Comemos tudo o que eu trouxe, não tudo, um dos sonhos, eu dei para um morador de rua, que vi logo ao chegar. Se eu pudesse, dava casas para todos que não tem. É tão triste vê-los dessa forma, a impotência é enorme, é algo que acaba comigo.-Eu tenho que ir.Falo ao voltar do quarto de Bibi. Dormiu em meu colo, enquanto eu contava como linda é a Itália. Ficou fascinada por cada detalhe e acabou capotando ao sofá.-Fica hoje aqui, dorme comigo.Fecho os olhos ao carinho que faz ao meu pescoço. É tão bom.-Não posso, fiquei muito tempo longe dos trabalhos aqui. Deve estar uma loucura a empresa. Deixei ótimos funcionários pra cuidar, só que nunca é a mesma coisa, e eu sou contraladora, você sabe.-Eu sei. Mas já que ficou tanto tempo longe, o que custa mais um dia somente?Rolo os olhos.-Joaquim...Franzo o cenho, o olhando indignada. Sabe que não posso ficar, e faz essa cara de cachorro.-Lauren...-Joaquim...-Iara...-Joca...-Posso fazer isso o dia todo.O fuzilo com os olhos. Parece
—Oi.Chego ao apartamento um pouco cansada. Joaquim responde um "oi" rouco, e volta a mexer em alguns papéis que estava a analisar. Ele anda muito esquisito ultimamente. Sei que precisa desestressar, desabafar de alguma forma, e quero que seja comigo.—O que houve?Beijo delicadamente sua testa.—Nada linda, só preocupação. —sorri, o que não ameniza minha certeza que algo não vai bem. —Nada que tenha que se estressar.Circula minha cintura, põe a cabeça na minha pele, encostando em minha barriga. Está estranho, quieto, e distante. Sei que não anda nada bem. Essas "preocupações" estão tirando seu sono. Preciso ajuda-lo.—Eu sei que não está bem, me diga o que é, talvez eu possa saber o que fazer.Olha para mim. Imploro por dentro, que me diga. Tenha confiança em mim, em qualquer situação que esteja passando, eu ficarei ao seu lado.—É sobre sua mulher? —arrisco um palpite.—Não.Balança a cabeça.—Minha mulher é você. Vem cá.Puxa minha cintura, sento em seu colo, e acaricio seus cabelo
—Incansável hoje senhor.—Digo o mesmo de você senhora.Estamos ao banho. Deixo a água molhar meus cabelos. Faz muitos anos, que não os deixo crescer, sempre cortava, quando batiam a nuca.Sinto meu couro cabeludo ser acariciado. Inalo o cheiro de condicionar masculino ao ar, bom gosto. Joaquim está terminando de lavar meus cabelos, tenta não ser bruto, o que é muito difícil, por ser uma parede de músculos. Admiro seu esforço, seu carinho.Suas mãos descem aos meus ombros, os massageando. Como sei o que quer, paro suas investidas.—Não. —reprimindo os lábios, viro meu corpo para o dele. —Temos que buscar Bibi, está quase na hora, e com tanto sexo, não comemos nada.—Não fizemos sexo Iara. —mira meus olhos, guardando uma mecha atrás de minha orelha. —Nós fazemos amor.Subo a ponta do pé, lhe dando um selinho.—Que seja.Antes de sair, vejo um sorriso triste em seus lábios, ou seria só impressão minha? Fico com a última opção.Antes de sair, faço um breve sanduíche de frango com maionese
Amanda ligou a caixa de som. Pop, é seu ritmo preferido, se bem que está em uma onda de dance house. Eu gosto.Organizamos quase uma pool party. Marco e Joaquim estão cuidando do churrasco, com todo o tipo de carne possíveis. Marco planejou tudo muito rápido. Joca fala muito alto pelos corredores, foi assim que seu amigo soube que viemos para cá.Pus minha parte de cima novamente. Busquei em minha mala uma saída de praia fresca, ela é quase transparente, e caminhei até a cozinha para ajudar Amanda nos acompanhamentos.-Não acredito que não sabe fazer vinagrete.Achando graça, reprimo os lábios, negando.-Eu sei cozinhar bastante coisa Amanda. Em cada país que passei, aprendi alguns pratos, ingredientes para acrescentar em outras receitas, mas vinagrete eu nunca precisei fazer. Não lembro nem se já comi.-Quem em sã consciência, não sabe que basicamente se trata de tomate, cebola e pimentão picadinho? -Sorri, me tirando da posição em frente a tábua.-Eu faço isso, pode deixar princesa.
Relaxo caindo ao sofá. Meu corpo está bastante cansado, foram muitas atividades ao final de semana, mas sentir esse incômodo é bom, sinal que estou viva.Tiro os sapatos, os jogando para longe. Pedi pizza para nós, metade portuguesa e lombo canadense. Fiquei com vontade de doce, então me arrisquei a pedir uma menor de Romeu e Julieta.Gabriela não aguentou, e já dorme em seu quarto, com o pijaminha coberto de bolinhas brancas. Minha pequena acordará com fome.Levanto espreguiçando-me. Caminho até a cozinha, abro a geladeira, despejo a jarra d'gua ao copo. Misturo com um pouco de água da torneira, tenho tendência a ficar resfriada com água gelada.-Oi.Ofereço meu copo. Joaquim pega demorando um pouco a beber. A água pós banho, escorre em seu peito nu. A gotícula caminha, e vou a acompanhando, até sumir por debaixo de sua calça de moletom.-Dorme aqui?Inclino a cabeça, quando beija meu pescoço.-Vai ficar um pouco longe para mim amanhã. Tenho que adiantar o trabalho que deixei parado.
Iara LaurenPerco as forças de minhas pernas, Joaquim percebe e logo vem ao meu socorro. Perder a loirinha, a garotinha que tem o meu coração, e eu o dela, a que eu aprendi a amar. Fecho os olhos não querendo saber da possibilidade. Sento ao sofá atordoada, minha cabeça gira, em poucos segundos, estou a levar um copo d'água a boca, mal consigo com as mãos tremidas.-Como assim? -levo novamente o copo aos lábios. -Por favor, me explica essa história. Eu não posso ficar sem ela, você entende isso?-Eu sei branquinha, fica calma. -pega uma de minhas mãos, juntando a sua. -É por isso que eu não queria que soubesse assim, sabia que teria essa reação.Balanço a cabeça, perdendo-me em pensamentos. Eu fiz tantos planos para gente, mesmo que minha mente me julgasse, eu não queria saber de quem ela nasceu, ela era minha, e continua sendo.Mantenho-me em silêncio, o fantasma do medo me domina. Eu não sabia como era bom ser mãe de alguém. Quando me permiti, pude ver o quanto é bom, a sensação de
Encarar a mulher que quer roubar o direito que pela primeira vez a vida me deu, esquenta meu corpo. Ser mãe, aprendi que é bem mais que financeiro, antes, eu achava que tudo se comprava, hoje vejo que estava errada, e amor maternal, vem de dentro, não se compra.—Eu sei que deve estar muito ocupada.—Sim. —atravesso sua fala. De braço cruzados, dou alguns passos adiante. —Eu tenho muito o que resolver. —aponto para a pilha de folhas em minha mesa.—Ah, perdão, desculpe insistir. Eu quero muito sua ajuda amiga, não sabe o quanto. —a convidado para sentar ao modesto sofá.Ando até minha mesa e derramo a água sobre o copo. Minha vontade é de cuspir no mesmo, minha classe e não disperdício de saliva, não permitem.—Eu vou direto ao ponto. —bebe um pouco, logo que a ofereço. —Eu sou estilista também, não como você é claro, mas segui a mesma profissão. —sorri, gesto o qual não retribuo. —Preciso de um emprego.Junto as sobrancelhas, fui pega desprevenida. Quando Madison disse que Liandra us
Uma casa nova.Se passaram alguns meses, depois do que aconteceu no hospital. Minha pressão caiu, e acabei ficando por lá mesmo por um dia inteiro em observação. Essa data foi importante, refleti muita coisa, e uma delas é que não quero nunca mais me afastar das pessoas que amo, a não ser para pequenas viagens de trabalho.Então decide convidar minha mãe para morar comigo, ainda mais agora, que está em tratamento, precisa de cuidados, e a presença de Gabriela a deixa mais saudável. Percebi que meu apartamento era pequeno demais para todos nós, resolvi comprar uma casa. Para manter o orgulho de macho, Joaquim abdicou o pouco de patrimônio que ainda lhe restava e me ajudou em algumas parcelas da mansão.Abaixei muito o preço, omiti o fato que custou alguns milhões, se impressionou por ser um lugar tão bom, de uma residência nobre, e custar tão pouco. A casa é linda e extremamente confortável. Piscina enorme, um canto para as flores, e o principal, muito amor e carinho.Acordei ao lado do