Chego a empresa e adentro, todos os funcionários fazem de conta que não estão me vendo, sigo para o elevador e ele está se abrindo, duas funcionárias saem dele gargalhando, assim que me veem elas desmancham o sorriso e desviam a atenção. Adentro o elevador e aperto o vigésimo andar, demora alguns minutos até que a porta se abra.
-Bom dia se...
A interrompo.
-Quero o relatório da reunião passada na minha mesa, e meus horários para hoje. Falo sem dar chances dela terminar o que ia dizer.
-Sim senhor. Abro a porta e fecho deixando a menina sem graça, faz um mês que ela trabalha para mim, e ainda não se acostumou? Bando de gente incompetente.
Tiro meu paletó e afrouxou o no da gravata, pego o whisky e ponho uma dose no copo, sento na cadeira atrás da mesa e ligo o computador.
O dia como sempre passa rápido, depois da morte da Laís, eu afundei a cara em trabalho, procuro não me lembrar muito do que aconteceu, isso me mata ainda mais, na verdade acho que está tudo morto dentro de mim, até mesmo minha filha que era a quem eu deveria amar e cuidar mais que tudo eu não tenho feito, eu amo ela muito, mais todas as vezes que olho para ela vejo o quanto as duas se parecem e isso me deixa furioso, Deus foi tão injusto quando levou ela de mim.
-Aqui está senhor. A menina fala abaixando a cabeça.
-Quem mandou você entrar?
Pergunto com raiva.
-Eu bati na porta cinco vezes senhor, então eu entrei para entregar os relatórios. Ela fala assustada.
-E se eu estivesse nu? Iriam dizer que eu estava te assediando, não entre na minha sala sem permissão ouviu?
Grito fazendo ela dar um pulo para trás.
-Sim senhor. Ela diz encolhida.
-Pode sair Ester. Meu irmão fala por trás da garota que está assustada.
-O que pensa que está fazendo?
-Evitando que você faça besteiras seu infeliz. Meu irmão afronta, a menina sai em desparada para fora da minha sala.
-Você pensa que é quem para falar assim comigo?
Esbravejo.
-Meu irmão mais velho e mais sem noção, a garota não fez nada para você soltar os cachorros encima dela. Ele fala e senta na cadeira ficando de frente para mim.
-Que ótimo.
Murmuro.
-Deveria procurar alguém, isso deve ser falta de sexo. Ele fala e eu sento na minha cadeira.
-Eu não sou igual você seu pervertido, agora saia da minha sala que eu tenho muito o que fazer. Ele faz pouco caso.
Davi fica com se eu não tivesse falado nada com ele, as vezes esse jeito dele me irrita muito, mais faço de conta de que ele não está aqui, não preciso de mais um motivo para ficar com raiva pela manhã.
Ele ficou aqui até dizer que estava com fome e sair, quando passava das onde e meia sai para almoçar.
-O de sempre por favor. Peço ao garçom sem nem ao menos olhar o cardápio, a dez anos como nesse mesmo restaurante, ele está cada dia mais sofisticado, mais eu não deixo de comer bife com batatas fritas e salada, era a comida favorita dela, uma porção de batatas com uma porção de salada, o equilíbrio perfeito, era o que ela sempre falava.
Fico olhando as pessoas ir e vir pela vidraça do restaurante, as vezes a saudade dela vem mais forte e isso me corroe por dentro.
Quando a comida chega, começo a beliscar devagar, o apetite passou, vou comer só para não ter que sair mais cedo da empresa, deixo algumas batatas fritas no prato e uma rodela de tomate, o bife eu quase nem toquei, lembra dela me faz perder a fome.
-Pode trazer a conta para mim por favor?
O garçom logo trás a conta para mim, pago e saio de lá, fica um pouco longe da empresa, mais eu gosto de caminhar até aqui.
Chego na empresa e vou direto para a minha sala, e como sempre, todos vão embora e fica apenas eu na sala, as luzes já foram todas apagadas menos a da minha sala, continuo a digitar o formulário de inscrição para novos aprendizes, aqui na empresa temos o programa para a contratação de cinco novos aprendiz, fazemos uma vez por ano, temos vaga para vinte pessoas, mais só cinco serão selecionados para trabalhar aqui, eu adaptei a ideia na empresa e achei muito bom, tem muitas pessoas inteligente que não são reconhecidas.
(...)
Saio da empresa já passa das nove e meia da noite, o trânsito está calmo, logo chego em casa, as luzes estão apagadas, Brenda a essa hora já está dormindo, vou até o quarto dela e abro uma pequena frecha da porta, ela está deitada de costas para a porta, todas as noites quando chego ela está assim, Saio cedo o suficiente para não lhe ver acordada e chego tarde o suficiente para que já esteja dormindo, nós morou com meus pais até ela fazer dois anos, depois eu decidi que estava na hora de termos nossa própria casa, comprei uma casa não muito longe da dos meus pais, depois que chega da escola, Brenda vai para natação e depois para a aula de música, seu dia é sempre bem cheio.
Vou para meu quarto, tomo um banho e deito na cama usando apenas uma cueca box, logo pego no sono.
Já faz um mês que a Brenda chegou na minha turma, ela está se adaptado bem, e já virou minha amiga, meu pai teve uma piora esses dias, ele está no hospital, então reveso meu tempo da escola no hospital, hoje tem uma reunião de pais e mestres.-A reunião vai começar. Samuel fala colocando a cabeça para dentro da sala dos professores.-Obrigada, já estou indo. Falo olhando para ele.Ele sai e fecha a porta, respiro fundo e fecho o notebook que ganhei de presente da Sandra.-Boa tarde. Falo entrando na sala, já estão quase todos lá, está faltando apenas a diretora.Pouco tempo depois ela chega, e é dada início a reunião, falamos sobre os planos estudantis, sobre as viagens que faremos no meio do ano para uma excursão em uma fazenda de plantações agrônoma, sobre as provas e por fim o desempenho dos alunos.-Minha filha entrou a pouco mais de um mês, ela está tendo o mesmo desempenho do outros alunos?Um dos pais pergunta, estou mostrando as fotos no slide onde será nossa viajem.-Professo
-Voce vai sim, ela é sua filha e você tem que começar a participar da vida dela. Minha mãe grita do outra lado da linha.—Eu não posso largar meus compromissos para ir em uma reunião de escola. Falo com raiva.—Bernardo Lumière, você não me faça ir aí para lhe dar umas palmadas, quando você fez essa menina você ficou todo contente, agora haja como um pai e vai na reunião.Ela desliga o celular me deixando ainda mais frustrado. Pego o telefone e disco o número da minha secretária.-Cancele minha reunião. Pego minha maleta e saio da sala.-Mais senhor...Não espero ela terminar de falar e entro no elevador.Brenda foi transferida da outra escola por que não estavam ensinando direito para ela, já faz um mês que ela está nessa nova escola, mais eu não soi bem onde fica, o motorista que sempre leva ela, ele irá me levar também, eu gosto de dirigir para espairecer, ou caminhar quando não é muito longe da empresa.-Chegamos senhor. Ele fala parando o carro.Ele vem até a porta e abre para
O hospital fica mais próximo um pouco da escola, então consegui chegar mais cedo um pouco.-Bom dia. Falo entrando na sala dos professores.-Bom dia. Eles falam em uníssono.-Acordou de bom humor Gabi?Samuel pergunta com um sorriso de lado.-Meu pai vai ter alta amanhã, foi mais cedo do que eu esperava, então sim, amanheci de bom humor. Falo -Que coisa boa, espero que ele fiquei bem. Ele fala e sai da sala.-Sem querer me intrometer, mais já me intrometendo, acho melhor cortar relações com ele, a esposa dele adora uma briga, e se eu fosse você não daria motivos para uma demissão. Uma das professora me alerta, nós duas não conversamos muito, mais ela é sempre bem simpática comigo.-Sério?-A mulher dele não bate muito bem da cabeça, ela ver coisas que não acontecem. Ela fala e pega a bolsa.-Farei o possível para me afastar dele. Falo pensando na possibilidade disso acontecer, não seria nada bom para a minha imagem.-Saio da sala dos professores com os braços cheios de livros e segur
Finalmente eu consegui fazer ela aceitar a carona, não foi fácil isso eu posso garantir.-Esta calada, me conte mãos sobre você. Puxo assunto.-Não tenho o que falar, e para ser sincera, o que você quer comigo? Ela pergunta seca.-Você é professora da minha filha, e ela gosta muito de você, então preciso saber se você não está apenas querendo se...Ela me interrompe.-Se o senhor ousar falar que quero me aproveitar de sua filha eu abro a porta do carro e pulo fora. Ela me olha com ódio.-Me desculpe, não queria te ofender. Que idiota eu sou.-Mais começou ofender, meu pai sempre tentou passar as coisas certas para mim, e me aproveitar das pessoas nunca foi uma delas, muito menos de uma criança. Ela cruza os braços na altura dos seios e suspira com raiva, ela olha para o outro lado me fazendo mim xingar mentalmente.-Me desculpe, mais é um instinto desconfiar das pessoas que se aproxima dela. Tento justificar.-Pode parar aqui por favor?Ela pergunta olhando para fora da janela.-Sua
O pai da Brenda só pode ser louco, acho que não tem nenhuma explicação melhor para o que ele fez.-Oi Gabi. Maria fala acenando para mim.-Oi Maria, como você estão?Pergunto parando de frente a minha casa.-Estamos bem, como foi a noite com o seu pai, ele está melhor?-Está sim, se tudo der certo amanhã ele terá alta. Falo animada.-Muito bom, eu dei uma arrumada nas suas coisas, agora vai descansar filha. Ela fala e entra na casa dela.Faço o mesmo, entro em casa e está tudo tão arrumadinho, e sei como agradecer tudo que ela faz por mim e por o meu pai, se minha mãe não fosse tão egoísta, seria ela que estaria aqui cuidado de nós.Entro no banheiro e tiro minha roupa, deixo a água fria lavar meu corpo, me sinto tão cansada, essa correria está me desgastado, se eu pudesse ficaria apenas cuidado do meu pai, mais não posso me dar ao luxo de sair do trabalho para ficar apenas com ele, onde nos dois iríamos morar, quem pagaria nossas contas e colocaria comida dentro de casa? Apenas o apo
Pode mandar essa, está perfeito. Falo olhando o lindo buquê de flores vermelhas.Qual mulher não gosta de um lindo buquê, um gesto de carinho, ou algo do tipo?-Neste endereço, vou fazer o depósito em segundos. Falo e desligo o celular, entro no aplicativo e faço a transferência.(...)Eu e Brenda estamos a caminho da casa dos meus pais, Brenda não é muito falante, acho que foi uma das coisas que ela puxou a mim.Meu celular toca no bolso, pego o aparelho e vejo o nome do meu pai na tela.-Já estou a caminho. Falo-Filho, sua mãe sofreu um pequeno acidente na cozinha, estou levando ela para o hospital. Ele fala-Vou deixar a Brenda aí e encontro vocês lá. FaloBrenda me olha e quando olho para ela, vejo que a mesma desvia o olhar.-Você ficará um pouco na casa da sua avó, eu vou ter que sair mais logo chego ok. Ela assente com a cabeça.Deixo ela na casa dos meus pais e vou para o hospital, não demora muito até eu chegar no hospital. Estacionou o carro e vou para e me dirijo a entrada
Finalmente estou levando meu pai para casa, não sei como vou fazer para pagar minha dívida, mais vou conseguir.-Papai, como o senhor está se sentindo?-Estou bem filha, não se preocupe comigo. Ele fala sorridente.-Então vamos. Falo entrando na ambulância com ele.Chegamos em casa e tinha uma recepção para ele de boas vinda, ele ficou tão feliz de ver todos os seus amigos ali esperando ele.-Obrigado. Ele agradeceFicamos conversando e dando risada com as coisas que meu pai falava sobre as enfermeiras, eu me sinto tão bem de ver ele assim sorridente, com certeza ele é meu presente, as vezes acho que não foi Deus que me mandou para ele, e sim ele que mandou meu pai para mim, o presente maior foi eu quem ganhei.-E que flores são aquelas?Maria pergunta olhando para o buquê que ganhei do Senhor Lumière. Olho de relance para todos a minha volta, os olhares todos estão em mim.-Está namorando filha?Meu pai pergunta me olhando.-O que? Claro que não pai, de jeito nenhum. Falo-Mais esse
Por que ela tem que ser tão assim, será que ela tem medo de eu fazer algo com ela? Merda o que eu estou pensando, eu preciso trabalhar, ficar aqui olhando para ela só me faz ficar mais frustrado. Volto para o carro e dirijo até a empresa, assim que entro na minha sala vejo meu irmão sentado mexendo no celular. -O que faz aqui? -Como pode ver... te esperando, esqueceu que temos que ir para Europa hoje ainda? Realmente eu não lembrava disso. -Você poderia muito bem ir sozinho, você é o vice presidente. Falo tirando meu paletó. -E você é o presidente, faça jus ao seu cargo e encare seus compromissos. Ele fala levantando. -Está bravo ainda por causa do jantar? Eu percebi que ele não gostou muito da forma que eu falei sobre a Hanna. -Ela não é um objeto, ela é uma pessoa. Ele fala me olhando sério. -Deveria ficar feliz, eu dispensei sua amada, agora você tem o caminho livre com o pai dela. Falo lançando um sorriso de canto para ele que sai bufando da minha sala. Sento na minha