A manhã começou cinzenta, refletindo o humor de Nora. Ela estava sentada no sofá da sala, abraçando uma almofada, enquanto seus olhos perdidos encaravam a janela. O aroma do café que Andrew preparava na cozinha não trazia consolo algum. Na verdade, nada parecia capaz de dissipar o turbilhão de emoções que dominava seu peito.Ela apertou a almofada contra si, as imagens do ataque de Michele invadindo sua mente como uma tempestade. A risada cruel, os olhares frios dos capangas, as mãos imobilizando-a enquanto Michele sussurrava ameaças. Nora fechou os olhos com força, tentando afastar as lembranças, mas quanto mais lutava, mais vívidas elas se tornavam.“Eu sei onde encontrar você... Eu vou acabar com tudo que você ama.”Aquelas palavras ecoavam como uma maldição, e Nora começou a tremer.Andrew entrou na sala com duas xícaras de café, mas ao vê-la, parou imediatamente. Ele colocou as xícaras na mesa e ajoelhou-se ao lado dela.“Nora? Amor, o que foi? Você está tremendo.”Ela olhou para
Dias haviam se passado desde a tragédia com Michele. A vida de Nora e Andrew começava a voltar ao normal. As noites já não eram tão longas e cheias de tensão, e, embora o medo ainda pairasse no ar, a sensação de segurança parecia, aos poucos, tomar conta novamente da casa. Andrew se recuperava bem, e Nora focava em sua gravidez, tentando deixar para trás tudo que haviam passado. Numa tarde ensolarada, enquanto Andrew lia no sofá da sala e Nora preparava um lanche na cozinha, a campainha tocou. Andrew se levantou calmamente e abriu a porta. Um entregador, com expressão neutra, lhe entregou uma pequena caixa preta. "Quem é, amor?" perguntou Nora, espiando da cozinha. "Um pacote sem remetente" respondeu Andrew, desconfiado. Nora se aproximou, enxugando as mãos no avental. Ele colocou a caixa sobre a mesa e ambos se entreolharam. O silêncio naquele momento parecia ensurdecedor. "Vai abrir?" perguntou Nora, nervosa. Andrew respirou fundo e abriu a caixa com cuidado. Dentro, hav
A casa de Andrew e Nora estava imersa em um silêncio tenso, quase palpável. Eles haviam tentado seguir em frente, mas as últimas semanas haviam sido um pesadelo. Cada noite, mais e e-mails, mensagens de texto... todas com o mesmo conteúdo perturbador.Andrew estava na cozinha, seus olhos fixos no celular que piscava com mais uma notificação. Ele olhou para Nora, que estava sentada no sofá, abraçando os joelhos, um olhar vazio perdido em algum ponto da parede. "Mais uma..." Andrew murmurou, a voz tensa.Nora não respondeu imediatamente. Seu olhar parecia distante, como se estivesse em algum lugar onde Michele ainda estivesse viva, controlando tudo ao seu redor.A ligação tocou novamente. Desta vez, era uma mensagem de voz, clara e direta, a voz de Michele ecoando na sala."Você ainda não entendeu, né? Não vá à delegacia. Não confie em ninguém. Você não pode fugir de mim..."Andrew sentiu o estômago embrulhar. O pren drive ainda estava sobre a mesa, suas palavras piscando em uma tela
A sala de emergência era um turbilhão de movimentos e sons. Nora estava ao lado de Andrew, segurando sua mão enquanto ele estava deitado na maca, pálido e inconsciente. O desespero tomava conta dela, mas ela tentava manter a calma para o bebê que crescia em seu ventre. Um médico entrou apressado, analisando o prontuário de Andrew enquanto uma enfermeira ajustava os equipamentos ao redor dele. Nora mal conseguia respirar. “Por favor, doutor, ele vai ficar bem?”, perguntou, a voz embargada. O médico olhou para ela com um semblante calmo, mas sério. “Ele está estabilizando, senhora. Parece ter sido um pico de pressão, possivelmente causado por estresse. Vamos fazer mais exames para garantir que não haja outros problemas.” Nora assentiu, apertando ainda mais a mão de Andrew, como se isso pudesse protegê-lo. Após alguns minutos, ele começou a abrir os olhos lentamente. “Nora?”, ele murmurou, a voz fraca. “Eu estou aqui, meu amor. Estou aqui”, ela respondeu, acariciando seu rosto.
Nora Lins observava a grandiosidade da Haartcorp através das amplas janelas de vidro que se erguiam até o teto. Paris parecia pequena vista dali, o topo do mundo corporativo, onde Andrew Haart reinava. Um homem que transformara uma simples empresa em um império, mas que, aos olhos dela, guardava algo mais do que poder e sucesso. Ela foi recebida por uma assistente que a levou até o último andar, onde o CEO bilionário a aguardava. O elevador, envidraçado e silencioso, revelou a magnitude da estrutura que Andrew havia construído, mas, ao mesmo tempo, tudo parecia frio e vazio. Ao sair, a porta dupla do escritório abriu-se lentamente, revelando um espaço moderno e minimalista. No centro, Andrew estava sentado em sua poltrona de couro, os olhos fixos nela, como se já soubesse que aquele encontro era mais do que apenas uma negociação de trabalho. "Nora Lins", ele disse, levantando-se e estendendo a mão. "Obrigada por aceitar este projeto." Ela apertou a mão dele, notando o toque fi
Andrew abriu a porta do carro para Nora com um gesto suave, mas calculado. Seus olhos cruzaram por um breve segundo, e ele fez questão de manter a compostura, ainda que algo dentro dele estivesse em constante alerta desde o momento em que haviam começado a trabalhar juntos. "Obrigada pela gentileza", Nora disse, sorrindo enquanto entrava no carro com a mesma elegância discreta que ele havia notado desde o início. Andrew deu um leve aceno de cabeça, fechando a porta atrás dela antes de dar a volta e entrar no lado oposto. O motorista já os aguardava, e assim que ambos se acomodaram, o carro começou a seguir em direção ao restaurante. Durante o trajeto, o silêncio se instalou entre eles, mas não era um silêncio desconfortável, pelo menos não para Andrew. Enquanto o carro deslizava pelas ruas de Paris, ele não conseguia evitar o olhar que lançava de forma sutil para Nora. A postura ereta dela, a maneira como os cabelos caíam suavemente sobre os ombros, a delicadeza de suas expressõ
A água quente caía sobre o corpo de Andrew, escorrendo pelos músculos tensos, mas sua mente estava em outro lugar. As gotas quentes não conseguiam afastar os pensamentos insistentes que voltavam para Nora. Ele fechou os olhos e a imagem dela surgiu nítida em sua mente. Ele imaginou os dois ali, no banheiro, juntos, a água misturando-se com seus corpos entrelaçados, o calor aumentando. Sentiu o desejo pulsar, crescendo a cada detalhe que sua mente criava, e, por um instante, quase pôde tocá-la. Mas de repente, uma forte tontura o tomou de assalto. Andrew segurou-se na parede do chuveiro, respirando fundo enquanto a visão se tornava embaçada. O coração acelerou, e ele soube que não era apenas cansaço. Com esforço, ele desligou a água e saiu do chuveiro, pegando a toalha às pressas. Ainda com a cabeça girando, vestiu-se rapidamente e pegou o celular. O médico precisava vir. --- "Dr. Ramos? Sou eu, Andrew. Eu preciso que venha me ver. Agora." Do outro lado da linha, o médico resp
Nora se sentou em um banco próximo à piscina, tentando se concentrar no trabalho, mas a presença de Andrew a deixava inquieta. Ele deu um mergulho, a água fazendo pequenos círculos na superfície antes de ele emergir, aproximando-se da borda. Seu abdômen estava exposto, molhado pelas gotas de água que escorriam lentamente por sua pele. Nora, sem querer, sentiu-se tensa. Havia algo hipnotizante em vê-lo tão à vontade, vulnerável, mas ainda assim, cheio de uma energia que ela não conseguia ignorar. Andrew, percebendo a distração dela, que ainda estava com o notebook em mãos, falou casualmente: "Então, você pode escrever aí..." Ele deu uma pausa, deixando que ela se preparasse, e começou a contar mais de sua história. "Minha família me expulsou de casa assim que completei meus dezoito anos. Eu não tinha feito nada de errado... Mas eles não se importaram, queriam se livrar de mim." Sua voz ficou um pouco mais grave, como se relembrar aquilo ainda trouxesse dor. "Acabei morando na rua por