Isabela ficou em silêncio. Ela se sentia um pouco desconfortável, como se fosse apenas um peão nas mãos de outras pessoas. Seu olhar se voltou para Danilo, que parecia ter percebido seus pensamentos.— Se serve de consolo, eu é que sou o verdadeiro peão aqui. — Comentou ele com um leve sorriso, tentando suavizar o clima.Isabela se sentiu ainda mais constrangida e hesitou antes de responder:— Danilo...Ele rapidamente interrompeu ela, declarando com firmeza:— Mesmo que seja assim, eu aceito de bom grado.Isabela soltou um suspiro, sentindo um misto de gratidão e tristeza.— Você sempre será um grande amigo para mim.As palavras, embora gentis, deixavam claro que seu sentimento por ele era apenas de amizade. O brilho nos olhos de Danilo diminuiu visivelmente, como se tivesse sido apagado.Do outro lado da rua, Sandro observava a cena, com o olhar fixo no momento em que Isabela entrava no carro de Danilo. Ao lado dele, Viviane não perdeu a oportunidade de mostrar seu descontentamento e
Danilo ficou em silêncio, o que soava como um consentimento silencioso. Aquela resposta bastou para alegrar o humor de Sandro, que relaxou e abriu um meio sorriso.— Vou te pagar uma bebida. — Ofereceu Sandro.— Nem pensar. — Danilo recusou, direto.— Você quer tentar? Vai fundo. Estamos divorciados, afinal, você tem todo o direito de tentar a sorte. Só preciso ver se consegue, né? — Sandro persistiu, com um tom confiante.Aquela última frase vinha carregada de autoconfiança. Ele estava convencido de que Isabela havia rejeitado Danilo porque, no fundo, ainda guardava sentimentos por ele.Com isso, toda a irritação que estava guardada dentro de Sandro pareceu desaparecer.— Naquele dia, acho que exagerei um pouco. — Admitiu Sandro, quebrando o gelo.Danilo não era do tipo que guardava rancor, e a amizade de anos entre os dois pesava mais.— Você mesmo disse que eu posso tentar? — Ele perguntou, se lembrando de que, no passado, tinha sentimentos pela mulher do amigo, o que não era exatam
Ao ouvir o nome de Isabela, Fabiano franziu a testa e, com um tom de curiosidade, perguntou:— O que o Sandro está dizendo?Gabriel balançou a cabeça e respondeu:— Não ouvi direito. Vamos embora.Fabiano acenou com a cabeça.A noite se arrastava, e Sandro, deitado em sua cama, se virou incessantemente até que, finalmente, no meio da madrugada, vomitou. O cheiro nauseante se espalhou rapidamente pelo quarto, tornando o ambiente insuportável. Ele sentia a boca seca, como um peixe fora d'água, sufocando pela sede.— Água... Água... — Ele murmurou com a voz rouca.No passado, quando ele se embriagava, Isabela sempre ficava ao seu lado, cuidando dele a noite toda. Quando ele tinha sede, ela rapidamente levava água para ele. Quando se sentia mal, ela o acalmava com palavras suaves. Mas agora, Isabela não estava lá, e ele nunca se sentiu tão mal como naquele momento, como se estivesse sendo esvaziado, prestes a desfalecer.De manhã, a empregada finalmente chegou para limpar a casa. Isabela
Sandro achava o comportamento de Clara um tanto infantil.Ele se lembrava de que nunca havia se preocupado em ajustar o cinto de segurança para Isabela como fazia com ela, e Isabela nunca sequer havia pedido isso. A aparência de Isabela, sempre tão pura e delicada, despertava o instinto protetor nas pessoas, mas, na verdade, ela era muito corajosa.Sandro balançou a cabeça, irritado por não conseguir parar de pensar nela.— Vamos para a rua de pedestres. — Clara sugeriu. Ela havia pesquisado sobre o local na internet. O local era famoso pelas lojas, mas também pelos ipês que ladeavam a calçada. Embora fosse inverno e os galhos estivessem despidos de folhas, sem a beleza vibrante das outras estações, a neve acumulada nos ramos criava uma paisagem serena e única.Sandro acenou com a cabeça, quase automático.Quando chegaram perto da rua, Clara desceu do carro primeiro, enquanto Sandro foi procurar uma vaga para estacionar. Assim que estacionou, o celular de Sandro tocou repentinamente.
— Não vou comprar para mim, vou comprar para você. — Disse Isabela, com suavidade na voz.Lara arregalou os olhos, surpresa, e perguntou, incrédula:— Comprar para mim?Caio, que estava por perto, interveio com um tom descontraído:— Ela já comprou coisas para você antes, não é motivo para tanto espanto.— Ah, lembrei que da última vez você até a irritou. — Lara replicou, rindo timidamente e com um leve tom de desculpa.— Mas desta vez o significado é diferente. — Interrompeu Isabela, sorrindo com orgulho, enquanto seus olhos brilhavam. — Antes, até quando eu mostrava gratidão a vocês, usava o dinheiro do Sandro. Agora é o meu próprio dinheiro!— Você conseguiu um emprego? — Perguntou Lara, misturando surpresa e preocupação.Isabela acenou com a cabeça, com um olhar decidido.Lara apertou os lábios e, com um toque de melancolia, murmurou:— Isso é bom, realmente é bom.Ela não parava de se preocupar. Sua filha, que nunca havia trabalhado, seria capaz de se adaptar ou acabaria se sobrec
Maria estava preocupada que a filha visse a cena, temendo que ela não conseguisse lidar com aquilo.Caio engoliu em seco, e com uma voz grave disse:— Eu realmente queria dar uma lição nele.Lara, preocupada que o marido se deixasse levar pela raiva, temia que ele fosse realmente enfrentar Sandro. Apesar de Caio ter sido muito forte quando mais jovem, com a idade, não sabia se ele seria capaz de lidar com a situação.Quando Isabela saiu da cafeteria, Lara foi imediatamente ao seu encontro, pegando sua mão e dizendo:— Vamos logo almoçar, estou morrendo de fome.Isabela aceitou o convite, mas logo percebeu que os olhos de seu pai ainda estavam vermelhos, sua testa ligeiramente franzida. Abaixando a voz, perguntou:— Eu fiquei fora apenas por um momento, você voltou a brigar com meu pai?Lara levantou a voz involuntariamente:— Quem está brigando com ele?Ela tinha ouvido tudo o que Isabela lhe havia dito e, por isso, estava tratando Caio com muito mais gentileza, tentando evitar as disc
— Ei, como você anda? Não olha por onde vai? O café caiu todo em cima do meu namorado! — Clara gritou.Isabela deu um passo para trás, seus olhos se fixaram brevemente em Sandro antes de se voltarem para a garota, furiosa por ter a roupa manchada com café.A garota era extremamente bonita, com um rosto belo, olhos profundos como um céu noturno misterioso, e um casaco branco que a fazia parecer uma flor de lótus desabrochando, pura e delicada.Certamente, ela era o tipo de mulher que Sandro gostava.— A roupa do meu namorado é muito cara... — Clara continuou reclamando.Isabela soltou uma risada fria, sem rodeios.— Não importa o quanto a roupa seja cara, ela não vai esconder um corpo imundo.Depois, ela deu de ombros e caminhou rápido, passando ao lado de Sandro.— Ei, como você é mal-educada! — Clara exclamou, com os olhos arregalados de raiva. — Como alguém pode ser tão sem educação?Sandro, que havia retirado o café da roupa, se virou e deu a Isabela um olhar gelado, com um sorriso
Sandro estava com o estômago muito irritado nos últimos dias, e depois de tomar a sopa apimentada, a dor aumentou consideravelmente. Ele franziu a testa, mas não disse nada, apenas acenou levemente, concordando com a sugestão de Clara.Depois de pagarem a conta, os dois saíram do restaurante. Lá fora, o vento cortante fazia com que as ruas parecessem ainda mais desertas, com apenas alguns casais caminhando juntos, abraçados para se aquecer.Clara encolheu os ombros e, sem conseguir evitar, reclamou:— Que frio!Ela esperava que Sandro a abraçasse, mas ele parecia não ter ouvido, seguindo direto para o carro.Com a decepção estampada no rosto, Clara fez um biquinho e entrou no carro.— Eu posso ir até a sua casa? — Ela perguntou suavemente.Sandro deu uma resposta automática:— Está bem.Clara sorriu imediatamente, como se a frustração de antes tivesse desaparecido num piscar de olhos.O carro seguiu para o apartamento de Sandro, e logo eles estavam lá.Ao entrar, Clara viu a empregada