Júlia acorda com algo viscoso e quente em seu peito, assustada com o que pudesse ser isso, coloca as mãos em cima e estava bem quente e fedia demais, ao tocar em sua filha que estava dormindo com a cabeça em cima dela, estava da mesma forma, suja e sua boca estava o mesmo viscoso e um forte cheiro fétido, antes de ligar a luz, Júlia já sabia que sua filha havia vomitado, e assim com a luz revelando que assim como ela sua filha também encharcada e suja de vômito, estavam as cobertas, tapete e o chão. Júlia estranhava, era uma quantidade grande e de muita comida remoída, a primeira coisa que faz é acordar sua filha, que desperta com medo e dores na barriga, ela explica a Priscila que tinha vomitado em tudo enquanto dormia, diz sua filha que não acordou enquanto fazia isso, Júlia desce as escadas para pegar um balde e uma toalha, enquanto estava limpando o vomito que tinha escorrido ao chão, recolhia as cobertas e ao meio disso, ver aqueles pedaços de tantas comidas mal digeridas jogadas e em tanta quantidade a faz perguntar a sua filha.
- Minha filha, você comeu tanto assim hoje?
- Mãe, não me lembro bem na verdade! mas por que está preocupada com isso? eu apenas passei mal, não é?
- É que acho estranho essas comidas, nem me lembro se compramos essas coisas, não consigo me lembrar de comprar salsicha este mês, mas parece que você comeu muitas para sair tantos pedaços.
- Mãe, eu não sei tá bem, eu comi bastante, quase o tempo inteiro eu quero só voltar ao normal, eu não quero ficar pensando nisso.
- Minha filha eu lhe prometo que isso passa rápido, mas seu irmão e seu pai não estão bem, o que pode ter deixado eles assim?
E depois de muito tempo passando panos e os torcendo para despejar no balde toda a sujeira do vômito o cheiro ainda era muito forte, em uma hora todavia estava limpo o quarto, voltaram a deitar e o sono as pegava novamente.
O tilintar agudo acorda todos dentro do quarto fazendo Lucas ficar muito assustado, Júlia ao despertar fica feliz por não ver nenhum vômito que sua filha pudesse ter golfado durante a noite, o tilintar que perpetuava era do celular de Júlia, na tela do telefone está escrito, ‘’Trabalho’’, ela então fica surpresa que tinha se esquecido de que tinha que trabalhar ela se levanta e vai correndo para o quarto, ao chegar em frente a porta se lembra então do que aconteceu no dia anterior e por inteira se estremece, reluta ser verdade que Ricardo estava ali dentro, mas ali em frente pensa por um tempo, mas se distancia e desce as escadas, na sala liga para seu trabalho e diz que seus filhos estavam gravemente doentes e teriam que se ausentar, assim como ela que não conseguiria dar aula hoje e teria que faltar.
Priscila se levantava com a cabeça leve, o sabor em sua boca era amargo e sua língua estava áspera, seca e um fio sabor de ferro corre pela língua até que sentiu algo molhado vazar pela boca e ao colocar o dedo viu a cor escarlate do sangue e isso a fez ficar gelada pelo medo e sentia muita fome pois já havia vomitado tudo, ao colocar os pés para fora do quarto do seu irmão, sentiu náuseas muito fortes e correu para o banheiro do corredor, mas não correu o bastante e deixou um rastro do corredor na porta e até o vaso, onde estava de joelhos a terminar de regurgitar, Júlia sobe correndo para sua filha e a encontra ali de joelhos se envergando de tanto bolçar, a consola pois em seguida começou a chorar, Júlia se sentia perdida por ter acontecido tanto de uma só vez.
Mais tarde para se normalizar decide fazer um café da manhã, o cheiro de ovos fritos atraiu a atenção de Priscila e a fez aparecer na mesa bem rápida e ela estava vestindo o uniforme da escola, sua mãe ao notar, avisou que já tinha ligado a escola e avisado que não iriam comparecer por alguns dias, ela agradeceu sua mãe, sem demora Lucas se aproximou mas sentou no chão, com uma distância de pelo menos um metro de tudo, sua mãe não gosta e diz a ele sem paciência.
- Lucas meu filho, por favor tente se sentar aqui na mesa com todos.
Lucas lentamente levantou a cabeça para ela e disse.
- Por favor não mãe, eu quero assim, por favor mãe, por favor.
Lucas implorava e explicava repetidamente, sua mãe ouvindo muito de tudo aquilo, solta a frigideira no fogão e avança para Lucas.
- Meu filho me conte agora, o que você tem, o que você sente quando alguém se aproxima me diz!
Ela então se aproxima do filho para abraçá-lo, mas o medo nos olhos de Lucas é comparável com a forma que ele responde com seu corpo, fugindo para longe, se jogando, de costas e batendo as costas na cômoda ao lado da porta, depois correndo em fuga para frente da televisão, mas se esquivando muito dos móveis, a tristeza que sua mãe sentia e a dor no coração era demais para expressar, pois não queria alarmar seus filhos mais do que já pudessem estar.
Um cheiro de queimado é notado por ela, e então sua filha a avisa que a panela com os ovos estava queimando, Júlia corre de volta ao fogão e desliga o fogo, infelizmente o que ela via ali dentro desta panela era algo queimado, era incomivel, ela despeja tudo ao lixo e então começa a rir, a rir muito, imediatamente passa a lavar a panela e com muito bom humor pega mais ovos e reinicia a fritura, mesmo com a garganta quase fechada para chorar ela segura tudo e puxa conversa com sua filha, enquanto colocava o pó do café para coar.
Priscila comia muito, sua mãe não diz nada a ela pois sabia que deveria estar bem fraca por ter vomitado tanto em poucas horas então a deixa comer em paz, coloca um prato para seu filho e diz que ele pode comer no chão, vencido pela fome ele pega o prato.
Mesmo com eles alimentados ela sabia que seu marido precisava comer também, mesmo que estivesse muito estranho, monta um prato com um sanduíche e uma xícara de café, ao se aproximar da porta coloca a comida no chão e bate na porta, mas ele não responde, ela chama pelo seu nome e ainda sim nada diz, a preocupação com o bem estar dele a faz destrancar a porta e entrar com a comida, sua atenção caminha diretamente para ele com um lápis nas mãos sentado, prostrado e de cabeça baixa em frente a parede direita do quarto e para essa parede que sua atenção é direcionada ao visar a parede nota palavras e mais palavras escritas nela, a maior parte diz em letras garrafais,
‘’ELE, ELE ESTÁ AQUI, TALVEZ TENHA SE ESCONDIDO, ELA ESTÁ ERRADA, PRECISO CONFERIR, CONFERIR CAIXA SIM’’
Todo o resto eram desenhos sem formas, rabiscos e riscos fortes em volta de todas as palavras e ao centro de tudo um desenho de um retângulo como uma caixa, os olhos de Júlia tremiam depois de se impressionar no horror que via, coloca o prato e a xícara na cama e vai até Ricardo, ele parecia estar adormecido e respirava normal, toca ele e o chama.
- Ricardo, sou eu sua esposa, Júlia.
Ele acorda facilmente, abre os olhos e olha para ela e diz muito baixo, disse como um coxixo, sem conseguir ouvir ela pede para que ele diga mais alto, e ainda sim não consegue, ela volta a ele.
- Ricardo depois você me diz, venha comer você precisa comer um pouco.
Júlia notava como ele estava suado e cansado, mas ela estranhava o pouco tempo que ele ficou sem comer e já estaria tão fraco, ele agora comia de forma lenta, enquanto isso ela olhava o quarto nem tudo estava muito desarrumado nenhuma sujeira havia ali.
- Mas isso eu acho mesmo estranho, o Ricardo nunca foi de limpar o quarto, e agora aqui está assim tão limpo? E ele assim? Como ele estaria sujo assim ali dentro do quarto?
Ricardo estava com a camiseta encharcada de suor e as solas de seus pés sujas e marrons como terra ou lama, enquanto olhava o quarto observava a parede novamente, ignorando as palavras em letras garrafais podia notar que o desenho em retângulo era sim a caixa que estava lá em baixo, e ela sentia medo de que os problemas de seu marido tivessem algo a ver com isso, mesmo com dúvidas sobre isso, era melhor manter distancia daquela caixa, mas ainda fitando a parede outra coisa fazia sua cabeça trabalhar, os rabiscos negros em grafite na parede bege, pareciam ter algum padrão, símbolos como letras, algo que nunca tivesse visto na vida, talvez uma língua asiática ou algo do oriente médio.
- Por qual motivo Ricardo teria feito isso?
Com a dúvida presa em sua mente, não segura sua curiosidade e pergunta a ele.
- Ricardo, o que está escrito aqui, o que você escreveu nessa parede?
Ricardo parecia confuso.
- Eu escrevi?, eu, não fiz isso, eu queria dizer, o que eu quero, mas preciso mais, para saber o que dizer.
Júlia percebe o quão mal e desorientado ele pode estar agora e diz.
- Ricardo você precisa tomar banho e então descer para almoçar ok.
Ele concorda, e diretamente caminha para o banheiro no quarto, e ela desce para preparar o almoço e ao chegar na sala para ver como seus filhos estavam viu que Lucas nem havia se mexido do lugar que estava, ela se aproxima de sua filha que estava sentada assistindo televisão, antes que pudesse tocar seu ombro, sua filha expele um jato de vômito, que atinge seu irmão, Júlia assustada, rapidamente diz para eles irem tomar banho no banheiro do andar de baixo pois o pai delas estava tomando banho no de cima, e a expressão de medo no rosto dos dois, era inegável a ponto de parecerem esquecerem estar sujos e escorendo de vômito e Lucas começa dizendo.
- Mãe, o pai fugiu? ele vai, fazer alguma coisa com a gente?
- Eu abri a porta e ele estava muito fraco e eu precisava ajudar ele, talvez ele esteja melhor!
Priscila mesmo com muito medo concorda e diz a sua mãe.
- Eu amo o papai e quero ele de volta, eu gostava do jeito que ele era antes.
- Eu prometo aos dois, que ele vai ficar bem e vai voltar ao normal, como sempre.
E abraça os dois e diz novamente para eles irem tomar banho. Antes que fosse preparar o almoço, um sentimento a perturba e ela vai até o armário e pega em cima a caixa, olhando pela segunda vez aquela caixa, nota suas ranhuras, e se assemelhavam mais de palavras e se pareciam muito com as que viu em seu quarto, alisou as mãos por todo o exterior da caixa.
Os passos pesados descendo as escadas, ela sabia que seria o Ricardo, com medo da reação seja qual ela for, corre e esconde a caixa embaixo do sofá e volta antes que ele descesse para a cozinha, o semblante de cansado no rosto dele assustava sua esposa, não lembrava de ter visto algo parecido alguma vez em todos os anos que o conhece com o rosto mais estranho do que cansado, mas anormal, ele se sentou junto à mesa, seus filhos logo desceram para comerem, Lucas com medo de seu pai, se manteve mais afastado que sua irmã, ele ao notar o medo nos olhos dos dois, disse a elas.
- Meus filhos não precisam ter medo, eu apenas queria ajudar vocês, deles, eu não quis que eles entrassem aqui dentro e machucassem vocês.
Vendo seu marido dizendo essas coisas novamente e isso a irrita, o diz para se calar, e ele parece entender e serve seu prato e começa a comer, mas antes que terminasse por completo sua refeição, se levanta para olhar as janelas e conferir a tranca da porta, Júlia diz aos seus filhos para tentarem ignorar, enquanto ele estivesse agindo dessa forma, o resto do dia foi uma tentativa do cotidiano da casa, destoando apenas os momentos de vigia de Ricardo nas janelas e o desespero alimentício de Priscila e às tantas e tantas vezes que vai e volta do banheiro, seu hálito sempre mais forte e o cheiro fétido enjoa qualquer um que fique muito perto dela, Lucas ficou na sala o tempo todo até que anoitecesse e foi para sua cama, Júlia apenas fez tudo para auxiliar todos e evitar qualquer atrito emocional ou algo do tipo e entregou a sua filha remédios de enjoo para pelo menos amenizar esse problema até o final do dia.
No outro dia Priscila passou a escovar ainda mais os dentes, pois sentia vergonha e seu orgulho era ferido desta forma, mas não era possível que alguém pudesse fingir que não sentia o odor, ainda bem cedo, depois do café da manhã, Ricardo parecia se agitar mais do que o normal, não apenas estava olhando comodo por comodo e vigiar as janelas como se estivesse em um conflito militar, mas hoje estava olhando dentro dos vasos de planta, olhava gaveta por gaveta e em cima da geladeira e dos armários, até olhar o armário da sala, se surpreende e corre até Júlia e a diz com um semblante muito rispido.
- Júlia onde está minha caixa, preciso saber agora.
- Mas, por que, o que isso importa Ricardo? Nossos filhos estão estranhos e agindo de uma forma anormal, estão doentes e precisam de ajuda, igual a você, você não está normal a dias e você precisa de uma ajuda profissional.
E então Ricardo se acalmou e tentou com a voz baixa dizer a sua esposa.
- Eu tenho que pegar aquela caixa, só assim ficarei bem, nossos filhos, eu e você não vamos sobreviver se ele vir, temos antes que pegar essa caixa, ou não teremos chance.
E ele avança sobre ela, ela deu passos de costas, pelo medo de ver seu marido caminhar para cima dela desta forma, com medo continuava a caminha sem olhar para trás e acabou por bater as costas na parede da cozinha, Ricardo bate com uma das mãos na parede ao lado do rosto de Júlia, a força da batida fez os fios de cabelo subirem e arrogante ele fala.
- Júlia, me diga agora onde está esta caixa!
O semblante de medo que estava plastificado, agora se dissolvia e a raiva voltava a seus olhos.
- Ricardo, se acha mesmo que uma caixa de merda vai mudar alguma coisa você está muito enganado seu porco idiota, saia da minha frente agora!
Ao ouvir sua esposa falando com ele desta forma, se assusta e nada responde, se vira de costas sobe as escadas sem olhar para ela, o alívio que Júlia sentia a fazia ficar feliz, mas tudo o que via em seus filhos dentro desta casa, não deixavam o sorriso permancer no seu rosto, sua atenção por notar que sua filha se aproxima dela.
- Mãe, eu quero voltar a escola!
- Filha, você não melhorou um só dia, talvez não seja a melhor ideia agora!
- Tá então eu posso sair? eu posso ir nas minhas amigas?
- É difícil ser mãe nesses momentos, pois eu preferia sentir a dor que você tem, para que você pudesse viver em paz, mas eu acho melhor você ficar em casa ainda.
A forma que Priscila havia chegado em sua mãe com certa ansiedade, agora o desalentado rosto pela tristeza e sua mãe a diz.
- Os remédios de enjoo que eu te dei, ajudaram em algo?
- Pelo menos até agora não, nem um pouco!
Elas se abraçam e Priscila ajuda sua mãe a limpar a casa, pois os dias em desordem a faziam perder a cabeça, manter a rotina como limpezas diárias, limpar toda aquela casa as faziam sentir um alívio como se a sujeira fosse embora junto com as dúvidas e problemas, Ricardo começou a varrer a sala e sua filha pediu para que ele arrastasse o sofá e ao fazer isso ele larga o sofá e empurra a vassoura, de pé e seus olhos em direção ao chão e Júlia na cozinha o percebe e avança alguns passos, mas ela sabia que era tarde demais, ele lentamente se agachou e agarrou a caixa que ali estava.
A segurava com esmero, a fitava em detalhes e a tampa ele abria, Júlia sentia medo desta caixa desde a primeira vez que a tinha posto seus olhos nela e ver ela sendo aberta, um instinto cobria sua razão a movendo a fechar seus olhos e se virar, gritava para que fechassem os olhos e em seguida um silêncio se instalava e um baque enfim, Júlia volta a olhar e sua filha ainda virada e com as mãos nos olhos e tremendo seu corpo inteiro, Ricardo estava com a mão em cima da tampa, parado e muito suado, isso sim era muito estranho e ele estava parado como uma estátua que decora um jardim, assustada com o que aconteceu, mas pensava nos filhos o tempo inteiro e ela diz a sua filha.
- Filha pode abrir os olhos agora.
Durou por um tempo um silêncio, mas logo a voz de Priscila dominada por um medo incontrolável e dispara a dizer.
- Não quero, é melhor não!
- Pode confiar em mim, abra e suba logo para seu quarto.
Ricardo ali parado começou a babar muito pela sua boca e um cheiro desconhecido e muito ruim se espalhava, antes que Priscila tirasse as mãos dos olhos, começou a vomitar nos próprios pés, desta vez o líquido amarelo descia e ainda mais líquidos, com pedaços quase inteiros de comida caiam e escorriam em seus pés, e então olha seu pai e antes que conseguisse chamar por seu pai, sua mãe ordenou para que subisse as escadas e a obedeceu rapidamente, mas parou na metade dos degraus, e gritou chamando por sua mãe.
- Mãe o Lucas, aqui nas escadas, ele não para!
Júlia perde a atenção de Ricardo e olha para as escadas e vê seu filho parado, olhando para o nada, mas seus olhos não fixam e destacadamente tremiam sem cessar, travado com seus braços juntos ao torso, Priscila o toca, mas nada mexe, o desespero da irmã em ver seu irmão assim e impensadamente por tanto tocá-lo acaba por empurrar seu irmão.
Júlia se liberta da paralisia do medo e corre para os degraus, antes que conseguisse alcançar, Lucas bate contra as quinas, o corpo duro como estava, parece não se abalar e em seguida escorrega cada degrau sem mexer nenhum músculo, seus olhos continuavam a fitar o nada, Priscila e sua mãe tentava acordá-lo disso, mas logo Lucas pisca alguma vezes e volta a respirar, ofegante e assustado, elas desesperadas o abraçam em felicidade e conseguem ouvir um barulho de algo cair no chão, ao se virarem era Ricardo que caiu sentado no chão, colocava a caixa ao seu lado e então as mãos na cabeça, os olhos que miravam o chão, Júlia ordena sua filha a levar seu irmão para cima, mas ela não se mexia, paralisada pelo medo, suspirava e soluçava, volta dizer a sua filha.
- Entendeu agora minha filha? Eu preciso de você, sozinha eu não posso, eu vou cuidar de seu pai, agora seja essa adulta que eu sei que você é, suba e cuide de seu irmão.
Ao ouvir essas palavras, é imflamada por coragem e se liberta do apavoramento, pegou seu irmão no colo e o levou para seu quarto e depois correu para vomitar no banheiro do corredor. Ao ouvir os esforços estomacais de sua filha a fazia quebrar por dentro, mas precisaria ser forte para falar com seu marido, ela se aproxima e ele não tira os olhos do chão, ele respirava forte e soluçava algumas vezes e aquela caixa ao lado dele, que mesmo fechada a fazia desviar o olhar para esta caixa.
- Ricardo, preciso falar o que aconteceu aqui, nosso filho ficou ainda pior e não sei se posso lidar sozinha com isso mais.
Ele levanta sua cabeça devagar, olha ao seu redor com os olhos cansados, fita diretamente nos dela.
- Por que você continua sendo tão burra? A porta da frente está destrancada.
- Você está falando sério? Eu não creio nisso, nossa família está sendo destruída talvez seja essa caixa maligna.
- Sua idiota a caixa não é o problema, é ele!
A resposta furiosa de Júlia a faz gritar.
- Quem? Ele quem? você vive falando isso e obcecado com algo que não tem por aqu....
Antes que Júlia terminasse de falar seu marido a joga contra a parede e tampa sua boca, ela com as costas na parede da sala, o choro é abafado pela mão de Ricardo, ela tenta puxar o braço dele para se libertar, mas assustada não consegue ter forças suficientes, ele faz sinal com o dedo na boca para fazer silêncio, ao redor seus olhos analisam a sala e a cozinha e então a solta e sobe as escadas para olhar comodo por comodo e assim repetir os mesmos movimentos, deixando Júlia prostrada no chão onde seu pensamento perpetuava.
- O que essa família fez para merecer isso? O que eu fiz a Deus? Ou contra o demônio?
De joelhos no chão não mexia nenhum músculo, mas sua atenção voltou para a caixa sozinha e a pega com as mãos, a raiva e a razão debatem.
-Esta coisa é a razão de tudo vou destruir, mas pode ser a única forma de resolver tudo, não posso continuar sozinha nisto, devo chamar alguém um profissional para esta casa, vou pesquisar agora mesmo, não posso deixar essa família.
Seus braços duros pelo medo enrijecido em seus músculos, por segurar aquela caixa então sem demora a guardou no armário, depois Julia sabendo que não podia continuar esperando tudo melhorar se senta em frente ao computador.
- Eu preciso procurar alguém que possa resolver essa tormenta de crises nesta casa, sozinha seria muita coisa para lidar, como foi que todos ficaram assim de repente?
Logo ela encontra uma doutora psiquiátrica seu nome é Alessandra Morais, ela atua a mais de 23 anos, escreveu diversos livros e sua especialidade está em transtornos mentais, a localidade é em um escritório que fica na mooca, há um numero na pagina, Julia tenta ligar 7 vezes mesmo em horário comercial ninguém atende, ela olha para trás e consegue ouvir os passos apressados de Ricardo e os gemidos de seu filho e vê Priscila descer as escadas e pegar lanches e voltar correndo para o quarto enquanto limpava o rosto.
- Tenho que ir até o consultório, não posso mais esperar que isso melhore com o tempo, mas não posso levá-los, Lucas não entrará no carro de forma alguma, o que eu faço? Ricardo está fora de si, e se ele tentar algo ainda mais perigoso.
Pensa por alguns instantes amais, em seguida ela sobe as escadas e entra em seu quarto que estava com a porta aberta desta vez, Ricardo está sentado na cama com a cabeça pra baixo, com os olhos vermelhos de chorar.
- Ricardo, eu acho que vi alguém.
Ele subitamente muda sua emoção e a olha tremendo os olhos e ela volta a repetir.
- Alguém, está aqui na esquina da para ver daqui mesmo na janela!
Surpreso ele se levanta e se aproxima da janela, observa com cuidado, procurando e não diz nada, Julia abre um sorriso, pois seu plano havia dado certo, ela de costas sai do quarto e tranca a porta em seguida.
- Pronto, assim terei certeza que ele não fará nada de mal com as crianças, infelizmente não posso levar eles comigo.
Explica tudo para as crianças, liga o carro e parte para o consultório.
Chegando no consultório, é uma casa a moda antiga com apenas uma placa prateada com os dizeres, Instituto Morais, todo o resto é pintado de branco e detalhes em relevo feito em gesso e com um lago bem na entrada, não há portões apenas a porta, ao entrar é recebida por uma recepcionista.- Pois não, boa tarde! marcou um horário?Desorientada e não conseguindo fixar o olhar para a recepcionista.- Bem, não, mas preciso mesmo falar com a doutora Alessandra!- Desculpe, mas não pode vir sem marcar hora, terei que pedir para marcar uma hora por telefone e assim poderá falar com ela.- Não irei!Julia grita, com a moça, na mesma hora muitos funcionários param e a observam e para diminuir a preocupação dos que envolta a olham.- Desculpe, eu não precisava gritar, mas eu preciso da ajuda dela, ela é
O dia nasce com fortes raios de sol, que entram pela janela e desperta Júlia, ela se levanta espreguiçando, se sente bem melhor, precisava descansar já tinha mais de dois dias sem deitar a cabeça direito, tudo estava sujo o chão e as paredes empoeiradas por tudo o que Ricardo tinha pregado nas paredes, Júlia do sofá se levantou para tomar café, ao terminar conferiu a hora e então notou que seus filhos não tinham descido para comer e grita o nome deles, mas nada é respondido, o medo do que Ricardo poderia ter feito durante a noite.- Aquele desgraçado, por que eu não tranquei a porta do meu quarto.Começa a subir as escadas e primeiramente vai até o seu quarto, e além da bagunça e sujeira, nada e nem ninguém, isso a faz ficar mais assustada e corre para o quarto de sua filha que fica ao lado, empurra a porta e Priscila está enlame
Três dias se passaram, a casa estava mais controlada, Julia ainda estranhava seus filhos terem melhorado derrepente, mas Ricardo não havia voltado para casa ainda, ela aprontava algumas malas para levar seus filhos para a casa de sua mãe, Lucas estava terminando uma tigela de cereais.- Filho, está pronto para ir?- Meu filho, vamos será melhor vocês ficarem por lá, até isso acabar.Ele não muito contente, mas limpa a mesa e aceita.- Ei leve isso no carro para a mamãe.Julia entrega uma mochila cheia de roupas para seu filho e Priscila o ajuda, contrária da decisão de ficar em sua vó a diz enquanto coloca as coisas no carro.- Mãe por que temos que ficar na vovó de novo, aliás estamos querendo achar o papai também.- Filha, encontrar seu pai é meu papel, vocês dois precisam ficar bem, para que assim eu pos
Em pouco menos de uma hora, o caminho que Douglas foi instruído se aproximava do fim, de baixo do horizonte apresentavam algumas casas, ao chegarem mais perto o asfalto era escasso, o pouco que se tinha estava coberto por terra e areia, uma cidade um pouco afastada das outras e muito diferente de campinas, depois de parar o carro um pouco afastado das casas, olham em volta e nada alem dessa cidade, então os dois descem, Douglas confere os bolsos antes de sair e tranca o carro.- É Júlia, melhor pararmos antes, não acredito que tenha qualquer policiamento nesta vila, olhe para isso.- Claro, é melhor garantirmos uma distância com o carro pelo menos.Douglas ao lado dela, os dois caminham até mais próximo da entrada da cidade e adentram as ruas, eles veem casas pequenas e algumas feitas em barro a mão, todas muito cinzentas e marrons, logo mais a frente algumas ocas de formatos indígenas,
O escaldante caminho de volta é longo e cansativo param apenas uma vez para abastecer e comerem, mesmo assustados com tudo o que viram na cidade, tentam manter o bom humor durante a viagem de volta e tentam manter conversas passageiras e simplórias, passam por uma pequena garoa entre um pedagio e outro, entre a estrada e as monstanhas colossais ao lado esquerdo um arco-iris se forma, mesmo ela com a cabeça tão dolorida de pensar, Julia sabe que verá os filhos assim que chegar em casa, mas não pode evitar o medo de que tenham tido os sintomas novamente.O trânsito foi leve na volta, o céu alaranjado e uma leve brisa balançava aos poucos as pipas que os meninos e meninas nas ruas tentavam por vezes empinas, era o inicio do dia com o sol a raiar, Douglas estaciona em frente a casa de Júlia, algumas crianças brincavam ali na rua, um grupo de garotos jogavam futebol e outros empinavam suas pipas nos c&eacu
Acordando apenas às nove horas da manhã, um dia quente, com o sol forte pela manhã, ao descer as escadas antes de ir tomar café da manhã, vê que o chão e toda a cozinha estava suja, enquanto ainda estava limpando a cozinha, ao terminar de lavar louça apanhou o saco de lixo da cozinha e leva até lá fora e ao sair encontra seu filho se contorcer no chão, ela solta tudo, deixando o lixo cair ao chão e se espalhar, sujando a entrada da casa, corre para acudir seu filho, ao pegar ele no colo, sente o corpo muito mole e o leva para dentro, ela então começa a afastar as coisas e deixa a porta aberta para que ele não se assustasse na hora que acorda-se.- Meu filho o que foi, acorde por favor, me diga o que sente.Ele melhora de repente, se levanta muito agitado e fecha a porta, suspirando e tremendo uma das pernas ainda, sua mãe fica assustada, pois ele teve uma rea&
Ao acordar bem, como a muito tempo não fazia, depois de ir ao banheiro confere o celular e vê que mais e mais chamadas foram feitas, todas relacionadas ao trabalho, ela sabe que mesmo com tudo isso, teria que ir hoje explicar na escola o que está acontecendo, diz para seus filhos se arrumarem para que fossem com ela, Lucas parecia meio cansado enquanto sua irmã estava cheia de energia mesmo com o corpo magro e os braços finos, trancaram toda a casa e saíram para a escola o caminho não era longo, mas isso não impede que todos se sintam felizes, todos os dias mantidos em casa e agora podendo sair para locais limitados os deixam com saudade da velha escola.Ao chegarem na escola Osaque Bandeiras, uma grande instituição de ensino, muito renomada por seu campo de futebol em tamanho oficial e a banda da escola que todos os anos faz uma apresentação de natal em frente a prefeitura, a escola &eac
Acordada com o barulho de uma enfermeira que havia derramado uma caixa de suco no chão, estava desorientada, havia dormido demais, mas ao olhar a hora ficou assustada já passava das nove e havia apagado ali na sala de espera, dormiu sobre as cadeiras, se levantou rápido e atravessou as portas e logo uma das enfermeiras a reconhece e tenta a acalmar.- Calma mãe! Não precisa correr.- Calma? Onde está Priscila? Onde esta minha filha?Estava desesperada, não se lembrava de para onde sua filha tinha ido, a enfermeira parecia acostumada com essas atitudes e tenta acalma-la.- Se acalme senhora Julia, sua filha está bem, ela iniciou psicoterapia, mas ao chegar em casa precisa fazer uma reabilitação nutricional e farmaco terapia com anti- depressivo.- Obrigada mesmo , não sei como agradecer. Julia ficou muito feliz com a notícia a ponto de a abraçar