Ela entrou na delegacia e logo encontrou seus pais. Ambos estavam com marcas no rosto.Lara estava melhor, mas os ferimentos de Caio pareciam graves. Seus olhos estavam inchados, o canto da boca roxo e havia um corte na bochecha.— Que aconteceu? — Isabela perguntou com dor no coração.— Eles compraram coisas e não pagaram, ainda arranjaram encrenca, disseram que havia uma mosca no sushi. E, olha, não é verão, onde é que teria mosca? Eles ficaram criando confusão e ainda exigiram que pagássemos, mas eu e seu pai não aceitamos, então eles partiram para a violência e começaram a destruir a nossa barraca. — Lara explicou.Isabela segurou a mão de Lara e falou com uma voz suave e reconfortante:— Foi eles que começaram?— Sim, eles começaram. — Lara assentiu com força.— Foi vocês que começaram! Seus alimentos não são limpos. Comemos o sushi que vocês venderam, ficamos com dor de estômago e isso pode até ameaçar nossas vidas. Vocês têm que pagar por danos morais, custos médicos, perdas de
— Entendi.Ela estava prestes a dar um passo quando Jorge puxou o braço dela e perguntou:— Quer que eu pegue uma faca para você?Isabela ficou sem palavras.A polícia e os dois vândalos também ficaram em silêncio, sem saber o que fazer.O que estava acontecendo aqui?Caio disse, preocupado:— Isa, não seja impulsiva, ainda não sabemos o que está acontecendo...— Pai, eu sei. — Isabela sorriu para ele. — Eu não vou. Se eu for, ela vai achar que somos fáceis de manipular, e vai vir atrás de mais problemas.Ela também precisava esclarecer as coisas com a Maria e o Sandro.Ela nunca disse que queria reatar o casamento.Então, não adiantava usar aquelas táticas com ela!Quando foi à delegacia, Jorge foi dirigindo.Isabela pegou a chave do carrp dele, agradeceu e saiu apressada.Ela dirigiu direto para a casa da família Marques.O objetivo era claro: encontrar a Maria.A casa da família Marques estava iluminada, ainda não haviam dormido.Ela bateu na porta.Quem atendeu foi Sandro. Ao ver q
— Você... Você está me ameaçando? — Maria ficou chocada. Nunca imaginou que Isabela teria coragem de enfrentar ela daquele jeito.Décio se levantou e foi até ela. Deu dois tapinhas no ombro da esposa.— Dessa vez, você passou dos limites. Vá lá, explique direitinho. Peça desculpas se for preciso e resolva o que tiver que resolver.— Por quê? Ela estragou o noivado do seu filho, você não viu? Você também quer se unir à família Neves, não quer? Você...— Maria! — Décio a interrompeu, firme. — Se você não for pedir desculpas agora, e ela for atrás da família Neves para falar o que aconteceu, você acha mesmo que ainda tem chance de salvar o casamento do seu filho?Décio não queria que a situação saísse do controle.Isabela estava visivelmente furiosa. Décio sabia que ela era capaz de ir até a família Neves e causar uma confusão.Se isso acontecesse, o nome da família Marques ia pro buraco.Além disso, ele tinha sido flagrado pela Isabela com a amante.Também morria de medo de ela acabar so
Sandro ficou visivelmente incomodado. Ele não tinha confiança de que conseguiria convencer Maria.Décio, por sua vez, mostrava insatisfação. Ele achava que o filho só pensava em romance e não usava a cabeça o suficiente, que faltava inteligência.— Olha, engane ela, só por enquanto. — Sugeriu, impaciente. — Diga para ela que, se ela se desculpar, você não vai cancelar o casamento. Ela com certeza vai se desculpar.Sandro não era burro. Não era falta de raciocínio, ele só não queria usar aquele tipo de artifício para enganar Maria.Ele sabia que, se fizesse aquilo, os problemas que viriam depois seriam ainda piores.Maria com certeza usaria de todos os meios possíveis para obrigar ele a casar com Clara.Então ele não podia fazer aquela promessa.— Tá bom, já entendi. — Respondeu ele, com firmeza.Ele encontraria outra maneira.Décio falou num tom carregado de expectativa:— Não faça mais nada que me decepcione. Eu deposito muitas esperanças em você.Sandro olhou fixamente para o pai, se
Isabela voltou, e Jorge já havia resolvido tudo por lá. O policial envolvido foi afastado do cargo e naquele momento estava parado com o rosto pálido.Os dois moleques estavam com o rabo entre as pernas, sem aquela arrogância de antes.— Eles foram detidos por incitar problemas, já pediram desculpas aos seus pais e também fizeram a compensação. — Jorge disse.Isabela olhou para os dois com um olhar frio. Ela estava irritada, mas sabia que quem estava por trás de tudo era a verdadeira culpada. Ao ver seus pais sendo humilhados, sentiu uma dor profunda e uma culpa esmagadora. No fundo, sabia que tudo aquilo só estava acontecendo por causa dela.— Foi por minha causa que vocês foram agredidos. — Isabela disse com os olhos marejados.— Não fala essas besteiras de "culpa", nós somos uma família, sua bobinha. — Caio falou. — Está tudo bem, graças ao Jorge. Se não fosse ele, talvez a gente nem poderia sair daqui agora.Isabela virou a cabeça e olhou para Jorge.Ele estava impassível, com os o
Assim que Maria ouviu que ainda teria que ir até lá, fechou a cara na hora.— Que venham eles até aqui! — Disse ela, impaciente. — Eu estou disposta a pedir desculpas, isso já é mais do que suficiente. Agora ainda querem que eu vá até lá? Eles acham que merecem?— Se você quer mesmo se desculpar, então vai lá e faz isso. — Sandro respondeu.Ele já tinha entendido a situação muito bem. Se a mãe dele arranjasse briga com os pais da Isabela, as chances de reconquistar a Isabela iam por água abaixo.Então, mesmo conhecendo o gênio da Maria, ele precisava convencer ela a ceder.Mas Maria não queria engolir o orgulho.Na frente dos pais da Isabela, ela sempre se colocava por cima. Pedir desculpas já era o máximo que conseguia aceitar. Naquele momento ainda ter que ir até lá? Era como jogar a dignidade no lixo.— Já que você vai se desculpar, pelo menos faça isso direito, sem dar motivo para ela te atacar depois. — Insistiu Sandro.Maria soltou um riso sarcástico.— Acha que eu tenho medo del
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele