Caio tentava acalmar a esposa, falando em um tom conciliador:— A gente tem o suficiente para viver bem. Por que não deixamos o mundo lá fora e vivemos nossa vida em paz? O que importa o que os outros pensam?— É essa sua mentalidade que te manteve assim a vida inteira! Se você tivesse sido mais ambicioso, eu não teria sido humilhada por anos! — Rebateu Lara com amargura, lançando um olhar de decepção a ele.As palavras dela caíram como um peso, e Caio se calou, sem argumentos. Após enxugar as lágrimas do rosto, Lara olhou fixamente para a filha, seus olhos agora firmes e determinados.— Isa, você vai agora mesmo atrás do Sandro e vai dar um jeito de reconquistar ele.Isabela apertou os lábios, permanecendo em silêncio, enfrentando o olhar da mãe.— Vai me dar uma resposta ou não? — Lara empurrou ela, firme, e o gesto fez com que Isabela perdesse o equilíbrio, tropeçando. Seu braço bateu com força na borda da mesa, mas ela se manteve em pé, respirando fundo.Caio fez um gesto para Isa
Ele ainda preferia a antiga Isabela.A Isabela que o amava, que o seguia, que fazia questão de colocar as necessidades dele antes das dela.— E como você quer que eu fale com você, então? — Isabela soltou uma risada fria.Sandro deu um passo à frente, avançando devagar, cada movimento calculado. Isabela, instintivamente, recuou, seus olhos fixos nele, alertas e cautelosos. Ela tentou se afastar pela lateral, mas ele rapidamente ergueu o braço, bloqueando sua saída.— Isabela, o quarto é pequeno. Para onde acha que vai fugir? Acha que consegue escapar?Encurralada, Isabela parou e o encarou com a cabeça erguida, uma expressão de desafio nos olhos.— O que você está tentando com toda essa atitude, hein? Vai me dizer que ainda gosta de mim? Que ainda me ama? — Ela soltou um suspiro carregado de sarcasmo. — Pois eu não sinto mais nada por você, Sandro, e nem vou voltar a sentir... Nunca.Num movimento brusco, Sandro agarrou o queixo dela, apertando com firmeza.— Desde quando você ficou tã
— Sim. — Jorge respondeu em um tom suave, os olhos demorando um pouco mais no rosto dela. — E você, mora em qual prédio?Isabela apontou para a torre alto à direita, explicando:— Torre um, segundo bloco. Um apartamento pequeno, só para uma pessoa.Ele assentiu com um breve sorriso.— Eu moro bem na sua frente.Isabela ergueu o olhar para a torre em frente, se recordando vagamente de que, quando alugou o apartamento, o proprietário mencionava algo sobre os vizinhos. Sabia que aquele prédio não era composto de apartamentos, mas casas.— Bom... Então eu já vou subir, pode ser? — Disse ela, num tom que quase beirava a desculpa. Se sentia constrangida por ele ter percebido seu rosto marcado pelo choro e só queria sair dali rapidamente.— Claro. — Jorge respondeu, com a mesma tranquilidade de sempre.Ela apressou o passo, subindo as escadas com as sacolas em mãos. Evitou até pegar o elevador, subindo seis andares sem pausa e só se permitiu respirar ao chegar em casa. Colocou as sacolas sobr
— Mãe, coma também. — Isabela disse, pegando o garfo e encarando Lara com um sorriso leve.Será que ela realmente havia começado a aceitar a situação?Por dentro, Isabela ainda estava desconfiada, mas tentava manter uma atitude positiva. E para sua surpresa, parecia que Lara estava bem humorada. Ela se sentiu aliviada ao notar isso e soltou um suspiro discreto.— Fica tranquila, mãe. Vou trabalhar duro para cuidar de você e do papai. Pode não ser uma vida luxuosa, mas posso te garantir que viveremos bem, sem falta de nada... Uma vida confortável.— Isa, coma primeiro. — Lara respondeu com um sorriso acolhedor.Isabela assentiu, pegando um pouco do macarrão e o levando à boca.Quando terminaram, as duas saíram da lanchonete, uma ao lado da outra, até que Lara parou de repente e segurou a mão de Isabela. E, para surpresa da filha, lágrimas começaram a escorrer dos olhos dela, caindo sem controle.Isabela ficou perplexa. Minutos antes, a mãe parecia bem durante o almoço.— Mãe, o que foi?
Maria soltou uma risada debochada, lançando um olhar de desprezo para Lara.— Ouviu bem? Seu tempo acabou! Meu filho e a sua filha já estão divorciados. A partir de agora, é bom não voltar a incomodar o Sandro, entendeu?Os olhos de Lara tremeram e ela olhou para Sandro com uma expressão de súplica.— Eu peço desculpas em nome da Isa. — Disse Lara, tentando apelar.Sandro soltou uma risada fria, amarga.— Mesmo que você se ajoelhe e peça perdão, não adianta mais. Sua filha deixou claro: ela prefere morrer a voltar atrás.As palavras escaparam dos lábios de Sandro com um tom cortante, quase raivoso. Ele admitia para si mesmo que o que Isabela disse o tinha ferido profundamente. Ele também tinha seu orgulho e não conseguiria engolir o que ouviu dela. Não depois disso. Afinal, o mundo era vasto; não havia apenas Isabela.Ele não precisava dela para seguir em frente. Existiam muitas mulheres, muitas até mais bonitas.— Venha pedir desculpas para o Sandro! — Gritou Lara, ordenando à filha.
Dizendo isso, Sandro se virou e caminhou para dentro do escritório de advocacia sem olhar para trás.— Ótimo, então vou me encarregar disso. — Murmurou Martia, sorrindo satisfeita.Afinal, a herdeira da família Neves, tão cobiçada e ainda solteira, talvez estivesse esperando o seu filho esse tempo todo....Lara, sem coragem de dizer uma palavra, seguiu os passos de Isabela em silêncio. A filha puxava ela para longe, sem destino certo, caminhando rápido pelas calçadas e atravessando ruas como se o movimento pudesse diminuir a dor que ainda parecia sufocar ela. Em determinado momento, Lara sentiu necessidade de interromper aquele silêncio e puxou suavemente a manga da blusa de Isabela.— Isa. — Chamou com cautela.— O que foi, mãe?! — A voz de Isabela veio carregada de mágoa e exaustão.Lara se assustou com a reação da filha, mas, ao mesmo tempo, parecia finalmente entender. A situação da filha naquela casa rica e arrogante não era fácil. Agora ela via com clareza a quantidade de humilh
Por um momento, Isabela achou que estava enxergando coisas.— Vamos embora. — Disse Jorge, já caminhando à frente.— Para onde? — Perguntou ela, confusa.— Se o seu chefe manda fazer, você faz, sem perguntas. — Respondeu ele, apressando o passo.Isabela acelerou para acompanhar ele e arriscou uma observação:— Dr. Jorge, posso dar uma sugestão?— Fale. — Ele continuou andando, nem ao menos olhando para trás.— Será que o senhor poderia andar um pouco mais devagar?Jorge parou abruptamente e se virou para encarar ela, os olhos a examinando de cima a baixo até pousarem em suas pernas. Com uma expressão séria, ele disparou:— Ah, então é por isso... As pernas são curtas.Isabela ficou sem palavras, atônita.Ela sempre foi considerada alta para os padrões femininos e até tinha um corpo proporcional, com cintura fina e quadris largos, quase como o de uma modelo. Como assim "pernas curtas"?Mesmo assim, Jorge reduziu o ritmo, e ela pôde finalmente acompanhar seu passo sem precisar correr.Lo
Isabela apenas deu um leve aceno de cabeça para Jorge, que observava ela enquanto a porta do elevador se fechava. Ela ajeitou o casaco ao seu redor, sentindo o frio do estacionamento subterrâneo, onde o vento parecia entrar de todos os lados. Encolhendo os ombros, Isabela seguiu em direção à saída. Mas, ao chegar ao nível superior, a temperatura parecia ainda mais baixa. Ela decidiu voltar ao escritório. Lá, em um andar dedicado exclusivamente a livros raros e edições esgotadas, ela encontrou um refúgio perfeito para suas leituras e estudos. Aproveitar o tempo ali era sempre um prazer, e quando se deu conta, o céu já estava completamente escuro.As luzes no ambiente acenderam automaticamente, banhando o espaço com uma iluminação suave e acolhedora.Foi então que o som de uma vibração no bolso interrompeu sua concentração. Ao verificar, viu que era uma ligação de Viviane. Imediatamente, ela atendeu.— Bora sair? Hoje o jantar é por minha conta!— Olha só, que poder, hein? — Isabela riu