Sandro achava o comportamento de Clara um tanto infantil.Ele se lembrava de que nunca havia se preocupado em ajustar o cinto de segurança para Isabela como fazia com ela, e Isabela nunca sequer havia pedido isso. A aparência de Isabela, sempre tão pura e delicada, despertava o instinto protetor nas pessoas, mas, na verdade, ela era muito corajosa.Sandro balançou a cabeça, irritado por não conseguir parar de pensar nela.— Vamos para a rua de pedestres. — Clara sugeriu. Ela havia pesquisado sobre o local na internet. O local era famoso pelas lojas, mas também pelos ipês que ladeavam a calçada. Embora fosse inverno e os galhos estivessem despidos de folhas, sem a beleza vibrante das outras estações, a neve acumulada nos ramos criava uma paisagem serena e única.Sandro acenou com a cabeça, quase automático.Quando chegaram perto da rua, Clara desceu do carro primeiro, enquanto Sandro foi procurar uma vaga para estacionar. Assim que estacionou, o celular de Sandro tocou repentinamente.
— Não vou comprar para mim, vou comprar para você. — Disse Isabela, com suavidade na voz.Lara arregalou os olhos, surpresa, e perguntou, incrédula:— Comprar para mim?Caio, que estava por perto, interveio com um tom descontraído:— Ela já comprou coisas para você antes, não é motivo para tanto espanto.— Ah, lembrei que da última vez você até a irritou. — Lara replicou, rindo timidamente e com um leve tom de desculpa.— Mas desta vez o significado é diferente. — Interrompeu Isabela, sorrindo com orgulho, enquanto seus olhos brilhavam. — Antes, até quando eu mostrava gratidão a vocês, usava o dinheiro do Sandro. Agora é o meu próprio dinheiro!— Você conseguiu um emprego? — Perguntou Lara, misturando surpresa e preocupação.Isabela acenou com a cabeça, com um olhar decidido.Lara apertou os lábios e, com um toque de melancolia, murmurou:— Isso é bom, realmente é bom.Ela não parava de se preocupar. Sua filha, que nunca havia trabalhado, seria capaz de se adaptar ou acabaria se sobrec
Maria estava preocupada que a filha visse a cena, temendo que ela não conseguisse lidar com aquilo.Caio engoliu em seco, e com uma voz grave disse:— Eu realmente queria dar uma lição nele.Lara, preocupada que o marido se deixasse levar pela raiva, temia que ele fosse realmente enfrentar Sandro. Apesar de Caio ter sido muito forte quando mais jovem, com a idade, não sabia se ele seria capaz de lidar com a situação.Quando Isabela saiu da cafeteria, Lara foi imediatamente ao seu encontro, pegando sua mão e dizendo:— Vamos logo almoçar, estou morrendo de fome.Isabela aceitou o convite, mas logo percebeu que os olhos de seu pai ainda estavam vermelhos, sua testa ligeiramente franzida. Abaixando a voz, perguntou:— Eu fiquei fora apenas por um momento, você voltou a brigar com meu pai?Lara levantou a voz involuntariamente:— Quem está brigando com ele?Ela tinha ouvido tudo o que Isabela lhe havia dito e, por isso, estava tratando Caio com muito mais gentileza, tentando evitar as disc
— Ei, como você anda? Não olha por onde vai? O café caiu todo em cima do meu namorado! — Clara gritou.Isabela deu um passo para trás, seus olhos se fixaram brevemente em Sandro antes de se voltarem para a garota, furiosa por ter a roupa manchada com café.A garota era extremamente bonita, com um rosto belo, olhos profundos como um céu noturno misterioso, e um casaco branco que a fazia parecer uma flor de lótus desabrochando, pura e delicada.Certamente, ela era o tipo de mulher que Sandro gostava.— A roupa do meu namorado é muito cara... — Clara continuou reclamando.Isabela soltou uma risada fria, sem rodeios.— Não importa o quanto a roupa seja cara, ela não vai esconder um corpo imundo.Depois, ela deu de ombros e caminhou rápido, passando ao lado de Sandro.— Ei, como você é mal-educada! — Clara exclamou, com os olhos arregalados de raiva. — Como alguém pode ser tão sem educação?Sandro, que havia retirado o café da roupa, se virou e deu a Isabela um olhar gelado, com um sorriso
Sandro estava com o estômago muito irritado nos últimos dias, e depois de tomar a sopa apimentada, a dor aumentou consideravelmente. Ele franziu a testa, mas não disse nada, apenas acenou levemente, concordando com a sugestão de Clara.Depois de pagarem a conta, os dois saíram do restaurante. Lá fora, o vento cortante fazia com que as ruas parecessem ainda mais desertas, com apenas alguns casais caminhando juntos, abraçados para se aquecer.Clara encolheu os ombros e, sem conseguir evitar, reclamou:— Que frio!Ela esperava que Sandro a abraçasse, mas ele parecia não ter ouvido, seguindo direto para o carro.Com a decepção estampada no rosto, Clara fez um biquinho e entrou no carro.— Eu posso ir até a sua casa? — Ela perguntou suavemente.Sandro deu uma resposta automática:— Está bem.Clara sorriu imediatamente, como se a frustração de antes tivesse desaparecido num piscar de olhos.O carro seguiu para o apartamento de Sandro, e logo eles estavam lá.Ao entrar, Clara viu a empregada
Sandro ergueu o olhar e encontrou os olhos cheios de expectativa de Clara.Aqueles olhos lhe pareciam familiares. Em algum momento, Isabela também havia olhando para ele daquela forma. Porém, não sabia exatamente quando, aqueles olhares começaram a se distanciar.Ele ficou em silêncio por um momento, então disse suavemente:— Obrigado pelo esforço.Clara balançou imediatamente a cabeça, com os olhos brilhando de determinação.— Não foi nada, eu faria qualquer coisa por você!Sandro parecia ter saudade do sabor dos bolos, então pegou a colher e colocou um pedaço na boca.No entanto, o sabor não era como ele lembrava. A massa estava assada demais, sem a suavidade e textura que ele esperava. A sensação era estranha, quase como se estivesse comendo um pão velho. A falta daquela delicadeza fez com que ele franzisse a testa.Não era assim que os bolinhos deveriam ser.— Gostou? — Clara perguntou, cheia de esperança.— Não estou com fome. — Sandro respondeu com indiferençaO rosto de Clara in
— Como eu saberia? — Gabriel estava sentado no sofá, olhando para Fabiano com um sorriso de interesse. — Me diga, se o Sandro e o Danilo soubessem que a Isabela está dançando no bar, quem você acha que chegaria primeiro?— Haha... — Fabiano soltou uma gargalhada. — Você é muito maldoso. — Ah, foi só uma piada. — Gabriel ergueu uma sobrancelha para Fabiano. — Que tal a gente fazer uma aposta? Vamos ver quem chega primeiro, o vencedor faz o perdedor pagar a conta, o que acha?Fabiano fez um gesto com a mão, como se não se importasse. — Aposta feita, não tenho medo. Eu aposto que o Danilo chega primeiro. Afinal, aquele dia Danilo tinha falado com tanto sentimento sobre o quanto gostava da Isabela. Com a Isabela e o Sandro divorciados, era a oportunidade perfeita para ele. Se o Danilo soubesse que a Isabela estava sozinha ali, ele certamente seria o primeiro a aparecer.— Então, vou apostar no Sandro. — Gabriel deu de ombros. Fabiano pegou o celular e marcou todo o grupo. No grupo esta
Viviane caminhava ao lado de Isabela quando ouviu as palavras de Danilo. — Nossa, o Sandro é muito generoso, hein? — Ela comentou com ironia cortante e soltou uma risada seca antes de continuar com a voz carregada peso de sarcasmo. — Que direito ele tem? Um ex-marido dando autorização como se fosse dono do mundo.Isabela sentiu um frio intenso no peito. Mesmo já conhecendo a crueldade dele, aquela demonstração pública de desprezo ainda a feriu como navalhada.— Sra. Marques, vem sentar aqui! — Gabriel se levantou com um sorriso caloroso, gesticulando para a cadeira ao seu lado.— Prefiro que me chamem pelo nome. — Isabela franziu levemente as sobrancelhas, corrigindo com uma suavidade que não admitia discussão. Ignorando o lugar indicado, ela escolheu um cantinho próximo à Viviane. Danilo imediatamente ocupou o espaço ao lado delas, enquanto Fabiano e Gabriel se instalaram na frente.— Costume antigo. — Gabriel, de sorriso fácil, levantou as mãos em sinal de paz. — Vou me adaptar, po