preocupa.— Tudo bem. — Ele suspira. — Boa viagem então.....Nova Iorque. Não consigo evitar o sorriso ao desembarcar. Me sinto bem estando aqui novamente. Essa cidade me traz boas recordações e todas elas me atingem em cheio enquanto caminho pelo aeroporto. Nasci e morei aqui minha vida toda
Dois dias se passaram desde o meu reencontro com a Valentina. Desde aquele dia, eu não consegui parar de pensar nela e em suas palavras. Por um lado, eu podia ver que ela ainda tem algum sentimento por mim, mas por outro, pude ver claramente que ela ainda guarda muita mágoa pela minha traição. Eu nunca esqueci o que ela fez comigo, mas já a perdoei. Por que ela não pode me perdoar também?Amanhã eu veria ela. Temos que acompanhar nossos amigos na prova dos bolos, e mais outras coisas. Preciso conter minhas emoções.Como sou um empresário eficiente, passei os últimos dois dias resolvendo a compra das filiais aqui em NY. Connor ficou satisfeito com a minha rapidez e parou de encher meu saco. Uma preocupação a menos.Resolvi tirar o dia pra visitar as crianças do orfanato que participa do meu projeto. Eu
Assim que acordo, já há várias notificações pra mim. Hoje eu completo 25 anos.Uma parte de mim quer sair pra comemorar e passar a noite na farra, mas outra só quer ficar debaixo dessas cobertas, longe de tudo e de todos. Já não sou o mesmo festeiro de antes.Ainda deitado, fico pensando em como minha vida mudou nos últimos sete anos. Não que eu esteja reclamando, mas sinto muita falta de estar com alguém. Com uma certa ruiva, especificamente.Faltam apenas 4 dias pro casamento e eu mal posso esperar pra vê-la novamente. Desde o dia do orfanato, não nos falamos direito. Estávamos sempre com nossos amigos, ajudando nos detalhes do casamento.A vontade de ligar e convidá-la pra sair me remoeu por dias, mas achei melhor dar o espaço que eu sei que ela precisa.Olho pra mesa de cabece
Era um belo dia para o casamento do meu melhor amigo.Eu imagino que as noivas ficam super ansiosas e nervosas, mas no caso, é Bernardo quem está a ponto de ter um infarto.— E se ela desistir de casar comigo? — Ele pergunta desesperado. — Eu sei que sou todo infantil, mas nós estamos juntos há mais de sete anos, ela até gosta desse meu jeito e...— Ei, se acalma! — Digo tentando segurar o riso. — A Camila te ama, cara. Não tem porque você ficar todo paranóico.— Eu sei, mas é que... eu tenho medo de não ser um bom marido, de não conseguir fazer ela feliz. — Ele responde cabisbaixo.— Me responde uma coisa. — Sento ao seu lado na cama e o mesmo me encara. — Ela te faz feliz?— Sim. — Ele sorri. — Ás vezes, eu