Minhas mãos estavam tremendo e Maia continuava chorando. Ela se abraçava a mim e eu não conseguia pensar direito. – Maia, diga à mamãe o que aconteceu?Ela não disse nada. Ela continuou chorando e eu a deixei chorar, porque às vezes é isso que precisamos fazer. Algo a machucou. Algo ou alguém. Minha mente voou para vários possíveis suspeitos, mas não pensei em ninguém. O Beta de Alfa Romano veio buscá-la especialmente esta manhã e eu os segui até o auditório. A professora era uma senhora um pouco idosa e seu colega masculino a auxiliava. Flávio me garantiu que, por enquanto, eles só ensinavam o básico. Eram coisas como manter uma postura adequada. Treinamento muscular básico, como corrida e escalada, apenas coisas básicas. Maia foi a primeira a chegar lá esta manhã e ainda não se passaram nem três horas, mas ela já estava de volta assim. – Maia, alguém te machucou?Maia se acalmou, mas só um pouco para poder acenar com a cabeça. A fúria se infiltrou em meus ossos e eu alisei seu
Ponto de vista do RomanoEla hesitou. Olhei para a hora em meu relógio e tentei tirar aquele momento da cabeça, mas não consegui. Perguntei se ela confiava em mim e ela hesitou por uma fração de segundo antes de suspirar e acenar com a cabeça. Não havia nada que eu poderia usar para descrever como isso me fez sentir. Fiz com que eu me sentisse um mentiroso e um tolo. Bem, era claro que ela não confiaria em mim imediatamente. Era o Alfa que rosnava para ela de todas as vezes que se encontrava com ela e que quase não conseguia se controlar hoje. Afrouxei a gravata em meu pescoço e tentei respirar melhor. Era difícil estar perto de Scarlett, e ainda mais difícil estar sozinho com ela. Uma série de batidas veio da minha porta e minha cabeça se virou imediatamente para o som. – Entre. A assistente pessoal do meu pai abriu a porta e entrou em um segundo. Ela se dirigiu à minha mesa rapidamente antes de deixar cair o arquivo que tinha nas mãos. – Aqui estão os relatórios que você pe
Ponto de vista de ScarlettInclinei a cabeça para o lado enquanto rolava na cama e arqueava uma sobrancelha. Maia estava exausta até aos ossos quando voltou e, segundo ela, Romano havia mentido e injustiçado ela. O Beta dele a submeteu a um treinamento ainda maior quando ela foi para os jardins e, embora ela tivesse gostado, não gostaria de mentir para ela. Dei uma risadinha quando esse pensamento passou pela minha cabeça e tentei soltar lentamente a mão que ela segurava. A Conferência de Alfa era algo que eu conhecia. Ela se realizou a cada três anos e, como Romano disse, era uma reunião de todos os Alfas do estado. Mas era muito maior do que isso. Ouvi Hélder fazer reuniões de conselho sobre essa Conferência, planejando o ano inteiro para ela. A Conferência de Alfa podia ser o motivo pelo qual ele era tão horrível comigo, mas isso era assunto para outro dia. Saí da cama e me preparei. O Alfa Romano da matilha Garra-Férrea era um homem que amava sua matilha. Mesmo que eu não pu
Ponto de vista do Romano– Sigam-nos.Flávio acenou com a cabeça e fez um gesto para os guerreiros escondidos na floresta. Senti a magia que zunia no ar enquanto eles se transformavam. Meus guerreiros se voltaram para me dar uma última olhada, e deixei meus olhos brilharem enquanto Fenrir veio à superfície para encorajar seus companheiros guerreiros. Fenrir era um líder, um comandante entre os lobos, e ele tinha coragem de aço. Ele deu provas mais do que evidente hoje. Flávio e seis guerreiros partiram em sua forma de lobo e eu dei um soco na árvore mais próxima enquanto cerrava os dentes. O som de rachaduras profundas veio em seguida e, com um gemido, a árvore caiu. Respirei fundo e comecei a andar de um lado para o outro. “Acalme-se, Romano. Você consegue fazer isso.” “Sim... você pode ter enviado sua segunda companheira para um perigo letal, literalmente arriscando a vida dela porque ela queria compensar o esquecimento de um carro, algo que pode ter sido culpa sua, já que voc
Ponto de vista de Scarlett– Você consegue me ver, Scarlett?Eu me virei e dei uma risadinha porque não conseguia. Hélder me havia mergulhado na escuridão com uma venda nos olhos e sua voz era a única coisa me levando até ele. – Venha, Scarlett.Essa voz havia mudado. Saí do sono com um sobressalto e observei o ambiente ao meu redor. O quarto estava escuro. Escuro como breu e iluminado apenas pelo brilho da lua que entrava pelas janelas. Este não era o meu quarto. Maia não estava aqui, mas eu reconheci esse ambiente. Este era o quarto do Alfa Romano. Ao mencionar seu nome, minhas lembranças começaram a fluir como um riacho. Pedi para ser eu a dirigir o carro. Nossa conversa sobre a Conferência de Alfa e como ele planejava usá-la para me libertar de Hélder me deixou animada. Era um plano genial. Simples, mas complexo, e uma dessas complicações era esconder minha identidade de Hélder pelos próximos dois meses até a Conferência de Alfa. O carro voltou para mim imediatamente. Se
Ponto de vista de FlávioEra hora do café da manhã na matilha Garra-Férrea e estávamos sentados em uma mesa. – Aqui na matilha Garra-Férrea, comemos carne mais do que qualquer outra coisa.Revirei os olhos com tanta força que achei que iam de suas órbitas. Isso era uma coisa tão típica de lobisomem, e a última coisa que eu esperava sobre essa matilha era que fosse típica. – Você está entediando minha mãe até a morte. Os olhares das outras mesas se voltaram para nós e meus olhos se arregalaram enquanto eu me esforcei para evitar que um sorriso apareça em meu rosto. Finji um suspiro. – Maia, meu Deus, isso é tão rude da sua parte. Maia má, garota má.A Maia revirou os olhos e eu quase perdi o controle. Deixei meu garfo cair no chão e me escondi embaixo da mesa para poder rir. Queria muito rir. Infelizmente, estávamos em uma sala de lobisomens e esta era outra matilha. Observar antes de agir, essa era a minha tática. E de onde a Maia estava tirando toda essa insolência? – Você est
Ponto de vista de Scarlett– Acho que estou gostando desta nova escola.Pisquei os olhos e soltei o fôlego que não sabia que estava segurando. – Sem brincadeira.A escola era enorme. – Devemos entrar, senhora?O motorista, obviamente insatisfeito por ter recebido a tarefa de nos levar, falava em um tom irritado e cortado. Maia estava olhando pela janela enquanto o carro parava em frente aos portões da escola, e podia dizer que ela também estava impressionada. Os vidros do carro não eram escurecidos, ao invés, eram claros como cristal para que pudéssemos ver exatamente como era a escola preparatória da Garra-Férrea. As cercas não eram normais. Observei quando uma criança, um menino pequeno que não devia ser muito mais velho do que Maia, começou a correr e bateu na cerca com um salto. Suas mãos e pés encontram reféns nas fendas construídas na cerca e, quase como se isso tivesse se tornado rotina, ele escalou a cerca, desaparecendo do outro lado. Ele não era o único a fazer isso.
Ponto de vista de Romano.– O que elas estão fazendo agora?Flávio estava do outro lado do telefone e bufava. – Você está tão preocupado quanto uma mãe galinha neste momento. Acalme-se.– Você está dizendo ao seu Alfa para se acalmar?Havia um silêncio do outro lado da linha que durou um tempo antes de Flávio dar uma risadinha e cantarolar bem-humorado. Um raro sorriso brotou em meu rosto quando ouvi essa risada. Flávio se encontrou no mesmo mundo desespero em que eu estive nos últimos cinco anos. Ele perdeu sua companheira e sua filha e, desde então, não sorriu mais, apenas quando chegou a hora da violência e do derramamento de sangue, mas agora algo tinha mudado. Não precisei perguntar a ele antes que se oferecesse para chefiar a equipe que acompanhava Scarlett e sua filha. Eu agi como um completo idiota com ela quando ela acordou, dando ordens como um maníaco e passando a impressão errada. Planejei conhecê-la melhor esta manhã, nada muito íntimo, apenas as coisas básicas. Cois