Acordo mais cedo do que o normal. Me levanto já desperto e sigo pro banheiro. Tomo um banho rápido e visto minha roupa formal de empresário. Odeio usar terno e gravata, mas fazer o que, né? É a vida.
Ao descer, encontro Jane, minha cozinheira/empregada, terminando de arrumar a cozinha. O cheiro de café fresco me faz sorrir.
— Bom dia, Jane. — Cumprimento ela.
— Bom dia, Sr. Ferraz. — Ela responde educadamente. — Vai querer seu café?
— Por favor. — Faço uma careta. — Hoje meu dia será longo.
Ela sorri e me entrega meu café em uma garrafa térmica. Pego uma maçã e saio pra mais um dia de trabalho.
Nos últimos sete anos, minha vida deu muitas voltas. Quando cheguei aqui, eu era um jovem sem experiência, disposto a aprender. E foi isso o que fiz. Me empenhei na faculdade, e consegui me formar em menos de dois anos.
Claro, eu tive ajuda. Connor ficou ao meu lado, me ap
Eu não precisava ser um gênio pra saber que Connor ficaria uma fera ao saber da minha viagem repentina. Ele ficou furioso por eu ter contado em cima da hora, sem aviso prévio.— Não se esqueça que o dono dessa empresa sou eu. — Digo com sarcasmo. — Eu saio a hora que eu quiser, você não pode me impedir.— Você tem responsabilidades a cumprir. — Ele diz mais calmo.— Mas também tenho negócios em Nova Iorque. Você mesmo me disse que estava interessado em aumentar nossas filiais. — Rebato. — Vou cuidar de tudo, não se preocupa.— Tudo bem. — Ele suspira. — Boa viagem então.....Nova Iorque. Não consigo evitar o sorriso ao desembarcar. Me sinto bem estando aqui novamente. Essa cidade me traz boas recordações e todas elas me atingem em cheio enquanto caminho pelo aeroporto. Nasci e morei aqui minha vida toda
Dois dias se passaram desde o meu reencontro com a Valentina. Desde aquele dia, eu não consegui parar de pensar nela e em suas palavras. Por um lado, eu podia ver que ela ainda tem algum sentimento por mim, mas por outro, pude ver claramente que ela ainda guarda muita mágoa pela minha traição. Eu nunca esqueci o que ela fez comigo, mas já a perdoei. Por que ela não pode me perdoar também?Amanhã eu veria ela. Temos que acompanhar nossos amigos na prova dos bolos, e mais outras coisas. Preciso conter minhas emoções.Como sou um empresário eficiente, passei os últimos dois dias resolvendo a compra das filiais aqui em NY. Connor ficou satisfeito com a minha rapidez e parou de encher meu saco. Uma preocupação a menos.Resolvi tirar o dia pra visitar as crianças do orfanato que participa do meu projeto. Eu
Assim que acordo, já há várias notificações pra mim. Hoje eu completo 25 anos.Uma parte de mim quer sair pra comemorar e passar a noite na farra, mas outra só quer ficar debaixo dessas cobertas, longe de tudo e de todos. Já não sou o mesmo festeiro de antes.Ainda deitado, fico pensando em como minha vida mudou nos últimos sete anos. Não que eu esteja reclamando, mas sinto muita falta de estar com alguém. Com uma certa ruiva, especificamente.Faltam apenas 4 dias pro casamento e eu mal posso esperar pra vê-la novamente. Desde o dia do orfanato, não nos falamos direito. Estávamos sempre com nossos amigos, ajudando nos detalhes do casamento.A vontade de ligar e convidá-la pra sair me remoeu por dias, mas achei melhor dar o espaço que eu sei que ela precisa.Olho pra mesa de cabece
Era um belo dia para o casamento do meu melhor amigo.Eu imagino que as noivas ficam super ansiosas e nervosas, mas no caso, é Bernardo quem está a ponto de ter um infarto.— E se ela desistir de casar comigo? — Ele pergunta desesperado. — Eu sei que sou todo infantil, mas nós estamos juntos há mais de sete anos, ela até gosta desse meu jeito e...— Ei, se acalma! — Digo tentando segurar o riso. — A Camila te ama, cara. Não tem porque você ficar todo paranóico.— Eu sei, mas é que... eu tenho medo de não ser um bom marido, de não conseguir fazer ela feliz. — Ele responde cabisbaixo.— Me responde uma coisa. — Sento ao seu lado na cama e o mesmo me encara. — Ela te faz feliz?— Sim. — Ele sorri. — Ás vezes, eu
Nunca gostei de despedidas. É sempre difícil dizer adeus à alguém que você ama. Mas eu sou egoísta o suficiente pra ter ido embora sem me despedir de Valentina.Na noite passada, cometemos um grande erro quando deixamos que nosso desejo falasse mais alto que nossa consciência. Eu não me arrependo de nada. Mas não sei se ela pensaria como eu.Saí antes que ela acordasse e fui visitar meus amiguinhos no orfanato. Já estava com saudade deles, e logo eu voltaria pra Toronto, sem previsão de volta.Ao entrar no orfanato, não pude deixar de lembrar da última vez que estive aqui. Valentina e eu nos divertimos tanto. As crianças me alegram de uma forma inexplicável, acho que por isso tenho tanta vontade de ser pai.Afasto esses pensamentos e me esforço em dar toda a atenção e carinho que os pequenos merecem.
Alexis melhorava a cada dia. Ela já conseguia dormir a noite inteira, me deixando menos preocupado. Eu estava ansioso pra que ela começasse a falar, isso facilitaria muito a nossa comunicação.A mãe dela foi enterrada há alguns dias, eu fiz questão de pagar por tudo, ela merecia um túmulo digno. Quando Alexis for mais entendida, eu levarei ela pra visitar o túmulo de sua mãe.Valentina praticamente se mudou pra cá. Passávamos o dia tentando alegrar Alexis, que vez ou outra soltava uma gargalhada alta e gostosa. Eu me derretia todo por dentro, sempre gostei muito de crianças.Hoje seria a primeira vez que ficaríamos sozinhos. Valentina voltará pra Seattle amanhã, e ela terá uma grande surpresa.— Qualquer coisa, me liga. — Ela repete pela milésima vez.— Não se preocupa. A gente vai se divertir muito, não é, Alexis? — Olho pra ela, que nem se dá ao trabalho de desviar os olhos da TV.
Não sei se voltar pra Toronto foi uma boa idéia. Eu já não me sentia bem como antes, não era mais divertido. O trabalho excessivo estava me deixando exausto, sem ânimo algum.Alexis, por outro lado, estava bem adaptada. Eu reformei um dos quartos de hóspedes pra ela, e decoramos juntos, de uma forma que ficasse do jeito que ela queria.Depois que ela falou pela primeira vez, não parou mais. Alexis tinha um jeito único de se expressar. Quando ela botava uma coisa na cabeça, não tinha quem tirasse. Seu olhar meigo e sua expressão inocente disfarçavam a personalidade forte e determinada que ela estava desenvolvendo. Já me orgulho muito da minha pequena.Minha mãe surtou quando a viu pela primeira vez. Encheu a menina de presentes, levou ela pra fazer compras, passear, e não queria mais largá-la. Elas duas desenvolveram uma forte ligação desde o primeiro encontro. Alexis até já chama ela de vovó Wanda. Nem preciso dizer
— TIA ABÓBORAAA!! — Alexis corre em sua direção. Valentina se abaixa, ficando na altura dela, e lhe recebe em um longo abraço apertado.Ainda estou estático, parado na porta, sem saber o que fazer. Meu coração bate descompassadamente com a cena que vejo. Essas duas tem uma forte ligação, isso não dá pra negar.— Eu senti tanta saudade de você, meu amor! — A ruivinha não esconde a felicidade. — Você tá enorme!— Você acha? — Alexis se anima. — Eu também tava com muita, muita, muita saudade!Sorrio involuntariamente.— Agora eu voltei, e não vou mais te largar. — Valentina abraça ela novamente.Minha mãe está toda emocionada, assistindo a cena. Me contenho pra n&ati