Giulia
De repente, sinto as minhas mãos molhadas e olho para baixo e acabo percebendo que, o aperto que eu fazia questão de dar na mão do tal homem, chegou até mesmo a arrancar um pouco de sangue, por causa do detalhe que eu tinha no meu anel, como se um pingente com a lateral cortanteGIULIA - MEU DEUS, DESCULPA! NÃO SABIA QUE ESTAVA TE APERTANDO ASSIM TANTO.ENRICO - Anda, vamos voltar para dentro.GIULIA - Para dentro? Mas nós não estamos dentro do hotel?Agora, neste momento, percebo que posso ter fugido para um futuro desconhecido. Olho sem entender para o homem, sombrio à minha frente, no meu coração, acredito que ele é o meu cavaleiro de armadura brilhante, mas também não sei no que me estou prestes a me meter e isso também é assustador.Enrico: - Temos de voltar para Itália, onde eu mando e posso te manter em segurança.Giulia - Não, Itália não, o meu pai e este meu... como posso dizer, ex noivo, vivem lá. Eles podem me pegar, o meu pai tem dinheiro e ontem, me disse que está trabalhando com a máfia. Por favor.Ele sorri um sorriso ainda mais sombrio, e a sua voz estrondosa se volta para mim.Enrico: - Giulia, é esse o seu nome, não é mesmo? Não falo duas vezes, como pode ver, nem sequer sei por que estou fazendo isto, mas ao meu lado, você ficará em segurança, posso garantir. E quanto ao teu pai e a este merda do Victorio, espero que não goste muito deles, porque eles não vão ficar muito mais tempo neste mundo. Se eles trabalham para a máfia, fique sabendo de uma coisa, Eu sou a Máfia."O que eu tenho a perder? Ou é isso ou é isso, é só o que tenho no momento, então, foda-se, eu já estou na merda mesmoPercebo que já não há medo nem arrepios no meu corpo, apenas a preocupação de estar fazendo a coisa certa neste momento, pelo menos uma vezGiulia - Ei, qual é o seu nome mesmo? Tenho de ir buscar as minhas malas ao meu quartoEnrico - Não é preciso, o Luigi, meu motorista, já as levou e estão no meu carro, agora vamos emboraVejo ele respirar fundo antes de terminar a fraseEnrico - Por favor – acho que essa última parte ele não tinha muito o costume de dizer - ... e o meu nome é Grecco, Enrico Grecco!Se eu pensava que a minha família tinha dinheiro, ali percebi que nunca tivemos nada, não comparado ao que eu via na minha frente. O carro que nos conduzia tinha massagem no banco do condutor, a porta abria apenas com a aproximação e comando da pessoa cadastrada no sistema e de quebra, ainda é muito confortável. Mais calma do que antes, posso olhar para o homem que me salvou, ele é tão bonito. “Máfia... ele me disse que era da máfia e ele parece mesmo ser... eu o vi dar um murro na cara do Victorio sem dificuldade. Oh, meu Deus, talvez não seja uma boa decisão ir com ele, mas ao mesmo tempo sinto que é, e quero acreditar nisso. Agora não tenho mais tempo para pensar nisso, estou aqui com ele, para o melhor e para o pior”Giulia - Eu sou o tua prisioneira?Enrico - O quê?Giulia - Você me salvou e te agradeço muito por isso, mas agora, o que é que acontece?Enrico - Prisioneira?Mais uma vez, o silêncio e o sorriso provocaram medo nos meus músculos, consigo sentir isso.Enrico - Acha que preciso de uma prisioneira? Acha que preciso de mais problemas do que a Máfia me dá? Já te disse, não gosto de repetir as coisas, e já disse que não sei o motivo de estar, frequentemente, te explicando as coisas, mas de uma coisa eu sei, você estará em segurança ao meu ladoGiulia - O que é que você vai fazer comigo?Enrico - Diabos, foda-se, eu não sei...Oh, é hora de ficar calada, eu percebi. Se o homem que é a própria Máfia em pessoa não sabia o que estava fazendo, imagina eu, como é que eu podia saber? Porém, os meus pensamentos não me deixavam em paz“Ter cuidado e fica com ele. Ok, eu posso fazer isso, posso viver com isto. Eu estou perdida mesmo, sem um puto para chamar de meu, um vintém para me manter segura fora de casa ou até mesmo, para pensar em uma nova vida, pelo menos, não o suficiente, eu nem mesmo sei como sair para procurar um emprego, nunca fiz isso antes, então sim, pelo menos isso eu posso fazer, ficar ao lado de um homem desconhecido que a única coisa que sabe falar é que vai me manter segura. É temporário, isso, melhor pensar assim, é algo temporário, depois, não sei quando, mas depois, vou ter que erguer minha cabeça e ajeitar a minha vida. Por agora, estou presa ao Enrico e ao seu jeito estranho, presa... mas estranhamente, me sentindo livre”EnricoFoi como se eu tivesse visto a Patrízia naquela mulher, não sei explicar porquê, mas foi exatamente isso que sentiEla era frágil, estava assustada, com um casamento que nunca lhe tinha passado pela cabeça e, no entanto, tinha a coragem de enfrentar o mundo simplesmente para seguir o seu coração Sim . . . Como acontecia quando eu estava com a minha Patrizia, como senti naquela noite, vendo a mulher que viria a ser minha esposa, ser torturada pelo meu pior inimigo, com o olho inchado, roxo de tanto levar pancada, ser humilhada, à mercê daquele desgraçado. Assim como me transformei num monstro e arranquei a traqueia dele com as minhas próprias mãos, fui atrás do covarde que se atreveu a olhar para aquela mulher como se fosse a sua presa. Ordenei ao Guilhermo que a levasse para o meu carro, o que ela fez contra a sua vontade, afinal, não nos conhecíamos, mas o medo fez com que ela concordasse quase que de imediato, depois eu me encontrei novamente com ela, depois de ter dado o m
Guilhermo Não posso negar a minha história com o Enrico, mas admito que tudo o que passamos juntos serviu para que a gente pudesse se tornar mais forte, para que o nosso elo fosse inquebrávelEu cresci com ele, nossas mães tiveram parto praticamente na mesma época e a minha, foi ama de leite do EnricoMeu nome é Guilhermo e sou filho do Conselheiro da Camorra. Meu pai era o braço direito do chefe da Máfia Siciliana e digo era porque morreu em um dos embates com nossos inimigos Quando eu era criança, morria de inveja do Enrico, achava que ele tinha a vida que na verdade, eu merecia e não ele. Sempre tendo a atenção de todos, protegido por todos, as melhores coisas simplesmente caiam sobre as suas mãos, na minha mente, ele simplesmente não merecia a vida que tinhaAté completar os seus treze anos e ter que fazer aquela viagem misteriosa. Ele podia levar apenas uma pessoa, no caso, eu, seu amigo com também treze anos. Lógico, eu sempre soube nossas origens e para onde os nossos caminho
VictorioEu estava com os nervos a flor da pele, aquele maldito ousou tocar em mim, ousou se achar melhor do que eu, quem ele pensava que era?Ninguém pode me julgar por eu ter usado as circunstâncias ao meu favor, porque é isso que o ser humano é, não é mesmo? Conveniente... eu só fiz aquilo que todo mundo, se tivesse a oportunidade também faria O Francesco era um amigo de infância, aliás, eu não posso bem falar assim, ele era um conhecido, isso sim. A sua família tinha muito contato com a minha, era de prestigio, pelo menos na época que a gente se conheceuA Família Biancchi sempre se colocou no topo da pirâmide da sociedade, se faziam acreditar como empresários bem sucedidos, mas nós, os mais íntimos, sabíamos que, pelo menos o Francesco, estava envolvido até o pescoço com a Máfia e não, não de uma forma boaNinguém tinha coragem de chegar perto dele e questionar o motivo de ele bater no peito e dizer que era influente nessas reuniões tão distintas, mas que na verdade, sempre era
GiuliaEu me sentia completamente grata por ter sido salva por aquele homem, mas não conseguia parar de me sentir deslocada também, quando caminhava por aquela casa toda. Eu não conseguia apenas parar, viver, simplesmente não conseguia, a única coisa que me distraía era o GiacomoQuem era ele? Simplesmente a pessoinha mais maravilhosa que Deus colocou na face da Terra, o filho do Enrico, o homem que me ajudou. Na primeira vez que o vi, ele parecia um cachorrinho amuado, estava atras da parede, com a mãozinha segurando a quina sabe, só me observandoDemorou para eu perceber que há via alguém ali e até mês assustei quando me virei e dei de cara com ele, aliás, como metade do seu corpo, porque a outra metade, estava escondidaGiulia – Hei, quem é você?Ele tentou se esconder ainda mais, olhou para trás, para confirmar se realmente não havia ninguém que pudesse tirá-lo daquela situação. Lógico que eu compreendi, ele nunca tinha me visto na vida e eu estava lá, com a mão estendida, chamand
EnricoFoi a primeira vez que vi meu filho sorrindo daquele jeito para uma pessoa diferente da mãe. Ele já tinha passado por tanto em tão pouco tempo… no início achei que, pelo menos para ele, não faria diferença, afinal, tudo aconteceu rápido demais, a Patrízia foi-nos tirada rápido demaisGuilhermo – Eu realmente estou vendo o que acho que estou vendo?Enrico – Sim… estáO Guilhermo sabia das minhas lutas e dificuldades de aceitar qualquer pessoa do lado do Giácomo, tanto que, deixava qualquer pessoa, não impostava quem fosse, falando sozinha, para atender qualquer pedido que o meu filho pudesse fazer, ele já tinha perdido a mãe, não era justo eu como pai, negligenciar os seus sentimentos, aquele negócio de “A Máfia acima de qualquer coisa” não existia entre meu filho e euGuilhermo – Agora eu entendo o motivo de você querer essa desconhecida por pertoEnrico – Não, não entende, porque nem mesmo eu entendo, eu não sabia sobre o poder que ela tem na vida do meu filho, porque esse so
Francesco Eu estava completamente frustrado com a atitude da Giulia e de saco cheio com o que o Victorio estava fazendo. Claro que ele me contou sobre o homem misterioso que, aparentemente, sem conhecer a minha filha a ajudou e não deixou ele chegar a centímetros dela e o faro dele ter aparecido na minha frente com o olho roxo me dizia sim que o homem era de coragem Victorio – Eu cumpri a minha parte no acordo, aliás, fiz isso e muito mais, não precisava sair igual a um doido atrás da Giulia, ela é quem deveria seguir os meus passos, se rastejar a mim. Onde já se viu eu ter que ensinar aquela menina mimada a como ser um Damasceno Ele estava furioso e queria descontar tudo em cima de mim, não estava nem mais se importando com o que minha esposa iria pensar. Eu nunca fui inocente sobre o que o Victorio um dia já sentiu pela minha esposa e, na verdade, eu não me importava, a Valerie merecia ser uma Biancchi e apenas isso, umas das mulheres mais bonitas da alta sociedade não poderia ser
CarloEu sou o responsável por manter essa família, eu e apenas eu, se não fosse assim, quando a minha esposa foi embora, todo o nosso mundo também teria ido embora com elaEu entendo perfeitamente os motivos do meu menino ter escolhido a Patrizia, mas o que ele não entendia era que essa mesma escolha iria leva-lo para a ruína, eu sei porque também aconteceu comigo A minha amada esposa também foi escolhida a dedo, mas diferente disso outros chefes, que. A escolheu foi o meu coração e não os membros do alto escalão. Linda, com uma beleza rara, cabelos negros como a escuridão da noite, olhos grandes e igualmente negros, como uma jabuticaba, mas seu olhar continha a doçura e a elegância caminhando unidasA minha Luna foi a mulher mais ordeira que caminhou na face dessa terra e a mais perfeita dentro da Máfia, tão perfeita que eu tinha que até mesmo, escondê-la dos meus companheiros que não escondiam sua admiração pela minha mulherEu nunca ousei trai-la, nunca, nem mesmo em pensamento,
GiuliaEu ainda estava me sentindo perdia, realmente, aquela minha capacidade de me socializar, de distribuir sorrisos para onde quer que eu fosse, deixei que, com o tempo, fosse se escondendo dentro do meu coração. Penso que o fato de eu estar ali, tentando uma nova vida, não me fazia parar de pensar no que o futuro me aguardavaEu conhecia o Victorio, na verdade, eu ouvi falar muito dele. Aquele homem frequentava a minha casa, eu o considerava da família, meu pai sempre quis assim, sempre fez questão que eu o atendesse com cortesia e, sério, fazia isso com prazer, nunca imaginei que teria segundas intenções naquelas visitas, mesmo porque, o Victório era muito mais velho do que eu, uns trinta anos mais velhoSim, eu já sonhei com o meu momento de princesa, momento em que encontraria o meu príncipe encantado, que viria montado em um cavalo branco, para me salvar da torre mais alta do castelo, sonhei que construiríamos nossos sonhos juntos, nossos próprios castelos e viveríamos felizes