Marcelo se surpreendeu:─ Ela gosta, é? Ela te contou?─ Sim, ela gosta do André e sim ela me contou. Eu acabei de fala para você que as garotas conversam com as amigas, e Lorena é praticamente minha irmã. Como ela deixaria de me contar o que está sentindo?Marcelo pensou um pouco, e depois perguntou:─ E ela já gostava do André antes de ir embora?Marina balançou a cabeça positivamente:─ Sim, com certeza. Mas ela não poderia desperdiçar uma oportunidade trabalho como a que recebeu! E André nunca falou de amor ou de futuro para ela.Marcelo se recordou do dia em que ele mesmo falou com o amigo sobre a possibilidade de Marina deixá-lo, e ficou aliviado por ter aberto o jogo com ela, e eles terem conseguido se acertar sem sofrimento ou separação. Será que André gostava de Lorena e mesmo assim a deixou partir? Será que ele foi o idiota que esteve acusando Marcelo de ser?─ Ah, certo... Ela não poderia mesmo desperdiçar a oportunidade de trabalhar na novela.Além da chance de aparecer na
Lorena se sentia um pouco zonza. Se por efeito da festa, do amor que vibrava pelo ar, das taças de champanhe que consumira como água, descendo borbulhante e agradavelmente pela garganta, ou simplesmente pela razão de estar nos braços de André, ela não sabia dizer.Talvez fosse tudo.Ou fosse só pelo André mesmo.Ele queria conversar.Conversar sério, aparentemente, e fora dali. Ou seja, em outro local, para que não corressem o risco de serem interrompidos por algum amigo, um brinde, ou qualquer outra coisa.André queria uma oportunidade para falar algo, e, obviamente, Lorena se deu conta de que era alguma coisa séria. No instante em que ele disse o "precisamos conversar", ela não havia notado que poderia ser importante, senão não teria o cortado de uma vez, mas depois de pensar um pouquinho...Ou talvez, no fundo, tivesse sim percebido o timbre grave, a importância do pedido que ele estava fazendo, as possibilidades infinitas contidas em uma só frase... E sentiu medo. Medo de que as
A música havia acabado, e logo ia começar outra, mas antes que um novo acorde se fizesse ouvir, vindo diretamente dos instrumentos da banda contratada para o casamento, André sentiu que os braços de Lorena escorregavam de seus ombros, e o deixavam sentindo como se lhe faltasse algo. Ar, talvez?André apertou mais os seus braços em torno da cintura feminina, pronto para pedir que ela lhe concedesse mais uma dança. Ou mais uma chance, que se danasse as pessoas em volta.Por favor.Mas não teve tempo de falar algo, pedir ou suplicar.─ Vamos dar uma volta pelo jardim?Ela havia mesmo dito isso, ou ele escutou errado?─ Que?─ Perguntei se você quer dar uma volta aqui fora.Ela passou a língua pelos lábios, e André ficou tenso. Se Lorena fizesse aquele movimento mais uma vez, ele não tinha certeza se poderia se controlar, ou se não a estreitaria nos braços e lhe daria um beijo daqueles de perder o fôlego. Para os dois.Uma volta no jardim? Os dois? Juntos?Isso parecia bom, muito bom! É c
No salão, ao lado oposto de onde Lorena e André haviam estado havia poucos minutos, estavam espalhadas as mesas para os convidados. Evitando formalidades, Marcelo e Marina não colocaram plaquinhas com nomes espalhadas sobre as mesas, marcando onde cada um dos amigos e familiares deveriam se sentar. Desejando deixar a todos bem à vontade, apenas a longa mesa principal, um destaque perto do palco onde a banda estava se apresentando e animando a festa, tinha lugares marcados, e eram, evidentemente, para os noivos, seus pais, e avós ─ Marina ainda tinha dois deles, e Marcelo, sortudo, o time completo: avós paternos e maternos.Primos e tios ocuparam outras mesas, e Simone, no momento, estava sentada sozinha à uma mesa de canto, observando os casais rodopiarem, em giros alegres e belos, todos muito elegantes com seus trajes sociais, e cabelos penteados com todo o capricho.Ela também havia caprichado, e não apenas por ser uma das madrinhas da noiva, a quem aprendera a amar como se fosse um
Simone era uma gata!Gata, gata, gata!E naquele vestido vermelho, com um corte na perna que ia até a coxa ─ e porra, que coxa! ─ estava de matar!Alan não sabia como o coração dele não explodira diante daquela visão fabulosa, o dele e de todos os outros caras da festa, claro! ─ com exceção de Marcelo e mais meia dúzia de homens casado, bem-casados, que de alguma forma não conseguiam ter olhos para outra garota que não a própria esposa.Alan, por sua vez, estava com dificuldades de para tirar os olhos de cima de Simone, a prima do noivo, de quem era padrinho e um dos melhores amigos. Ele havia tentado se manter longe dela desde que se conheceram. Era difícil já que de vez em quando se esbarravam, por causa de Marcelo.E era exatamente por conta de Marcelo que ele não tinha se aproximado mais da Simone. Mas ele queria, e muito. Cada vez que a via, se sentia... empolgado, para dizer o mínimo.Quando ela aparecia usando uma daquelas caças jeans apertadas, e a bundinha empinada balançava o
─ Oi, Alan!Ainda bem que sua voz não tremou, pensou Simone, com um leve arrepio. Tudo o que não desejava era dar na pinta de que Alan, um dos melhores amigos de Marcelo, seu primo superprotetor, tinha acendido uma fagulha ─ e que fagulha! ─ de tesão dentro dela. Coisa que não acontecia a, o que? Séculos? Provavelmente. Alan sentou em perto dela, debruçou um pouco o corpo em sua direção, e colocou os dois braços, cruzados displicentemente, sobre a mesa. ─ Por que não está dançando?Ela foi inundada pelo aroma dele. Um perfume másculo como o seu dono, com algumas notas de algo provocante e quente, talvez um toque de pimenta nativa. Ela havia sentido aquele cheiro mais cedo, quando atravessaram, de braços dados, o caminho até o sacerdote que abençoou a união do casal, mais cedo. Tinham passado juntos sob um arco de flores a céu aberto, extremamente romântico e delicado, que parecia ter saído das páginas de um daqueles romances que haviam feito sua alegria quando era mais jovem, e ago
Por mais que quisesse carregar Simone para sua casa, para que pudessem se amar à vontade, e Alan queria isso com tosas as suas forças , não seria hoje, não seria assim. A não ser que ela fizesse a proposta, mas, sinceramente, tal coisa seria bem improvável.Simone estava com as barreiras erguidas, e só um cego não veria isso. Talvez por isso Marcelo estivesse se mostrado tão protetor com a prima, porque sabia disso, que ela havia saído chamuscada de algum relacionamento ruim. Tóxico, como as garotas costumava chamar a relação com um cara abusivo em algum sentido.Em tom de voz suave, o mais natural e mansamente possível, Alan puxou conversa: ─ Fazia muito tempo que eu não vinha a uma boa festa.Simone apenas balançou a cabeça, os olhos sobre ele, com certa desconfiança ─ apesar de não ter se desvencilhado das mãos que lhe massageavam os pés, o que já era um ponto bem marcado, pensou Alan.─ Geralmente policiais não dão festas boas, não sei se você já percebeu... Para a maioria dos ca
Alan havia se sentado novamente, com a cadeira voltada na direção de Simone, sem interromper a massagem relaxante nos pés de Simone. A música em volta estava animada, mais alegre, e mais pessoas tomavam a pista, dançando juntas ou separadas, com direito a uns gritinhos alegres aqui e ali. Simone percebeu que havia muitas mulheres bonitas por perto, a maioria delas sozinha. Usavam roupas sedutoras, estavam bem à vontade e risonhas, fosse por sua natureza ou porque o álcool já estava fazendo efeito em algumas delas... Mesmo assim Alan não olhava para as outras. Ela se sentiu bastante prestigiada por ter os olhos de seu interlocutor sobre ela, como se nada mais houvesse em volta. ─ Simone, acho que nunca conversamos assim, só nós dois, antes, não é verdade?Simone não esperava aquela abordagem de Alan, e, sem ter muita certeza se havia ou não algo por baixo da pergunta, balançou a cabeça:─ Não, acho que não realmente. ─ Simone franziu levemente as sobrancelhas, pensativa, procurando