Dito isso, Isabela deu meia-volta e passou por Sandro sem hesitar, sem ao menos uma pausa.Sandro ficou furioso. Sempre que os dois brigavam, era Isabela quem vinha atrás dele para fazer as pazes. Ele estava acostumado a esse padrão. Agora, pedir desculpas ou ceder não fazia parte de sua personalidade, mesmo que quisesse que ela voltasse para ele.Tomado por uma irritação crescente, ele resolveu chamar os amigos para um bar e afogar o mal-estar em alguns copos.A atmosfera na sala era estranha e pesada. Todos permaneciam em silêncio e ninguém parecia à vontade para iniciar uma conversa. Nos últimos dias, o assunto de que Milena havia sido presa ganhava todas as redes sociais e rodinhas de amigos. As revelações sobre o envolvimento de Milena com substâncias ilícitas e o fato de ela ter armado contra Isabela pegaram todos de surpresa.Cada um deles havia acreditado na farsa, caindo na ilusão de que Isabela estava sozinha e entediada em casa e que, assim, poderia ter caído em vícios. A ma
Isabela ficou em silêncio, apenas pensando: "Essa informação é pesada, hein?" Já era tarde, ela acabou adormecendo em cima dos documentos sobre a mesa. Na manhã seguinte, acordou com o corpo dolorido por ter dormido numa posição tão desconfortável.Viviane, que agora estava sóbria, deu um sorriso travesso e balançou o cartão de crédito na frente de Isabela.— Valeu! — Disse ela, animada.Isabela retribuiu o sorriso antes que Viviane fosse embora. Logo depois, organizou suas coisas e seguiu para o escritório.Assim que chegou na firma, Jorge chamou ela até a sala dele e avisou que ela acompanharia ele para encontrar um cliente.— Preciso preparar algo? — Perguntou Isabela, tentando parecer atenta e profissional.— Só preste atenção.Jorge pegou o paletó, o vestindo com naturalidade enquanto se dirigia para a saída.— Ah, claro. — Isabela respondeu, se apressando para acompanhá-lo. Precisava quase correr para acompanhar o ritmo dos passos dele. "Culpa daquelas pernas longas.", pensou e
Danilo observou a cena à distância e, da perspectiva dele, parecia que Jorge e Isabela estavam em um contato extremamente próximo. Ele franziu a testa, perdendo até a vontade de comer.Isabela puxou discretamente o braço de volta e a mão de Jorge acabou ficando suspensa por um instante. Ele recolheu a mão sem demonstrar nenhuma reação.Ao entrarem no restaurante, perceberam que o primeiro andar estava lotado, então foram para o segundo andar e se acomodaram em uma mesa próxima à janela.— Você tem alguma restrição alimentar? — Perguntou ela.— Nenhuma. — Respondeu Jorge.— Alguma preferência de sabor? Algo mais suave, apimentado ou adocicado?— Suave. — Disse ele, com a habitual economia de palavras, o que deixava a resposta quase fria.Isabela se pegou pensando: "Como será que a esposa ou namorada dele aguenta? Com uma pessoa tão... Fechada assim, deve ser uma convivência bem sem graça!"Ela escolheu pratos que já conhecia e sabia que tinham um sabor mais suave. Pediu também um prato
Ela tirou o celular do bolso e atendeu.— Alô?— Sou eu.— Danilo? — Isabela ficou surpresa ao ouvir a voz dele. — O que houve?Danilo estava parado na calçada, observando a figura de Isabela à distância. Naquele momento, se Isabela olhasse para trás, veria Danilo parado atrás dela.— Amanhã é meu aniversário. Vai vir?Isabela hesitou por um instante. Ir à comemoração significaria, com certeza, encontrar Sandro. Mas ela e Danilo sempre tiveram uma relação muito próxima. Além disso, ela conhecia Danilo antes mesmo de conhecer Sandro, eles eram todos colegas de faculdade.— Vou sim. — Respondeu ela, decidida.— Ótimo, então nos vemos no mesmo lugar de sempre. — Disse Danilo, satisfeito.— Tudo bem....Depois do trabalho, Isabela passou em uma loja e escolheu um presente com cuidado, fazendo questão de embalar tudo com capricho. Chamou um táxi e foi até o Restaurante Primavera, onde eles costumavam celebrar aniversários. Parou diante da porta do reservado e, ao estender a mão para abrir,
Isabela saiu de lá sem qualquer hesitação ou olhar para trás.Sandro, tomado pela raiva, avançou e deu um chute no abdômen de Danilo.— O que você pensa que está fazendo ao me impedir? — Gritou ele, furioso.O impacto do chute foi forte e Danilo se desequilibrou, cambaleando para trás até esbarrar na mesa, derrubando pratos, copos e talheres em um estrondo.Gabriel e Fabiano correram para apartar a briga.— Sandro, calma! O Danilo só quer o seu bem! Vocês dois estão de cabeça quente e isso aqui só vai acabar mal se continuarem desse jeito.Danilo, ajeitando as roupas amassadas, olhou diretamente para Sandro, sem se deixar intimidar.— Deixem ele. Se ele quer brigar, então que briguemos. Hoje eu estou à disposição. — Disse Danilo, em tom desafiador.— Ah, então você sempre teve segundas intenções? Era isso, não era? — Sandro riu com desprezo.Danilo, ao ver Isabela com outro homem, entendeu que não poderia mais esconder seus sentimentos. Ele sabia que já tinha perdido uma chance, e dest
Danilo não ficou atrás! Com a raiva transbordando, ele agarrou o pescoço de Sandro com firmeza, e os dois homens, cada um enfurecido à sua maneira, apertaram as mãos ao redor do pescoço do outro com força. Danilo, com o rosto já vermelho de esforço, soltou entredentes:— Sandro, sabe o que é? Desde o dia em que soube que você estava de rolo com a Milena, percebi que estava brincando com fogo. Eu só fiquei observando enquanto você afundava a relação de vocês, acabando aos poucos com o amor que a Isabela ainda tinha por você. E sabe por quê? Porque eu nunca acreditei que ela fosse fazer algo de errado ou mexer com substâncias ilícitas. Só fiquei calado, esperando ver se você seria mesmo tão idiota a ponto de duvidar da Isabela para acreditar naquela vadia. No fim, você foi burro o bastante para fazer exatamente isso. Desde o começo, meu plano era outro. Eu pensei em esperar você estragar tudo de vez e, quando ela estivesse sem esperanças, presa por sua culpa, eu iria salvar ela e trazer
Viviane não conseguiu se conter e foi até o hospital para ver como Sandro estava, perguntando discretamente a um dos médicos sobre a gravidade dos ferimentos. Recebeu a resposta de que eram apenas machucados superficiais. Nada que colocasse a vida dele em risco.— Poxa, que desperdício. — Comentou ela com um suspiro, desapontada.Logo em seguida, mandou uma mensagem para Isabela: [Fui ver e, infelizmente, ele não morreu.]Isabela olhou a mensagem rapidamente, mas nem se deu ao trabalho de responder. Apenas largou o celular no balcão e terminou o último gole da bebida, sentindo o amargor do álcool em cada gole, antes de levantar e sair do bar com passos um pouco cambaleantes.Dois rapazes, que estavam a observando havia algum tempo, perceberam sua saída. A beleza de Isabela, aliada ao ar solitário de quem bebia para afogar mágoas, despertou neles intenções nada amigáveis. Assim que ela saiu do bar, eles decidiram seguir ela, mantendo certa distância.Isabela parou na calçada e pegou o c
Viviane chegou tão rápido que Isabela não pôde deixar de sentir uma onda de gratidão profunda, quase como um alívio de quem escapava por pouco de algo terrível.— Vivi, obrigada mesmo. — Disse Isabela, emocionada.— Ah, para com isso! Não precisa de formalidade comigo. — Respondeu Viviane, sorrindo. Ela então lançou um olhar para o banco do motorista e acrescentou. — Tem mais gente para você agradecer, né?Isabela sentiu as bochechas queimarem de vergonha ao lembrar de toda a confusão que havia se metido por causa de um ex que não merecia. Ela evitou encarar Jorge, mantendo o olhar fixo na janela, enquanto murmurava baixinho:— Dr. Jorge, obrigada.— Não há de quê. — Respondeu ele, com a voz firme e distante.Seu tom era calmo, frio até, o mesmo tom de sempre.Depois de algum tempo, o carro estacionou em frente ao hotel onde Isabela estava hospedada. Ela e Viviane desceram juntas. Viviane se virou para Jorge antes de sair.— Muito obrigada mesmo por tudo.Jorge acenou levemente, mas ma