— Cala a boca. — A voz de Sandro saiu amarga. Ele não conseguia ouvir o nome de Isabela sem se sentir agoniado. Seu rosto assumiu uma expressão fechada e era claro que algo perturbava ele muito. Uma sensação estranha crescia dentro dele, uma quase certeza de que Isabela não estava brincando, que dessa vez ela estava falando sério.Gabriel percebeu a preocupação do amigo e tentou tranquilizá-lo.— Cara, pode ser que ela esteja só tentando te provocar, sabe? Quer te fazer ciúmes, se aproximando do Danilo de propósito.— Será? — Sandro murmurou, desconfiado. Por mais que quisesse acreditar, algo lhe dizia que não era bem assim.Fabiano, notando a tensão no ambiente, se apressou a acrescentar:— Olha, o Danilo uma vez disse que gostava da Isabela há mais tempo do que você. Mas, sei lá, faz sentido? Vocês estão juntos há sete anos, três namorando e quatro casados. Como ele poderia gostar dela em segredo por tanto tempo? Oito anos, Sandro! Quem fica apaixonado por alguém tanto tempo assim, s
— Tenho uns assuntos para resolver. Vou voltar em alguns dias para conversar com vocês... — Disse Isabela, mantendo a voz serena.— Mais alguns dias? Tá louca? Não tem mais essa de esperar, você tem que voltar agora, imediatamente! — A voz de Lara soou ainda mais estridente, quase como uma ordem.Isabela não teve dúvida de que Sandro havia se queixado com sua mãe. Ela soltou um riso frio, uma expressão de desprezo escapando por seus lábios. Incrível como, mesmo depois do divórcio, ele ainda tinha a audácia de ir até sua ex-sogra para fazer fofoca. A cada dia, parecia que ele afundava um pouco mais em sua própria falta de escrúpulos, o que só aumentava o desgosto dela.Sem dizer mais nada, desligou o telefone. Não importava o que acontecesse, ela precisava resolver o caso antes de voltar. Para evitar mais aborrecimentos, colocou temporariamente os números da casa e dos pais na lista de bloqueios. Depois, para se esconder de vez, Isabela foi se hospedar por alguns dias no Bairro Nuvem.
Lara se sentou ao lado da filha, segurando sua mão com firmeza e um olhar quase suplicante.— Isa, não é que eu queira brigar com você. Mas você precisa entender que não pode agir de forma tão impulsiva! Olha só, eu e seu pai não temos grandes recursos, sempre vivemos de forma simples, com o básico. Mas foi quando você casou com o Sandro que conseguimos morar nesta casa, ter esse conforto. Agora, ele se machuca e você nem está ao lado dele para cuidar? Isso é papel da esposa, não é?— Ele não falou mais nada para você? — Isabela perguntou, com a voz fria.— Falou sim... Disse que você está chateada com ele e pediu para que eu e seu pai tentássemos te convencer a voltar, Isa. Ele reconheceu o erro, entendeu? Então, por favor, volte para o lado dele, filha.Isabela soltou uma risada amarga e encarou a mãe.— Mãe, eu e o Sandro estamos divorciados. Já assinamos o acordo. Que sentido faz eu voltar?Lara ficou boquiaberta, um silêncio pesado tomou o ambiente. Caio também arregalou os olhos,
Caio tentava acalmar a esposa, falando em um tom conciliador:— A gente tem o suficiente para viver bem. Por que não deixamos o mundo lá fora e vivemos nossa vida em paz? O que importa o que os outros pensam?— É essa sua mentalidade que te manteve assim a vida inteira! Se você tivesse sido mais ambicioso, eu não teria sido humilhada por anos! — Rebateu Lara com amargura, lançando um olhar de decepção a ele.As palavras dela caíram como um peso, e Caio se calou, sem argumentos. Após enxugar as lágrimas do rosto, Lara olhou fixamente para a filha, seus olhos agora firmes e determinados.— Isa, você vai agora mesmo atrás do Sandro e vai dar um jeito de reconquistar ele.Isabela apertou os lábios, permanecendo em silêncio, enfrentando o olhar da mãe.— Vai me dar uma resposta ou não? — Lara empurrou ela, firme, e o gesto fez com que Isabela perdesse o equilíbrio, tropeçando. Seu braço bateu com força na borda da mesa, mas ela se manteve em pé, respirando fundo.Caio fez um gesto para Isa
Ele ainda preferia a antiga Isabela.A Isabela que o amava, que o seguia, que fazia questão de colocar as necessidades dele antes das dela.— E como você quer que eu fale com você, então? — Isabela soltou uma risada fria.Sandro deu um passo à frente, avançando devagar, cada movimento calculado. Isabela, instintivamente, recuou, seus olhos fixos nele, alertas e cautelosos. Ela tentou se afastar pela lateral, mas ele rapidamente ergueu o braço, bloqueando sua saída.— Isabela, o quarto é pequeno. Para onde acha que vai fugir? Acha que consegue escapar?Encurralada, Isabela parou e o encarou com a cabeça erguida, uma expressão de desafio nos olhos.— O que você está tentando com toda essa atitude, hein? Vai me dizer que ainda gosta de mim? Que ainda me ama? — Ela soltou um suspiro carregado de sarcasmo. — Pois eu não sinto mais nada por você, Sandro, e nem vou voltar a sentir... Nunca.Num movimento brusco, Sandro agarrou o queixo dela, apertando com firmeza.— Desde quando você ficou tã
— Sim. — Jorge respondeu em um tom suave, os olhos demorando um pouco mais no rosto dela. — E você, mora em qual prédio?Isabela apontou para a torre alto à direita, explicando:— Torre um, segundo bloco. Um apartamento pequeno, só para uma pessoa.Ele assentiu com um breve sorriso.— Eu moro bem na sua frente.Isabela ergueu o olhar para a torre em frente, se recordando vagamente de que, quando alugou o apartamento, o proprietário mencionava algo sobre os vizinhos. Sabia que aquele prédio não era composto de apartamentos, mas casas.— Bom... Então eu já vou subir, pode ser? — Disse ela, num tom que quase beirava a desculpa. Se sentia constrangida por ele ter percebido seu rosto marcado pelo choro e só queria sair dali rapidamente.— Claro. — Jorge respondeu, com a mesma tranquilidade de sempre.Ela apressou o passo, subindo as escadas com as sacolas em mãos. Evitou até pegar o elevador, subindo seis andares sem pausa e só se permitiu respirar ao chegar em casa. Colocou as sacolas sobr
— Mãe, coma também. — Isabela disse, pegando o garfo e encarando Lara com um sorriso leve.Será que ela realmente havia começado a aceitar a situação?Por dentro, Isabela ainda estava desconfiada, mas tentava manter uma atitude positiva. E para sua surpresa, parecia que Lara estava bem humorada. Ela se sentiu aliviada ao notar isso e soltou um suspiro discreto.— Fica tranquila, mãe. Vou trabalhar duro para cuidar de você e do papai. Pode não ser uma vida luxuosa, mas posso te garantir que viveremos bem, sem falta de nada... Uma vida confortável.— Isa, coma primeiro. — Lara respondeu com um sorriso acolhedor.Isabela assentiu, pegando um pouco do macarrão e o levando à boca.Quando terminaram, as duas saíram da lanchonete, uma ao lado da outra, até que Lara parou de repente e segurou a mão de Isabela. E, para surpresa da filha, lágrimas começaram a escorrer dos olhos dela, caindo sem controle.Isabela ficou perplexa. Minutos antes, a mãe parecia bem durante o almoço.— Mãe, o que foi?
Maria soltou uma risada debochada, lançando um olhar de desprezo para Lara.— Ouviu bem? Seu tempo acabou! Meu filho e a sua filha já estão divorciados. A partir de agora, é bom não voltar a incomodar o Sandro, entendeu?Os olhos de Lara tremeram e ela olhou para Sandro com uma expressão de súplica.— Eu peço desculpas em nome da Isa. — Disse Lara, tentando apelar.Sandro soltou uma risada fria, amarga.— Mesmo que você se ajoelhe e peça perdão, não adianta mais. Sua filha deixou claro: ela prefere morrer a voltar atrás.As palavras escaparam dos lábios de Sandro com um tom cortante, quase raivoso. Ele admitia para si mesmo que o que Isabela disse o tinha ferido profundamente. Ele também tinha seu orgulho e não conseguiria engolir o que ouviu dela. Não depois disso. Afinal, o mundo era vasto; não havia apenas Isabela.Ele não precisava dela para seguir em frente. Existiam muitas mulheres, muitas até mais bonitas.— Venha pedir desculpas para o Sandro! — Gritou Lara, ordenando à filha.