Viviane chegou tão rápido que Isabela não pôde deixar de sentir uma onda de gratidão profunda, quase como um alívio de quem escapava por pouco de algo terrível.— Vivi, obrigada mesmo. — Disse Isabela, emocionada.— Ah, para com isso! Não precisa de formalidade comigo. — Respondeu Viviane, sorrindo. Ela então lançou um olhar para o banco do motorista e acrescentou. — Tem mais gente para você agradecer, né?Isabela sentiu as bochechas queimarem de vergonha ao lembrar de toda a confusão que havia se metido por causa de um ex que não merecia. Ela evitou encarar Jorge, mantendo o olhar fixo na janela, enquanto murmurava baixinho:— Dr. Jorge, obrigada.— Não há de quê. — Respondeu ele, com a voz firme e distante.Seu tom era calmo, frio até, o mesmo tom de sempre.Depois de algum tempo, o carro estacionou em frente ao hotel onde Isabela estava hospedada. Ela e Viviane desceram juntas. Viviane se virou para Jorge antes de sair.— Muito obrigada mesmo por tudo.Jorge acenou levemente, mas ma
Danilo olhava para Isabela com uma expressão de carinho tão intensa que era quase evidente.Isabela, surpresa, quase cuspiu a água que havia acabado de beber, cobrindo a boca rapidamente.— Danilo, você bateu a cabeça? — Ela perguntou, sem conseguir acreditar que ele realmente havia dito que gostava dela. Para ela, sempre foram apenas bons amigos. Essa súbita declaração de afeto deixava ela sem saber como reagir dali em diante.— Sei que você acha que eu fiquei com pena de você pelo que passou com o Sandro, mas isso não é motivo para me consolar desse jeito. Não precisa, tá? — Ela desviou o olhar, tentando minimizar o que ele havia dito, como se ele estivesse apenas sendo um bom amigo. Isabela queria evitar complicações que pudessem tornar o relacionamento deles estranho, pois tinha certeza de que seu limite com Danilo era a amizade.Isabela tinha acabado de se divorciar e, naquele momento, a última coisa que queria era entrar em outro relacionamento. Para ela, amor e casamento não tin
— Mãe, já deu, não acha? — Disse Sandro, exasperado. — Eu estou machucado, preciso descansar. Sobre filhos... É uma decisão minha, não quero ter agora.Isabela havia falado com ele várias vezes sobre o desejo de ter um filho, mas Sandro sempre achou que ainda eram jovens e que não precisavam se preocupar com isso tão cedo. Só agora ele percebia a pressão constante que a mãe devia ter colocado sobre Isabela a respeito.— Ah, claro, fica aí defendendo ela! — Maria bufou, visivelmente contrariada. — Um dia essa mulher vai acabar fazendo o que quiser com você e eu não entendo o porquê dessa sua fixação por ela. Qual é o encanto? Ela não tem família influente, os pais são só trabalhadores comuns. Ok, ela é estudada, mas o que isso te traz? Que utilidade tem? Só sabe lavar sua roupa e cozinhar para você. E o que mais? Nem ao menos conseguiu te dar um filho. A filha da família Neves, sim, era a mulher certa para você! Lembra quando tentaram apresentar vocês? Se tivesse aceitado, hoje seria be
— Cala a boca. — A voz de Sandro saiu amarga. Ele não conseguia ouvir o nome de Isabela sem se sentir agoniado. Seu rosto assumiu uma expressão fechada e era claro que algo perturbava ele muito. Uma sensação estranha crescia dentro dele, uma quase certeza de que Isabela não estava brincando, que dessa vez ela estava falando sério.Gabriel percebeu a preocupação do amigo e tentou tranquilizá-lo.— Cara, pode ser que ela esteja só tentando te provocar, sabe? Quer te fazer ciúmes, se aproximando do Danilo de propósito.— Será? — Sandro murmurou, desconfiado. Por mais que quisesse acreditar, algo lhe dizia que não era bem assim.Fabiano, notando a tensão no ambiente, se apressou a acrescentar:— Olha, o Danilo uma vez disse que gostava da Isabela há mais tempo do que você. Mas, sei lá, faz sentido? Vocês estão juntos há sete anos, três namorando e quatro casados. Como ele poderia gostar dela em segredo por tanto tempo? Oito anos, Sandro! Quem fica apaixonado por alguém tanto tempo assim, s
— Tenho uns assuntos para resolver. Vou voltar em alguns dias para conversar com vocês... — Disse Isabela, mantendo a voz serena.— Mais alguns dias? Tá louca? Não tem mais essa de esperar, você tem que voltar agora, imediatamente! — A voz de Lara soou ainda mais estridente, quase como uma ordem.Isabela não teve dúvida de que Sandro havia se queixado com sua mãe. Ela soltou um riso frio, uma expressão de desprezo escapando por seus lábios. Incrível como, mesmo depois do divórcio, ele ainda tinha a audácia de ir até sua ex-sogra para fazer fofoca. A cada dia, parecia que ele afundava um pouco mais em sua própria falta de escrúpulos, o que só aumentava o desgosto dela.Sem dizer mais nada, desligou o telefone. Não importava o que acontecesse, ela precisava resolver o caso antes de voltar. Para evitar mais aborrecimentos, colocou temporariamente os números da casa e dos pais na lista de bloqueios. Depois, para se esconder de vez, Isabela foi se hospedar por alguns dias no Bairro Nuvem.
Lara se sentou ao lado da filha, segurando sua mão com firmeza e um olhar quase suplicante.— Isa, não é que eu queira brigar com você. Mas você precisa entender que não pode agir de forma tão impulsiva! Olha só, eu e seu pai não temos grandes recursos, sempre vivemos de forma simples, com o básico. Mas foi quando você casou com o Sandro que conseguimos morar nesta casa, ter esse conforto. Agora, ele se machuca e você nem está ao lado dele para cuidar? Isso é papel da esposa, não é?— Ele não falou mais nada para você? — Isabela perguntou, com a voz fria.— Falou sim... Disse que você está chateada com ele e pediu para que eu e seu pai tentássemos te convencer a voltar, Isa. Ele reconheceu o erro, entendeu? Então, por favor, volte para o lado dele, filha.Isabela soltou uma risada amarga e encarou a mãe.— Mãe, eu e o Sandro estamos divorciados. Já assinamos o acordo. Que sentido faz eu voltar?Lara ficou boquiaberta, um silêncio pesado tomou o ambiente. Caio também arregalou os olhos,
Caio tentava acalmar a esposa, falando em um tom conciliador:— A gente tem o suficiente para viver bem. Por que não deixamos o mundo lá fora e vivemos nossa vida em paz? O que importa o que os outros pensam?— É essa sua mentalidade que te manteve assim a vida inteira! Se você tivesse sido mais ambicioso, eu não teria sido humilhada por anos! — Rebateu Lara com amargura, lançando um olhar de decepção a ele.As palavras dela caíram como um peso, e Caio se calou, sem argumentos. Após enxugar as lágrimas do rosto, Lara olhou fixamente para a filha, seus olhos agora firmes e determinados.— Isa, você vai agora mesmo atrás do Sandro e vai dar um jeito de reconquistar ele.Isabela apertou os lábios, permanecendo em silêncio, enfrentando o olhar da mãe.— Vai me dar uma resposta ou não? — Lara empurrou ela, firme, e o gesto fez com que Isabela perdesse o equilíbrio, tropeçando. Seu braço bateu com força na borda da mesa, mas ela se manteve em pé, respirando fundo.Caio fez um gesto para Isa
Ele ainda preferia a antiga Isabela.A Isabela que o amava, que o seguia, que fazia questão de colocar as necessidades dele antes das dela.— E como você quer que eu fale com você, então? — Isabela soltou uma risada fria.Sandro deu um passo à frente, avançando devagar, cada movimento calculado. Isabela, instintivamente, recuou, seus olhos fixos nele, alertas e cautelosos. Ela tentou se afastar pela lateral, mas ele rapidamente ergueu o braço, bloqueando sua saída.— Isabela, o quarto é pequeno. Para onde acha que vai fugir? Acha que consegue escapar?Encurralada, Isabela parou e o encarou com a cabeça erguida, uma expressão de desafio nos olhos.— O que você está tentando com toda essa atitude, hein? Vai me dizer que ainda gosta de mim? Que ainda me ama? — Ela soltou um suspiro carregado de sarcasmo. — Pois eu não sinto mais nada por você, Sandro, e nem vou voltar a sentir... Nunca.Num movimento brusco, Sandro agarrou o queixo dela, apertando com firmeza.— Desde quando você ficou tã