CAPÍTULO 06

Madison Cox 

Rio olhando toda boba pra minha filha que agora está suja de terra. Colocamos o papo em dia e quando íamos nos mudar pra sala de jantar olhei de forma cúmplice para minha melhor amiga, preciso que ela me conte o que aconteceu na cidade enquanto estive fora. 

— Então Lisa como está sua mãe?

— Bem obrigada. Na verdade ela anda muito ocupada com a preparação de uma recepção para o dono daquela fazenda... qual o nome mesmo? — Ela pensa segurando o queixo — ahh o forte. 

— Mas ninguém nunca viu o dono daquele lugar. A única coisa que se sabe é que pertencia a uma família inglesa que foi embora e nunca mais voltou — mamãe fala muito interessada no assunto. 

— Poie é. O lugar já está sendo remodelado e preparado para sua chegada, vieram os melhores arquitetos e designers de interiores de Nova Iorque. Sem contar que aquele lugar é enorme e deve contar com mais de uma dezena de funcionários só pra manter a casa em funcionamento — então ela e minha mãe engatam no assunto sobre as festas e recepções que aconteceram na cidade nos últimos meses. 

Já eu fico concentrada em ajudar minha filha a comer pensando no número de coisas que faremos juntas por aí. 

— Já sabe quanto tempo vai ficar na aqui amiga? 

— Não sei. Na verdade não vou pensar nisso agora. Fiquei muito longe e agora que voltei eu quero ficar e curtir esse lugar com a minha princesa. 

Alguns dias depois

Caminhando e segurando as rédeas do cavalo percorro o campo apreciando cada lugar, sentindo o sol do final do dia aquecer meu corpo e transformando no horizonte numa das paisagens mais lindas que alguma vez vi. E quando vi já tinha saído do limite da fazenda, até que tive a surpresa de ver as cercas que separam nossa propriedade da grande fazenda. E durante anos aquela cerca era precária e qualquer um podia saltar para o outro lado, mas devido a altura eu não poderei fazer isso, e para minha surpresa o campo que antes estava coberto por capim e ervas daninhas agora está completamente limpo e repleto de alguma plantação, tem até algumas pessoas trabalhando no local. Parece uma plantação de vinhedos, e uma plantação bem imensa pelo que posso constatar. 

Ando mais adiante seguindo o limite entre as duas fazendas, eu quase perdi o fôlego quando vi que o lugar onde passei os melhores momentos da minha vida não existia mais, no lugar daquela cabana de madeira velha foi colocado uma espécie de armazém enorme. 

— Senhora eu posso ajudar? — Me dou conta de que não estou sozinha. Ele está do outro lado da cerca segurando um tablet e lá em cima um drone está sobrevoando o local. O homem moreno de sotaque forte continua me encarando.

— Não. Claro que não, estava apenas apreciando o lugar — ele devia achar que eu estava espiando. — Bom, eu já estou indo, continuação de um bom trabalho. 

— Espere — eu estava prestes a me virar e ir para casa quando ele disse isso — não disse seu nome. Mora por aqui? — Olho  para ele com o cenho franzido e não entendo o motivo dessa curiosidade — sinto muito ser tão invasivo. É que ainda não conheço ninguém que não seja da fazenda aqui nessa região. Cheguei a algumas semanas da Itália, sou especialista em produção de vinhedos e vinho. Sou enólogo.

— Então querem fazer vinhos nesse lugar!? — Pergunto já curiosa só pra saber se farão o que muitos produtores de vinho fazem, os passeios e a degustação — eu sinto muito. — Meu rosto esquenta, e sei que nesse momento breve estar bem vermelho. Merda, isso quase nunca acontecia comigo. 

— Não tem problema. E respondendo a sua pergunta, sim, nós pretendemos trazer uma linha de vinhos diferenciados — ele olha indagado pra mim — não me diga que é uma apreciadora de vinhos? 

— Sim eu sou. Eu sonhava em ir para Itália e visitar o país dos melhores vinhedos no mundo. Mas me tornei mãe e não tive mais  tempo. E não sei se tem conhecimento disso, mas a fazenda do meu pai também era especialista em produzir vinhedos e vinhos em pequena escala mas ultimamente as coisas não tem dado muito certo. — Falo lembrando que preciso ir dar um banho nela. Aposto que deve estar toda suja de lama nesse exato momento. 

— Ham, então é casada? — Ele desce o drone pousando ele no chão de terra. 

— Divorciada. Então nesse momento sou mãe solteira... — eu queria falar o nome dele mas lembrei que não perguntei. 

— Meu nome é Dante Antonelli. 

— Prazer. Eu me chamo Madison Cox — Olho as horas no relógio de pulso e resolvo ir embora — eu preciso ir. Foi muito bom conversar com você Dante. 

— O prazer foi todo meu, Madison Cox divorciada e mãe solteira que gosta de vinhos e nunca conheceu a Itália — sorrio e aceno para ele antes de chamar o cavalo e ir embora. Dou uma última olhada para trás e me dou conta que ele ainda está me olhando.

Preciso admitir, Dante é um homem lindo, daquele tipo lindo mesmo, que chega até a se comparar com aqueles modelos italianos que desfilam na semana de moda de Milão. Alto, magro atlético com músculos certos, moreno de olhos castanhos e pele levemente bronzeada. 

Chego na fazenda e a primeira coisa que faço é levar meu cavalo aos estábulos, e quem encontro lá é o pai do melhor amigo do Owen. Ele recebe meu cavalo mas sei que me olha como se eu tivesse cometido um crime. Enquanto faço um carinho no mattt cavalo da Trice, resolvo perguntar para o homem. 

— O Charles ainda está por aqui?— Desde a minha chegada eu ainda não o tinha visto. 

— Não, ele não mora mais aqui e nem trabalha mais na fazenda — é a única resposta que obtenho dele antes de me dar as costas. No meio do caminho para casa me cruzo com aquele capataz nojento, mal me dei o trabalho de cumprimentá-lo, apesar de perceber que ele me olha de forma indevida.  

Ao chegar em casa encontro minha mãe e a mãe da Lisa conversando. A primeira-dama de Houston está vestida a rigor como sempre, é por isso que ela e minha mãe continuam amigas. Saúdo elas e pergunto pela minha melhor amiga. 

— Ela não se sente muito bem. Mas não se preocupem não é nada grave — assinto mas garanto que vou ligar pra ela só pra me certificar. — Vejam só, eu vim trazer os vossos convites para a grande  recepção que estou organizando para a chegada do dono da fazenda A Fortaleza. Conto com vocês nesse dia para mostrarmos a ele o quanto estamos contentes por sua presença. Essas pessoas que vem de cidades grandes tende  a achar que nós não somos desenvolvidos.

Ela me entrega o convite e me admiro com tamanho luxo e requinte.

— Hoje quando estava dando um passeio pelas terras encontrei um dos funcionários da outra fazenda. Ele estava fazendo alguns estudos na divisa das fazendas — fecho o envelope do convite e só agora me dou conta que as duas estão me olhando. — O que foi? 

— Porquê eu sinto que você já sabe mais do que o suficiente desse tal funcionário? — Minha mãe pergunta como sempre curiosa. 

— Apenas tivemos assuntos em comum mamãe, foi só isso. Falando nisso, aquele lugar está lindo, o dono deve ser mesmo bem rico porque vi maquinaria de última geração, para além do lugar ser bem organizado e ter pessoal bem especializado para alem das coisas tecnológicas que vi. 

Me despeço delas e resolvo  procurar aquela sapequinha. Começo pela cozinha, as meninas me dizem que está no escritório com o meu pai. 

Bato na porta e meu pai pede que eu entre. 

— Oi filha! 

— Oi pai — dou um beijo na testa dele. Ele fecha o livro que estava lendo e eu puxo aquele material da mão dele. — O senhor e a mamãe deviam sair pra viajar e relaxar um pouco. O senhor só trabalha desde que eu me entendo como gente e isso não faz bem para além de prejudicar sua saúde.  

— Eu estou bem, não preciso de viagem nenhuma. Já viu o campo vasto que está lá fora? Porquê eu sairia daqui? – Eu nunca vou conseguir convencer ele de passar pelo menos duas semanas fora desse lugar. — Para além de que tudo que mais amo está nesse lugar. Minha esposa, minha filha, minha neta e minha fazenda. Não sou nada sem esses quatros elementos. 

— Também te amo muito pai. E sabe o que me faria mais feliz? — Ele faz que não com a cabeça — que o senhor deixasse de ser teimoso e fosse comigo para o hospital fazer um check-up. Só pra garantir que está tudo bem com seu coração, por favor. 

Somos interrompidos pelo toque do meu celular. Quando seguro o aparelho e vejo o nome do Matthew meu coração quase falha uma batida. 

— Mathew — sussurro o nome dele ao atender. Me afasto de onde minha filha brinca com meu pai. 

Já estamos oficialmente divorciados, pode ficar feliz, você se livrou de mim. Sentirei saudades dos momentos em que passávamos juntos, na cama nesse caso, é único lugar onde você me foi útil — ele gargalha do outro lado e continua — entrega o celular pra Beatrice, quero falar com ela. Não tenho mais nada a tratar com você. 

— Amor vem aqui falar com o seu pai — ela vem toda feliz e arranca o celular da minha mão. 

— Oi papai — não sei o que ele diz do outro lado mas faz ela rir. Eles conversam por um tempo e eu aflita querendo saber o que tanto falam. Minha filha se despede do pai e me entrega o celular — o papai quer falar com você. 

Até a próxima querida ex esposa. Tomara que não arranje nenhum marido por enquanto, sinto saudades dessa sua boceta só pra mim. Quando a gente se encontrar de novo a gente fode e depois faz de conta que nada aconteceu. — Ele eu e então desliga na minha cara, eu realmente nunca vou me livrar dele. 

— Mad, a sua filha está me dizendo que o pai dela comprou um avião para ela. Me diz que se trata apenas de um brinquedo — agora eu entendi tudo. Se tratando do Mathew Não duvido que seja um avião de verdade. 

— Trice seu pai comprou mesmo um avião para você minha vida? 

— Ele comprou sim — Trice começa a tagarelar — e o papai disse que ele tem o meu nome e que eu vou usar pra ir visitar ele lá em casa. Mamãe porquê eu vou visitar o papai na nossa casa? O papai é tão bobinho. 

— É muito complicado meu amor. Depois a mamãe te explica. Agora vamos tomar banho que sua avó não pode te ver suja desse jeito circulando pela casa. 

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