Naquela noite, Mia mal pôde pregar os olhos, estava assustada com aquela situação, em sua mente, uma ponta de esperança surgiu, que seu pai, lhe demonstrando ao menos o mínimo de amor, a procurasse, ela sabia que seu pai fazia parte da máfia, havia descoberto a poucos anos atrás, quando uma empregada deixou escapar a frente dela, mas não teve mais informações além disso, seu contato com o pai era mínimo, mesmo morando na mesma casa, ela sempre trancada em seu quarto, fazia meses que não ficava em sua presença. Pela manhã, após uma noite mal dormida, Lorenzo saiu de seu quarto, caminhando pelo corredor, parou em frente ao quarto onde havia colocado Mia, estava tudo tão silencioso, coisa incomum para uma pessoa sequestrada, mas não era incomum para Mia estar trancada. Lorenzo retornou até seu quarto, pegou a chave e rapidamente foi ao quarto de Mia, ele colocou a chave na fechadura, destrancou, mas quando foi abrir a porta, a sentiu bater em algo, ao olhar, viu ser Mia.
— esta tudo bem? — ele questionou enquanto passava pela pequena brecha que havia aberto na porta e indo até ela, temendo ter a machucado. — si...sim. — o que fazia dormindo ai? — ele questionou a ajudando a levantar. — eu não sabia que estava em frente a porta. — e por que não deitou-se na cama? — tem uma aqui? — ela questionou, ele confuso confirmou. — sim, tem uma cama neste quarto. — não pude encontra-la, já estava dolorida de esbarrar nas coisas, então fiquei aqui mesmo. — ela disse de forma simples, aquilo parecia normal para ela, mas para ele era estranho, pois estava percebendo que ela não tinha o mínimo de autonomia como outros deficientes visuais. — quantos anos você tem? — ele questionou enquanto a guiava até a cama. — eu não sei exatamente. — não sabe? — ele questionou um tanto confuso. — chuto que mais de dezessete. — você algum problema psiquiátrico? — ele questionou, estava descrente que ela não soubesse sua própria idade, em sua mente, aquilo devia algum problema psiquiátrico. — acho que não sou louca. — disse ela, ele ficou calado procurando entender a situação, mas antes que pudesse fazer mais uma pergunta, escutou alguém bater na porta. — quem é? — Lorenzo questionou, logo quem estava do outro lado respondeu. — Moret senhor, posso lhe falar um instante, é sobre a garota e é bem serio. — entre. — Moret assim fez, ao entrar, olhou para Mia, seu olhar era triste piedoso em sua direção. — o que tem a dizer? — senhor, podemos falar um instante a sós. — diga logo Moret, sabe o quão ocupado sou. — Moret suspirou, não queria dizer aquilo a frente de Mia, mas como Lorenzo havia pedido, ele deu início. — senhor, ela realmente é filha de Alexandre...como o pedido, entrei em contato com ele. — e então, ele vai retirar tudo que disse sobre mim em troca de sua filha? — Lorenzo questionou animado, mas Moret balançou a cabeça em negação. — ele disse que não está interessado em reaver a garota, que ela sempre foi um estorvo, disse também que...que. — Moret gaguejou e fez uma pausa, o que ele tinha contar era difícil, doloroso. — ele disse que ela é virgem e, que o senhor poderia fazer o quisesse com ela e depois dar um fim na garota. — Lorenzo ficou em choque com o que escutou, em momento nenhum haviam pensado em machucar a garota e, saber que o próprio pai havia dito coisas tão horrorosas o deixou sem palavras, perdido na situação, mas foi desperto de seus pensamentos ao escutar um soluço da garota, ao olha-la, viu aqueles doces olhos se desmanchando em lagrimas, montando dentro de si um misto de piedade e raiva. — aquele desgraçado pensa que sou um maldito estuprador? — Lorenzo disse tomado de ódio, Moret lançou um olhar piedoso a Mia, que chorava encolhidinha, ela sabia bem que seu pai não lhe amava, mas não tinha noção de que ele poderia ser tão maldoso a ponto de pedir que outro a matasse, esperava que ele ao menos a levasse de volta, mesmo que fosse para mantê-la trancada naquele quarto. — senhor, por isso lhe queria falar a sós. — venha, vamos falar lá fora. — Moret seguiu Lorenzo para fora do quarto, então no corredor mesmo, ele pediu mais informações, tinha urgência. — o que mais o desgraçado disse? — apenas isso, mas eu investiguei um pouco, o senhor sabe que tenho uma filha bebê, é horrível pensar que alguém tenha um pai assim, fiquei tocado com a situação, entrei em contado com pessoas próximas dele, nenhuma sabia de nada, apenas um, que me contou um pouco sobre a garota, essa situação foi um dos motivos para meu contato ter se afastado de Alexandre. — vamos Moret me conte logo. — Moret respirou fundo, estava realmente muito tocado com a situação. — Mia é a filha mais nova de Alexandre, tem vinte e um anos, a mãe dela morreu no parto, que foi um tanto complicado, desde então a garota tem sido mantida trancada, ele não quer que ninguém saiba que ele tem uma filha “defeituosa” meu contato me disse que é desta forma que ele costuma se referir a moça, pelo que ele me disse a garota está a todo esse tempo trancada, sem contato nenhum com o mundo externo, nem mesmo podia ir ao quintal ou coisa do tipo. — que homem podre. — disse Lorenzo apertando os punhos. — o que pretende fazer com a garota, sabendo que ela não é útil para seu plano e o próprio pai não a quer? — Moret questionou. — ela não tem nenhum outro parente? — só a irmã que também não gosta dela, talvez a garota possa dizer algo que ajude a resolver isso. — acho que não, ela nem mesmo sabe a própria idade...eu preciso pensar com calma, colocar a cabeça no lugar, pra só então decidir o que fazer...com a vingança e com a garota, que não tem culpa de ter o sangue daquele maldito.Depois de longas horas com aquele assunto em sua mente, Lorenzo ainda não tinha decidido o que fazer, nem com Mia, muito menos com sua vingança, então para se aprofundar um pouco mais naquele assunto, decidiu falar com ela, talvez Moret tivesse razão e ela soubesse de algo util. Lorenzo seguiu até o quarto em que Mia estava, a porta estava destrancada, então somente entrou, ela não estava sentada, como quando havia saído daquele quarto, ela estava deitada, encolhidinha. — quem está ai? — ela questionou a sentir uma presença. — sou eu. — mas ainda não sei quem é você. — seu semblante era triste, de cortar corações, até mesmo o de alguém frio como Lorenzo. — me chamo Lorenzo. — Lorenzo...o que vai fazer comigo? — ela questionou temerosa. — precisamos conversar, pra só então saber o que fazer com você. — Lorenzo sentou-se na cama, não tão perto dela, não queria que se sentisse acuada, mas Mia era tão inocente que não tinha ideia do mal que um homem poderia a causar. — c
No dia seguinte, Lorenzo levantou logo cedo e saiu, foi a uma das casas dele, onde costumava se reunir com seus capangas, lá ele encontrou Moret, e com ele se reuniu no escritório, estava ansioso por notícias de Mia, mal a conhecia, mas a situação dela havia o tocado de forma profunda. — e como está a moça? — ele perguntou assim que a porta se fechou, Lorenzo ergueu a sobrancelha o olhou com seriedade. — parece muito interessado. — a situação dela me tocou. — me diga Moret, você está solteiro? — Moret franziu o cenho, não estava entendendo a finalidade daquilo. — sim, senhor, mas qual o motivo da perguntou? — seu interesse Moret, nunca vi você tão interessado em algo, não que você seja displicente, ao contrário, é muito eficiente, mas vejo que se interessou em demasia por Mia, antes que possa se interessar ainda mais, fique sabendo que me casarei com Mia. — senhor, não é o que está pensando...— Moret fez uma pausa, então assimilou o que havia ouvido. — o que o sen
Ao fim do banho, Lorenzo colocou uma toalha ao redor do corpo de Mia, ela sorria de forma doce e agradecida, aquele olhar era um claro pedido, de carinho, de atenção, para ele aqueles olhos o diziam “me cuide” e era isso que iria fazer.— sua roupa está imunda, vou pegar uma camisa minha. — Lorenzo seguiu até seu closet, lá pegou uma camisa qualquer e retornou rapidamente a ela, que o aguardava no mesmo lugar que havia a deixado, no meio do quarto, segurando a toalha em seu corpo de forma desajeitada. — me dê a toalha. — disse ele, a retirou a toalha de seu corpo o deixando novamente exposto aos olhos dele, que logo pegou a toalha e jogou num canto qualquer, em seguida começou a colocar a camisa nela, primeiro colocando os braços e por fim fechando os botões.— Lorenzo...— diga.— estou com fome.— pensei que estava comendo quando cheguei, afinal estava toda suja.— eu ia comer, mas acabei derramando comida em mim e a moça não me deixou mais...mais comer. — completou ela apó
Lorenzo, um homem de vinte e oito anos, que havia assumido seu lugar na máfia aos vinte anos, após o falecimento de seu tio e primo. Rodeado de falsidade, em um mundo onde as pessoas atacam pelas costas e na frente fingem normalidade, fidelidade, eram poucos os quem se podia confiar. Sentado na cadeira de seu escritório, de paredes de cor sucinta, cortinas cinza, nada de muita cor, aquele local tinha parte da personalidade de Lorenzo, sem vida, sem alegria, um canto sombrio de sua alma. Ele levou seu copo de Whisky até a boca, tomando um generoso gole, que fez sua garganta arder, porém aquilo não o incomodou, estava acostumado e gostava da breve sensação de queimação, estava tendo um momento de descanso, o que nos últimos dias, havia sido bem raro, com sua posição, vinham várias obrigações e também preocupações. Lorenzo mais uma vez levou o copo até sua boca, tomando o restante do conteúdo do mesmo, quando estava prestes a enche-lo novamente, escutou alguém bater na porta. — entre.
Cerca de três dias haviam se passado, Lorenzo sabia que seus homens estavam trabalhando para resolver aquilo, então estava um pouco mais tranquilo, sabia o quão eficiente eles eram. Mais uma vez sentado em seu melancólico escritório, estava Lorenzo, quando alguém bateu na porta. — entre. — ele disse forma simples, logo ele viu um de seus homens passar pela porta. — senhor, pegamos a garota. — disse ele empolgado, aquele rapaz era novo no mundo da máfia e queria mostrar eficiência a Lorenzo. — onde está? A traga aqui agora mesmo. — Lorenzo disse, o rapaz assentiu, em seguida saiu, em pouco menos de dois minutos voltou arrastando uma garota que tinha um saco preto em sua cabeça, Lorenzo estava atônito, crente que ali estava a solução para calar Alexandre. — tire esse saco da cabeça dela e traga até mim. — o homem fez como o solicitado, tirou o saco da cabeça dela e, a empurrou para que desse uns passos a frente, a garota com sua péssima coordenação motora, caiu ao chão, Lorenzo