GiuliaAcordar e o ver com Nina nos braços era como um sonho louco que, constantemente, eu tinha enquanto fugia de um lugar para outro. Eu, apesar de magoada e com muita raiva, sempre desejei que minha filha pudesse ter um pai e uma vida confortável.Dante voltou decidido a se tornar um homem diferente. Surpreendi-me e fiquei amedrontada, pois na última vez em que estávamos de bem e planejando um futuro juntos, algo aconteceu e me levou essa felicidade.Eu ainda sentia medo de que tudo isso fosse um sonho ou um surto dele e que, quando ele se tocasse, fosse embora outra vez. Não importava quanto tempo tinha se passado, eu ainda o amava. Pensei que aceitar o seu pedido daquela forma foi rápido demais e uma tolice, todavia não pude me segurar. Não poderia mentir, dizendo que não queria isso, porque meu desejo me levou para os seus braços.Mesmo falando que não era bom com crianças, Dante estava se saindo bem como pai. Pelo menos por enquanto. Sempre acordava mais cedo, pegava Nina do be
GiuliaDeus! Eu estava nervosa com tudo aquilo. Nunca me imaginei casando com um mafioso. Óbvio que meu casamento firmado com o braço direito do meu pai já era uma certeza, porém, naquela época, eu pensava em fugir ou fazer alguma coisa para que isso não acontecesse.Então, eu me via em uma loja chique da Grécia, encarando uma imensidão de vestidos brancos e tendo que escolher um para o meu casamento com Dante, que não se comparava ao meu primeiro noivo.O frio na barriga fazia eu me sentir novamente com vinte e um anos, quando conheci Dante naquela festa. O arrepio na espinha, a incerteza... Sempre que eu me recordava daquele dia, meu coração palpitava e eu sentia uma ansiedade inexplicável.— Não acho que precisa de tanto — praticamente sussurrei, observando a loja e as moças bonitas sorrindo para nós, querendo nos agradar. Uma delas até encarava meu noivo com olhos famintos, e isso me deixou com raiva. — Você mesmo disse que quer uma coisa simples.— Não significa que eu não possa
DanteEra só o que me faltava. Justo quando achei que teria um minuto de paz.O miserável do Marcos estava tentando me tirar do sério. Eu deveria ter acabado de vez com esse idiota, porém não queria ter que o matar, justamente por ser o traste do pai de Giulia.Eu havia botado o meu melhor homem na cola dele, no entanto tudo estava em risco no momento. Não iria ter um minuto de paz até encontrá-lo.Planejei me casar com Giulia o mais rápido possível, e exatamente quando isso estava prestes a acontecer, o miserável sumiu, arriscando esse pouco de felicidade. Questionei ao Gabriel o porquê de eu só estar sabendo disso naquele instante, e o imbecil nem sabia quando tinha perdido o rastro dele. Naquela hora, ele já deveria estar longe, arriscando chegar à Grécia e me tirar tudo outra vez. É claro que o babaca teria que ser maluco de vir diretamente ao meu encontro, mas eu sempre soube que é melhor estar de olho no inimigo do que o deixar à vontade para tramar contra mim.— O que isso que
DarkSe alguém tivesse me falado que eu estaria prestes a presenciar o casamento de Dante Mitolli, eu riria até não poder mais. O homem era um esquisitão calado e frio demais para amar alguém. Porém, foi como aconteceu comigo. O mundo sempre nos surpreende.Tínhamos acabado de chegar a um hotel em Atenas, na Grécia. Em vinte e quatro horas o homem que eu amava provocar por ser tão sério e insensível se casaria com uma mulher linda que tinha nos braços uma menina fofa, de cabelos claros e olhos castanhos. E, pior, ele estava de joelhos pelas duas.Piadas à parte, Dante já tinha sofrido muito para uma vida só. E apesar de não dizer em voz alta, eu estava feliz por vê-lo tão feliz. Se até eu, uma mulher que todos achavam desprezível, consegui achar a minha tampa do pote, ele também merecia isso.Quem sabe, assim, possamos dar aos nossos filhos o que nunca tivemos dos nossos pais?Lorenzo estava tão empolgado, que até parecia que era o casamento dele. De novo.— É uma tradição — ele disse
GiuliaTrês dias desde que tudo aquilo aconteceu e eu ainda não tinha conseguido dormir um segundo. Meu corpo estava cansado e tudo doía, até mesmo o meu peito. Eu não conseguia encontrar a paz.Como fazer isso depois de ter perdido tudo?Não existia mais lágrimas para eu chorar e me sentia seca por dentro. Nem mesmo voz, eu conseguia ter. Fugir não era mais o que eu procurava. Na verdade, depois de ter visto atearem fogo na casa, eu queria mesmo era morrer.Minha pequena Nina foi deixada lá com Dante ainda vivo, mas ferido, para morrer junto com ele. Nunca imaginei que, algum dia, eu fosse pedir tanto a Deus pela minha morte. Saber que os dois já não estavam à minha espera me deixou desesperada.O primeiro dia naquele cativeiro me deixou com tanto pânico, que senti meu peito sair pela boca. Tentei sair, fugir e voltar para casa, com esperança de salvá-los, contudo eu sabia que era inútil.Marcos me arrastou até o carro, apagou-me, depois me amordaçou e tapou os meus olhos. Quando aco
DanteEu tentei abrir os olhos, entretanto a luz me incomodou. Eu não sabia onde estava, nem com quem, só sentia que estava pesado. Alguém dormia ao meu lado. Aos poucos fui me acostumando com tudo e tomando coragem para ver o que estava em minha frente.Assim que consegui enxergar nitidamente, olhei em volta e vi o quarto branco com uma enorme janela, cortinas azuis, móveis brancos e detalhes azul-escuros. Ao meu lado estava Giulia encolhida em mim.Devagar, fui me recordando do que aconteceu e logo precisei buscar por respostas.— O qu...? O que aconteceu? — minha voz falhou e eu tive que pigarrear para poder dizer alguma palavra.Giulia se mexeu. Acreditei que eu a tivesse acordado. O que eu me lembrava da última vez que nos vimos foi que eu levei um tiro e que ela foi levada pelo idiota do pai. Também me recordei de Nina. Tive que a carregar para longe da casa pegando fogo.— Giulia, você está bem? Onde está a nossa filha? Onde está a Nina? — Eu me senti desesperado, já que não sa
GiuliaSeis meses depoisEu não podia imaginar, em toda a minha vida, que estaria tão feliz. Claro que antes de tudo isso, eu ainda tive que fugir e mendigar. Sofri com a possibilidade da perda. Mas hoje agradeço a Deus por ele ter me dado a oportunidade de viver essa felicidade.Ao olhar para Dante com Nina, mal me lembrava do homem sedutor e possessivo que despertou em mim uma paixão louca de menina. Ele já era um outro homem, mais alegre e que se dedicava à família. Claro que ele já fazia isso, porém estava diferente. Dante estava comigo e Nina, não só com seus irmãos.Óbvio que nada era tão perfeito. Os negócios da máfia o cobravam muito e eu tinha que dividi-lo com eles.Era bom saber que minha filha iria crescer tendo o seu pai por perto e que poderia até ter um irmão. Bem, era disso que Dante estava tentando me convencer. Parece que gostou da paternidade surpresa.Falando nele, ele havia acabado de chegar, abraçando-me por trás e beijando o meu pescoço, causando arrepios em mim
— O que está fazendo aqui, Dante? — Perguntou ela friamente.Ainda com o objeto na mão, virei-me para encontrar seu olhar furioso ao mesmo tempo que assustado. Dark estava um pouco diferente. Seus cabelos já eram mais longos, mas agora tinha uma maior extensão e tons claros mesclados com escuros, usava um jeans surrado, mas justo, uma blusa larga, mas o olhar era o mesmo. Ela sempre estava com raiva de alguma coisa.— Baixe a arma, eu só quero conversar. — Pedi com delicadeza. Apesar da fúria, eu não sabia se realmente atiraria em mim. Eu não estava à procura de briga, então não a irritaria tão fácil.— Não, irmão Mitolli, quando um de vocês procuram alguém como eu, têm segundas intensões, sempre querem algo, e estou facilitando para você, não estou a fim de ouvi-lo, compreende-lo ou ajuda-lo. — Falou sem largar a marra ou a arma que apontava em minha direção.A mulher estava a poucos passos da porta e o soldado do lado de fora empunhou a sua pistola em direção a ela, mas dei o coman