GiuliaO que fazer quando o homem que você ama diz tudo aquilo que você queria ouvi-lo dizer?Merda! Dante cortou a minha conexão com a realidade. Ele sempre me colocava nessas situações; sempre queria dominar meus pensamentos, meu corpo e escrever o rumo da história. E o pior era eu fingir que não queria isso. A verdade era que eu não conseguia fechar os olhos sem pensar nele, no que estava fazendo, no que estava pensando e com quem estava.Toda vez que ele estava perto de mim, eu sentia que o mundo parava e que a gravidade mudava, sempre me puxando e me levando até ele. Eu queria ser mais forte e não ter me derretido ao ouvi-lo dizer aquelas palavras. Só queria não me sentir uma fraude ao desejar jogar tudo para o ar e correr até ele.O quarto escuro e o silêncio de Nina dormindo no berço não eram acolhedores o bastante para me fazerem dormir. Minha mente traidora não parava de pensar em Dante e no quarto ao lado. Ele era o meu amor, isso eu não podia negar.Irritada comigo mesma, l
DanteSempre achei que não tinha sorte na vida. Eu era filho de uma prostituta drogada que me jogou na frente da casa de um mafioso frio e cruel. Não tive pai, pois o homem que contribuiu para a minha existência era mais um monstro do que pai. E a única mãe que tive era proibida de me dar afeto e morreu quando eu tinha quinze anos.Passei todo esse tempo tentando provar o meu valor para os filhos da puta que me olhavam como um simples bastardo inútil. Era eu quem comandava aquele meio. Lorenzo era, sim, o homem que se sentava na cadeira, mantendo a empresa e a imagem de bom moço, mas era eu quem me metia nas negociações, nas cobranças e em cortar as cabeças que influenciavam de forma negativa o nosso negócio.Dia após dia, eu me levantava e saía de casa em busca de fazer o meu trabalho, sem reclamar. E na única vez que eu tive o que realmente queria, precisei abandonar, por pensar antes no dever em vez do meu amor.O destino me deu uma segunda chance quando pôs novamente Giulia no meu
GiuliaAcordar e o ver com Nina nos braços era como um sonho louco que, constantemente, eu tinha enquanto fugia de um lugar para outro. Eu, apesar de magoada e com muita raiva, sempre desejei que minha filha pudesse ter um pai e uma vida confortável.Dante voltou decidido a se tornar um homem diferente. Surpreendi-me e fiquei amedrontada, pois na última vez em que estávamos de bem e planejando um futuro juntos, algo aconteceu e me levou essa felicidade.Eu ainda sentia medo de que tudo isso fosse um sonho ou um surto dele e que, quando ele se tocasse, fosse embora outra vez. Não importava quanto tempo tinha se passado, eu ainda o amava. Pensei que aceitar o seu pedido daquela forma foi rápido demais e uma tolice, todavia não pude me segurar. Não poderia mentir, dizendo que não queria isso, porque meu desejo me levou para os seus braços.Mesmo falando que não era bom com crianças, Dante estava se saindo bem como pai. Pelo menos por enquanto. Sempre acordava mais cedo, pegava Nina do be
GiuliaDeus! Eu estava nervosa com tudo aquilo. Nunca me imaginei casando com um mafioso. Óbvio que meu casamento firmado com o braço direito do meu pai já era uma certeza, porém, naquela época, eu pensava em fugir ou fazer alguma coisa para que isso não acontecesse.Então, eu me via em uma loja chique da Grécia, encarando uma imensidão de vestidos brancos e tendo que escolher um para o meu casamento com Dante, que não se comparava ao meu primeiro noivo.O frio na barriga fazia eu me sentir novamente com vinte e um anos, quando conheci Dante naquela festa. O arrepio na espinha, a incerteza... Sempre que eu me recordava daquele dia, meu coração palpitava e eu sentia uma ansiedade inexplicável.— Não acho que precisa de tanto — praticamente sussurrei, observando a loja e as moças bonitas sorrindo para nós, querendo nos agradar. Uma delas até encarava meu noivo com olhos famintos, e isso me deixou com raiva. — Você mesmo disse que quer uma coisa simples.— Não significa que eu não possa
DanteEra só o que me faltava. Justo quando achei que teria um minuto de paz.O miserável do Marcos estava tentando me tirar do sério. Eu deveria ter acabado de vez com esse idiota, porém não queria ter que o matar, justamente por ser o traste do pai de Giulia.Eu havia botado o meu melhor homem na cola dele, no entanto tudo estava em risco no momento. Não iria ter um minuto de paz até encontrá-lo.Planejei me casar com Giulia o mais rápido possível, e exatamente quando isso estava prestes a acontecer, o miserável sumiu, arriscando esse pouco de felicidade. Questionei ao Gabriel o porquê de eu só estar sabendo disso naquele instante, e o imbecil nem sabia quando tinha perdido o rastro dele. Naquela hora, ele já deveria estar longe, arriscando chegar à Grécia e me tirar tudo outra vez. É claro que o babaca teria que ser maluco de vir diretamente ao meu encontro, mas eu sempre soube que é melhor estar de olho no inimigo do que o deixar à vontade para tramar contra mim.— O que isso que
DarkSe alguém tivesse me falado que eu estaria prestes a presenciar o casamento de Dante Mitolli, eu riria até não poder mais. O homem era um esquisitão calado e frio demais para amar alguém. Porém, foi como aconteceu comigo. O mundo sempre nos surpreende.Tínhamos acabado de chegar a um hotel em Atenas, na Grécia. Em vinte e quatro horas o homem que eu amava provocar por ser tão sério e insensível se casaria com uma mulher linda que tinha nos braços uma menina fofa, de cabelos claros e olhos castanhos. E, pior, ele estava de joelhos pelas duas.Piadas à parte, Dante já tinha sofrido muito para uma vida só. E apesar de não dizer em voz alta, eu estava feliz por vê-lo tão feliz. Se até eu, uma mulher que todos achavam desprezível, consegui achar a minha tampa do pote, ele também merecia isso.Quem sabe, assim, possamos dar aos nossos filhos o que nunca tivemos dos nossos pais?Lorenzo estava tão empolgado, que até parecia que era o casamento dele. De novo.— É uma tradição — ele disse
GiuliaTrês dias desde que tudo aquilo aconteceu e eu ainda não tinha conseguido dormir um segundo. Meu corpo estava cansado e tudo doía, até mesmo o meu peito. Eu não conseguia encontrar a paz.Como fazer isso depois de ter perdido tudo?Não existia mais lágrimas para eu chorar e me sentia seca por dentro. Nem mesmo voz, eu conseguia ter. Fugir não era mais o que eu procurava. Na verdade, depois de ter visto atearem fogo na casa, eu queria mesmo era morrer.Minha pequena Nina foi deixada lá com Dante ainda vivo, mas ferido, para morrer junto com ele. Nunca imaginei que, algum dia, eu fosse pedir tanto a Deus pela minha morte. Saber que os dois já não estavam à minha espera me deixou desesperada.O primeiro dia naquele cativeiro me deixou com tanto pânico, que senti meu peito sair pela boca. Tentei sair, fugir e voltar para casa, com esperança de salvá-los, contudo eu sabia que era inútil.Marcos me arrastou até o carro, apagou-me, depois me amordaçou e tapou os meus olhos. Quando aco
DanteEu tentei abrir os olhos, entretanto a luz me incomodou. Eu não sabia onde estava, nem com quem, só sentia que estava pesado. Alguém dormia ao meu lado. Aos poucos fui me acostumando com tudo e tomando coragem para ver o que estava em minha frente.Assim que consegui enxergar nitidamente, olhei em volta e vi o quarto branco com uma enorme janela, cortinas azuis, móveis brancos e detalhes azul-escuros. Ao meu lado estava Giulia encolhida em mim.Devagar, fui me recordando do que aconteceu e logo precisei buscar por respostas.— O qu...? O que aconteceu? — minha voz falhou e eu tive que pigarrear para poder dizer alguma palavra.Giulia se mexeu. Acreditei que eu a tivesse acordado. O que eu me lembrava da última vez que nos vimos foi que eu levei um tiro e que ela foi levada pelo idiota do pai. Também me recordei de Nina. Tive que a carregar para longe da casa pegando fogo.— Giulia, você está bem? Onde está a nossa filha? Onde está a Nina? — Eu me senti desesperado, já que não sa