Era estranho chegar a uma certa idade e se descobrir grávida pela quarta vez. Catarina estava deprimida e com medo. A gravidez de Rafael não foi fácil e o parto exaustivo e complicado. Ela precisou ficar alguns dias em observação no hospital e Felipe havia prometido sem mais filhos.
O que havia acontecido foi acidente. O problema é que Felipe tinha uma mania besta de irritar Catarina ao mencionar que queria outro filho. O que era algo infantil, principalmente porque causava pânico em Catarina.- Se eu morrer a culpa será sua.- Você não vai morrer, Catarina. Vai ficar tudo bem.- Claro que vai. Eu morta e você casado com uma piranha de vinte e cinco que vai maltratar os meus filhos.- Pelo amor de Deus, Catarina. Eu nunca me casaria com ela.- Filho da puta!- Olha a boca! Rennè não vai aprovar o insulto. Olhe para mim, meu amor. Vou parar com as brincadeiras idiotas. Caramba, Catarina! Todo mundo sabe que eu sou louco pSophia se levantou esfregando os olhos, confusa, ao ouvir o pai cantando aquela música que sempre tocava no carro quando o pai queria dizer algo para a Ruiva e ela parecia não se importar.Rebecca nem se deu ao trabalho de se levantar da cama. Ajeitou-se ao lado de Paulo na cama e voltou a dormir. Mas Sophia era curiosa e foi caminhando na ponta dos pés até onde o pai estava, acabando por ver a cena mais engraçada de sua vidinha.Os pais dançavam na sala como um casal apaixonado, descalços e sorrindo. Ela sorriu orgulhosa. Sophia esfregou os olhos enquanto mantinha o sorriso em seu rosto. A mãe, a mulher que ela considerava ser a mais bela de todo mundo, dançando descalça, vestindo a camisa do pijama do pai, parecendo ser a mais feliz do mundo de um modo que ela nunca havia visto.Sophia achou engraçado a mãe passar as mãos entre os cabelos negros de seu pai. Ele também parecia feliz. Não tinha aqueles olhos tristes e opacos de quando ela chegou de viagem
Clarice só faltou bater em Guilherme após saber das novidades. Sophia ficou assustada ao ver a mãe puxar a orelha do seu irmãozão enquanto o pai gritava com ele.- Guiguizinho, o que você fez?- Menti.- Vai para o quarto, Sophia!- Eu não vou, papaizinho. Olha para mim, Guiguizinho! Você está namorando outra garota?- Não, Sophia. Mas eu sou muito burro para cair na conversa daquela mulher. Droga! Eu sou muito burro. Eu não sou dono daquela porra. Que inferno!- Eu vou lhe mandar para fora do país. Aí você vai se formar como alguém normal. Já era para ter ido. Eu fui muito mole com você. - Eu não vou para lugar nenhum sem antes conversar com a Cecília. Aquela vaca se fingiu de estava aprontando alguma quando me pediu para dormir no meu carro e tirou as coisas do lugar. Burro! Burro! Burro!- Nunca transou com ela? - Eu nunca pus as mãos nela.- O que você quer fazer, Guiguizinho?
Guilherme acordou cedo e foi correr na praia com os olhos inchados de chorar sem saber como Cecília havia acordado. Fez exercícios, nadou e voltou para o apartamento caminhando sem ligar para as garotas que olhavam para ele. Chegou no apartamento mudo. Tomou banho, vestiu-se e ficou com os irmãos pequenos vendo televisão deitado na sala.- Vai ao hospital hoje?- Não. Estou de luto.- Já resolveu com o seu pai o que vai fazer?- Eu não vou largar a minha família porque Cecília está magoada. Sophia e Samuel não vão se livrar de mim tão fácil assim. - Ok. O que vai fazer então? - Meu avô me deu uma semana de folga. Depois vou voltar ao normal o ajudando na administração também. - Ótimo! Quer almoçar o que?- Macarrão instantâneo.- Credo, Guiguizinho. Mãe, faz uma comidinha gostosa?- O que você quer, Sophia?- Comidinha de vó. - Ok.De uma certa maneira Clarice se
Cecília estava triste, mas aceitou brincar com Sophia de chá de princesa depois que Cecília fez um lindo penteado com a ajuda de Guilherme que fez questão de tirar algumas fotos da irmã. Samuel achou engraçado e acabou pedindo para entrar na brincadeira.Clarice achou engraçado enquanto preparava o jantar os quatro tomando chá. Depois do jantar Klaus ficou conversando com Clarice na varanda enquanto viam as pessoas andando enquanto outras corriam. Sophia estava sonolenta no colo de Cecília e Guilherme apagou a luz da sala para ajudar no soninho.- Vai dormir com Sophia ou comigo?- Acho que é melhor eu dormir com Sophia.- Ela vai gostar da preferência, mas se mudar de ideia a minha porta está aberta.- Já vai dormir?- Vou tomar banho e arrumar a cama. Quando eu voltar alguém já deverá estar dormindo.- Boa noite, Guiguizinho. - Boa noite, princesa.Guilherme demorou um pouco mais do que o de costume
Cecília acordou preguiçosa sentindo o cheiro de café da manhã no quarto em que dormiu. Ela esfregou os olhos e se deparou com os olhos ansiosos de Guilherme ao seu lado com a bandeja em seu colo.- Bom dia, Gui.- Bom dia, Delícia. - Que horas são? - Cedo. Tome o café e volte a dormir. Meu pai já saiu para o hospital e vai ligar assim que souber das novidades. Mamãe disse que é muito cedo para ir para a casa dos seus avós. Durma mais um pouco.- Tudo bem.- Ótimo...- Ei, Grandão, sua mãe está em casa. - Ela voltou para cama e os meninos pequenos a seguiram. Pode cair uma bomba que não acordarão tão cedo. Sinto a sua falta.- Eu preciso comer algo antes, Grandão. Sabe disso. Você me faz gastar muitas calorias. Minhas roupas estão todas largas.- Desculpe. Mas a culpa não é só minha. Anda pulando os horários de alimentação. Você anda estressada com o ritmo na faculdade, no estúdio e em casa.
Guilherme aceitou a declaração com um sorriso radiante antes de se aproximar e de a beijar. Nada de sexo apesar de sua sugestão. Sua cabeça estava a mil e logo deveria sair para ver os irmãos e a mãe. Rodrigo e Rafael já haviam acordados e estavamntristes tomando o café da manhã na mesa com Rebecca e Paulo. Anna e Pedro haviam ido ao hospital e ainda não haviam voltado. Rebecca disse à amiga que Pedro não havia dormido apesar do calmante receitado por Felipe. Sentia-se culpado por tudo de ruim que acontecia com a filha mais velha desde o divórcio. Suas atitudes a maltrataram muito e quando tudo parecia fazer de sua vida algo melhor, aconteciam essas coisas.- Coitada da minha mãe. Disse Cecília lembrando do medo que havia nos olhos de sua mãe quando ela soube da gravidez.Paulo abraçou a sobrinha para confortá-la e a sentiu fria. Beijou sua cabeça e depois esfregou as suas mãos. - Acho que ela está nervosa, Guilherme. Ela comeu? Perguntou preocu
Cecília cheio ao hospital com o coração apertado. Encontrou o pai sentado numa cadeira próximo da xama destruído enquanto sua mulher dormia profundamente. Tinha o rosto pálido e cansado.- O que houve, pai?- Ela perdeu muito sangue. Vai ficar bem. O embrião tinha má formação. Ela deve receber alta amanhã. - Quer ir para casa descansar? Eu fico com ela. - Não. Eu estou bem. Cuide de seus irmãos. Cuide de si mesma. Vai ser um longo trajeto para que ela se sinta bem novamente.- Ela está sedada?- Está. Tiveram que dar um calmante para a minha garota rebelde. Ela ficou muito triste e agitada.- Diga que eu estive aqui, papai. Guilherme limpou tudo. Abrimos as janelas para tirar o cheiro de sangue.- Obrigado, Guilherme. Fique tranquila! Ela ficará bem. Eu vou entrar de férias. Não se preocupe. Guilherme, cuide dela. Sabe que ela é muito preocupada com a mãe. Faça ela comer e nada de se trancar naquele estúdio. <
Catarina chegou em seu apartamento na companhia do marido um pouco depois de meio dia. Estava abatida e cansada, por isso foi direto para o quarto. Cecília ajeitou as coisas no quarto. Ligou o ar condicionado, fechou as cortinas, afofou os travesseiros, beijou a sua testa e saiu do quarto. Felipe a ajudaria tomar banho e dormiriam um pouco. Ele estava exausto. Iria aproveitar que Rodrigo e Rafael continuavam na companhia dos avós maternos e com Rebecca e Paulo. Eles estavam bem. - Eles vem para casa hoje?- Eu preferia que viessem amanhã. Você dormiria bem hoje e amanhã eu iria buscá-los.- Por mim, tudo bem.