Sandro ergueu o olhar e encontrou os olhos cheios de expectativa de Clara.Aqueles olhos lhe pareciam familiares. Em algum momento, Isabela também havia olhando para ele daquela forma. Porém, não sabia exatamente quando, aqueles olhares começaram a se distanciar.Ele ficou em silêncio por um momento, então disse suavemente:— Obrigado pelo esforço.Clara balançou imediatamente a cabeça, com os olhos brilhando de determinação.— Não foi nada, eu faria qualquer coisa por você!Sandro parecia ter saudade do sabor dos bolos, então pegou a colher e colocou um pedaço na boca.No entanto, o sabor não era como ele lembrava. A massa estava assada demais, sem a suavidade e textura que ele esperava. A sensação era estranha, quase como se estivesse comendo um pão velho. A falta daquela delicadeza fez com que ele franzisse a testa.Não era assim que os bolinhos deveriam ser.— Gostou? — Clara perguntou, cheia de esperança.— Não estou com fome. — Sandro respondeu com indiferençaO rosto de Clara in
— Como eu saberia? — Gabriel estava sentado no sofá, olhando para Fabiano com um sorriso de interesse. — Me diga, se o Sandro e o Danilo soubessem que a Isabela está dançando no bar, quem você acha que chegaria primeiro?— Haha... — Fabiano soltou uma gargalhada. — Você é muito maldoso. — Ah, foi só uma piada. — Gabriel ergueu uma sobrancelha para Fabiano. — Que tal a gente fazer uma aposta? Vamos ver quem chega primeiro, o vencedor faz o perdedor pagar a conta, o que acha?Fabiano fez um gesto com a mão, como se não se importasse. — Aposta feita, não tenho medo. Eu aposto que o Danilo chega primeiro. Afinal, aquele dia Danilo tinha falado com tanto sentimento sobre o quanto gostava da Isabela. Com a Isabela e o Sandro divorciados, era a oportunidade perfeita para ele. Se o Danilo soubesse que a Isabela estava sozinha ali, ele certamente seria o primeiro a aparecer.— Então, vou apostar no Sandro. — Gabriel deu de ombros. Fabiano pegou o celular e marcou todo o grupo. No grupo esta
Viviane caminhava ao lado de Isabela quando ouviu as palavras de Danilo. — Nossa, o Sandro é muito generoso, hein? — Ela comentou com ironia cortante e soltou uma risada seca antes de continuar com a voz carregada peso de sarcasmo. — Que direito ele tem? Um ex-marido dando autorização como se fosse dono do mundo.Isabela sentiu um frio intenso no peito. Mesmo já conhecendo a crueldade dele, aquela demonstração pública de desprezo ainda a feriu como navalhada.— Sra. Marques, vem sentar aqui! — Gabriel se levantou com um sorriso caloroso, gesticulando para a cadeira ao seu lado.— Prefiro que me chamem pelo nome. — Isabela franziu levemente as sobrancelhas, corrigindo com uma suavidade que não admitia discussão. Ignorando o lugar indicado, ela escolheu um cantinho próximo à Viviane. Danilo imediatamente ocupou o espaço ao lado delas, enquanto Fabiano e Gabriel se instalaram na frente.— Costume antigo. — Gabriel, de sorriso fácil, levantou as mãos em sinal de paz. — Vou me adaptar, po
Gabriel avançou em direção à saída quando seu olhar capturou Isabela entrando no carro de Danilo. Sacou o celular num movimento rápido, disparou a foto e a enviou por mensagem privada a Sandro, acompanhada de um texto irônico: [Com toda essa insistência, Danilo talvez realmente consiga conquistar ela.] No quarto escuro, Sandro agarrou o telefone assim que o notificou, ainda desperto. A imagem de Isabela se curvando para entrar no carro de Danilo explodiu em sua retina. Imediatamente se ergueu na cama, dedos crispados na moldura do aparelho. Abriu o aplicativo de chamadas, os dedos pairando sobre o contato de Gabriel. Porém, o orgulho falou mais alto. Ele desistiu com um resmungo abafado. "Droga, será que ela vai mesmo dar uma chance pra ele?", a pergunta ecoou em sua mente com amargura. Rejeitou a ideia quase em pânico. "Não, Danilo não é o tipo dela." Esse pensamento repetitivo se tornou seu mantra, tentando aplacar a inquietação enquanto se atirava de volta ao travesseiro. Do
Isabela ficou surpresa por um instante, mas se recuperou rapidamente.— Vou te convidar para jantar. — Ela disse impulsivamente, num ato automático de gratidão.— Que falta de originalidade. — Jorge respondeu com indiferença.— Então posso te dar um presente? — Ela hesitou, visivelmente desconfortável.— Guarde essa dívida. Um dia me dará algo grandioso. — Ele concordou com um aceno de cabeça.— Combinado. — Isabela aceitou prontamente.— A cliente está na sala de recepção 1. Pode ir. — Disse Jorge, num tom monótono.— Entendido. — Isabela saiu do escritório, fechando a porta com cuidado. Seus passos ecoaram pelo corredor até o local indicado.Ao abrir a porta, ela se deparou com uma mulher sentada rigidamente no sofá.— Bom dia. — Cumprimentou Isabela primeiro.A visitante se levantou e, apertando a bolsa com nervosismo, gaguejou: — Bom dia. Você é a Dra. Isabela? Com um sorriso profissional, Isabela se aproximou. — Sim. — Pegou duas garrafas de água da mesa, oferecendo uma a outra
— A questão é que se não se desculpar, ela pode solicitar execução judicial. Não cooperando, você pode ter restrições em viagens aéreas e interestaduais. — Isabela cruzou os dedos sobre a mesa, observando a reação da cliente.— É sério? — A mulher pálida agarrou a bolsa com força. — Meu trabalho exige viagens frequentes, sem avião ou ônibus leito seria difícil.O desespero tomou conta de seu rosto. — E agora? O que faço? — Simples. — Isabela se inclinou para frente. — Se desculpe conforme determinado. A cliente se ergueu como um fio esticado, disparando: — Então vim aqui para nada? — Me permita terminar. — A voz calma de Isabela cortou o ar como uma faca. — Você cumpre a sentença à risca: oferece as desculpas, paga a indenização. Tudo conforme ditame judicial. Será difícil para você, caso não cumpra. Por favor, me deixe terminar primeiro. A mulher ficou meio hesitante antes de retomar o assento novamente. — Sabe escrever carta de desculpas? — Perguntou Isabela.— Desculpas não
Danilo abriu a porta com ímpeto. No mesmo instante, Sandro fixou os olhos nele como um predador detectando sua presa.Puxando uma cadeira com aquele jeito despretensioso que sempre o caracterizava, Danilo soltou um comentário provocador: — Por que está me olhando? Tem algo no meu rosto? Sandro manteve o silêncio como uma muralha, levando o copo de água aos lábios.Gabriel observou a cena com um discreto revirar de olhos. Na noite anterior, ele havia enviado àquele teimoso Sandro as fotos de Isabela entrando no carro de Danilo. Agora, aquele jantar aparentemente casual exalava intenções fermentadas. Sandro queria fisgar informações e precisava saber o que havia acontecido após Danilo deixar Isabela em casa.Tomando a frente como mediador, Gabriel iniciou o interrogatório disfarçado: — Então, Danilo... Depois daquela saída épica da balada, garantiu que a Isabela chegasse bem em casa, né? — Claro. — A resposta foi seca, acompanhada por um olhar desafiador lançado a Sandro.Danilo sen
Fabiano se inclinou na cadeira com um ar cínico, o sorriso maroto estampado no rosto enquanto cutucava Gabriel: — Ah, para com esse papinho. Quando foi que você me viu levando mulher a sério? Era teatro puro, só interpretando meu papel. Danilo franziu as sobrancelhas, o desconforto visível em seu rosto anguloso. Ele se levantou bruscamente, a cadeira arrastando no chão com estrondo. — Vou vazando, podem continuar.— Calma, cara! — Gabriel esticou o braço para impedi-lo, com voz carregada de zombaria. — Você conhece o Fabiano, ele sempre foi assim. — Está me enojando. — Cortou Danilo.Fabiano ergueu as mãos em sinal de rendição, o brilho travesso em seus olhos escurecendo. — Beleza, vamos mudar de assunto. O zumbido insistente do celular de Sandro cortou o silêncio tenso. Ao avisar o nome “Clara” piscando na tela, seus dedos executaram o gesto automático de rejeitar a ligação.Gabriel levantou o queixo, com os olhos estreitos de curiosidade. — Então me conta... Está enrolando s