Sandro sentiu o sangue ferver, subindo por suas veias e queimando como lava. Se antes ele ainda nutria alguma esperança de reconciliação, agora não restava absolutamente nada. A verdade o atingiu como um golpe certeiro. Isabela realmente queria ir embora, não desejava mais estar ao seu lado.Ele simplesmente não conseguia aceitar aquela realidade!Dentro do carro, Isabela prendeu o cinto de segurança com movimentos mecânicos. Embora pudesse ouvir claramente os gritos enfurecidos de Sandro do lado de fora, não demonstrou qualquer reação.Jorge virou o rosto para observá-la e, ao constatar sua impressionante impassibilidade, um leve sorriso de satisfação surgiu no canto de seus lábios. Deu partida no veículo com tranquilidade, fazendo o motor ronronar potentemente antes de girar o volante e acelerar suavemente, permitindo que o carro deslizasse pela pista como uma sombra elegante na noite.Quando finalmente se afastaram por completo da área do cais, Isabela quebrou o silêncio que paira
Jorge desligou o telefone e já se preparava para sair do carro quando um toque insistente ecoou pelo interior do veículo. Ao olhar para o lado, percebeu que o celular de Isabela tinha ficado esquecido sobre o banco do passageiro.Ele pegou o aparelho e na tela iluminada um nome chamou sua atenção imediatamente: "Mamãe". Um sorriso espontâneo surgiu nos seus lábios enquanto se lembrava daquela mulher calorosa. Lara era, no mínimo, uma figura divertida. E talvez agora ele tivesse um bom pretexto para procurar Isabela novamente?Com o celular em mãos, saiu do carro, tomou o elevador até o térreo, atravessou a rua e entrou no prédio de Isabela. Enquanto aguardava o elevador no saguão, o telefone tocou de novo com insistência.Jorge hesitou brevemente. Já passava da meia-noite, e se a mãe dela ligava repetidamente àquela hora, poderia ser algo urgente. Decidiu atender, mesmo sabendo que não era apropriado.Nem teve tempo de pronunciar uma saudação quando a voz animada de Lara já ecoava do
Isabela suspirou com visível desconforto e acenou.— Você não devia ter atendido aquela ligação. — Disse ela, sentindo as primeiras pontadas de dor de cabeça começarem a incomodá-la.Não estava culpando Jorge, na verdade. O problema era que agora não tinha como explicar a situação para sua mãe. Com ele atendendo seu telefone àquela hora da noite, seus pais certamente pensariam que eles estavam juntos o tempo todo. E eles realmente estavam desde cedo, mas não da maneira que seus pais imaginavam.— Posso ir com você encontrar seus pais. — Sugeriu Jorge naturalmente.Isabela o encarou em silêncio por alguns instantes, incrédula. Será que ele tinha noção do que estava propondo?— Você tem ideia do que minha mãe vai pensar sobre você? — Ela questionou, sem acreditar na tranquilidade com que ele fazia aquela sugestão. — Vai pensar que sou seu namorado, né? — Jorge abriu um sorriso maroto. — Se você não me levar, eles vão ficar te interrogando, e isso só vai piorar sua dor de cabeça, concord
— Então, Dr. Jorge, descanse bem. — Isabela se despediu com um tom cordial.— Até amanhã.— Até amanhã!...O toque insistente do celular arrancou Isabela do sono logo nas primeiras horas da manhã. Ainda sonolenta, ela tateou o criado-mudo, pegou o aparelho e atendeu com voz arrastada:— Alô...— Meu marido se arrependeu. Não quer mais concordar com o acordo nem retirar a queixa. — Disparou a cliente, com voz visivelmente aflita.Num piscar de olhos, Isabela despertou completamente. Como assim? Bastou uma noite e ele já tinha voltado atrás? Preocupada com as possíveis complicações, decidiu que precisava resolver aquela situação ainda hoje.— O que aconteceu exatamente? — Isabela perguntou, sentando-se na cama enquanto esfregava os olhos para espantar o sono. — Calma, me conte tudo devagar.— Eu não sei direito... — A mulher hesitou. — Ele acabou de me mandar uma mensagem dizendo que se arrependeu de ter assinado o acordo de conciliação e que não vai mais retirar a queixa. Mas ele já as
Isabela não cedeu diante da ameaça de Sandro. Se sua cliente saísse sem nada e ainda fosse parar na cadeia, seria considerado falha profissional dela. Jamais se rebaixaria diante dele por causa de um único caso, por mais complicado que fosse.Sandro observou as costas determinadas de Isabela enquanto cerrava os punhos com força. Desde quando ela havia se tornado tão segura de si? Ou será que achava que ele estava apenas brincando?— Isabela, você vai se arrepender! — Gritou ele pelo corredor.Ao ouvir aquelas palavras, Isabela apenas curvou os lábios num sorriso irônico, sem se virar. O maior arrependimento da sua vida já tinha acontecido quando havia dito sim a ele. Se pudesse voltar no tempo, jamais teria se casado, nem namorado e, no melhor dos mundos, nem sequer o teria conhecido ele. Infelizmente, não existia remédio para arrependimentos. Se existisse, ela o tomaria sem hesitar.César, que observava a cena do leito hospitalar, perguntou com voz hesitante:— Dr. Sandro, o senhor f
Ele simplesmente deixou escapar uma mulher tão compreensiva, sensata, bonita e que o amava de todo coração. Naquele momento, Sandro se sentia consumido pelo desejo de reconquistá-la. Queria-a de volta ao seu lado, de volta para a casa deles.Sentado no carro com as mãos apertando o volante, ele se perguntava o que poderia fazer para ter Isabela novamente. Logo se lembrou que ela adorava ler, especialmente os livros do autor R. Havia um título específico desse escritor que era difícil de encontrar, e que Isabela sempre desejou ter, mas nunca conseguiu comprar. Ele sabia disso há muito tempo, mas nunca deu importância, o considerando apenas um livro qualquer entre tantos outros.Decidido, pegou o celular e ligou para André, se recordando de ter visto aquele livro na estante dele. O telefone foi atendido quase imediatamente.— Sandro? Que surpresa! Justo agora estava pensando em você. — Exclamou André com animação na voz.— Preciso de um favor, professor. — Respondeu Sandro, abrindo um
— Claro que sim! — Respondeu Leonardo prontamente, sem hesitar nem por um segundo.Isabela ficou surpresa com a rapidez da resposta, mal tendo tempo de processar a aceitação imediata dele.— Você está me ajudando tanto. Como posso te agradecer por isso? — Perguntou ela, com sincera emoção na voz.Leonardo deu de ombros com um gesto despreocupado.— Me compra uns doces.Nunca tinha provado doces tão gostosos em sua vida. Na verdade, antes nem apreciava muito essas guloseimas. Talvez porque doces geralmente agradassem mais as meninas, por serem bem açucarados, enquanto os rapazes normalmente não ligavam tanto para isso.Isabela ergueu as sobrancelhas, intrigada.— Só isso?Será que não era uma exigência muito modesta da parte dele?Leonardo piscou um olho com ar brincalhão.— Se quiser compensar mais, me acompanha numa festa?— O quê? — Isabela ficou confusa. Que festa seria essa? Ele nem gostava de eventos sociais, sempre fazia só o mínimo necessário nos compromissos do escritório.— A
Na época do leilão, Jorge estava sentado exatamente atrás de Sandro e Isabela. Como os lances eram feitos digitalmente pelo sistema eletrônico, Isabela não fazia a menor ideia de que a pessoa disputando com Sandro estava logo ali, a poucos metros de distância. Ela nem sequer sabia que Jorge também tinha participado daquele leilão.Isabela ficou atônita de novo, os olhos arregalados de surpresa.— Dr. Jorge, como o senhor sabe disso? — Perguntou ela, completamente incrédula.— Ouvi o professor Davi comentando. — Respondeu Jorge com as mãos cruzadas atrás das costas.Ele nunca tinha sido bom em mentir e, visivelmente desconfortável, parecia não saber o que fazer com as próprias mãos.— Mas eu nunca comentei isso com o professor Davi... — Murmurou Isabela, confusa.Pensando melhor, realmente jamais tinha falado sobre aquilo com Davi. Durante todo o período em que esteve casada com Sandro, mal tinha encontrado com Davi. Além disso, não fazia o menor sentido ter mencionado sua admiração po