Klaus ficou deitado em sua cama onde o criado mudo exibia uma fotografia tirada no dia do casamento com Clarice. Olhava para o teto branco e não sabia o que fazer da sua vida. Havia um silêncio ensurdecedor que o deprimia.
"Chegamos bem e já estamos em casa.""Ótimo! Resolva os seus problemas."Dormiu e no seu sonho viu Eva se aproximando de seu carro estacionado na garagem de um prédio. Ele sorriu ao vê-la naquele vestido branco. Clarice tinha um parecido. Deram um beijo rápido e ele passou as mãos nos peitos dela a fazendo soltar um gemido baixo.- No lugar de sempre?- Sim.Ele dirigiu até um prédio numa área mais isolada do Recreio, estacionou o carro e foram para um apartamento no sexto andar. Era um apartamento pequeno de um quarto só, mas muito bem decorado.- Quer que eu abra as janelas para correr ar?- Não! Quero que tire a roupa e ligue o ar condicionado do quarto enquanto bebo uma dose de whisky.Clarice estava diferente na chamada de vídeo. Havia cortado o cabelo de modo que o ar comportado havia sido deixafo de lado para dar lugar a "femele fatale" que chamava atenção de todos por onde passava. Estava maquiada apenas por um delineador que chamava mais ênfase aos seus olhos verdes de gata, contrastando por um batom nude que lhe dava o ar elegante e feroz. Klaus ficou excitado ao vê-la assim. O vestido preto sem decotes, mas com uma fenda lateral que mostrava bem a sua perna.- Gostosa!- É o que tem para me dizer?- Clarice, eu estou enlouquecendo só de olhar para você mexendo o chá. Eu lhe comeria agora em cima da mesa de jantar.- O que descobriu?- Ela ainda não foi encontrada nem no Rio e nem em São Paulo. - Tem certeza de que Eva é o nome dela? - Soube por uma antiga vizinha do prédio em que morava com os tios em Porto Alegre que o nome dela é Judith.- Judia?- Não. Brasileira mesmo. So
O encontro foi marcado dentro do estacionamento de uma igreja antiga na Penha. Era afastada de sua casa, mas ainda assim teria tempo para pegar a filha na escola caso aquilo se arrastasse mais tempo do que previa.Ela não usava muita maquiagem como ele se lembrava. Tinha os cabelos amarrados numa trança longa e usava um vestido de manga japonesa bem discreto de botões na frente.Ela entrou dentro do carro após dois toques no vidro. Klaus sorriu e deu partida no carro assim que ela colocou o cinto de segurança. Ficar parado num ponto durante o dia chamava muita atenção. - Não posso demorar muito. Minha filha está na escola e o meu marido trabalhando.- Então agora é uma mulher bem comportada estilo mamãezinha? - Não tenho mais vinte anos, Klaus.- E você tinha mesmo vinte anos quando a conheci?- Não! Tinha dezoito e você foi a única loucura que fiz em toda a minha vida.- Sente falta?- Às vezes. Quan
Clarice estava deslumbrante quando passou pelo portão de desembarque num vestido preto, botas longas, casaco no braço e escuros escuros sendo confundida com alguma estrela de cinema internacional ao receber alguns cliques de alguns fotógrafos caminhando por ali, respondendo algumas perguntas num inglês perfeito.- Por quê o Rio de Janeiro?- Porque eu nasci e moro aqui. Meus filhos tem que voltar a estudar. Todos eles.- Ah...- Eu não sei quem você peensa que eu sou, mas eu sou brasileira e casada com um médico cirurgião cardíaco. Meus filhos.- Caramba! Que genética maravilhosa!- Obrigada. Estamos atrasadas.- Deveria ser atriz.- Eu fui modelo quando adolescente em Londres. Eu não gostei muito dos holofotes.- Maravilhosa!- Obrigada, querido. Quando quiser me visitar para bater papo, meu cartão. - Vou ligar mesmo, gatona.- Gatona?- Eu não vi que já estava aí.
Klaus estava calado, sentado na sala olhando para os resultados do exame enquanto Rebecca dormia no quarto e Paulo ajeitava o café da manhã para Sophia e Samuel que já haviam acordados.- Algum problema com exames de Rebecca?- Mais ou menos.- O que foi, Klaus?- Bem... Além de uma anemia leve, a família vai ficar um pouco maior. Deu positivo.- Grávida?- Fazer o quê, Rebecca? Parece que não se cuidou tão bem assim, não é? Agora deve se cuidar melhor.- Calma, Rebecca! Fique calma!- Eu estou calma. Eu só não sei o que eu vou fazer.- Vamos marcar a data do casamento. O apartamento está pronto. Catarina e Cecília, junto com a sua mãe, podem lhe ajudar. Vamos marcar a data, Rebecca.- Eu preciso descansar.
Rebecca foi caminhando lentamente até a rede na varanda onde se deitou. Paulo a seguiu e ela pediu o travesseiro e o lençol. Estava com um pouco de frio e Klaus acreditou ser por causa da falta de alimentação lhe proporcionando uma espécie de fraqueza.Clarice ainda parecia em choque. A filha não tinha mais dezoito anos, mas ainda parecia jovem demais para subir ao altar.- O que foi, Clarice?- Ela é tão jovem...- Eu também acho. Ela poderia continuar aqui em casa com o bebê.- Ei! Não se metam nisso! Ela precisa sabe o que quer. Ela estava noiva dele antes do bebê, não estava?- Sim, mas eles terminaram e retomaram o namoro. Não o noivado.- Pai, não se mete! Você tem dificultado as coisas para Rebecca. Paulo fica tentando apaziguar as coisas e eles acabam brigando.- Mas, Guilherme, eu só não quero que o meu bebê...- Ela não é o seu bebê. Ela está grávida. Não se meta!Guilherme se aproxim
Rebecca finalmente havia parado de vomitar e começava a se alimentar seguindo a dieta diária das grávidas da família Cohen. Paulo a enchia de carinho e Klaus ainda se assustava ao encontrá-lo no quarto da filha ou de madrugada na cozinha sem camisa.Clarice achava graça. As caminhadas pelo calçadão no final da tarde com Cecília a animava bastante. Mas a barriga ainda não podia ser observada. O que deixava Rebecca, de certa maneira, feliz. Podia ser namorada por um pouco mais de tempo.Quando Paulo chegou no apartamento trazendo uma bolsa com algumas coisas quando Clarice se preparava para sair com gêmeos para dar uma volta, ele encontrou Rebecca distraída tomando banho.Um sorriso travesso invadiu o seu rosto e o músico tratou de fechar a porta para não serem pegos de surpresa.- Paulo? Chegou cedo.- Cheguei no horário que combinei com a sua mãe. Você fica linda assim. Nua e debaixo do chuveiro. - Nem começa.
O apartamento de Anna estava longe da calmaria habitual. Eva e Alberto haviam ido para passar o final de semana com Heitor e Olga, avós de Paulo. Queriam saber tudo sobre a gravidez. E Olga já havia tricotado vários pares de sapatinhos como se Rebecca fosse dar a luz a múltiplos bebês.- Você está tão bonita, meu bem.- Ela não está linda, vovó? - Linda! E seus olhos estão mais claros e claros. É um menino, Rebecca.- Também tenho essa impressão, Vovó. A minha mãe disse que ela sabia exatamente como éramos antes de nos ver através de exames. Meu pai não vê a hora de comprar o berço. - Mas você não vai morar aqui após o nascimento do meu neto?- Pai, nós já falamos sobre isso.- Mas este apartamento é enorme...- Pedro, não se mete! Eles vão ajeitar as coisas sozinhos. Rebecca tem dois médicos em casa. Acho muito certo ela ficar ao lado da mãe nestas horas. Eu queria ter a minha por perto.- Mas é que.
Rebecca se sentou numa cadeira de praia e ajeitou o chapéu para o sol não queimar o seu rosto. Paulo se aproximou e entregou o côco para ela beber a água gelada para se refrescar por causa do calor. As pessoas ao redor os observavam sem imaginar que ali, naquele mesmo lugar, haviam discutido muitas vezes a fazendo chorar por acreditar ser odiada quando na verdade ele morria de ciúmes da ruiva.- Não podemos ficar muito tempo. Está muito quente.- Só um pouquinho. Preciso de energia.Rebecca lembrou do dia em que Paulo perdeu a cabeça e a beijou apaixonadamente após uma discussão que tinha Cecília e duas colegas de escola como testemunha.Depois de um tempo, quase sem ar, Rebecca ficou em choque olhando para Paulo que estava em pânico por ter revelado os seus sentimentos quando sabia que ela não estava preparada para assimilar a informação. - Diga alguma coisa, Rebecca?- Eu quero ir para a casa.- Eu a levo.-