"Vamos entrar, venham, Andrew e Nora! O papai estava prestes a abrir um vinho agora mesmo. Venham comemorar com a gente!", disse Louis, o irmão de Nora, guiando-os para dentro da casa. Assim que entraram na sala de estar, o clima ficou mais tenso. Louis, percebendo a mudança no ambiente, virou-se para Josef, o empregado. "Leve as coisas da minha irmã e do meu cunhado para o quarto onde vão ficar. A gente vai tomar um vinho agora, eu mostro o quarto para eles depois." Josef assentiu e saiu com as malas deles. Nora cumprimentou os avós e, em seguida, se dirigiu aos pais. Andrew acompanhou-a, apresentando-se de forma cordial, embora percebesse que o cumprimento dos pais de Nora parecia frio, quase indiferente. Foi então que Helena, a mãe de Nora, comentou, com um sorriso um tanto cínico: "Sabe, Nora, vi você na TV. Vi o que aconteceu com você, a agressão... Notei que ainda carrega algumas cicatrizes." Nora olhou fixamente para a mãe, ferida pelo comentário. "Engraçado, né, mãe? A sen
Enquanto Andrew se lavava no banheiro, Louis limpou cuidadosamente as gotas de sangue que haviam caído sobre Nora. Com um leve toque, ele deu um tapinha em seu rosto e chamou: "Nora..." Ela acordou devagar, com o olhar ainda um pouco confuso. "Louis? Onde está o Andrew? O que aconteceu com ele?" "Calma, Nora," disse ele, tentando tranquilizá-la. "Ele está no banheiro. Teve uma reação alérgica às flores e o nariz dele acabou sangrando. Mas... por que você não me contou que estava grávida?" Nora, ainda um pouco zonza, sentou-se na cama e murmurou: "Andrew te contou?" Ela olhou para ele com preocupação e pediu: "Por favor, não conte para nossos pais nem para ninguém da família. Descobrimos ontem." Louis sorriu, abraçando-a com carinho. "Parabéns, Nora! Estou muito feliz por você. E não se preocupe, eu não vou contar nada." Nesse momento, Andrew saiu do banheiro. Nora o encarou com ternura e preocupação. "Meu amor, você está bem?" "Sim, já passou." Ele sentou-se ao lado dela,
A música suave preenchia o salão, envolvendo os convidados em um clima de serenidade. Andrew e Nora estavam no centro da pista, dançando com uma leveza e cumplicidade que pareciam tirar qualquer peso do ambiente. Ele a conduzia com um toque gentil, mantendo-a próxima, enquanto os dois giravam com um ritmo calmo e sutil. Havia uma ternura ali que Andrew raramente demonstrava, mas que reservava exclusivamente para ela. "Sabia que eu nunca dancei assim?", Andrew comentou, olhando para Nora com um sorriso. Ela riu, lembrando das tantas histórias que ele havia contado para a biografia. "Claro que eu sei! Você era o típico cara de balada, não o de pista de dança.” Num gesto inesperado, Andrew segurou a mão dela e com firmeza, em um tom suave e afetuoso, perguntou na brincadeira, visto que os dois já estavam dançando : "Mas agora... você aceita dançar comigo?" Nora sentiu o coração bater mais forte e sorriu, encantada com o gesto de humor dele. "Claro que sim," respondeu ela, entrela
No silêncio do carro, apenas o ruído dos pneus na estrada acompanhava o pulsar rápido do coração de Nora. Ela olhava para Andrew, inconsciente, ainda pálido, a respiração suave, mas com o semblante cansado. De repente, ele abriu os olhos devagar, o olhar confuso, enquanto tentava se situar.— Onde estamos? O que aconteceu? — perguntou Andrew, com um tom assustado e um pouco desorientado.Nora se virou para ele, contendo as lágrimas.— Estamos voltando para casa, amor. Você... você desmaiou na frente de todo mundo.Ele suspirou, tentando lembrar.— Sério? Acho que girei demais enquanto dançava…Ela forçou um sorriso breve, mas a expressão em seu rosto logo se fechou. A tensão acumulada era tanta que ela não conseguiu mais se conter.— Andrew, eu não aguento mais essa situação — disse ela, com um fio de voz, mas com uma intensidade que ele nunca tinha visto antes. — Não aguento ver você tossindo sangue, te ver desmaiando e com o nariz sangrando… Sua vida está se esgotando a cada dia. —
O sol da manhã penetrava pelas frestas da cortina do quarto, iluminando suavemente o ambiente. Nora despertou sentindo um desconforto no estômago, que logo se transformou em náusea intensa. Mal teve tempo de pensar; levantou-se às pressas e correu para o banheiro. De seu lado na cama, Andrew ouviu o som vindo do banheiro e despertou com um sobressalto. Levantando-se rapidamente, ele foi até lá e encontrou Nora ajoelhada ao lado do vaso, visivelmente desconfortável. "Nora, meu amor, você está bem?" perguntou, preocupado, enquanto se abaixava ao lado dela e acariciava suas costas com delicadeza. Ela respirou fundo e, com uma expressão cansada, tentou esboçar um sorriso. "É só... enjoo matinal", respondeu, tentando tranquilizá-lo. "Acho que vou precisar me acostumar com isso." Andrew assentiu, mas a preocupação em seu rosto era evidente. Ele segurou a cabeça dela com cuidado enquanto ela tentava se recompor. "Vem, vamos deitar um pouco. Eu vou cuidar de você," ele sussurrou com t
Dias se passaram após o velório da mãe de Andrew. Desde então, o peso do reencontro com os irmãos, as memórias do passado e a proximidade implacável da própria mortalidade haviam deixado Andrew em uma névoa de sentimentos conflitantes. A vida ao lado de Nora, que sempre lhe trouxera paz, agora parecia entrelaçada com um medo profundo.Deitados lado a lado naquela manhã, Andrew tentava ancorar-se na presença dela, sentindo-se mais vulnerável do que jamais estivera. Até então, ele nunca tivera motivos para sentir ciúmes de Nora; o amor e a confiança entre eles eram inquestionáveis. Mas o choque da morte da mãe, e o vazio da reconciliação tardia, haviam deixado Andrew com a dolorosa lembrança de que o tempo pode acabar sem aviso, e agora, o medo de perder Nora – e o filho que ela carregava – era um peso em seu coração que ele mal conseguia suportar.Enquanto ele acariciava suavemente o cabelo dela, perdido em pensamentos, o som do celular de Nora começou a vibrar sobre o criado-mudo, rom
Nora acordou cedo, animada e ansiosa. Fazia muito tempo desde que finalizara a biografia de Andrew, e agora, com uma nova proposta de trabalho, ela sentia a inspiração voltar. Escolheu um vestido leve, passou uma maquiagem suave e ajeitou o cabelo com um sorriso discreto nos lábios. Quando estava prestes a sair do quarto, viu Andrew observando-a da porta, com uma expressão que misturava preocupação e algo mais sombrio, algo que ela sabia que ele tentava esconder. “Vai sair?” ele perguntou, tentando parecer casual, mas seus olhos traíam um toque de insegurança. Nora assentiu, ajustando a bolsa no ombro. “Sim. Marquei de encontrar o Adam para entender melhor sobre o projeto dele. Te falei ontem amor!" Andrew ficou em silêncio por um instante e então, decidido, declarou: “Acho que vou para a empresa hoje.” Nora ergueu uma sobrancelha, surpresa. Era raro ele demonstrar vontade de ir à Haartcorp ultimamente, desde que soubera sobre o tumor. “Você tem certeza de que está bem o suficien
Enquanto Adam explicava sobre o projeto, Nora tentava se concentrar, mas seus pensamentos insistiam em vagar até Andrew. A culpa a consumia; ela se sentia egoísta por estar ali, quando ele mal tinha alguns meses de vida, segundo o médico. A data marcada para a morte de Andrew se aproximava rapidamente, e só de pensar em perdê-lo, uma angústia apertava seu coração. Finalmente, incapaz de continuar, Nora interrompeu Adam com um leve aceno. "Sinto muito, senhor Adam. Eu... não posso aceitar o trabalho. Desculpe, mas eu preciso ir." Ela se levantou apressada e saiu do restaurante, pegando o primeiro táxi que avistou. Durante o trajeto, a ansiedade tomou conta; tudo o que queria era chegar até ele. Assim que entrou no prédio da Haartcorp, memórias vieram à tona. Foi ali que conheceu Andrew, naquele mesmo local, onde tudo começou. Seu coração acelerou conforme se aproximava da porta do escritório dele. Quando finalmente entrou, Andrew estava sentado, perdido em pensamentos, a expressã