Alguns dias haviam passado desde que Andrew reencontrara sua mãe e o peso do perdão continuava em sua mente. Ele e Nora, agora ainda mais unidos, passavam quase todos os momentos juntos, mas Nora sentia a inquietação crescente em seu coração. Ela não conseguia evitar a angústia que vinha ao pensar no futuro de Andrew. Deitada ao lado dele, Nora acariciava os cabelos de Andrew com delicadeza, tentando encontrar as palavras certas para o que queria expressar. "Meu amor," ela sussurrou, com a voz embargada, "eu não quero que você morra. Eu quero viver com você todos os dias da minha vida." Andrew abriu os olhos, surpreso pelo tom grave de Nora, e se ergueu na cama, encarando-a. "Nora, por que está falando assim?" Ele a olhou preocupado, tentando entender o que se passava. Ela desviou o olhar por um instante, mas continuou. "É que… eu queria que você lutasse pela vida, Andrew. Eu simplesmente não entendo por que você prefere… prefere desistir sem ao menos tentar.” Seus olhos começar
No dia seguinte, Andrew e Nora chegaram ao hospital para o procedimento de inseminação artificial. O ambiente estava calmo, mas havia uma tensão silenciosa entre os dois, que trocavam olhares de apoio e palavras de conforto. Após seguir todas as recomendações médicas, Nora estava deitada na maca, preparada, enquanto Andrew se sentava ao lado dela em uma cadeira, segurando sua mão com carinho. Andrew olhou para Nora, e por um breve momento, seus pensamentos escaparam para uma preocupação profunda: Eu talvez não veja meu filho nascer. Talvez eu devesse reconsiderar e lutar para viver mais dias.... Ele refletia em silêncio, enquanto apertava a mão dela com mais firmeza. O médico finalmente entrou na sala, dando início ao procedimento com profissionalismo e uma serenidade que tentava contagiar o casal. Andrew manteve seus olhos fixos em Nora, oferecendo segurança e apoio. Momentos depois, o médico informou que o procedimento havia sido bem-sucedido e explicou os cuidados que ela preci
"Vamos entrar, venham, Andrew e Nora! O papai estava prestes a abrir um vinho agora mesmo. Venham comemorar com a gente!", disse Louis, o irmão de Nora, guiando-os para dentro da casa. Assim que entraram na sala de estar, o clima ficou mais tenso. Louis, percebendo a mudança no ambiente, virou-se para Josef, o empregado. "Leve as coisas da minha irmã e do meu cunhado para o quarto onde vão ficar. A gente vai tomar um vinho agora, eu mostro o quarto para eles depois." Josef assentiu e saiu com as malas deles. Nora cumprimentou os avós e, em seguida, se dirigiu aos pais. Andrew acompanhou-a, apresentando-se de forma cordial, embora percebesse que o cumprimento dos pais de Nora parecia frio, quase indiferente. Foi então que Helena, a mãe de Nora, comentou, com um sorriso um tanto cínico: "Sabe, Nora, vi você na TV. Vi o que aconteceu com você, a agressão... Notei que ainda carrega algumas cicatrizes." Nora olhou fixamente para a mãe, ferida pelo comentário. "Engraçado, né, mãe? A sen
Enquanto Andrew se lavava no banheiro, Louis limpou cuidadosamente as gotas de sangue que haviam caído sobre Nora. Com um leve toque, ele deu um tapinha em seu rosto e chamou: "Nora..." Ela acordou devagar, com o olhar ainda um pouco confuso. "Louis? Onde está o Andrew? O que aconteceu com ele?" "Calma, Nora," disse ele, tentando tranquilizá-la. "Ele está no banheiro. Teve uma reação alérgica às flores e o nariz dele acabou sangrando. Mas... por que você não me contou que estava grávida?" Nora, ainda um pouco zonza, sentou-se na cama e murmurou: "Andrew te contou?" Ela olhou para ele com preocupação e pediu: "Por favor, não conte para nossos pais nem para ninguém da família. Descobrimos ontem." Louis sorriu, abraçando-a com carinho. "Parabéns, Nora! Estou muito feliz por você. E não se preocupe, eu não vou contar nada." Nesse momento, Andrew saiu do banheiro. Nora o encarou com ternura e preocupação. "Meu amor, você está bem?" "Sim, já passou." Ele sentou-se ao lado dela,
A música suave preenchia o salão, envolvendo os convidados em um clima de serenidade. Andrew e Nora estavam no centro da pista, dançando com uma leveza e cumplicidade que pareciam tirar qualquer peso do ambiente. Ele a conduzia com um toque gentil, mantendo-a próxima, enquanto os dois giravam com um ritmo calmo e sutil. Havia uma ternura ali que Andrew raramente demonstrava, mas que reservava exclusivamente para ela. "Sabia que eu nunca dancei assim?", Andrew comentou, olhando para Nora com um sorriso. Ela riu, lembrando das tantas histórias que ele havia contado para a biografia. "Claro que eu sei! Você era o típico cara de balada, não o de pista de dança.” Num gesto inesperado, Andrew segurou a mão dela e com firmeza, em um tom suave e afetuoso, perguntou na brincadeira, visto que os dois já estavam dançando : "Mas agora... você aceita dançar comigo?" Nora sentiu o coração bater mais forte e sorriu, encantada com o gesto de humor dele. "Claro que sim," respondeu ela, entrela
No silêncio do carro, apenas o ruído dos pneus na estrada acompanhava o pulsar rápido do coração de Nora. Ela olhava para Andrew, inconsciente, ainda pálido, a respiração suave, mas com o semblante cansado. De repente, ele abriu os olhos devagar, o olhar confuso, enquanto tentava se situar.— Onde estamos? O que aconteceu? — perguntou Andrew, com um tom assustado e um pouco desorientado.Nora se virou para ele, contendo as lágrimas.— Estamos voltando para casa, amor. Você... você desmaiou na frente de todo mundo.Ele suspirou, tentando lembrar.— Sério? Acho que girei demais enquanto dançava…Ela forçou um sorriso breve, mas a expressão em seu rosto logo se fechou. A tensão acumulada era tanta que ela não conseguiu mais se conter.— Andrew, eu não aguento mais essa situação — disse ela, com um fio de voz, mas com uma intensidade que ele nunca tinha visto antes. — Não aguento ver você tossindo sangue, te ver desmaiando e com o nariz sangrando… Sua vida está se esgotando a cada dia. —
O sol da manhã penetrava pelas frestas da cortina do quarto, iluminando suavemente o ambiente. Nora despertou sentindo um desconforto no estômago, que logo se transformou em náusea intensa. Mal teve tempo de pensar; levantou-se às pressas e correu para o banheiro. De seu lado na cama, Andrew ouviu o som vindo do banheiro e despertou com um sobressalto. Levantando-se rapidamente, ele foi até lá e encontrou Nora ajoelhada ao lado do vaso, visivelmente desconfortável. "Nora, meu amor, você está bem?" perguntou, preocupado, enquanto se abaixava ao lado dela e acariciava suas costas com delicadeza. Ela respirou fundo e, com uma expressão cansada, tentou esboçar um sorriso. "É só... enjoo matinal", respondeu, tentando tranquilizá-lo. "Acho que vou precisar me acostumar com isso." Andrew assentiu, mas a preocupação em seu rosto era evidente. Ele segurou a cabeça dela com cuidado enquanto ela tentava se recompor. "Vem, vamos deitar um pouco. Eu vou cuidar de você," ele sussurrou com t
Dias se passaram após o velório da mãe de Andrew. Desde então, o peso do reencontro com os irmãos, as memórias do passado e a proximidade implacável da própria mortalidade haviam deixado Andrew em uma névoa de sentimentos conflitantes. A vida ao lado de Nora, que sempre lhe trouxera paz, agora parecia entrelaçada com um medo profundo.Deitados lado a lado naquela manhã, Andrew tentava ancorar-se na presença dela, sentindo-se mais vulnerável do que jamais estivera. Até então, ele nunca tivera motivos para sentir ciúmes de Nora; o amor e a confiança entre eles eram inquestionáveis. Mas o choque da morte da mãe, e o vazio da reconciliação tardia, haviam deixado Andrew com a dolorosa lembrança de que o tempo pode acabar sem aviso, e agora, o medo de perder Nora – e o filho que ela carregava – era um peso em seu coração que ele mal conseguia suportar.Enquanto ele acariciava suavemente o cabelo dela, perdido em pensamentos, o som do celular de Nora começou a vibrar sobre o criado-mudo, rom