ASSIM QUE SE DEITARAM, UM AO LADO DO OUTRO, Christian deu um sorriso que Anne já conhecia muito bem.
–– O que você está aprontando agora, Dietrich? – perguntou ela curiosa pela próxima surpresa.
–– Espero que você goste do meu presente.
Christian tirou debaixo de seu travesseiro uma caixinha de joia e abriu mostrando o presente a sua amada.
Era uma corrente de ouro, com uma pequena joia como pingente.
Os olhos de Anne brilharam junto com a joia que estava em sua frente. Ela ficou completamente sem palavras. Anne não sabia se agradecia, se o beijava, ou se fazia amor mais uma vez com ele, ela percebeu que teria apenas um presente mais valioso que aquela corrente, a verdade...
–– SOU JUDIA, DIETRICH...
A verdade veio como um turbilhão arrasador na mente apaixonada de Christian.
Ela é judia... e trabalhava no jornal ma
EM BERLIN, JULIUS STREICHER estava jantando com um convidado inusitado – o responsável por Christian ter ido parar na Alemanha, e pela morte de seus pais.–– Como estão indo as coisas? – Perguntou ele.–– Tudo está de acordo com o plano, o Führer já está preparando tudo para o comitê de boas-vindas para os nossos novos convidados especiais, e até agora eles não desconfiam de nada.–– Isso é bom, que nada saia fora do nosso plano, aqueles dois fazem parte exclusiva da minha vingança particular contra os americanos e os judeus, não só minha, mas do Führer também...–– Sei disso, senhor, quanto aos detalhes, pode ficar tranquilo, nada vai sair do programado, afinal, odeio os judeus tanto quanto o Führer...–– Assim espero, Julius, assim espero... sen&
A VIAGEM DE VOLTA ESTAVA muito tranquila até Christian começar a explicar para Anne que daquele momento em diante eles teriam que ter muito cuidado de como eles chamariam um ao outro, afinal, de certa maneira, entre eles nada mudaria, a verdade deveria apenas mostrar a confiança que eles tinham um no outro.Quando desceram do avião, ambos sentiram um calafrio estranho percorrer seus corpos, de alguma forma, tudo tinha mudado drasticamente em suas vidas, não era o casamento que os incomodava, era a verdade. Enquanto viviam cercados de mentiram, parecia que tudo era muito simples, era apenas amar e tudo se resolvia, mas agora...Não bastava apenas amor, eles teriam que juntar sorte, fé, inteligência e compaixão...Eles foram recepcionados por nada mais, nada menos que Joseph Goebbels, Propagandaminister (ministro do povo e da propaganda) de Adolf Hitler, na Alemanha Nazista, exercendo
CHRISTIAN FOI CORRENDO AO ENCONTRO do irmão, do qual lhe recebeu com um abraço frio, se é que aquilo poderia ser considerado um abraço.Quando o abraço cessou – da parte de Christian –, Hermann deu um sorriso ameaçador, frio e calculista para ambos – Anne teve a impressão de estar frente a frente com o próprio demônio em carne e osso.–– Você sempre foi esse idiota sentimental, não é Hans? – Disse Hermann indiferente à alegria de seu irmão – Trouxe você até a nossa nova e gloriosa Alemanha para ver se você se transformaria em um homem de verdade... – ele olha no lugar mais profundo dos olhos de Christian – e você se casa com uma vadia? Você é a vergonha da raça ariana, Hans...O assombro veio como uma bomba no coração do casal, o
ELES SAÍRAM DA MANSÃO DO FÜHRER com o medo instalado em seus corações, não conseguiram falar nada um ao outro, mal conseguiam dar um passo na frente do outro sem cambalearem.Quando passaram enfim pelo portão, deram um abraço no outro que dizia tudo.Estamos juntos até o fim...Quando o abraço começava a trazer algum sinal esperança para ambos, um tiro foi dado na direção deles, mas foi errado o alvo propositalmente.–– Não se esqueça, Hans – gritou Hermann da janela –, estarei no encalço de vocês dois, vou matá-los, estão me ouvindo... vou matar vocês dois...Os dois olharam para Hermann, mas aquela ameaça não trazia mais medo, pois em seus corações não tinha mais lugar para o medo, já estava tomado por completo.
CHEGANDO AO APARTAMENTO DELES, eles perceberam que tudo estava revirado, perceberam também que em muitas paredes estavam escritas com sangue:Heil HitlerParece que esse inferno está apenas começando... – pensou Anne consigo mesma enquanto tentava ver se ainda sobrara alguma roupa decente para se usar em seu armário.Christian percebeu que o único lugar em que eles não conseguiram mexer foi no seu cofre – ele guardara uma boa quantia em dinheiro – para alguma eventualidade –, e dois passaportes falsos, caso houvesse algum problema de descobrirem suas verdadeiras identidades.Christian creu que aquela era a hora certa de começar a usar seu plano B.Anne jamais vira tanto dinheiro assim em toda a sua vida e ficou até assustada com o que viu.Christian disse que essa era a vantagem de ser um agente duplo:Tinha um sal&aacu
–– COMO VOCÊS CONSEGUIRAM deixá-los escapar? – Gritava Hermann impacientemente com os seus dois agentes.Hermann era completamente o oposto de Christian, enquanto Christian era dócil, paciente, sabia pensar em um momento de dificuldade, Hermann era impaciente e agia pelos seus próprios impulsos, apesar de ser infalível quando bolava algum plano, mas aquele não era o caso.Hermann pegou sua pistola Luger P08 que estava em cima de sua mesa e deu um tiro na cabeça do que lhe deu a má notícia, e gritou como o Führer normalmente gritava para o outro:– Espero que tenha aprendido a lição, pois o próximo é você, se falhar novamente... de inúteis já estou cheio deles, você pelo menos sabe onde está a vadiazinha da minha cunhada?–– Ela está em um hotel de quinta categoria no
CLAUS SCHENK GRAF VON STAUFFENBERG era o oficial alemão mais jovem a chegar ao posto de coronel – Oberst. Stauffenberg era uma estrela em ascendência no exército – Heer – das forças armadas alemãs – Wehrmacht.STAUFFENBERG CHEGOU de uma festa um pouco embriagado junto com sua esposa, Nina, às gargalhadas, pelo que eles se lembravam, nunca havia tido uma festa como aquela, nos últimos dez anos, pelo menos.Quando Stauffenberg acendeu a luz, percebeu que tinha um ilustre visitante em seu quarto, sentado em sua poltrona de leitura, antes que Stauffenberg tirasse seu revolver do seu coldre, o visitante disse.–– Olá, Claus, faz tempo que nós não vemos... – disse Christian com um sorriso acolhedor no rosto como se fosse o anfitrião da festa, mas de repente, o rosto de Stauffenberg ficou sério e
HERMANN ESTAVA SORRINDO satisfeito ao ver as chamas do hotel iluminando alegremente a noite sem estrelas alemã – e sua alma também –, ele sabia no seu mais íntimo que seu irmão estaria por lá também, admirando a festa que ele lhe proporcionara. Hermann desejava apenas ver a face do irmão, e rir como se aquilo fosse uma piada excepcionalmente engraçada.O rapaz que colocou a bomba no hotel chegou perto de Hermann ofegante e disse quase sem voz:–– Então, chefe... fiz tudo o que o senhor mandou, espero que nada tenha lhe desagradado hoje.–– Claro que não, seu inútil, está tudo mais do que perfeito, tenho até um presente para você – ele sorriu tentando mostrar uma inocência que não era dele –, fecha os olhos.O rapaz inocentemente fechou seus olhos, pensando qual seria a sua recompensa por ter feito o