— Sim. — Jorge respondeu em um tom suave, os olhos demorando um pouco mais no rosto dela. — E você, mora em qual prédio?Isabela apontou para a torre alto à direita, explicando:— Torre um, segundo bloco. Um apartamento pequeno, só para uma pessoa.Ele assentiu com um breve sorriso.— Eu moro bem na sua frente.Isabela ergueu o olhar para a torre em frente, se recordando vagamente de que, quando alugou o apartamento, o proprietário mencionava algo sobre os vizinhos. Sabia que aquele prédio não era composto de apartamentos, mas casas.— Bom... Então eu já vou subir, pode ser? — Disse ela, num tom que quase beirava a desculpa. Se sentia constrangida por ele ter percebido seu rosto marcado pelo choro e só queria sair dali rapidamente.— Claro. — Jorge respondeu, com a mesma tranquilidade de sempre.Ela apressou o passo, subindo as escadas com as sacolas em mãos. Evitou até pegar o elevador, subindo seis andares sem pausa e só se permitiu respirar ao chegar em casa. Colocou as sacolas sobr
— Mãe, coma também. — Isabela disse, pegando o garfo e encarando Lara com um sorriso leve.Será que ela realmente havia começado a aceitar a situação?Por dentro, Isabela ainda estava desconfiada, mas tentava manter uma atitude positiva. E para sua surpresa, parecia que Lara estava bem humorada. Ela se sentiu aliviada ao notar isso e soltou um suspiro discreto.— Fica tranquila, mãe. Vou trabalhar duro para cuidar de você e do papai. Pode não ser uma vida luxuosa, mas posso te garantir que viveremos bem, sem falta de nada... Uma vida confortável.— Isa, coma primeiro. — Lara respondeu com um sorriso acolhedor.Isabela assentiu, pegando um pouco do macarrão e o levando à boca.Quando terminaram, as duas saíram da lanchonete, uma ao lado da outra, até que Lara parou de repente e segurou a mão de Isabela. E, para surpresa da filha, lágrimas começaram a escorrer dos olhos dela, caindo sem controle.Isabela ficou perplexa. Minutos antes, a mãe parecia bem durante o almoço.— Mãe, o que foi?
Maria soltou uma risada debochada, lançando um olhar de desprezo para Lara.— Ouviu bem? Seu tempo acabou! Meu filho e a sua filha já estão divorciados. A partir de agora, é bom não voltar a incomodar o Sandro, entendeu?Os olhos de Lara tremeram e ela olhou para Sandro com uma expressão de súplica.— Eu peço desculpas em nome da Isa. — Disse Lara, tentando apelar.Sandro soltou uma risada fria, amarga.— Mesmo que você se ajoelhe e peça perdão, não adianta mais. Sua filha deixou claro: ela prefere morrer a voltar atrás.As palavras escaparam dos lábios de Sandro com um tom cortante, quase raivoso. Ele admitia para si mesmo que o que Isabela disse o tinha ferido profundamente. Ele também tinha seu orgulho e não conseguiria engolir o que ouviu dela. Não depois disso. Afinal, o mundo era vasto; não havia apenas Isabela.Ele não precisava dela para seguir em frente. Existiam muitas mulheres, muitas até mais bonitas.— Venha pedir desculpas para o Sandro! — Gritou Lara, ordenando à filha.
Dizendo isso, Sandro se virou e caminhou para dentro do escritório de advocacia sem olhar para trás.— Ótimo, então vou me encarregar disso. — Murmurou Martia, sorrindo satisfeita.Afinal, a herdeira da família Neves, tão cobiçada e ainda solteira, talvez estivesse esperando o seu filho esse tempo todo....Lara, sem coragem de dizer uma palavra, seguiu os passos de Isabela em silêncio. A filha puxava ela para longe, sem destino certo, caminhando rápido pelas calçadas e atravessando ruas como se o movimento pudesse diminuir a dor que ainda parecia sufocar ela. Em determinado momento, Lara sentiu necessidade de interromper aquele silêncio e puxou suavemente a manga da blusa de Isabela.— Isa. — Chamou com cautela.— O que foi, mãe?! — A voz de Isabela veio carregada de mágoa e exaustão.Lara se assustou com a reação da filha, mas, ao mesmo tempo, parecia finalmente entender. A situação da filha naquela casa rica e arrogante não era fácil. Agora ela via com clareza a quantidade de humilh
Por um momento, Isabela achou que estava enxergando coisas.— Vamos embora. — Disse Jorge, já caminhando à frente.— Para onde? — Perguntou ela, confusa.— Se o seu chefe manda fazer, você faz, sem perguntas. — Respondeu ele, apressando o passo.Isabela acelerou para acompanhar ele e arriscou uma observação:— Dr. Jorge, posso dar uma sugestão?— Fale. — Ele continuou andando, nem ao menos olhando para trás.— Será que o senhor poderia andar um pouco mais devagar?Jorge parou abruptamente e se virou para encarar ela, os olhos a examinando de cima a baixo até pousarem em suas pernas. Com uma expressão séria, ele disparou:— Ah, então é por isso... As pernas são curtas.Isabela ficou sem palavras, atônita.Ela sempre foi considerada alta para os padrões femininos e até tinha um corpo proporcional, com cintura fina e quadris largos, quase como o de uma modelo. Como assim "pernas curtas"?Mesmo assim, Jorge reduziu o ritmo, e ela pôde finalmente acompanhar seu passo sem precisar correr.Lo
Isabela apenas deu um leve aceno de cabeça para Jorge, que observava ela enquanto a porta do elevador se fechava. Ela ajeitou o casaco ao seu redor, sentindo o frio do estacionamento subterrâneo, onde o vento parecia entrar de todos os lados. Encolhendo os ombros, Isabela seguiu em direção à saída. Mas, ao chegar ao nível superior, a temperatura parecia ainda mais baixa. Ela decidiu voltar ao escritório. Lá, em um andar dedicado exclusivamente a livros raros e edições esgotadas, ela encontrou um refúgio perfeito para suas leituras e estudos. Aproveitar o tempo ali era sempre um prazer, e quando se deu conta, o céu já estava completamente escuro.As luzes no ambiente acenderam automaticamente, banhando o espaço com uma iluminação suave e acolhedora.Foi então que o som de uma vibração no bolso interrompeu sua concentração. Ao verificar, viu que era uma ligação de Viviane. Imediatamente, ela atendeu.— Bora sair? Hoje o jantar é por minha conta!— Olha só, que poder, hein? — Isabela riu
Danilo sabia que Viviane estava tentando ajudar ele, mas também queria dar uma "alfinetada" em Sandro. Porém, para ele, o que realmente importava era o que Isabela pensava. Com um olhar cheio de esperança, ele se voltou para ela.— Isabela, me dá uma chance? Eu nunca faria com você o que o Sandro fez. Se fosse preciso, eu daria até a minha vida para te proteger.No passado, palavras como essas teriam deixado Isabela emocionada, talvez até levada às lágrimas. Mas agora, depois de tudo o que passou, ela não conseguia mais se deixar levar. Experiências dolorosas tinham endurecido seu coração e ela sabia que confiar cegamente em promessas era arriscado. Mesmo sabendo que iria machucar Danilo, ela respirou fundo e se forçou a dizer:— Danilo, eu acabei de me divorciar, você sabe por que isso aconteceu. Simplesmente não consigo entrar em outro relacionamento agora. Sinto muito.O rosto de Danilo ficou abatido, seus lábios se comprimiram e uma ruga profunda surgiu em sua testa.— Talvez eu es
Isabela ficou em silêncio. Ela se sentia um pouco desconfortável, como se fosse apenas um peão nas mãos de outras pessoas. Seu olhar se voltou para Danilo, que parecia ter percebido seus pensamentos.— Se serve de consolo, eu é que sou o verdadeiro peão aqui. — Comentou ele com um leve sorriso, tentando suavizar o clima.Isabela se sentiu ainda mais constrangida e hesitou antes de responder:— Danilo...Ele rapidamente interrompeu ela, declarando com firmeza:— Mesmo que seja assim, eu aceito de bom grado.Isabela soltou um suspiro, sentindo um misto de gratidão e tristeza.— Você sempre será um grande amigo para mim.As palavras, embora gentis, deixavam claro que seu sentimento por ele era apenas de amizade. O brilho nos olhos de Danilo diminuiu visivelmente, como se tivesse sido apagado.Do outro lado da rua, Sandro observava a cena, com o olhar fixo no momento em que Isabela entrava no carro de Danilo. Ao lado dele, Viviane não perdeu a oportunidade de mostrar seu descontentamento e