Votem!
Boa leitura 😁Iara LaurenHoje faz um mês que não falo com Joaquim, nem ao menos vejo a pequena Gabriela. Recebo seus recados de desculpas diariamente, nunca respondo. Estou sem cabeça e paciência, para ouvir lamúrias de homem covarde.Acabei viajando para Itália, onde ainda ocorre o maior evento de moda, que não só desfilam os mais lindos looks, como no final, ocorre um leilão, e tudo o que for arrecadado será doado a uma instituição, seja de caridade, ou não. Por essas e outras que eu gosto do que faço. Hoje eu sou a prestigiada do desfile, e nesse momento, acabo de subir ao palco afim de encerrar o evento, declarando as palavras finais.-Bom. Bato três vezes ao microfone.Não é a primeira vez que faço um discurso, confesso que estou um pouco intimidade pela quantidade de gente, porém meu trabalho lida com o público, por isso, há muito tempo perdi a timidez.-Eu quero agradecer aos organizadores, Rael e Clare, por me convidarem.Sorrio os vendo, os quais dão um breve aceno.-Pelo pr
-Não mude de assunto querida, sempre foi assim, usa suas artimanhas para me fazer esquecer das coisas.-É algo relacionado a ele. Deixo a xícara de chocolate quente ao pires. -Nunca te disse o que aconteceu um pouco antes, e durante e depois, do casamento, que nem teve?-Não. Sinto um tom desapontado em sua voz. -Ele e a mãe viajaram logo depois. Anos depois, Geane teve um sério problema de saúde a deixando desabilitada de fazer qualquer coisa, de andar, falar, se mover. Até que morreu aos poucos.-Eu sinto muito.-Eu não.Rio do que disse. Que Deus me perdoe.-Eu descobri tantas coisas ruins que ela fez com os outros, desvio de dinheiro, maus tratos aos empregados, e o pior de tudo, os galhos em minha cabeça.-Ela te traía?-Sim. Rola os olhos. -Com um novinho, que só estava afim do seu dinheiro, que no caso era meu.Bebe mais um gole, mordendo sua pequena barra de chocolate em seguida. Safada, não acredito que fazia isso com um homem tão bom, que dava tudo o que ela queria. Ao final
Estamos nos encarando a pelo menos meia hora, quase sentindo as palavras reprimidas de cada um.Posso dizer que estou um pouco agitada, nervosa com a situação. Por outro lado, o olhando agora, cara a cara, vejo que meu sentimento se misturou, a pouco pensei em gritar, desabafar, talvez chorar, expor para ele tudo que me fez sofrer. Contudo, uma calma, serenidade tremenda se faz presente em meu peito, amadureci, eu acho.Nossos olhares não se desgrudam. Eu amava esse olhar, agora nem sei mais o que é sintir amor, a não ser, o que eu sinto pela minha filha, o que eu achava estar começando a sentir por Joaquim.-Eu te procurei.-Não quis que ninguém me encontrasse. Sussurro mantendo-me firme. -Fiz de tudo para que isso fosse bem sucedido.-E conseguiu.Fecha a cara arredio, exaltando a testa completamente enrrugada. Abre a porta, deixando um espaço enorme entre o vão da porta e seu corpo. Penso três vezes. Entro ecoando o batuque dos saltos ao seu chão amadeirado, brilhando, recém enceir
Explodo aumentando consideravelmente o tom de voz, mediante ao seu cinismo.-Sim, eu te amo muito.Afirma com convicção sem tirar os olhos dos meus.-Ama tanto, que nesse exato momento está falando merda para uma mulher, sendo casado com outra, e com duas filhas pequenas.A cor some de seu rosto.-Como soube? Quem te contou?-Seu pai me contou, estava com ele, a metade da tarde inteira, quase até agora. Ele sim, é uma boa pessoa, e não mente para mim. Disse que você mudou, queria falar comigo.-Não era para ter dercoberto assim.Suspira fundo abaixando os ombros, em um ar de derrota.-Ah. Você queria que eu soubesse quando tivesse enganado a trouxa aqui, levando para cama, jurando um bando de porcaria, igual os filmes clichês, e quando eu estivesse caída na sua conversa, boba, apaixonada como uma adolescente, me diria: Não, desculpe Iara, mas eu não posso ficar com você, porque eu tenho uma família!-Nao sabe o que tá falando! Reverbera nervoso. -Eu construí uma família, com uma mulher
-Onde você estava?Vejo Iara sair do elevador, mais linda do que antes. Os cabelos um pouco maiores, a pele corada. Arrumada em um vestido amarelo, com fundo geométrico, bela como sempre.Torço os lábios. Passei um inferno, não sabendo onde estava. Me tranquei em uma bolha gigante, cheia de espelhos, onde eu só via Iara, levantava da bolha, tentando toca-la, era impossível, não estava aqui. Minha filha, ficou igual a mim. Irreconhecível. A saudade nos consumia todo dia, e a olhando neste momento, vejo que para ela, o sentimento não foi o mesmo. Creio que não fizemos tanta falta.Toma um susto ao me ver, colocando a mão ao peito. É normal. Estamos há quase seis meses sem nos ver. Só Deus sabe o quanto eu fiquei louco a procurando, ninguém sabia seu paradeiro, ou não queriam me falar. Agora estou aqui, sentado ao chão em frente a sua porta, encostado a madeira. Camiseta desgrenhada, sem gravata, cabelos revoltos, barba a fazer, olhar perdido, muito assustado.-O que está fazendo aqui?
Coço os olhos cansado. Minha rotina não está sendo fácil. Cuido de Bibi sozinho, e depois que Liandra fez com ela, não confio em ninguém para cuidar da minha bebê. Se ao menos, minha loira, estivesse comigo...Vejo a hora. Está bem tarde. Tiro os pratos, e os talheres do jantar da mesa. Lavo a pilha de louça que se formou. Não gosto de deixar nada para amanhã, se não tenho que lavar com água extremamente gelada, e ninguém merece isso.Acabo de lavar tudo, seco a mão, e vou até o quarto da minha filha. Ainda está acordada, olhando o teto.-Porque ainda não dormiu?-Num conxigo.Fecha os olhos que vai conseguir. Lembro que minha mãe falava isso para mim. Sempre ficava com raiva. Como se fosse simples.-Tenho medo dos pesadelos.-Eles não vão te atingir se você pedir a papai do céu para eles não virem. Eles não virão.Concorda.-Vamos rezar.Ela sai da cama. Larga o mingau na mesma. Se ajoelha, deixando os cotovelos apoiados no colchão e faço a mesma coisa que ela fechando os olhos.Reza
Iara LaurenAcordei cedo. Mal dormi, pensando na visita que tive ontem. Meu vôo não foi dos melhores, e ao encontrar o homem que tanto evitei durante meses, só aumentou minha dor de cabeça.Confesso que ver Joaquim me tirou o chão. Fiquei desnorteada, principalmente quando disse ter vindo todos os dias ao meu apartamento, estatelado em frente a minha porta. Se fosse outro homem eu não acreditava, conhecendo Joaquim, como conheço, não tenho dúvidas.É louco. Impulsivo e insensato. Nunca pensa antes de agir, e foi por isso que me apaixonei por ele. Tê-lo visto ontem, e não correr para seus braços, foi dolorido. Apesar de ter passado tantos meses, ainda não engoli tudo que aconteceu. Até a nossa briga de antes. Tudo se misturou, e gerou essa confusão de sentimentos que estou agora.Faço minha higiene matinal. Penteio os cabelos médios, batendo na altura dos ombros, acariciando cada mecha, com cuidado. Já que cresceu um pouco, pesco duas mexas laterias, faço trancinhas, e as prendo na par
Comemos tudo o que eu trouxe, não tudo, um dos sonhos, eu dei para um morador de rua, que vi logo ao chegar. Se eu pudesse, dava casas para todos que não tem. É tão triste vê-los dessa forma, a impotência é enorme, é algo que acaba comigo.-Eu tenho que ir.Falo ao voltar do quarto de Bibi. Dormiu em meu colo, enquanto eu contava como linda é a Itália. Ficou fascinada por cada detalhe e acabou capotando ao sofá.-Fica hoje aqui, dorme comigo.Fecho os olhos ao carinho que faz ao meu pescoço. É tão bom.-Não posso, fiquei muito tempo longe dos trabalhos aqui. Deve estar uma loucura a empresa. Deixei ótimos funcionários pra cuidar, só que nunca é a mesma coisa, e eu sou contraladora, você sabe.-Eu sei. Mas já que ficou tanto tempo longe, o que custa mais um dia somente?Rolo os olhos.-Joaquim...Franzo o cenho, o olhando indignada. Sabe que não posso ficar, e faz essa cara de cachorro.-Lauren...-Joaquim...-Iara...-Joca...-Posso fazer isso o dia todo.O fuzilo com os olhos. Parece