KIANEra estranho pensar que eu estava sentindo falta de Kath. Ela era quieta, afinal, ela não podia falar, porém, pequenos gestos dela estavam agora sendo percebidos. Quando Kath estava aqui, ela preparava o café da manhã, limpava a casa, arrumava nossas roupas, e eu descobri, deixava sempre uma barra do meu chocolate favorito debaixo do meu travesseiro. Eu pensei que era Karissa ou minha mãe quem faziam isso, mas agora que Kath não está mais aqui, eu vejo que era ela. Não é que eu quisesse apenas que ela fosse a empregada, mas… se ela cuidava de nós desse jeito, como podia então ser tão malvada? Em contraste, Karissa, que sempre foi tão solícita e boazinha, agora andava de péssimo humor depois que certos afazeres recaíram sobre ela. Eu achava que era ela quem fazia, porque eu via nossos pais dizerem como ela era organizada e como cuidava de todos, porém, eu podia ver a diferença: ela andava tomando os créditos pelo que Kath fazia. Era fácil ela fazer isso quando Kath não podia fa
JOSHUA— Você se atrasou — eu disse assim que Kian parou ao meu lado. — Desculpe, Alfa. Eu queria saber como a Kath estava, se ela tinha ligado. Merda, eu não conseguia parar de pensar nela e em como ela tinha ido, contente, para junto daquele maldito do príncipe! “ — E a culpa é de quem, se não sua?” — Keanu não perdeu tempo em me acusar. Desde que eu rejeitei a minha companheira, meu lobo tem me tratado de maneira distante e fria. Venho tendo até mesmo problemas para me transformar. — Soube da sua irmã? — Ela estava pintando unha e de mau-humor — Kian respondeu enquanto pegava as luvas. Olhei para as minhas próprias mãos e engoli em seco. — A outra irmã. Ouvi o suspiro longo de Kian. Ele não tinha aceitado nada bem o fato de que eu tinha rejeitado a Kath. Ele pensou que ela tinha apenas sido uma bruxa com a Karissa e, por isso, foi castigada. Depois, o príncipe Reagan estava aqui e a levou, porque ela era companheira dele. Só que o segredo não durou muito. Claro que não. As
JOSHUA— Josh, eu tenho que te dizer um negócio… Eu levantei minha mão para ouvir o que o Rei tinha a dizer. “ — Venho através desse anúncio avisar que a futura princesa foi capturada. Preciso que todos os bandos fiquem atentos para qualquer possibilidade de ela estar em suas terras. Ofereceremos uma recompensa de dois milhões de dólares para quem a trouxer em segurança. E mais meio para quem me trouxer o responsável por esse crime. Subo para um milhão se ele estiver vivo.” Voltei a mim, sentindo como se meu corpo voltasse a se conectar à terra. — Cara, o que foi isso? — Kian perguntou e eu vi que ele estava ali para me segurar. Balancei a cabeça e voltei a me sentar. — Kath… — eu senti dificuldade em engolir a saliva, minha garganta parecia ser pura lixa. — O que tem a Kath? — a expressão no rosto de Kian mudou completamente. — Ela… ela foi levada. Foi sequestrada — eu disse e a cada palavra, era como se não fosse eu a dizê-las. — Seques… do que diabos está falando? — não me
KATH— A comida vai esfriar — eu vi uma garota de cabelos curtos e muito loiros, os olhos castanhos e arredondados me encarando. Ela não parecia ter raiva de mim, como os machos que chegaram perto. Ela parecia estar apreensiva, isso sim. — Eu preciso sair daqui — usei minhas mãos, porém, ela negou com a cabeça. — Não entendo, desculpe — ela falou e olhou para baixo. — Não sei libras. Nem escrever. Nem ler. Oh, droga. Então eu não poderia nem mesmo escrever para que ela e eu nos comunicássemos. — Olha, sua comida tá aí. E-eu preciso ir — ela falou e deu alguns passos para longe de mim. — Por favor… Ela apenas balançou a cabeça novamente e se foi, deixando-me com menos esperança de sair dali. Olhei sem vontade para a comida e torci o nariz. Eu estava com tanta fome, antes, e agora… Depois da conversa com o líder daqueles lobos, eu só conseguia pensar que morreria. Ou pior, seria violentada e, aí sim, morta. “ — Você precisa comer, Kath” — Cinder disse. Ela parecia fraca. “ — Se n
AUTOR*ANOS ANTES*— Mãe, mas porque eu não tenho pai? — o garotinho de olhos alaranjados perguntou, enquanto a mãe preparava a comida. Ela congelou. — Seu pai morreu — ela respondeu e continuou a mexer a panela sem olhar para a criança. O menino abaixou a cabeça, os fios prateados caindo pelo rostinho oval. — As outras crianças dizem que eu sou esquisito — ele falou e cobriu o rosto com as mãos. — E que eu sou um bastardo. O barulho da colher sendo largada não alarmou o garoto, nem quando a mãe colocou as mãos em cima dos braços dele. — Meu bem, olha pra mim — ela falou calmamente e o menino a olhou. — Reece, você não é esquisito. Você é especial. E não é um bastardo, está me ouvindo? Os lábios do garoto tremeram e a mulher de cabelos avermelhados o abraçou, consolando o pequeno. Mesmo tentando mostrar apenas amor ao menino, ela sentia ódio do pai do mesmo. Ele a tinha abandonado quando encontrou a predestinada dele. E quando Celine tentou falar com ele, avisar sobre a criança,
REAGANJá tínhamos rodado boa parte da floresta, porém, nem sinal de Kath. Não havia qualquer cheiro, ou mesmo um pedaço de roupa rasgada. Nada. Absolutamente nada. Minha mente estava ficando cada vez mais confusa, porque eu tinha que me concentrar, no entanto, as possibilidades que passavam pela minha cabeça eram terríveis. Apesar de poder sentir algumas coisas, eu não poderia saber se Kath estava sendo torturada, por exemplo. Ou mesmo violada. Se eu a tivesse marcado antes… Maldição! Eu deveria ter marcado a minha fêmea no momento em que a vi. Talvez ela ficasse tão contente, mas agora eu poderia sentir melhor o que acontecia com ela e onde ela poderia estar! — Alteza Real, o lado Leste também está completamente limpo — um dos soldados falou e eu rosnei de frustração. — Alguma notícia sobre os rogues que estavam nas bordas? — Não, senhor. Eles simplesmente retraíram as forças e sumiram. Como… Ele não precisava continuar a falar. Como magia. Eu já desconfiava que podia ter dedo
REAGAN— Pai, estamos falando de crianças e… — Crianças que vão crescer e se voltar contra nós por invadirmos o bando deles e massacrarmos seus pais e familiares — ele disse e não vi um pingo de remorso ao falar sobre a morte de inocentes. — Mate-os. Infelizmente, Reagan, temos que tomar decisões difíceis, como soberanos. E é para o bem de todos. — Todos ou do seu bem? — não consegui me controlar e vi como aquilo não desceu bem no meu pai. — Não se preocupe, não vou deixar pontas soltas. Ele inspirou fundo e assentiu, fazendo sinal com a mão para que eu me fosse. Antes de fechar a porta na minha saída, eu o vi pegando a caixa de madeira novamente. De quem quer que aquilo pertencesse, essa pessoa tinha um lugar especial no coração do Rei. Andrew já tinha sido avisado pelo meu pai e se colocou ao meu lado. — Partiremos ainda hoje? Já está escurecendo. — Não vou perder tempo — olhei para o Beta. — Medo do escuro, Andrew? Ele torceu a boca para mim. — Não siga besteiras! — Acho i
JOSHUAQuando cheguei à packhouse, fui direto para o meu quarto. Kian estava no meu encalço. — Você vai até as Terras Reais? — ele perguntou e eu não disse nada, apenas peguei a minha mochila e comecei a pegar itens necessários. — Joshua, você não pode simplesmente aparecer por lá! Mesmo sendo Alfa, precisa de autorização! Merda! Ele estava certo! — Por que eles me recusariam? Eu estou indo para ajudar não é? Senti o toque de Kian no meu braço e me esquivei imediatamente, mostrando os dentes. Ele levantou as mãos na frente do corpo. — Calma! Eu só não quero que você aja sem pensar e acabe pioranndo as coisas! — Kath sumiu, porra! — eu gritei com Kian. — Não entende isso? — Sim, eu entendo! Ela é minha irmã e…Eu não me aguentei e comecei a rir. Kian me olhou magoado. — Desculpa, mas é que eu não vi esse seu lado com relação à Kath por muito tempo. — É, a começar quando você a rejeitou! Rosnei para ele, que rosnou de volta. Nos encaramos por um tempo, porém, eu não podia perd